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O Pacificador
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O Pacificador

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O marido de Chessa, Darren Richards, é um homem dissimulado, narcisista e alcoólatra. Nada disso mudou nem quando ele se tornou candidato à presidência dos Estados Unidos. Chessa está preocupada que ele ganhe as eleições. Como poderia apoiar a candidatura dele? Ela sabia que ele não era o candidato certo.

Enquanto isso, o adversário de Darren, Leif Mitchell, foi escolhido para concorrer às eleições. Ele era um cantor de música country e ajudava no haras da família. O seu charme e carisma o tornaram num herói nacional e com isso passou a ser o candidato do partido republicano. Darren não medirá esforços para destruir Leif.

Quando Chessa descobre que Leif está preparando uma vingança contra Darren, um ataque que pode acabar com a candidatura do seu marido, mas que também ameaça as vidas de pessoas inocentes, então teve que tomar uma decisão: ela deveria tentar manter a paz a qualquer preço?

O Pacificador baseado na história de Davi e Abigail, no primeiro Livro de Samuel – uma história de batalhas, coragem e fé de que Deus conduzirá as pessoas, se deixarem que Ele assim o faça.

LanguagePortuguês
Release dateJul 17, 2015
ISBN9781507114216
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    O Pacificador - Michele Chynoweth

    O PACIFICADOR

    Michele Chynoweth

    Para o meu melhor amigo e maior fã, meu amado esposo Bill.

    Obrigada por mantermos a fé juntos.

    Agradecimentos:

    Obrigada a todas as pessoas que me ajudaram a trazer essa história para vocês –

    Robin Axtell, Carol Connelly, Dennis Phifer (Chefe de Gabinete do municípi de

    New Castle, Delaware), Deacon Tommy Watts da Paróquia de Santa Margarida da

    Escócia, Mike Felker, Debbie Albano, minha revisora de textos Suzanne Lakin,

    Editora Ellechor – e para você, leitor, por me dar a oportunidade de dividirmos esse

    livro.

    Bem-aventurados os pacificadores, pois serão chamados de filhos de Deus.

    —Mateus 5:9

    PARTE I

    Capítulo 1/ Chessa

    O senador do estado de New York, Darren Richards, era o palestrante principal da conferência anual dos antigos alunos da universidade Columbia. Como caloura da faculdade de serviço social, Chessa foi incumbida de cobrir o evento para o Columbia Spectator, o jornal dos estudantes. Na verdade, ela pressionou para conseguir esse trabalho, pois nas últimas semanas não tinha escrito nenhum artigo grande para o jornal, e provavelmente essa experiência seria muito boa para constar no seu currículo quando estivesse procurando emprego depois da formatura.

    Ela escutava atentamente, o presidente da associação dos ex-alunos, fazer a apresentação do senador democrata que iria falar sobre Medo versus Futuros Planejamentos para a virada do ano 2000: entrando no novo milênio com confiança. Ele era um nova-iorquino, de Hamptons, graduado em gestão pública na universidade de Harvard, em direito na universidade Columbia e em 1993 serviu o exército por quatro anos— dois anos na marinha americana. Abriu seu próprio escritório de advocacia, e ganhou suas primeiras eleições rapidamente, três anos depois. Ele se tornou um herói para os pobres e mendigos de New York, e apoiou várias leis de preservação do meio ambiente e para o financiamento da educação.

    Então me ajudem a receber calorosamente um dos mais notáveis ex-alunos de Columbia—o senador Darren Richards.

    Chessa não pode evitar e notou como o assunto da sua história era bonito, enquanto ele subia as escadas atrás do palco para fazer o seu discurso. Ela teve uma boa visão da sua cadeira, que ficava na primeira fileira de cadeira do lotado auditório, reservadas para as autoridades e a imprensa.

    Depois dos aplausos, Darren falou para a platéia, começou com uma história engraçada sobre a sua vida na faculdade no início dos anos 90 quando quase todos os alunos, especialmente os da faculdade de direito, tinham idéias inovadoras e faziam qualquer coisa para que elas fossem adiante. Ao invés de falar que o meu cachorro comeu o meu trabalho, uma vez eu falei para o meu professor que o meu amigo de quarto tinha acabado com o meu trabalho usando um maçarico, pois ele ficou bravo poque eu não o ajudei com o seu projeto de ciências.

