Contos Breves
()
About this ebook
Neste opúsculo estão reunidas pequenas narrativas inconscientes: digo isto porque na altura em que foram redigidas era tão jovem que nem sabia que estava a escrever um tipo específico de conto.
O conjunto daqui resultante é uma selecção e revisão de textos criados entre 1999 e 2007, período que corresponde, aproximadamente, à minha colaboração do DN Jovem (suplemento do Diário de Notícias direccionado para os jovens). Muitos dos textos aqui presentes foram lá publicados. Contudo, estão também incluídos alguns que estavam inacabados, tendo sido agora trabalhados.
Olinda P. Gil
Olinda Gil, mestre em Ensino pela Universidade Nova de Lisboa, é atualmente professora de Português no Ensino Básico e Secundário, mas reúne diversas experiências profissionais no currículo. Estreou-se na escrita no "DnJovem", suplemento do "Diário de Notícias". Foi 3o prémio do concurso literário "Lisboa à Letra" em 2004, na categoria de prosa. Editou, a título independente, em 2013 “Contos Breves”, e, pela Coolbooks, chancela da Porto Editora, “Sudoeste” (2016, 2014 em ebook) e “Sobreviventes” (2017, 2015 em ebook). Tem diversos contos publicados em ebook. Colabora com frequência em coletâneas e diversas publicações. Pertence à Direção da ASSESTA – Associação de Escritores do Alentejo.
Related to Contos Breves
Related ebooks
A Vida de Lazarilho de Tormes Rating: 0 out of 5 stars0 ratingsAcentuação Gráfica Rating: 0 out of 5 stars0 ratingsA Semântica dos Sufixos Denominais Rating: 0 out of 5 stars0 ratingsO Gênero Meme e as Ragefaces: um diálogo relativamente estável com o humor e a ironia Rating: 0 out of 5 stars0 ratingsEnunciação e discurso em Os Ratos, de Dyonélio Machado Rating: 0 out of 5 stars0 ratingsOs meninos da rua Paulo Rating: 0 out of 5 stars0 ratingsTem cabimento? Rating: 4 out of 5 stars4/5Os três porquinhos: The Three Little Pigs Rating: 0 out of 5 stars0 ratingsUm pequeno tratado de brinquedos para meninos quietos Rating: 0 out of 5 stars0 ratingsO menino que colecionava sonhos Rating: 0 out of 5 stars0 ratingsCurso 2 de Análise e Interpretação da Narrativa Literária: Análise e Interpretação da Narrativa Literária Rating: 0 out of 5 stars0 ratingsEstudar, Eu Tô Ligado! Rating: 0 out of 5 stars0 ratingsSherlock Holmes: Sherlock Para Crianças: A Liga dos Homens Ruivos Rating: 0 out of 5 stars0 ratingsO Conto da Senhora Tiggy-Winkle (Traduzido) Rating: 0 out of 5 stars0 ratingsNegrinha e outros contos Rating: 0 out of 5 stars0 ratingsPalavra-chave Rating: 0 out of 5 stars0 ratingsEscritas e leituras contemporâneas I: histórias da literatura Rating: 0 out of 5 stars0 ratingsA Língua Portuguesa e o Mercado de Trabalho Rating: 0 out of 5 stars0 ratingsO olhar passeia Rating: 5 out of 5 stars5/5Revolução das letras Rating: 0 out of 5 stars0 ratingsA história do lobo solitário Rating: 0 out of 5 stars0 ratingsCoração que bate sente Rating: 0 out of 5 stars0 ratingsIracema: Conteúdo adicional! Perguntas de vestibular Rating: 3 out of 5 stars3/5Gêneros Textuais E O Ensino De Língua Portuguesa Rating: 0 out of 5 stars0 ratings7 melhores contos de Aluísio Azevedo Rating: 5 out of 5 stars5/5O canto dos contos - Primavera: antologia Rating: 0 out of 5 stars0 ratingsAuto da Barca do Inferno de Gil Vicente Rating: 0 out of 5 stars0 ratingsA Semiótica do Texto Narrativo Literário Rating: 0 out of 5 stars0 ratingsO Império e a Senhora: memória, sociedade e escravidão em José de Alencar Rating: 0 out of 5 stars0 ratings
Literary Fiction For You
O vendedor de sonhos: O chamado Rating: 5 out of 5 stars5/5Declínio de um homem Rating: 4 out of 5 stars4/5Eu, Tituba: Bruxa negra de Salem Rating: 5 out of 5 stars5/5Primeiro eu tive que morrer Rating: 5 out of 5 stars5/5Rua sem Saída Rating: 4 out of 5 stars4/5Memórias Póstumas de Brás Cubas Rating: 4 out of 5 stars4/5Box - Nórdicos Os melhores contos e lendas Rating: 0 out of 5 stars0 ratingsDom Casmurro Rating: 4 out of 5 stars4/5Livro do desassossego Rating: 4 out of 5 stars4/5O vendedor de sonhos 2: A revolução dos anônimos Rating: 0 out of 5 stars0 ratingsO que eu tô fazendo da minha vida? Rating: 5 out of 5 stars5/5Aprender a falar com as plantas Rating: 4 out of 5 stars4/5O vendedor de sonhos 3: O semeador de ideias Rating: 0 out of 5 stars0 ratingsO amor vem depois Rating: 4 out of 5 stars4/5Eu que nunca conheci os homens Rating: 4 out of 5 stars4/5
Reviews for Contos Breves
0 ratings0 reviews
Book preview
