História de Irecê para Jovens
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História de Irecê para Jovens, 13o livro do escritor Jackson Rubem, relata, com riqueza de detalhes e documentos a criação do município chamado Vila de ́Irecê, resultado de um acordo de coronéis, junto com o então governador Góes Calmon. O objetivo era evitar uma luta armada entre partidários de Antonio de Souza Benta e Horácio de Matos contra a polícia baiana sob o comando de Terênco Dourado, fato ocorrido depois de uma eleição com suspeita de fraude. O acordo de coronéis feito em 1926, durou pouco tempo. Em 1931 o município Vila de Irecê foi extinto e em 31 de maio de 1933 renasceu com a mudança para o nome indígena Irecê.
Nas entrelinhas de fatos como a luta sangrenta dos mosquitos contra os mandiocas, partidários dos coronéis Horácio de Matos e Militão, surgem casos fascinantes de personagens lendários que na crônica do autor assumem características marcantes, numa narrativa cheia de humor e poesia.
Além disso, o leitor conhecerá novos aspectos relacionados a História do Brasil, que foi a chegada da Coluna Prestes a Caraíbas (atual Irecê), praticando sequestros de fazendeiros, roubo de gado, cavalos e a reação de alguns fazendeiros que emboscaram os homens da Coluna e mataram dois deles. Um foi enterrado na Estrada do Revoltoso.
Obra recomendada por especialistas para estudantes e todos aqueles que querem conhecer melhor a história destes pedacinhos do Brasil, chamados cidades.
Jackson Rubem
Jackson Rubem, escritor, historiador, biógrafo, nasceu em Irecê-Bahia, no dia 04 de maio, filho dos agricultores Alvino Abade e Cantionilia Alves. Desde muito jovem sentia um grande fascínio por livros e artes em geral. Começou a ler os clássicos da literatura nacional e estrangeira, ainda na infância. Isso de certa forma contribuiu com o desejo de se tornar escritor. Técnico em Agropecuária, formado pela Escola de Agricultura da Região de Irecê (Esagri), fez o curso superior em Marketing e pós-graduação em curso na área de Tecnologia de Informação. Incentivado pelos confrades Benjamin Batista e Solange Durães, fundou a Academia de Letras de Irecê, em 1998, sendo o primeiro presidente da entidade. Posteriormente recebeu o título de membro efetivo da Academia de Cultura da Bahia. Na área de jornalismo, atuou como colunista do jornal Correio da Bahia, tendo uma coluna publicada semanalmente. Colaborou também com vários outros jornais a exemplo do A Tarde, jornal Cultura e Realidade, jornal Informa e revistas como a Vinde, entre outros. Em 2001 fundou o jornal infanto-juvenil O Brasileirinho que é publicado mensalmente (às vezes atrasa um pouco) e conta com a participação de crianças, adolescentes e profissionais na área. Tem doze livros publicados,entre os quais Brasileiros Pré-Cabralianos:História e Arte Rupestre (Brazilians Before Cabral: History and Rock Art); Irecê: História, Casos e Lendas; História de Irecê Para Jovens; Irecê: A Saga dos Imigrantes; Rogério Dourado, o homem que viveu em três séculos; etc. É verbete em: XII Antologia de Poetas e Escritores do Brasil - 1998 (Selecionados Pela Revista Brasília; Dicionário Bibliográfico de Escritores Brasileiros Contemporâneos (1998); Enciclopédia da Literatura Brasileira Contemporânea (Vol.7 - RJ, 1996); A Vocação Nacional da UBE - 62 Anos - União Brasileira de Escritores (Ano 2004); Dicionário de Autores Baianos – Obra publicada pelo Governo da Bahia, em 2006. Homenagens: O nome do autor serviu para denominar um festival de poesias, de nível regional, organizado pelo programa Cultura Educativa, da Rádio São Gabriel FM, apresentado pelo professor Wilton Batista (in memoriam): I Festival de Poesias Regionais Jackson Rubem, amplamente divulgado pela mídia; Recebeu a Comenda de Mérito Acadêmico, concedida pela Academia de Letras e Ciências de São Lourenço, Minas Gerais; Recebeu a Medalha de Honra ao Mérito concedida pelo Grupo Brasília de Comunicação - Revista Brasília; Recebeu moção de Aplausos na Assembleia Legislativa da Bahia, em novembro de 1999, apresentada pelo então deputado José Carlos Dourado das Virgens.
