A Arte de Pagar as Suas Dívidas e de Satisfazer os Seus Credores Sem Gastar Um Cêntimo
()
About this ebook
Este é um manual com a caraterização dos vários tipos de dívida e com exemplos práticos de como, por exemplo, contornar as visitas desagradáveis dos seus credores. Um espelho da sociedade de outros tempos que bem poderia ser o nosso.
«O credor número três (o proprietário da casa, por exemplo) vem fazer-lhe uma visita, e aproveita esta ocasião para apresentar-lhe a fatura do aluguer. Olhe-o com um ar indeciso, acompanhado por um: É impossível! Ele afirma-lhe o contrário. Um homem sem aprumo discutiria com ele em relação ao valor do aluguer ou por uns dias de compreensão. Um homem que tem aprumo responde decidido: Oh, não!
Resumindo, graças ao aprumo, você domina a confiança, dá a imagem de um homem decidido e prudente.»
Honoré de Balzac
Honoré de Balzac (1799-1850) was a French novelist, short story writer, and playwright. Regarded as one of the key figures of French and European literature, Balzac’s realist approach to writing would influence Charles Dickens, Émile Zola, Henry James, Gustave Flaubert, and Karl Marx. With a precocious attitude and fierce intellect, Balzac struggled first in school and then in business before dedicating himself to the pursuit of writing as both an art and a profession. His distinctly industrious work routine—he spent hours each day writing furiously by hand and made extensive edits during the publication process—led to a prodigious output of dozens of novels, stories, plays, and novellas. La Comédie humaine, Balzac’s most famous work, is a sequence of 91 finished and 46 unfinished stories, novels, and essays with which he attempted to realistically and exhaustively portray every aspect of French society during the early-nineteenth century.
Read more from Honoré De Balzac
A Mulher de Trinta Anos (A comédia humana) Rating: 3 out of 5 stars3/5Como fazer a guerra: máximas e pensamentos de Napoleão Rating: 0 out of 5 stars0 ratingsManual do Dândi: A vida com estilo Rating: 4 out of 5 stars4/5A pele de onagro Rating: 4 out of 5 stars4/5Ilusões Perdidas Rating: 0 out of 5 stars0 ratings
Related to A Arte de Pagar as Suas Dívidas e de Satisfazer os Seus Credores Sem Gastar Um Cêntimo
Related ebooks
Succenergy Ative Sua Energia e Descubra O Sucesso Dentro de Você Rating: 4 out of 5 stars4/5Antitarja preta Rating: 0 out of 5 stars0 ratingsO que eu quero Rating: 0 out of 5 stars0 ratingsO reino dos sonhos - Oníria - vol. 1 Rating: 0 out of 5 stars0 ratingsO encantador de pessoas Rating: 4 out of 5 stars4/5Mastering Change - Portuguese edition Rating: 0 out of 5 stars0 ratingsRessignificando a vida através do câncer Rating: 0 out of 5 stars0 ratingsSublime Patético: A Presença do Trágico, do Sublime e da Melancolia nos Romances de Valter Hugo Mãe Rating: 0 out of 5 stars0 ratingsSim ou Não: Como suas decisões cotidianas vão moldar sua vida para sempre Rating: 0 out of 5 stars0 ratingsVocê está preparado para quebrar? Rating: 0 out of 5 stars0 ratingsPoesia e Imaginação: Ensaios de Ralph Waldo Emerson Rating: 0 out of 5 stars0 ratingsO Direito Segundo o Espiritismo Rating: 0 out of 5 stars0 ratingsEnsaios de Henry David Thoreau - Vida sem Princípio Rating: 0 out of 5 stars0 ratingsA Relíquia Rating: 4 out of 5 stars4/5Escute o que ela diz: O que os homens precisam saber (e as mulheres falar) sobre trabalhar juntos Rating: 0 out of 5 stars0 ratingsDa lama nasce o lótus Rating: 5 out of 5 stars5/5Journaling - Libere o poder de sua mente Rating: 0 out of 5 stars0 ratingsMBA Em Uma Semana Como Fazer Um Curso On-line Da Ivy League