Contos Breves - Olinda P. Gil
por Sónia Duarte, editora do DnJovem entre 2001 e 2007
Consigo precisar a data em que conheci pessoalmente Olinda Gil. Coincide com um determinado evento da história do DN Jovem: uma tertúlia de confraternização realizada a 28 de Junho de 2003, nas proximidades da Avenida da Liberdade, conhecida sede do Diário de Notícias, em Lisboa. Do anúncio oficial, na página do suplemento, constava: «Não percam a ocasião para comentar ao vivo o trabalho daqueles que preenchem estas páginas e que irão estar presentes no encontro. (…) Todos, sem limites etários nem geográficos, serão bem vindos, inclusive ex colaboradores e aqueles que residem fora do distrito de Lisboa e que possam juntar se a nós». Foi o caso da Olinda que, sendo de Aljustrel, ficara em Lisboa propositadamente para o efeito, numa generosa demonstração de disponibilidade para com o outro que é tão característica da juventude, em especial, a que habita regiões menos povoadas, como o Alentejo, e que, talvez por isso mesmo, prezam mais a comunidade entre os seres.
O pintor e escritor alentejano Álvaro Lapa declarou certa vez: Disponível, disponível é a juventude. Mesmo que seja incapaz, incompetente, estouvada, destrutiva. Mas é disponível
. É, pois, para render justiça à disponibilidade e, logo, juventude, de Olinda Gil, que não pude recusar o convite para prefaciar este seu livro Contos Breves.
Recolecções pessoais à parte, nem sempre se tece o devido elogio à disponibilidade para a escuta e aprendizagem em que se coloca aquele que se submete à apreciação por juízo alheio, situação que é a do jovem que envia um seu trabalho para ser apreciado por um júri editorial de uma qualquer publicação.
Podemos evocar aqui algumas críticas que se tornaram famosas muito devido ao imprevisível desfecho que tiveram.
O caso Artaud Rivière em que o director da Nouvelle Revue Française recusou publicar uns poemas do jovem Antonin por os julgar inconsistentes, porém, este reclamou lhes direito à existência («…reivindico, com tanta insistência e inquietude, essa existência também abortada. E a pergunta para a qual eu gostaria de uma resposta é a seguinte: Você acredita que se pode conferir menos autenticidade literária e poder de acção a um poema defeituoso, mas semeado de intensas belezas, do que a um poema perfeito, mas sem grande repercussão interior? (…) Não se trata, para mim, nada menos do que saber se eu tenho ou não o direito de continuar a pensar, em verso ou em prosa.» - 05/06/1923) e, após uma longa mas cortês troca de correspondência, o sensível Rivière acaba por ser persuadido e acede a publicá los, na condição de serem acompanhados pelos argumentos da fértil discussão que se iniciara por carta («Julgue essa prosa sem considerar a questão de tendência, de princípios, de gosto pessoal, julgue a com a caridade da sua alma, com a lucidez essencial do seu espírito, repense a com o seu coração. Ela provavelmente indica um cérebro, uma alma que existem, a quem a um certo lugar retorna. Em favor da irradiação palpável dessa alma (…)» - 29/01/1924; «Eu estou disponível para a poesia. É apenas por causa de circunstâncias fortuitas e exteriores às minhas reais possibilidades que não me realizo.» - 07/05/1924).
No incidente Orpheu Dantas, a contra crítica teve uma repercussão tal que, ao longo do tempo, foi eclipsando cada vez mais a invectiva a que serviu de resposta: «Alguns rapazes, com muita mocidade e muito bom humor, publicaram, há dias, uma revista literária em Lisboa. Essa revista tinha apenas de notável a extravagância e a incoerência de algumas, senão de todas as suas composições. Como a recebeu a imprensa diária? Com o silêncio que merecia? Com as duas linhas indulgentes e discretas que é de uso consagrar às singularidades literárias de todos os moços? Não. A imprensa recebeu essa revista com artigos de duas colunas – na primeira página. A imprensa fez a essa revista um tão extraordinário reclame, que a primeira esgotou se e já se está a imprimir a segunda. Ora semelhante atitude está longe de ser inofensiva ou indiferente. Em primeiro lugar, consagra uma injustiça fundamental; em segundo lugar, favorece e prepara uma selecção invertida. Eu bem sei que o reclame a certas obras é às vezes feito à custa da veemente suspeita de alienação mental que pesa sobre os seus autores. Mas neste caso, como em outros muitos, é justo confessar que os loucos não são precisamente os poetas, mais ou menos extravagantes,