Cruzadas e os Soldados da Cruz: Os 10 Cruzados Mais Importantes
By Michael Rank
5/5
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10 pequenas biografias dos combatentes mais importantes das cruzadas
"As Cruzadas e os Soldados da Cruz"é um novo livro interessante do autor best-seller e historiador Michael Rank sobre a missão para reconquistar a Terra Santa. Ele observa a vida e a realidade das 10 pessoas mais importantes de um dos momentos mais interessantes da história, abrangendo de 1095 a 1212.
Quer se trate de Pedro, o Eremita, que juntou um exército de 100.000 camponeses para lutar nas cruzadas na Terra Santa com nada além de forcados, ou Balduíno IV que liderou pessoalmente suas forças contra Saladino, apesar de sofrer com lepra terminal, esses personagens lendários foram obrigados a abandonar suas extensas posses territoriais para embarcar em uma aventura perigosa contra um inimigo superior.
Este livro vai observar as razões que fizeram essas 10 figuras se juntarem às cruzadas. Talvez tenha sido pela glória nas batalhas, como no caso de Ricardo Coração de Leão. Para outros, era simplesmente curiosidade, como Leonor da Aquitânia, que acrescentou verve dramática à situação e levou 300 servas vestidas de armadura decorativa e carregando lanças enquanto marchavam para Jerusalém. Para muitos, era uma simples convicção de fé, como no caso dos milhares de cruzados mirins que, segundo a lenda, marcharam até o mar Mediterrâneo e esperavam que ele se abrisse como o mar Vermelho tinha sido aberto para Moisés.
Qualquer que fossem seus antecedentes, esses 10 participantes das cruzadas demonstram que uma pessoa disposta a enfrentar a jornada extremamente perigosa, viajando por terra a um continente diferente, tinham uma personalidade adequada para a época fascinante em que viviam.
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Cruzadas e os Soldados da Cruz - Michael Rank
Tabela de Conteúdo
––––––––
Introdução: O exército de Deus em movimento
1. Pedro, o Eremita (1050-1115): O pregador do povo que se assemelhava a seu burro
2. Raimundo de Toulouse (1042-1105): O cruzado ancião cujo único olho estava voltado para Jerusalém
3. Godofredo de Bulhão (1060-1100): Conquistador de Jerusalém e portador da lâmina encantada da cristandade
4. Bernardo de Claraval (1090-1150): O líder da Segunda Cruzada e cão de ataque do Papa
5. Frederico Barbarossa (1122-1190): O cruzado hidrofóbico que restaurou o poder do Império Romano
6. Leonor da Aquitânia (1122-1204): A rainha iluminada da França e a modista não oficial da Segunda Cruzada
7. Saladino (1137-1193): O conquistador muçulmano de Jerusalém, que também conquistou o coração da Europa
8. Balduíno IV de Jerusalém (1161-1185): O rei leproso
9. Ricardo Coração de Leão (1157-1199): O herói do campo de batalha e rei ausente da Inglaterra
10. A Cruzada das Crianças (1212): Exércitos de inocentes
Conclusão: O impacto duradouro das cruzadas
Sobre o autor
Introdução
O exército de Deus em movimento
––––––––
Deus vult! Deus vult!
Era essa frase em latim, que significa É vontade de Deus!
, que a multidão gritava em resposta ao apelo que o Papa Urbano II fez, em 1095, para viajar à Terra Santa e libertar Jerusalém do controle muçulmano.
O Pontífice francês agitou a multidão em um canto unânime, contando-lhes histórias dos horrores e atrocidades que os persas
haviam cometido contra os cristãos na Terra Santa e na Ásia Menor. De acordo com o relato de Robert, o Monge, sobre o discurso, Urbano disse que os soldados muçulmanos tinham violentamente invadido as terras desses cristãos e [...] as despovoaram através de pilhagem e fogo. Eles levaram embora para seu próprio país uma parte dos cativos e a outra parte mataram com cruéis torturas. Eles têm destruído as igrejas de Deus ou se apropriado delas para os ritos de sua própria religião. Eles destroem os altares, após os profanarem com sua impureza... O reino dos gregos agora é desmembrado por eles e tem sido privado de um território tão vasto em extensão, que pode ser percorrido em dois meses
.