Por Pouco Ou Sem Custo Rating: 0 out of 5 stars0 ratingsInvestimento: como ganhar e proteger o seu dinheiro Rating: 0 out of 5 stars0 ratingsO mentor: A real estrada para o sucesso Rating: 0 out of 5 stars0 ratingsA ciência da felicidade na liderança positiva Rating: 0 out of 5 stars0 ratingsDiário de um empreendedor: Em busca do (re)conhecimento inovador Rating: 0 out of 5 stars0 ratingsSementes de sabedoria: pensamentos para educadores e educandos Rating: 0 out of 5 stars0 ratingsO Efeito Composto: Acelere o seu rendimento, a sua vida, o seu sucesso. Rating: 0 out of 5 stars0 ratingsOrçamento Pessoal Rating: 0 out of 5 stars0 ratingsMatriz self: Uma forma de evitar a mortalidade das empresas Rating: 0 out of 5 stars0 ratingsCartas do pai: De Alceu Amoroso Lima para sua filha madre Maria Teresa Rating: 0 out of 5 stars0 ratingsSabedoria prática Rating: 0 out of 5 stars0 ratingsLíder por amor Rating: 0 out of 5 stars0 ratings
Personal Finance For You
O Homem Mais Rico da Babilonia Rating: 5 out of 5 stars5/552 maneiras de ganhar mais dinheiro Rating: 4 out of 5 stars4/5Empreendendo do Zero: Guia para Começar um Negócio Sem Dinheiro Rating: 0 out of 5 stars0 ratings50 Dicas Para Economizar Dinheiro Rating: 0 out of 5 stars0 ratingsDo mil ao milhão: Sem cortar o cafezinho Rating: 5 out of 5 stars5/5Perguntas ao ChatGpt: Sobre finanças Rating: 4 out of 5 stars4/5Mercado de Ações Investimentos para Iniciantes e Leigos Rating: 5 out of 5 stars5/5Como identificar seu "eu" financeiro Rating: 4 out of 5 stars4/5Orçamento Minimalista Em português/ Minimalist Budget In Portuguese Rating: 5 out of 5 stars5/5Como quitar suas dívidas Rating: 4 out of 5 stars4/5Dinheiro: 7 passos para a liberdade financeira Rating: 5 out of 5 stars5/5Terapia Financeira: Realize seus sonhos com Educação Financeira Rating: 4 out of 5 stars4/5Os 7 Segredos Do Dinheiro Que Ninguém Te Conta!: Coleção MZZN Desenvolvimento Pessoal, #4 Rating: 0 out of 5 stars0 ratingsTrabalhe 4 horas por semana Rating: 4 out of 5 stars4/5Investimento para iniciantes: Passos para a liberdade financeira Rating: 0 out of 5 stars0 ratingsOs 6 Segredos Da Renda Extra - Dicas Práticas Para Ganhar Dinheiro Agora! Rating: 5 out of 5 stars5/5Análise Fundamentalista: Avaliação de Empresas para Investimentos em Ações Rating: 4 out of 5 stars4/5Investir na Bolsa de Valores: 25 dicas para iniciantes Rating: 0 out of 5 stars0 ratingsO dízimo do diabo Rating: 4 out of 5 stars4/5Educando seu bolso Rating: 4 out of 5 stars4/5Livre-se das dívidas Rating: 5 out of 5 stars5/510 Maneiras de organizar a sua vida financeira Rating: 5 out of 5 stars5/5Quero ficar rico: Tudo o que você precisa saber sobre dinheiro e criação de riqueza em 60 minutos Rating: 4 out of 5 stars4/5Guia Rápido de Finanças Pessoais: Como dar os primeiros passos para sua independencia financeira Rating: 4 out of 5 stars4/5Brand management em 4 etapas: Como gerir da melhor forma a comercialização da sua marca, aumentando o seu potencial e eficácia Rating: 0 out of 5 stars0 ratingsComo gastar menos do que você ganha Rating: 5 out of 5 stars5/5
Reviews for A Arte de Pagar as Suas Dívidas e de Satisfazer os Seus Credores Sem Gastar Um Cêntimo
0 ratings0 reviews
Book preview
A Arte de Pagar as Suas Dívidas e de Satisfazer os Seus Credores Sem Gastar Um Cêntimo - Honoré de Balzac
Honoré de Balzac
a arte de pagar
as suas dívidas
e de satisfazer os seus credores
sem gastar um cêntimo
Explicada em Dez Lições
ou
Manual de Direito Comercial Para Uso
de Gente Arruinada, Devedores,
Desempregados e Demais Consumidores
Sem Dinheiro Pelo Meu Saudoso Tio,
Professor Emérito.
