Sonhos desfeitos - Romantic Time 9
By Mindy Colter
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Quando Giovanna conheceu Pietro foi como chegar ao paraíso, apaixonada por ele entrega-se de corpo e alma a esse homem. Pietro não merecia uma mulher sincera como ela, pois já está comprometido e sua noiva aguarda que ele retorne de férias para marcar a data do casamento.
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Sonhos desfeitos - Romantic Time 9 - Mindy Colter
Quando Giovanna conheceu Pietro foi como chegar ao paraíso, apaixonada por ele entrega-se de corpo e alma a esse homem. Pietro não merecia uma mulher sincera como ela, pois já está comprometido e sua noiva aguarda que ele retorne de férias para marcar a data do casamento.
* * *
Copyright © 2013 by Mindy Colter
Tradução: Augusta Legat
Todos os direitos reservados. Exceto para uso em qualquer análise, a reprodução ou utilização deste trabalho, no todo ou em parte, em qualquer forma ou por quaisquer meios eletrônicos, mecânicos ou outros, atualmente conhecido ou futuramente inventado, incluindo xerografia, fotocópia e gravação, ou qualquer armazenamento de informação ou sistema de recuperação, é proibido sem a permissão escrita do autor.
Esta é uma obra de ficção. Nomes, personagens, lugares e incidentes são produto da imaginação do autor ou são usados ficticiamente, e qualquer semelhança com pessoas reais, vivas ou mortas, estabelecimentos comerciais, acontecimentos ou locais é mera coincidência.
Publisher: Candice Press
Capa: Sunshine Design
CAPÍTULO 1
Francesco Marconi dirigia calmamente sua caminhonete naquela tarde. Ia admirando as paisagens e aspirando o ar da montanha. Não havia mais pressa nele. Quando chegasse, Teresa não estaria mais no casarão a esperá-lo e a filha já não vivia lá há muito tempo.
Parou num determinado ponto do caminho, pegou o binóculo no porta-luvas e sentou-se sobre uma enorme pedra. A paisagem que se via dali era linda. Ficou aguardando que o falcão pousasse sobre o pico da montanha, que estava azulada àquela hora.
Seu dia fora longo. Recordou as pessoas cumprimentando a filha. A exposição fora um tremendo sucesso.
Ficou a observar o vôo da ave. Não carregava naquele entardecer as tintas, o cavalete e as telas e também nem poderia pensar em pintar alguma coisa naquele horário.
Recordou Giovanna a sorrir por entre lágrimas.
A mãe morrera muito antes da apresentação de seus trabalhos e Teresa sempre a incentivara tanto! Quando menina, a filha estava sempre ao seu lado, mexendo nas tintas e deixando-o possesso.
- Papa, veja só o que fiz aqui!
A lembrança lhe chegava naquele instante. Giovanna havia simplesmente arruinado seu melhor trabalho em óleo sobre tela. Ele ficara horas aguardando que o alce aparecesse, pacientemente esperara e conseguira um trabalho para ninguém botar defeito.
Estava na etapa final da pintura e a filha simplesmente pintara a cabeça do animal de vermelho.
- Você arruinou o meu trabalho! Saia imediatamente deste ateliê, senão...
Teresa apareceu naquele instante.
- Por que está tão exaltado, amore mio?
- Veja o que ela fez com o meu belo alce!
A mulher puxou o avental sobre a boca para abafar o riso.
- Eu não digo que você estraga esta menina?
- Ela é uma artista, meu querido.
- Artista? É uma pequena travessa, isso é o que ela é. Eu a proíbo de entrar aqui!
- Tudo bem, papa. Tudo bem que não me queira aqui, mas eu também quero algo. Quero que arrume um ateliê para mim nessa casa cheia de quartos. O último da direita está ótimo para mim.
Ela tinha quando muito 10 anos e assim fora feito. Teresa apoiava a filha em todos os momentos e com jeitinho sempre o convencia a fazer suas vontades.
As duas eram lindas. Os olhos verdes, os cabelos loiros, as sobrancelhas bem delineadas, a boca carnuda. A filha nascera muito parecida com a mãe, mas puxara a ele no amor pela arte. Pelo menos era o que as pessoas diziam.
- Não, eu já disse que não. Eu me recuso a admirar seus quadros. São verdadeiros borrões, Giovanna!
- Não é o que os meus professores dizem...
A mãe a beijava e ele olhava aquela cena. As duas se entendiam tão bem.
- Será que eles também estão loucos?
- Papa, cada pessoa expressa a sua arte da maneira que a sente.
- E você sente as árvores da forma que pinta? Eu juro que via tudo ali, menos uma árvore. Seria a última coisa que imaginaria.
Ela teria 16 anos naquela época? Não. Um pouco mais, já passava dos 17.
Pensou em como o tempo passa depressa. Ela já estava com mais de 22 anos.
Como estava linda! O longo vestido azul-turquesa com debruns em prata combinava perfeitamente com os cabelos que ela clareara mais do que já o eram ao natural. Não conseguia entender porque a filha precisava clareá-los ainda mais. Os olhos se enchiam de lágrimas e ela sorria a maior parte do tempo.