Muitos historiadores concordam que os muçulmanos não tratavam seus súditos cristãos e judeus de forma tão sistematicamente brutal, e, se isso aconteceu, foi esporádico e cometido por líderes que agiram da mesma forma com seus súditos muçulmanos. Mas historiadores também concordam que histórias como essas chegaram aos ouvidos de Urbano II e que ele provavelmente acreditava que fossem verdade. Além disso, haviam precedentes históricos que tornavam essas histórias possíveis de acreditar. A principal delas foi o saque de Jerusalém em 1009 por Al-Hakim bi-Amr Allah. Ele destruiu a Igreja do Santo Sepulcro, local onde acreditava-se que Jesus foi crucificado. O califa fatímida era um ditador brutal por excelência e muito excêntrico, mas um pouco desequilibrado. Além de oprimir os não muçulmanos (e também os muçulmanos sunitas), ele proibiu a celebração da Páscoa e ordenou que todos os cães no Cairo fossem mortos, pois não gostava dos latidos. Ele também tentou reduzir a produção de calçados femininos para evitar que as mulheres saíssem de casa.
Histórias como essas afetavam a visão do Papa Urbano em relação ao domínio islâmico sobre os cristãos e ele suplicou à sua audiência em Clermont, na França, que se armassem e restaurassem as terras à liberdade. Embora Al-Hakim tivesse morrido décadas antes, lutas internas entre os muçulmanos em torno de Jerusalém faziam com que fosse perigoso empreender uma peregrinação para lá. A peregrinação era um ato de enorme importância para a cristandade medieval. A Igreja Ocidental ensinava que, com a peregrinação para Jerusalém, o peregrino poderia obter uma indulgência plenária e eliminar o tempo gasto no purgatório. A proibição de empreender tal peregrinação foi algo tão escandaloso para os nobres e para a hierarquia da Igreja como seria a um muçulmano hoje, se ele fosse impedido de realizar uma peregrinação à Meca. Naquela terra haviam relíquias, os restos físicos de homens santos e seres sagrados. Esses objetos tinham o poder de servir de ponte entre a vida e a morte e entre o homem e Deus. Muitos eram de origem tão duvidosa que seriam considerados risíveis hoje (como os dentes de leite de Cristo ou o leite materno da Virgem Maria), mas os fiéis daquele tempo acreditavam que eram verdadeiros e acreditavam que eram um artefato físico da graça de Deus.
Outros líderes cristãos fora da Europa também pediram a Urbano que iniciasse uma invasão contra governantes muçulmanos. O imperador bizantino Aleixo I Comneno apelou ao Papa, solicitando mercenários para ajudar a resistir o exército turco seljúcida, que derrotou o exército bizantino em 1071 e ameaçou conquistá-lo completamente antes de se dirigir para os Balcãs e o coração da cristandade ocidental. Constantinopla vinha servindo como o bastião europeu contra invasões muçulmanas desde o século VII. No entanto, essa derrota basicamente deu ao exército islâmico turco livre reinado na Anatólia. Em cerca de 1080, muitas tropas seljúcidas estavam a uma curta distância de Constantinopla. Aleixo, por conseguinte, queria que mercenários ocidentais viessem e se juntassem às suas forças para impedir os avanços do exército seljúcida. O que ele esperava era um punhado de cavaleiros que o ajudariam a combater pequenos conflitos, muito parecido com o pequeno número que respondeu ao apelo do Papa Alexandre II, que pediu à Europa para ajudar os cristãos espanhóis que lutavam contra os mouros em 1063. Mas o que ele não esperava era que Urbano enviasse uma força de invasão maciça para retomar Jerusalém. Nem esperava que os cristãos latinos saqueassem sua própria cidade um século mais tarde.
Inúmeros outros fatores levaram à criação de uma cruzada, além dos pedidos de socorro do Oriente. Primeiramente, a Europa tinha um excedente de soldados experientes em batalhas. O Império Carolíngio se desfez no século IX e o continente se estabilizou após séculos de invasões dos ostrogodos, vikings e magiares. Isso foi bom para a estabilidade social, mas também significava que uma numerosa classe de guerreiros ficou sem emprego direto. A pressão foi parcialmente dissipada pela Reconquista Espanhola, pois muitos mercenários e cavaleiros participaram da captura das cidades dos mouros, como a captura de Toledo, em 1085. Mas as cruzadas tinham o potencial de ser um teatro de batalha ainda maior do que a fronteira da Andaluzia.
