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O Segredo De Zach
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O Segredo De Zach

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About this ebook

Poderá um jovem rapaz sair do armário, encontrar o amor e sobreviver ao último ano do ensino médio ao mesmo tempo?
Zach Denham, o editor de um jornal de escola de uma cidade pequena, sofre para passar por um cara "normal" namorando com uma amiga. Key, o esportista novato da escola, força Zach a confrontar a verdade sobre sua identidade sexual.
Amigos se tornam inimigos quando uma questão explosiva divide a comunidade estudantil. Como a sra. Trevott, a querida professora de inglês de Zach, aconselha com sua língua afiada, alguns deles vão lutar pelo que acreditam mesmo que precisem lutar sozinhos.
O roteiro baseado em O Segredo de Zach, também de autoria de Matthew, foi finalista em um concurso de roteiros em uma Script Magazine.
LanguagePortuguês
Release dateOct 27, 2014
ISBN9781633393165
O Segredo De Zach

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    O Segredo De Zach - Matthew W. Grant

    33

    Capítulo 1

    Assim que saí do prédio, suspirei e, na mesma hora, senti um breve momento de alívio. De alguma forma, consegui sobreviver a mais um dia na Welston Ensino Médio. Era final de novembro e eu era um veterano, o que significava que eu só precisava passar pela experiência escolar por mais aproximadamente 115 vezes ou menos, caso eu ficasse doente.

    É possível fazer isso, disse a mim mesmo, 115 é cerca de uma vez e meia a velocidade máxima que um leopardo consegue atingir em milhas por hora. Quem analisa matematicamente o número de dias letivos que ainda faltam com uma comparação com a velocidade de um leopardo? Esse sou eu – Zach Denhan, super nerd.

    Terminei de enfiar meus livros na mochila bem a tempo de ver um raio de luz amarela vindo na minha direção. O sol refletia no crucifixo dourado de Meghan Collette (usado, como sempre, por fora da blusa) enquanto a própria Meghan saltitava pelo estacionamento para falar comigo.

    Ei, Zach, posso pegar uma carona com você? Meghan tinha mais entusiasmo na voz do que uma groupie num show de rock.

    Entre todos os carros de alunos no estacionamento, havia um rack de bicicleta velho e enferrujado contendo a dez marchas mais triste da história. Apontei pra ela, Está vendo aquela com um cadeado grande? Achei que poderia fazê-la soar menos patética se eu mencionasse o tamanho do cadeado. É meu transporte até eu pegar meu carro de volta do mecânico.

    Obrigada, mesmo assim. Meghan enfiou um papel na minha mão.

    Mais um?

    Você vai adorar esse. Eu juro.

    Vou ler, mas-

    Meghan já estava correndo para o ônibus, que estava começando a fechar as portas, quando gritou, Preciso ir. Estou atrasada para o estudo da bíblia.

    Acenei enquanto ela entrava com sua energia infinita no ônibus.

    Pedalei de volta para casa e me imaginei como um ciclista famoso e legal – talvez um campeão, como Lance Armstrong – em vez de um cara de dezoito anos em sua bicicleta de criança. Eu quase podia me imaginar a centímetros da linha de chegada com multidões torcendo por mim.

    A realidade me alcançou rapidamente na forma de um conversível bem desgastado portando quatro alunos da Welton.

    Eram Carl Grainger e seus amigos. Eles basicamente faziam da minha vida um inferno só por curtição.

    Grainger buzinou e aproximou o carro de mim de propósito. Tentei olhar para frente e ignorá-lo, mas notei que todos estavam fumando e bebendo cerveja.

    Grainger gritou primeiro. "Olha só, gente. O que temos aqui? O repórter-estrela do Wellston High Records pilotando sua bicicletinha pela cidade."

    Depois foi a vez de Steve Larsen e ele achou que seria hilário usar um sotaque britânico forçado quando disse, Ele não é um repórter, senhor. Ele é o Editor Chefe.

    Isso fez com que todos rissem, e um deles disse, Vamos lá, Grainger. Não seja cagão. Chega mais perto dele.

    Senti a brisa do carro. Eu sabia que, se ele se aproximasse mais, encostaria na minha perna e eu perderia o equilíbrio. Steve se pendurou na lateral do carro e me ofereceu um cigarro aceso. Vamos lá, Clark Kent, dê um trago.