    Enquanto a platéia ria, Chessa estava hipnotizada pelo sorriso encantador do jovem político. Esticando o pescoço ela conseguia ver alguns fios grisalhos nascendo no meio daqueles cabelos castanhos escuros, olhos azuis — sim, se ela olhasse bem conseguiria ver que eram de um maravilhoso tom de azul que brilhavam com entusiasmo enquanto ele sorria. — ele estava olhando para ela ou era somente a sua imaginação? O seu coração foi parar na boca. Ela notou como o terno cinza escuro caía bem no corpo dele e como ele falava usando as mãos, que eram bonitas e firmes.

    . . .  e para completar, parecia com um dos mais brilhantes líderes americanos da história, presidente Franklin D. Roosevelt, que por coincidência também era um democrata. — mais risadas — falou: ‘o único medo que devemos temer é o próprio medo’. Os aplausos tomaram conta da auditório, e Chessa então notou que ela havia perdido quase que o discurso inteiro, porque tinha se deixado levar por um devaneio de menina.

    O que vou fazer agora?

    Ela abriu caminho na multidão, subiu os degraus que davam para o palco, e ficou na longa fila que havia se formado para cumprimentar o senador Richards, teve que lutar para não perder a voz e não bater os joelhos quando chegou a sua vez de cumprimentá-lo.

    "Olá senador, eu sou Chessa Reynolds, uma repórter do The Spectator, e eu sei que você provavelmente está muito ocupado com todos os eventos dos ex-alunos essa semana, mas eu estava pensando se poderia marcar uma entrevista com —."

    Ele a interrompeu com seu sorriso charmoso, seus olhos azuis que a cortavam com curiosidade e algo mais. Claro, senhorita Reynolds, eu terei imenso prazer. Infelizmente eu tenho que participar do banquete hoje à noite, mas posso te encontrar depois? Tem um barzinho bem aconchegante aqui perto da universidade onde os estudantes de direito costumavam ir, o nome é Rugby´s. Eu acho que o lugar é calmo o suficiente para nos encontrarmos. Ainda continua lá?

    Sim, é, tudo bem, mas eu ainda não tenho 21 anos, quase tenho, mas —

    Não tem problema, eu consigo fazer você entrar do barzinho. Ele piscou para ela e segurou a sua mão — e ainda continuava segurando — até apertou um pouquinho mais antes de soltar. Vamos nos encontrar às 8h da noite?

    Sim. Foi tudo o que ela teve tempo de responder. Um homem austero de uns 60 anos, que estava atrás dela e tão perto que dava até para sentir a respiração dele na sua nuca, fez um barulho bem alto como que limpando a garganta em sinal de impaciência. Darren Richards educadamente se voltou para esse homem e o cumprimentou com um aperto de mão, em seguida continuou com seus afazeres.

    Eu sou completamente idiota, Chessa se censurou enquanto andava por uma neblina artificial próxima ao palco. Eu não acredito que balbuciei que não tenho idade para ir ao barzinho. É obvio que ele consegue me levar. Ela sentiu seu pulso acelerar só de pensar em sentar ao lado de Darren Richards. Mesmo com os seus devaneios ela teve que fazer as contas e dizer para si mesma que ele era 12 anos mais velho e provavelmente comprometido ainda que não estivesse usando uma aliança, como ela teve tempo de constatar ao olhar nas mãos dele. Bom, pelo menos eu terei a história que preciso para a minha matéria.

    Conforme o combinado eles se encontraram no Rugby´s, um barzinho escuro e cheio de fumaça como os da Broadway. No passado, esse barzinho já tinha sido um lugar muito popular e cheio de estudantes, mas com a abertura de novos bares nos últimos anos, o Rugby´s ficou meio esquecido e frequentado mais pelos moradores da região somente para um sanduíche, uma bebida mais barata, para assistir o futebol ou jogar uma partida de sinuca. Era uma noite de terça-feira e o lugar estava praticamente vazio. Ninguém nem se importou de pedir os documentos de Chessa, que se sentou numa das cabines do bar, torcendo para que não tivesse sido vista. Ela se sentia deslocada e a espera de 15 minutos foi muito desconfortável, mesmo ignorando as encaradas de um homem sujo que estava lá bebendo, até que o senador chegou. Ele foi cumprimentado pelo garçom, que lhe entregou um copo com gelo e uma bebida amarelada — provavelmente algum tipo de uísque. Ele se aproximou dela com um largo sorriso, e quando viu que ela não estava bebendo nada então perguntou se gostaria de uma taça de vinho. Ela balançou a cabeça em consentimento querendo parecer experiente e despreocupada. Quase que imediatamente uma garçonete colocou com uma taça de vinho à sua frente.