Tradução e Nota de Abertura de
José Viale Moutinho
nota de abertura
Com que havia de preocupar-se o Sr. Honoré de Balzac! Ah, meus caros, nada menos que com o pagamento das dívidas dos seus e, já agora, devido à existência desta tradução, e por extensão, dos nossos contemporâneos. Porém, a seu favor, funciona a parceria do seu ilustre amigo o Sr. E. M. de Saint-Hilaire, a quem também devemos este precioso manual onde ganhamos instrução suficiente para nos salvarmos da crise. Graças ao excelente clássico francês, e ao parceiro que arrastou nesta aventura de sociologia económica, poderemos hoje preservar os bens adquiridos e resguardarmos as quantias que, pelo menos em princípio, pensávamos reunir para eventualmente liquidarmos as nossas dívidas, dívidas estas correspondentes a contas. A menos que, desde o princípio, não fosse nossa intenção liquidar o débito e, nesse caso, não nos poderemos considerar realmente devedores, nem a parte lesada óbvia credora. A questão será outra e a dialética processa-se no fio das páginas deste manual, que vos encantará a inteligência, pervertendo, numa lógica de saguão e trapeira, a mimosa educação que tanto custou ministrar-vos aos vossos queridos papás, ao mal gastarem os seus ricos dinheiros em finos colégios. A menos que tenham ficado a dever…
Meus amigos, aqui fica o aviso: se algum intelectual teve o bom gosto de vos recomendar romances franceses para os vossos lazeres, e destacou o nome de Balzac, certamente não foi para que opteis prontamente pelas ideias desta obra. Não que ela não se enquadre n’A Comédia Humana, não que ela não sirva de complemento doutrinal aos brilhantes cronistas hodiernos dos suplementos de economia ou dos jornais e revistas da especialidade. A questão é outra, a questão é de identificação. E mais não deveria dizer, permitindo que a vossa curiosidade penetre nos meandros de um livrinho como este.
Ora este livrinho teve a sua edição princeps em 1827, praticamente anónimo. E por aí se ficou. O seu manuscrito, gerado a duas mãos, encontra-se arquivado na Maison de Balzac, em Paris. Por qualquer razão, nunca um organizador o integrou nas obras completas do autor de O Tio Goriot. Por ter sido em parceria, arrisco? Pois é capaz de ser sido. E também não é literatura, convenhamos, que altere o gosto que temos da leitura da produção do mestre. É que ficou pelo caminho não só este texto como ainda outros, que alguém, um destes dias, irá buscar à gaveta dos expurgos das inconveniências.
Mas… os meus amigos devem dinheiro a alguém? Reconhecem esse tipo de gente a que chamamos credores? Como se reconhecem enquanto devedores? E como reconhecem que alguém se outorgue o direito de considerar-se credor, precisamente vosso credor? Ah, nunca tinham pensado nisso, não é? Pois, ciente das minhas responsabilidades cívicas, percorri os esconsos das noites dos séculos parisienses até dar com esta papelada que vos trago, para vosso proveito num tempo como este. Porém, agradecendo que a presente obra seja comprada a firme, pois o editor não pode correr o risco de atolar-se no lamaçal da escusa filosofia a que aqui dá guarida com a sua digna chancela. O poeta Ovídio, nas Metamorfoses, tratava desta questão com rara ginástica lírica e mental. Seguimos-lhe os passos.