A Igreja se envolveu nesse tipo de guerra cedo, prometendo uma indulgência para os que fossem mortos em batalha, o que abriu caminho para a Primeira Cruzada e para o envolvimento da Igreja noe conflito. O antecessor do Papa Urbano, Gregório VII, argumentou que a guerra santa tinha validade doutrinal, usando ideias da teoria da guerra justa, do Santo Agostinho de Hipona. Violência contra grupos heréticos, como os arianos, era permitida e, portanto, envolver-se marcialmente com os muçulmanos não era um passo muito grande. Além disso, a promessa de uma indulgência plenária para quem lutasse na cruzada era tentadora numa sociedade imbuída no mundo da Igreja, relíquias de Santos e da piedade.
Uma segunda questão era o poder relativo do papado na alta idade média. O Papa Urbano II foi Papa em um momento de enorme descentralização política na Europa, dando-lhe muita influência em um período durante o qual os monarcas tinham dificuldade em desafiar sua autoridade (uma situação que mudaria no século XV, com a ascensão de monarcas e imperadores poderosos). Essa foi uma inovação histórica, pois, ao contrário da crença popular, Papas não eram todo-poderosos durante toda a idade média. Isso não era verdade nem mesmo para Urbano II, que fazia parte de uma das muitas facções políticas na Europa da época. Ele próprio tinha herdado um legado de governantes papais fracos sob a mercê de Estados patronos poderosos. O Papa Leão III foi forçado a fugir de Roma em 799, devido ao seu conflito com os nobres da cidade. Ele fugiu para o reino de Carlos Magno, no norte, e o governante voltou com ele para a Itália junto com seu exército e restabeleceu o Papa, que ficou muito grato. O Papa coroou Carlos Magno como imperador do Sacro Império Romano-Germânico em sinal de gratidão, mas isso começou uma relação patrono-cliente entre o Império Alemão e o papado. Somente alguns séculos mais tarde, quando as forças sociais debilitaram as monarquias europeias, foi que Urbano II emergiu como uma figura poderosa, e isso tem mais a ver com a posição fraca dos reis naquele tempo do que com qualquer inovação no gabinete papal. No século XI, os reis controlavam vastos domínios apenas no nome e sua palavra era lei apenas em suas propriedades familiares diretas, que por vezes podiam ser tão pequenas quanto uma cidade moderna. O rei da França, por exemplo, controlava diretamente apenas Paris e seus arredores, e era muito menos poderoso do que um de seus nobres. Portanto, os nobres alegavam serem fiéis aos reis, mas podiam ignorar as ordens reais e, muitas vezes, faziam justamente isso. Isso tudo proporcionava ao Papa uma posição única como uma figura central na enorme teia de alianças políticas emaranhadas que compunham a Europa medieval.
Após o discurso empolgante de Urbano, muitos dos líderes mais importantes do continente responderam ao seu chamado e comprometeram-se a participar da expedição. Dois deles eram os líderes mais importantes da França: Raimundo IV, Conde de Toulouse, e Ademar de Monteil. Urbano continuou a viajar pela França e ordenou a seus bispos e legados que pregassem o chamado à cruzada. A resposta foi esmagadora, muito além do que o Papa poderia ter sonhado. No final de seus sermões, voluntários faziam o voto de embarcar na cruzada e uma cruz de tecido era costurada em suas roupas. Muitas das mais importantes figuras da nobreza europeia aceitaram o chamado e animaram as cruzadas com sua grandeza real e personalidades épicas.
Este livro observará a vida e as épocas das figuras mais importantes nas cruzadas, uma série de aventuras militares lançadas pela Igreja Católica e nobres europeus ao Oriente Médio no período de 1095 a 1291. Elas eram compostas de reis, rainhas, cavaleiros, camponeses, servos, crianças e até mesmo de leprosos. O livro explicará o que os fez abandonar suas vastas terras na Europa e embarcar em uma aventura perigosa contra forças inimigas em números extremamente superiores. Exploraremos também suas convicções religiosas ao fazer isso, se foi por