    Obrigada por esse encontro, senador Richards.

    Por nada, senhorita Reynolds. Mas isso só dará certo se você me chamar de Darren. Posso chamá-la de Chessa?

    Chessa podia sentir seu rosto ficar vermelho de vergonha. Ele se lembrou do meu nome, pensou ela.

    Eu sinto por não nos encontrarmos num lugar melhor, Darren sussurrou do outro lado da mesa. Esse lugar era calmo e de classe quando os alunos eram os frequentadores. Eu não fazia idéia de que tinha se deteriorado assim.

    Tudo bem, pelo menos é quieto. Chessa pegou o seu caderno de anotações e uma caneta para iniciar a reportagem, decidiu que não usaria seu gravador. Seja casual, mas se lembre que está a trabalho, disse para si mesma.

    O resto da noite foi muito agradável. Darren era uma pessoa fácil para conversar e fez com que ela se sentisse confortável, apimentando as conversas com suas convicções sobre o estado de New York e o novo milênio que estava chegando, contou também algumas histórias engraçadas sobre a sua vida de estudante nas universidades de Harvard e Columbia, e sobre os desafios da sua primeira campanha eleitoral.

    Ela começou a se sentir meio zonza enquanto tomava a sua terceira taça de vinho e não queria fazer feio. Tinha andado cerca de três quilômetros do seu dormitório até o bar. Uma expressão de pavor passou pelo seu rosto ao olhar para o relógio e ver que era quase meia noite e que teria que andar de volta ao dormitório, sozinha e no escuro.

    Não se preocupe, eu te dou uma carona, Darren falou ao ver a expressão preocupada de Chessa. "Eu preciso me certificar que a repórter âncora do The Spectator  voltará para casa em segurança e que ela escreverá uma boa história ao meu respeito. Eu preciso de todas as reportagens boas que conseguir." Ele sorriu docemente, e Chessa pensou que ele poderia estar flertando com ela.

    Darren ficou em pé e ofereceu a mão para que ela se levantasse, depois segurou o casaco dela e acenou para o garçom e o proprietário que o reconheceram, então abriu a porta e a conduziu pela noite até o seu carro preto de passeio. Chessa ficou impressionada ao olhar o interior do carro assim como estava com o dono dele, admirando o couro macio dos bancos e o cheiro de carro novo, que se misturavam com o cheiro da colônia dele.

    A carona pareceu acabar muito rápida, pois em alguns minutos o carro já estacionou em frente ao seu dormitório. Ela agradeceu ao senador enquanto ele abria a porta e novamente lhe oferecia a mão para ajudá-la a sair do carro.

    Sabe de uma coisa, senhorita Reynolds, essa foi a melhor de todas as entrevistas que eu já dei, e olha que eu já dei muitas delas. Ele falou isso ao segurar suas mãos. Posso ter o prazer da sua companhia novamente? Posso pegar o seu número e te telefonar na próxima vez que estiver aqui na cidade? Eu estarei em Washington, nos próximos dias, a negócios, mas estarei em New York para as férias, e eu adoraria levá-la a um lugar bem melhor.

    O coração de Chessa bateu mais forte no seu peito enquanto ela escrevia o número do seu telefone numa folha do seu caderno de anotações, ela arrancou a folha e entregou para ele. Será que ele está mesmo interessado em mim? Ele é um homem cheio de experiências e eu sou somente uma estudante, como . .  Como que para responder aquela pergunta não feita, Darren se inclinou e a beijou no rosto, desejando-lhe boa noite.

    Ela sorriu ao andar meio sonhando para o seu quarto. Amy não vai acreditar no que aconteceu!

    Escrever como repórter para o jornal era o segundo amor de Chessa, o primeiro era a sua missão de ajudar as mulheres menos privilegiadas que eram vítimas de violência doméstica e abuso. Ela não se lembrava como havia decidido os objetivos para a sua carreira. Talvez tenha começado na época em que seus pais se divorciaram, ela tinha doze anos. Lembrava-se de ter frequentado grupos de apoio para os alunos, da escola Greenwich Village, que eram para filhos de pais divorciados ou viúvos, e também do quanto admirava a mulher que liderava o grupo. Talvez por isso houvesse decidido ser uma assistente social como ela, para ajudar aos outros.