    Vi minha única chance de escapar – a próxima esquina. Pedalei feito o ciclista campeão que eu desejava ser no momento. Sucesso! Virei a esquina, mas era uma virada acentuada demais pro conversível. Grainger passou direto. Parei e observei-os descer a ladeira até um sinal verde.

    Então o sinal ficou amarelo. Grainger não reduziu. O motor rugiu e os rapazes todos celebraram e gritaram enquanto o carro corria para o cruzamento.

    Um caminhão se aproximou do sinal pela transversal.

    O sinal ficou vermelho para Grainger!

    BIII-BIII! O caminhão buzinou, mas as luzes do freio de Grainger não apareciam. Eu queria tapar os olhos, mas não ousava.

    Os freios do caminhão fizeram um barulho terrivel. Grainger perdeu o controle da direção e o conversível rodou.

    O caminhão derrapou pelo cruzamento com os pneus cantando.

    Não pude evitar; fechei um olho. E aí acabou... eles estavam bem. De alguma forma, por milagre, o caminhão e o conversível evitaram a colisão por pouco. Como gesto de gratidão, Grainger mostrou o dedo do meio para o motorista.

    Comecei a andar com a bicicleta de novo, grato por nada ter acontecido a eles. Eles eram uns imbecis, sim, mas eles podiam ter morrido de verdade fazendo essa gracinha. Não tive muito tempo para me sentir mal por eles, porque quando passei pelo estacionamento de um mercadinho, eles estavam me esperando.

    Querem assustar ele de verdade? Grainger perguntou a seus amigos.

    Claro que sim, foi a resposta.

    Grainger pisou fundo. Ele disparou. Achei que sentia cheiro de borracha queimando, mas talvez fosse só minha imaginação desenvolvendo a ideia de que eu seria atropelado por um carro. Por favor, Deus, não, foi tudo que tive tempo de dizer.

    Tentei pedalar para longe, mas não adiantou. Os freios guincharam novamente, fazendo aquele som que pode literalmente ser a diferença entre vida e morte. Ouvi metal se esmagando. Vi até mesmo minha mochila voar pelos ares e cair no chão com uma pancada sem cerimônia. A força abriu o zipper. Papéis se espalharam ao vento.

    Minha bicicleta caiu de lado com os pneus girando loucamente, mas inutilmente, no ar.

    Precisei de um momento para me concentrar. Algumas latas de lixo esmagadas rolaram para longe. Foi aí que percebi que caí numa pilha de jornais reciclados que amorteceram minha queda. Enquanto o conversível dava ré, ouvi Grainger dizer aos amigos, Espero que a bicicleta do babaca não tenha amassado meu carro.

    Levantei com dificuldade, espanei a sujeira das roupas e os assisti rir incontrolavelmente enquanto se afastavam. O que mais me incomodou foi que nenhum deles teve a decência de olhar pra trás uma vez que fosse para ver se eu estava bem.

    Capítulo 2

    O escritório do jornal da escola era uma despensa apertada que fora transformada em sala, contendo uma escrivaninha de professor velha, uma cadeira de couro quebrada e uma mesa bamba que usávamos para fazer o layout das páginas da edição atual. Um arquivo de metal bastante velho guardava as edições passadas.

    Minha escrivaninha estava tão bagunçada que a placa que dizia Área de Desastre Nacional – Favor mandar ajuda! estava perdida nas pilhas de papel desde o ano passado e ainda não havia reaparecido.

    Parece sem muita tecnologia porque era mesmo. Eu queria que pudéssemos estar usando todo o poder dos computadores mais recentes e dos programas de design mais sofisticados que jornais profissionais usavam. Claro, tinhamos computadores e e-mail, mas nada no escritório do jornal da escola tinha sido atualizado nos últimos anos. Sempre diziam que não havia dinheiro no orçamento da escola para extras como o jornal. Nos disseram que tínhamos sorte de ter um jornal, não importando o quão antiquado ele era. Curiosamente, ninguém dizia ao departamento de atletismo que não havia dinheiro quando eles queriam verba para novos uniformes, novos equipamentos ou uma viagem para uma competição.

    Meghan pipocou na sala. Ela nunca fazia nada silenciosamente. Ela teria sido ótima como uma daquelas organizadoras de protestos dos anos 60 sobre as quais lemos na aula de história.

