A ultima ceia do Doutor Fausto
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A ultima ceia do Doutor Fausto - Alberto Pimentel
The Project Gutenberg eBook, A ultima ceia do Doutor Fausto, by Alberto Pimentel
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Title: A ultima ceia do Doutor Fausto
Author: Alberto Pimentel
Release Date: April 27, 2011 [eBook #35982]
Language: Portuguese
Character set encoding: ISO-8859-1
***START OF THE PROJECT GUTENBERG EBOOK A ULTIMA CEIA DO DOUTOR FAUSTO***
E-text prepared by Pedro Saborano
OPUSCULOS ROMANTICOS
I
A ultima ceia
DO DOUTOR FAUSTO
NARRATIVA
POR
Alberto Pimentel
PORTO
TYPOGRAPHIA DE ANTONIO JOSÉ DA SILVA
Rua do Calvario, 36
1876
OPUSCULOS ROMANTICOS
I
A ultima ceia
DO DOUTOR FAUSTO
NARRATIVA
POR
Alberto Pimentel
PORTO
TYPOGRAPHIA DE ANTONIO JOSÉ DA SILVA
Rua do Calvario, 36
1876
AO MEU PREZADO AMIGO
O
Snr. Conselheiro Telles de Vasconcellos
Ihr naht euch wieder, schwankende Gestalten,
Die früh sich einst dem trüben Blick gezeigt.
FAUSTO—Goethe.
Resurgis outra vez, vagas figuras,
Vacillantes imagens que á turbada
Vista accudieis d'antes?
Traducção do Visconde de Almeida Garrett.
Tornai-me a apparecer, entes imaginarios,
Que me enchieis outr'ora os olhos visionarios!
Traducção do Visconde de Castilho.
Fazia n'essa noite setenta annos.
Elle era o mais distincto, o mais elegante, o mais popular e o mais respeitado dos medicos. Alto, magro, pallido, com as faces ligeiramente avincadas, bigode nevado como os cabellos, não raros, e ainda penteados com distincção, vestindo quasi sempre casaca, e trazendo arregaçadas sobre os hombros as lapellas do seu largo paletot alvadio, calçando luva escura, fumando continuamente os melhores charutos de contrabando, tendo uma voz saccudida, firme, sonora, trazendo á flor dos lábios uma amabilidade para cada mulher que encontrava, um dito conceituoso e innocente para cada homem, sabendo festejar as creanças e animar os doentes, sereno, risonho, impavido, chegára a attingir na sociedade uma d'essas invejaveis posições de fausto e consideração, sem resentimentos, sem despeitos, sem malquerenças, emfim.{8}
Toda a gente o conhecia pelo appellido: o doutor Filippe Sullivan.
Ninguem pensou nunca em saber de quem era filho, que parentes ou que ligações de familia elle tinha. Vivia só, servido por criados de lenço branco e casaca. Appareceu na eschola medica como estudante assombroso. Os jornaes começaram a fallar dos seus brilhantes exames e das suas theses magnificas. Acontece aos nomes o que acontece ao dinheiro. Desde que são lançados á circulação, como qualquer pequena moeda de oiro ou de prata, quem póde saber a que destino terão de chegar? Umas vezes esse nome tem a felicidade de merecer uma apotheose, como certas moedas a de perpetuarem uma epocha esplendorosa na historia das civilisações; outras vezes esse nome abysma-se no vasto sorvedoiro dos povos, como certas moedas revoluteam nos abysmos escurissimos da miseria ou do crime. Mas o nome de doutor Filippe Sullivan estava fadado para o destino glorioso dos homens immortaes. Começaram todos os doentes a chamal-o, a querel-o, a disputal-o, porque elle começou tambem a não chegar já para a sua gloria,—deliciosa contrariedade que acontece a todos os grandes homens nos paizes pequenos. Toda a gente requer o medico fulano, quando esse medico é distincto como o dr. Filippe Sullivan, e o paiz é tão pequeno como Portugal; um habil estadista principia a ser importunado para todas as commissões de serviço publico, como um actor notavel para todos os espectaculos de beneficencia. Em França, na Inglaterra, na Allemanha ha medicos especialistas, que tratam apenas molestias de olhos, de{9} peito ou de coração. Nenhum medico, nesses vastos paizes, póde ter a felicidade de ser disputado por todos os doentes da sua patria, e dahi vem a necessidade de applicar-se exclusivamente a um só ramo da sua difficil sciencia, para dar na vista, para chegar a entrar nas academias e nos institutos.
No curso do dr. Filippe Sullivan houve repazes de subido talento, que no dia das ultimas theses se dispersaram remando cada um ao sabor de sua imaginação. Uns fizeram-se medicos, unicamente medicos. Outros, para quem