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História de Irecê para Jovens - Jackson Rubem
Normalmente a historiografia dominante se ocupa preferencialmente em tratar da história política, social, econômica de um determinado país ou estado, centrando suas observações nas capitais onde costuma estar o centro do poder. No caso baiano, conhece-se melhor a história de Salvador e seu Recôncavo, uma coisa ou outra da Chapada Diamantina, sobretudo por ocasião da descoberta de diamantes na região e também alguma coisa sobre a região cacaueira do sul do Estado, Itabuna e Ilhéus. Graças à existência das universidades estaduais: UEFS, UESB e UESC e de seus professores-pesquisadores, tem-se também agora certo conhecimento sobre as regiões de Feira de Santana, de Vitória da Conquista, Jequié, Caetité, Itabuna, Ilhéus, etc.. Como se vê, conhece-se ainda fragmentariamente a história do Brasil e de cada um dos seus estados. Para que possamos ir gradativamente aprofundando nossos conhecimentos sobre a história do Brasil é preciso um amplo esforço de estudos locais, que levantem a história de cada localidade ou município e suas relações com a capital do estado, para que possamos ir compondo um panorama histórico mais completo de cada um dos estados e do nosso país como um todo.
Para o estado da Bahia, temos, felizmente, em alguns municípios do interior do estado, pessoas estudiosas e interessadas nas tradições, costumes e história do seu lugar de nascimento ou residência. Estas pessoas costumam colecionar fatos, tradições, estórias, lendas, casos, informações, as mais variadas, que constituem um repertório riquíssimo de dados que, bem organizados, nos revelam preciosíssimos conhecimentos sobre a história local. É necessário reunir, organizar, sistematizar tais conhecimentos, compondo a história de cada município em diversos de seus aspectos. E quando conseguirmos que existam, dadas a público, várias histórias locais e regionais, poderemos finalmente compor uma história mais abrangente e verdadeira do que ocorreu em nosso estado ou país.
No que se refere a Irecê uma pessoa que vem se dedicando há anos a pesquisar a história e outras informações as mais variadas sobre a vida do município é o escritor e jornalista Jackson Rubem que, além de editar um jornal destinado ao público infanto-juvenil do município, O Brasileirinho, já fez também algumas edições do jornal Gazeta Acadêmica, da Academia de Letras de Irecê e possui ainda vários livros publicados, valorizando inclusive o trabalho dos primitivos habitantes da região que deixaram maravilhosas pinturas rupestres que podem ser apreciadas até os nossos dias.
Com seu espírito empreendedor, já conseguiu publicar na editora local Print Fox, de sua iniciativa, uma importante trilogia que resgata a memória de importantes momentos da vida e evolução do município de Irecê:
Irecê – História, Casos e Lendas;
Irecê, um pedaço histórico da Bahia;
Irecê – A saga dos imigrantes e histórias de sucesso.
A estes livros se deve acrescentar o interessante livro Brasileiros Pré-cabralianos – História e Arte Rupestre, com a reprodução de inúmeras fotos de sua autoria, retratando a arte pictórica encontrada em várias cavernas da Chapada Diamantina.
Pela riqueza de informações e pelo resgate da memória local, tais livros acabam se esgotando e necessitando de novas edições, que o autor aproveita para reorganizar e atualizar. Agora ele lança História de Irecê para jovens para maior divulgação entre os interessados na história da região de importantes informações da história e vida cotidiana da população ireceense. Com este livro, os professores e alunos da região de Irecê ganham uma importante fonte de referência sobre a história da ocupação de sua região e de seu desenvolvimento em vários aspectos, que pode ser consultada e citada quando da realização de festas comemorativas nas escolas, ou ainda ser tomada como ponto de partida para ulteriores pesquisas sobre assuntos mais específicos.
Está de parabéns Jackson Rubem, pelo esforço que tem sempre feito de divulgação de informações geográficas, históricas, antropológicas e folclóricas de sua região, e o povo ireceense, por conseguir com suas obras uma importante fonte de informações sobre a vida local.
Antonietta d´Aguiar Nunes
Historiógrafa do Arquivo Público do Estado da Bahia Prof. adjunto de História da Educação na Fac.de Educação da UFBA
Capítulo 1. Aspectos geográficos
Segundo informações do IBGE (2012), Irecê tem as seguintes características geográficas:
Localização: O município de Irecê fica na zona fisiográfica da Chapada Diamantina Setentrional, abrangendo toda a área do Polígono das Secas. Pertence também à bacia do São Francisco. Mesorregião: Centro-Norte Baiano.
Limites: Tem como limites os municípios São Gabriel (Norte); Lapão (Sul); João Dourado (Leste); Presidente Dutra (Oeste).
Área: Atualmente, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, Irecê tem uma área de 319,028 quilômetros quadrados, ocupada por uma população de 66.181 habitantes, cerca de 207,45 habitantes por quilômetro quadrado(IBGE, 2012).