    Ela também se lembrava de que havia feito uma pesquisa que a levou a escrever uma reportagem, na faculdade, sobre as vítimas de estupro no Congo, algumas não eram nem adolescentes ainda, mas já eram vítimas de abusos sexuais tão severos que acabavam marcadas física e emocionalmente pelos restos de suas vidas. Tornavam-se incapazes de gerar uma criança ou desenvolviam algum tipo de distúrbio, outras eram forçadas a se tornarem escravas sexuais ou prostitutas. Ela se lembra que chorou por horas, deitada no seu beliche, sem conseguir dormir durante a noite toda, pensando como os seres humanos eram capazes de fazer essas atrocidades uns com os outros, e tentando apagar essas cenas da sua mente. Ela acreditava em Deus, mas depois de ler essas histórias, começou a duvidar da sua fé e a questionar como Deus, tão cheio de amor e poder permitia um sofrimento desse tamanho.

    A única coisa que a consolava era a sua decisão de fazer algo para ajudar. Ela queria terminar o seu curso de serviço social, na universidade de Columbia, e se tornar uma assistente social. Talvez nunca tivesse a oportunidade de ir ao Congo, mas entendeu que poderia, pelo menos, fazer algo na sua região. Ela sabia que as mulheres nos Estados Unidos, em Manhattan mesmo, sofriam abusos, até poderiam ser em níveis menores, só que igualmente degradantes e sentiu no fundo do seu ser que tinha que fazer alguma coisa para ajudar.

    Entre os seus estudos, o seu trabalho no jornal, e o seu serviço voluntário no abrigo de mulheres, ela tinha pouco tempo para qualquer outra coisa, inclusive para ter um namorado. Chessa teve somente alguns encontros desde que entrou para a universidade, e fez somente alguns amigos mais próximos.

    Chessa não gostou de Amy no começo, não por ela ser fisicamente tão diferente afinal Chessa tinha sido criada em Greenwich Village, por pais de classe média que eram estudantes e com mentes abertas de modo que ela cresceu no meio da diversidade, e foi ensinada a ser tolerante e a não julgar as pessoas pela raça, pelo credo, pela nacionalidade, etc. Mesmo assim, sentiu uma carga muito negativa quase que imediatamente ao conhecer a sua colega de quarto. Era um sentimento quase imperceptível que fez com que ela visse que Amy, como uma mulher americana de descendência africana, sentia que tinha que provar algo para o mundo. Ao contrário da sua colega, Amy foi criada para ser cautelosa, com todas as pessoas brancas, e o objetivo dos pais dela era de tirar vantagem de tudo, de pegar o que eles pensavam que lhes era de direito para pagar pelas injustiças sofridas pelos seus ancestrais, por terem sido presos e escravizados por tantos anos.

    As duas jovens somente se encararam, no primeiro dia no dormitório da universidad e—uma garota era alta, magra, branca, com longos cabelos castanhos claros e olhos azuis esverdeados; a outra era uma garota grandona, negra, com cabelos curtos encaracolados e olhos castanhos, quase pretos. A primeira sorriu timidamente e disse um oi. A segunda só a encarou sem acreditar naquilo. Ambas perceberam que teriam um primeiro semestre bem longo.

    Mas com o tempo, de alguma maneira, elas aprenderam a gostar uma da outra mesmo com tantas diferenças. A atitude preconceituosa de Amy muitas vezes deixava Chessa furiosa, mas quando ela falava dos outros alunos ou professores usando um certo exagero dos trejeitos típicos dos afro-americanos, ou mesmo quando ficava realmente brava, Chessa caía em gargalhadas e as duas acabavam esquecendo o que as tinha deixado bravas. E então elas passaram a se amar como amigas.

    Chessa ajudou Amy a se tornar mais tolerante e paciente. Amy ajudou Chessa a tornar mais desinibida e segura. Elas eram um bom equilíbrio uma para outra, e descobriram que tinham muito mais em comum do que imaginaram no começo, até mesmo a mesma missão de ajudar os oprimidos. Amy também trabalhava no The Spectator e queria se tornar uma repórter investigativa quando terminasse a faculdade.

    Darren voltou pouco antes do Natal, como havia prometido, e telefonou para Chessa e a convidou para um jantar num restaurante caro e chique no Central Park,o Tavern on the Green. Ele era engraçado, inteligente, charmoso, e um cavalheiro durante toda a noite, e Chessa sentiu que estava se apaixonando pelo lindo senador. Ela adorava a idéia de namorar um homem mais velho, mais maduro. Comparados com Darren, todos os outros rapazes que ela já tinha namorado pareciam muito imaturos. Ela continuava a pensar no porque dele estar interessado nela, uma garota de faculdade que era 12 anos mais nova que ele, pois com certeza não para ganhar uma matéria a seu respeito. Chessa já tinha escrito uma longa reportagem sobre o discurso que ele havia feito em Columbia e também sobre o próprio senador – ambos os elogiando por ser um ex-aluno que se tornou uma pessoa de grande notoriedade, mas que ainda continuava contribuindo com a universidade e também com a sociedade.