Bem, de quando em vez, ao jeito de ameaça, aparece a cadeia de Sainte-Pélagie. Porém, amigos leitores, nada menos inofensivo nos dias de hoje. A que foi chamada, no tempo de Balzac, a cadeia das dívidas foi demolida no recuado de 1899 por absoluto estado de insalubridade. Numa ida a Paris poderão ir ver onde ficava, mas nem o rasto lhe encontrarão. Era entre a Rue de la Clef e a Rue du Puits-de-l’Ermite, no 5e. Arrondissement. Entre os seus presos mais célebres contavam-se Cavaignac (cujo bizarro recorte de barba fez moda), La Rochefoucauld, Proudhon, Nerval, Sade, Vallés e Vidocq, assim como grande parte da intelligentzia francesa passou pelas suas celas. Não só por calotes, também por questões políticas. Hoje creio que ninguém é preso por dívidas, a não ser que haja alguma coisa apensa, pelo que nunca poderia referir-vos uma cadeia especializada neste tipo de prevaricadores em território português…
Fiquem na paz possível com os vossos credores.
José Viale Moutinho
prefácio do editor
da Edição Francesa de 1827
O autor de l ’Art de mettre sa cravate entrega ao mundo uma obra que, embora não seja sua, lhe irá granjear uma grande quantidade de inimigos e, sem dúvida, perseguições. Como é possível? vai exclamar uma multidão de espíritos mesquinhos, este barão de l’Empésé tem a pretensão de conferir o estatuto de ciência à abominável arte de oferecer a um honrado credor belas palavras em vez de dinheiro vivo. Mas isto não passa de uma infâmia, de uma abominação! Um homem assim deveria ser preso!…
De imediato surgem clamores atrás dos balcões de todos os negociantes, fabricantes, comerciantes; já que uns não veem para além do seu letreiro e outros têm uma filosofia que não é maior do que o chão do seu estabelecimento.
O mero anúncio deste livro bastará para que o medo se apodere do proprietário, do dono do restaurante, do vendedor de limonada, do alfaiate, da lavadeira, do sapateiro, do chapeleiro, do comerciante de boinas e de vinho, do padeiro, do carniceiro, do merceeiro, etc., e até do próprio livreiro. Todas as pequenas faturas que até agora dormiam profundamente vão fazer com que o humilde funcionário ou o inútil vendedor de elegância, o artesão laborioso e o arrendatário egoísta despertem em sobressalto.
É realmente uma desgraça. Mas os grandes escritores do século XIX já o diziam: «O reino da luz cresce dia a dia»[1] «A espécie humana segue pelos caminhos da evolução»[2] «A nação francesa não pode regredir»[3] «Uns têm demasiado, outros não têm o suficiente»[4], etc., etc. Convençam-se disto: enquanto se continuarem a tecer reflexões sobre este tipo de especialidades, continuaremos a proferir imbecilidades. Há que captar as grandes esferas dos interesses sociais e raciocinar acerca de generalidades, tudo o mais irá seguir o seu curso sozinho e só para o merceeiro será um absurdo. Mas o que é um só indivíduo comparado com a massa?
É bem sabido que em França, e especialmente em Paris, existe uma quantidade incalculável de indivíduos a quem a sociedade nada deve, uma vez que eles nada fazem por ela, mas que ainda assim julgam ter o direito de emitir requerimentos de todas as naturezas aos seus concidadãos, baseando-se numa única razão: «que uns têm demasiado, e outros nem sequer têm o suficiente»[5].
Ora bem, quem são estas pessoas de que quero falar? As pessoas que voluntária e bondosamente se deixam situar na categoria de «uns», não tendo outra profissão a não ser a de explorar, por assim dizer, com violência, aqueles que pertencem à categoria de «outros»? Mas antes devo preparar