Os Dois Ursos De Maddie

leituras?

Os Dois Ursos de Maddie

Jackie Sexton

Capítulo Um

Madison Bates fechou seus olhos antes de entrar com o carro nessa garagem tão familiar. Ela esteve nesse mesmo lugar diversas vezes quando era criança, com os olhos brilhantes e inocentes e um sorriso estampado no seu rosto rosado e gordinho.

Mas agora ela não já era mais uma menininha, e embora seu rosto ainda fosse arredondado, com a mesma propensão a corar como um tomate vermelho, seus grandes olhos azuis não estavam mais cheios de esperança para um verão inesquecível. O vovô Seth não estava mais ali, sentado naquela grande poltrona perto da lareira, e a vovó Grace não estaria lhe esperando com alguma sobremesa achocolatada deliciosa na cozinha, sua cintura larga coberta pelo mesmo avental xadrez com babados.

Madison abriu seus olhos e absorveu a imagem dessa cabana antiga, respirando fundo e tentando se lembrar da razão que a trouxe até ali.

Ela havia aceitado a morte de seu avô, assim como ela tinha aceitado a morte de sua avó, cinco anos antes. O que ela não conseguia aceitar era essa sensação de ter desperdiçado a sua vida.

Com Dustin, em Pickford, como uma barista no The Winder.

Mas é por isso que estou aqui, ela repetiu para si mesma enquanto desligava o carro e saia da garagem. Essa era a sua chance de recomeçar do zero, em uma pequena cabana escondido em uma pequena cidade montanhosa, no centro de Montana.

Madison andou até a casa, escutando o barulho de seus pés sobre as pedrinhas e terra embaixo de suas solas, respirando o ar puro da montanha e banhando sua vista com os belos pinheiros ao seu redor, com seus galhos ondulando ao vento, acenando para ela com as folhas verdes em uma forma de saudação amigável, lhe acalmando o coração pesado.

É a minha chance de recomeçar, ela repetiu mentalmente, virando-se para observar o cenário às suas costas. Titusville era uma cidade minúscula, mas o que lhe faltava em número de moradores, tinha de sobra em beleza natural. O aglomerado de prédios esparsos se encontrava confortavelmente entre as árvores e estradas de terra, ao longo de um córrego sinuoso que banhava um belo lago a o leste. E para o oeste, uma estrada de sinuosa de montanha mostrava o caminho até a entrada de um parque estadual a diversos quilômetros à frente. Uma queda acentuada lateral para a direita dava a Madison e todos os habitantes da pequena cidade uma vista gloriosa de uma longa extensão de montanhas que pareciam quase alcançar o céu.

Ela procurou por sua chave na bolsa e abriu a cabana de sua vó da mesma maneira que a lembrava, com os aromas fortes de pinheiro e tabaco permeando cada centímetro do local.

Depois da morte de sua vó, Madison e sua mãe levaram o vovó Seth para morar com elas, doando alguns itens desnecessários e guardando outros itens mais sentimentais no sótão de sua casa. O que sobrou foram alguns móveis e cabeças empalhadas dos dias de caça de seu avô.

Ela adentrou na sala e colocou suas duas malas sobre o sofá pitoresco em tons de malva, correndo o dedo ao longo da mesa lateral de madeira e contorcendo o resto frente à poeira ali acumulada. Ela tinha muita limpeza pela frente.

Antes de poder buscar seus materiais de limpeza, Maddie escutou alguém batendo na porta. Resmungando para si mesma, ela começou a perceber pela primeira vez que a sua fuga às montanhas poderia não ser tão tranquila quanto esperava. Mas é claro que essa cidadezinha não seria muito diferente da que ela estava tentando escapar. Ela ainda estava cheia de fofoqueiros intrometidos que precisavam saber todos os detalhes sobre a neta de Seth Brown e o seu misterioso retorno à Titusville.

Ela prendeu seu cabelo loiro escuro em um rabo de cavalo, esperando conseguir uma aparência pelo menos decente e abriu a porta com um sorriso falso nos lábios.  Mas para a sua surpresa, não era uma velhinha senhora curiosa lhe trazendo uma cesta de frutas colhidas no seu quintal. Madison teve que respirar fundo ao bater os olhos no que estava do outro lado da porta: um atraente homem de cabelos escuro, com magníficos olhos azul esverdeados, com tons de verde escuro. Se não fosse por seu rosto extremamente masculino, ela jamais teria sobrevivido a profundidade do seu olhar magnético; ele tinha um nariz aquilino forte e uma mandíbula perfeita, que parecia ter sido esculpida em granito. Mesmo o corte violente do seu sorriso irônico, formado por um par de lábios surpreendentemente cheios, quase a fizeram desmaiar.

Mas ela logo notou a sua camisa cáqui e calças verde escuras, cobrindo o seu físico impressionante, e soube imediatamente que a polícia local já estava atrás dela.

Em que posse lhe ajudar, policial? perguntou ela, docemente, cruzando os braços sobre para que ele já não achasse que estava no controle, mesmo que seu coração estivesse acelerado. Ela não havia feito nada de errado, mas sempre se sentia defensive, desde que começou a trabalhar como uma barista, aos 18 anos.

Talvez você possa, moça, disse ele, tomando um passo a frente e ficando um pouco perto demais para o gosto dela. Ela foi atacada por um aroma inebriante e almiscarado, misturado com um rico aroma de café.

"Eu