Solos: Os solos de Irecê são planos e férteis, característica que facilitou e motivou a mecanização agrícola e o consequente desenvolvimento do lugar.
Bioma: A caatinga é encontrada no sertão nordestino, locais de clima semiárido. É o ecossistema predominante na área do Território de Irecê.
População e densidade demográfica: A população é de 66.181 habitantes. A densidade demográfica é, portanto, cerca de 207,45 habitantes por quilômetro quadrado.
Latitude e Longitude: A sede do município pode ser localizada pelas seguintes coordenadas geográficas: 11º18’15’’ de Latitude Sul, em sua inserção com o meridiano 41º 52’10’’ Longitude Oeste: 41º 51’’ 21’’.
Altitude: A altitude é de 721, 465 metros acima do nível do mar. Tal medida podia ser vista numa chapa que o Conselho Nacional de Geografia cravou no primeiro degrau da escadaria que dá acesso a porta principal da antiga sede da Prefeitura, hoje atual Arquivo Público Municipal Hermenito Dourado.
Clima: O Clima é semiárido. A temperatura média anual em Irecê é de 22.0ºC; a máxima: 26.9ªC e a mínima 17.7º graus centígrados.
Povoados e distritos de Irecê: Povoados: Achado, Baixão de Zé Preto, Baixão dos Paraibanos, Fazenda Nova, Lagoa Nova, Meia Hora, Mocozeiro, Queimada do Floriano, Queimada dos Rodrigues e Umbuzeiro. Distritos: Sede, Angical e Itapicuru.
Microrregião: A microrregião é composta pelos seguintes municípios:América Dourada, Barra do Mendes, Barro Alto, Cafarnaum, Canarana, Central, Gentio do Ouro, Ibipeba, Ibititá, Iraquara, Irecê, João Dourado, Jussara, Lapão, Mulungu do Morro, Presidente Dutra, São Gabriel, Souto Soares, Uibaí.
Território de Identidade Irecê: Segundo o site da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado da Bahia, (FAEB,2012) o Território de Identidade Irecê é composto por 20 municípios, ocupando uma área de 26.730,87 Km².
Esta imensa área é habitada por 397.561 habitantes. Deste total, 155.392 habitantes moram na zona rural, o equivalente a 39,09%.
Área agrícola: 493.514 hectares
Área cultivada com lavouras: 346.460 hectares
Área cultivada com pastagens: 147.054 hectares
Extrativismo
- Lenha e madeira em tora: 1.092.339 m³
- Umbu, carvão vegetal, mangaba, castanha-de-cajú, angico e jaborandi:760 toneladas
Produção de leite: 16.475 mil litros
Bovinos: 184.346 cabeças
Caprinos: 122.206 cabeças
Ovinos: 121.942 cabeças
Aves: 536.777 cabeças
Municípios: América Dourada, Barra do Mendes, Barro Alto, Cafarnaum, Canarana, Central, Gentio do Ouro, Ibipeba, Ibititá, Ipupiara, Irecê, Itaguaçu da Bahia, João Dourado, Jussara, Lapão, Mulungu do Morro, Presidente Dutra, São Gabriel, Libai, Xique-Xique.
Capítulo 2. Aspectos históricos
A presença de índios
Mem de Sá foi o governador da Bahia que mais perseguiu e mais assassinou índios. Souza (1851) relatou que Mem de Sá destruiu e desbaratou o gentio (índios) que vivia de redor da Bahia, e queimou e assolou mais de trinta aldeias e os que escaparam da morte ou da escravidão fugiram para o sertão e se afastaram do mar mais de quarenta léguas
.
Em diversas localidades do Território de Irecê é possível encontrar tocas onde os Tapuias viveram até o final de suas vidas. Existem inúmeros vestígios de sua presença em ambientes denominados Paredão dos Tapuias
e Toca dos Tapuias
, conforme Rubem (2006). Muitos destes índios, provavelmente, faziam parte do grupo que se adentrou pelos sertões, depois das matanças e perseguições do governador Mem de Sá, pois moradores mais antigos da região faziam comentários sobre eles, rememorando o que seus antepassados diziam.
Grande parte das pinturas rupestres no Território de Irecê são, no entanto, de um período mais remoto.
Toca dos Tapuias em Aleixo - Ibipeba-Bahia
Os Tapuias eram folgazões, nas palavras de Souza (1851) e não trabalhavam em roças como os Tupinambás, nem plantavam mandioca, nem comiam senão os legumes que suas mulheres plantam nas terras sem mato grande. Os homens