Deus! Ela conseguira. Era arte mesmo jogar toda aquela tinta sobre as telas daquela forma. Ele estivem pintando animais a vida inteira e não conseguia entender a pintura abstrata da filha. Julgava-se um analfabeto em artes, mas seus animais eram tão bonitos.
- Papa, você é um retratista. Copia tão exatamente igual cada animal. Por que não experimenta pintar um corvo a sorrir?
- Ah! Filha! Não zombe de seu velho pai.
Recordou a conversa que tiveram naquele último domingo que ela o visitara. Lembrou como ela se sentara tão quietinha em seu
ateliê.
- Gosto de estar aqui. Gosto tanto de seus animais.
- Eu não gosto do seu modo de pintar.
- Mas eu adoro os meus quadros, e no fundo sei que você me admira. Ou não? Diga a verdade.
O falcão imóvel o fez pensar.
Precisava entregar uma águia para Angelino Piccoli em menos de duas semanas e ele a queria pousando levemente.
Guardou o binóculo. Escurecia depressa naquela época do ano.
O que faria quando chegasse em casa?
Precisava trabalhar um pouco mais no urso que estava pintando.
- O que tem feito de bom?
- Estou pintando um urso...
- Você foi até lá?
- Fiquei horas no zoológico.
Os dois sorriram.
Ela estava mesmo uma beleza com o vestido azul.
- Papa, sabe que proposta recebi hoje?
- Nem imagino.
- Me convidaram para expor meus trabalhos em Paris.
- E você vai?
- Claro que sim. Por que não iria?
- Giovanna Del Santo Marconi expondo em Paris! Quem diria, hein?
Estreitando-a ao peito, ele depositara um beijo em sua testa arredondada.
- Por que não abandona tudo e vem morar comigo, papa?
- Eu não deixaria Spercenigo por nada do mundo e você sabe disso
- A mamãe se foi e você vive tão sozinho. Venha morar aqui.
- No apartamento onde vive? Eu morreria sufocado.
- Prefere se esconder naquela mansão de vinte quartos? Naquelas terras que não se acabam?
- Sabe que é herança de família. Não sente falta da vida lá?
- Confesso que nenhuma, nenhuma mesmo.
- Não a entendo.
Pegou a piteira, acendeu um cigarro e ficou em pé admirando o vale que mergulhava na escuridão.
De volta à caminhonete, pisou um pouco mais.
A filha o deixara com o peito cheio de orgulho. Ela estava cada vez mais bonita e todos a elogiavam.
Engraçado! Ela nunca lhe contara de um namorado. Contava à mãe dos namoricos de menina e depois
Teresa lhe contava tudo. A mãe se preocupava tanto com ela. Adorava-a...
Onde falhara? Ela deixara a casa paterna tão cedo.
Por que uma moça deixa o conforto que os pais lhe oferecem e vai tentar a vida sozinha? Queria entendê-la e não conseguia.
Ela fora trabalhar com o antiquário Luigi Moretti em Treviso. Auxiliando-o na loja, custeou seus cursos e recusou sua ajuda. Pintou nas horas de folga e conseguiu com o próprio esforço expor seus quadros.
Não era para se orgulhar de uma filha dessa?
Mas ele queria entender a razão dela ter procurado vencer sozinha, já que era rica e não precisava de nada daquilo. Nos primeiros tempos pensara que era normal uma moça de 18 anos agir daquela forma. Pura rebeldia, imaginara na época, mas os anos passavam e não entendia a excentricidade daquela moça encantadora.
CAPÍTULO 2
Chegando em casa, foi recebido por Filomena, a fiel governanta de tantos anos. Ela perguntou como havia sido a exposição da menina e Francesco Marconi contou que fora uma beleza. Filo enxugou uma lágrima.
- A dona Teresa ficaria tão orgulhosa da filha. A Giovanna era a menina dos olhos da mãe. Ela estava bonita?
- Linda demais.
Ele fez menção de se afastar e a governanta lhe perguntou se não queria comer alguma coisa.
- Digo a Santa que traga o jantar para o senhor?
- Não, obrigada. Estou sem fome e já vou para o meu quarto.
- Precisa se acostumar com a comida da Rosa, porque a dona Teresa não está mais entre nós.
- Eu sei. Mas como ela sabia cozinhar!
- E o fazia só por prazer.
- Só para o meu prazer...
Pigarreando, ele desejou-lhe uma boa noite.
A governanta o viu caminhando curvado. O peso dos anos, a falta da mulher e a menina que queria ser independente. Ela sentiu pena do pobre homem. Tanto dinheiro servia para quê?
A empregada sabia que ele vinha de uma geração de homens endinheirados e que os bens de família não se acabariam em quatro gerações ou mais. A filha não parecia dar importância ao fato. Quem podia entender uma coisa dessa? Fora trabalhar numa loja de antigüidades...
Procurou por Santa na cozinha e disse que o patrão não iria jantar. Que já podiam dormir, ela e Romeo também. Não precisavam mais de seus serviços.
No silêncio do casarão, 30 minutos depois todos já haviam se recolhido. No seu