    Zach, você está editando meu artigo?

    Sim, eu disse a ela. Na verdade, eu só estava olhando para ele. Eu ainda não tinha me decidido até que ela perguntou. Ela parecia tão animada que não quis desapontá-la.

    Agora sou uma escritora! ela gritou e atirou os braços ao meu redor. Seu cabelo castanho e macio roçou de leve no meu rosto. Oh, eu não pretendia... ela disse, quando se afastou de um pulo. Fiquei muito surpreendido. Nenhuma garota nunca tinha me abraçado dessa forma. Minhas tias e primas me abraçavam no natal, mas isso não conta.

    Eu queria dizer algo sobre isso para ela, mas o que? Claro, foi um acidente. Só um idiota comentaria sobre um acidente. Além disso, um abraço de Meghan não poderia me mudar. Ou poderia?

    Quebrei o silêncio primeiro. Ainda tenho muito a terminar nesta edição. Apontei para a primeira página, na qual eu estava tentando fazer os artigos se encaixarem ao redor do mapa de Massachusetts, com Wellston escrito em enormes letras de forma.

    Que saco. Não dá pra você convencer a Srta. Tellsini de parar de fazer isso na primeira página de todas as edições? Meghan perguntou.

    Dá pra convencer as Cataratas do Niagara a cair pra cima?

    Antes que Meghan tivesse chance de rir, Phillip Rodrigues entrou no escritório. Ele era um calouro, mas era um dos melhores repórteres do jornal. Eu estava prestes a perguntar a ele como seu dia estava indo, mas ele estava com uma cara muito séria, então eu sabia que ele não queria ficar de conversa fiada.

    Também te mandei uma cópia por e-mail. Leia. Publique! Phillip disse ao me entregar várias páginas digitadas. Ele desabou na cadeira velha para esperar.

    Li a manchete em voz alta, Gravidez na adolescência – A verdade que você precisa saber. Terminei de ler o resto em silêncio. Era franco e brilhante. Foi a melhor coisa que você já escreveu, Phillip, eu elogiei.

    Ele sorriu. Então pode sair esta semana?

    Seria preciso todo o departamento de polícia de Wellston em traje de choque E intervenção divina para convencer a srta. Tellsini a aprovar este artigo.

    Phillip se levantou, agitado como um político fazendo discurso, enquanto protestava, Isto é exatamente o que as crianças da nossa idade precisam saber. Esse artigo ganharia um prêmio na Competição de Jornalismo Estudantil de Massachusetts. Talvez até chegaria às Regionais da Nova Inglaterra.

    É verdade, admiti.

    Então mostre-o para Tellsini. FAÇA com que ela o publique.

    Você já fez a grama crescer azul no inverno? perguntei, claramente falhando em criar uma maneira inteligente de evitar o clichê de dizer que ninguém é capaz de convencê-la de nada.

    Ela não me assusta. Se você covarde demais pra isso, vou eu mesmo exigir que ela o publique, Phillip disse com raiva, arrancando os papéis da minha mão.

    Não podia deixar Phillip fazer isso. Seria suicídio. Se ele a confrontasse, ela faria o resto de seus anos na Wellston parecerem um inferno. Antes que eu pudesse dizer mais uma palavra sequer, ele saiu da sala como uma bala de canhão. Gritei para ele, Espere, você esqueceu- Phillip já tinha ido embora, mas terminei a frase mesmo assim, sua folha de rosto.

    Você acha mesmo que não tem chance de ele convencê-la? Meghan perguntou.

    Não nesta vida.

    Mas a srta. Tellsini não iria querer que o jornal ganhasse prêmios? Isso seria bom para a reputação dela, também.

    Então, Meghan estava um pouco mais ligada na maneira como o mundo funcionava do que pensava. Respondi, A srta. Tellsini vai dizer que podemos ganhar prêmios sem recorrer a obscenidades sobre gravidez na adolescência.

    Você acha o tópico obsceno? Meghan perguntou.

    Você acha?, respondi.

    Meghan não respondeu, mas ela não precisava. Eu já sabia o que ela pensava. Meghan era a fanática religiosa de estimação da escola. Lembro de uma vez, durante nosso primeiro ano, em que um garoto e uma garota estavam se beijando no corredor, na frente do armário da garota. Meghan correu

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