    Chessa fez suas próprias investigações e descobriu que Darren era da família milionária dos Richards e que o seu patriarca era o co-fundador do grupo RA Technologies, sendo a Fortune 500 uma empresa de ponta no ramo farmacêutico e biotecnológico. Darren trabalhou por pouco tempo nas empresas para solucionar alguns problemas legais e teve sua primeira experiência no mundo dos negócios antes de entrar na política. Por se o único filho e porque a sua irmã mais velha se tornou enfermeira, ele acabou desapontando seu pai por não ter ficado nos negócios da família, mas por fim acabou sendo apoiado pela sua família usufruindo do dinheiro e das conexões que eles tinham. Só que ele gostava de fazer um charme e se passar por um rapaz comum com um sincero desejo de ajudar aos carentes e a salvar o planeta. O seu serviço militar, na marinha, deu ainda mais força para essa imagem.

    Chessa descreveu Darren Richards de maneira brilhante no seu artigo. Ela escreveu sobre a ambição que ele tinha, a qual deixou clara durante o seu discurso quando falou com toda a força para o topo, começando pelos Estados Unidos, para nos certificarmos de que o mundo um dia será um lugar melhor.

    O encontro talvez fosse por gratidão, mas Chessa também achou que ele poderia ter agradecido mandando um cartão de agradecimento ao invés de levá-la a um dos restaurantes mais prestigiados da cidade.

    Ela sabia que era mais bonita que a maioria das garotas, com olhos que mudavam de acordo com seus sentimentos, do verde do mar para o azul turquesa, com feição de boneca e um corpo alto e esguio que deixava as demais jovens com inveja. Já tinha ouvido algumas vezes que parecia uma jovem Maria Shriver, mas mais vezes ela ouviu que se parecia muito com a atriz e modelo Brooke Shields. Na verdade, muitos dos seus amigos a encorajavam a fazer trabalhos como modelo. Mesmo assim Darren Richards poderia ter a mulher que ele quisesse em Washington ou New York, ela pensou. Depois de tantas dúvidas decidiu parar com tantos questionamentos e aproveitou o momento.

    Ele a beijou pela primeira vez na frente da porta da casa dela, quando a levou embora depois do jantar, e esse beijo deixou Chessa com as pernas bambas e querendo mais.

    Eles preencheram a semana depois do Natal com encontros românticos: assistiram ao show dos Rockettes no Radio City Music Hall, patinaram no gelo no Rockefeller Center, assistiram ao pôr do sol no topo do Empire State Bulding, e andaram de mãos dadas em caminhadas pelo Central Park.

    Mas Chessa tinha feito uma promessa a si mesma e a Deus, de que esperaria até se casar para fazer amor. Darren disse que respeitava o desejo dela, apesar de que ele tentou fazê-la mudar de idéia uma noite quando eles estavam na sua luxuosa casa num condomínio em Midtown. Eles dividiram uma pizza e uma garrafa de vinho depois caminharem no parque para ver o pôr do sol, isso aconteceu no quarto encontro que eles tiveram. Como todos os outros encontros, esse também foi romântico, mágico, maravilhoso, e ainda mais difícil para Chessa dizer não.

    Ela lembrou que Darren parecia ter ficado um pouco bravo naquela noite quando recusou os avanços dele. Depois de perceber que ela não mudaria de idéia, ele respirou fundo, pediu desculpas e foi se recompor. Quando ele voltou para a sala, onde eles estavam sentados e se beijando a luz de velas, tudo parecia estar bem novamente.

    E ele ficou legal com tudo isso? Amy sentou na parte de baixo do beliche cortando uma maçã enquanto Chessa contava sobre o seu encontro na noite passada. Ele não é bem mais velho que você? Os seus pais estão sabendo?

    Eles sabem que eu estou me encontrando com o Darren, mas não — você sabe — o quanto está ficando sério. O meu pai ainda não o conheceu, mas a minha mãe já e parece que achou que ele é legal. Os meus pais estão um pouco preocupados por ele ser mais velho e mais vivido, mas gostam da visão política dele, das causas com as quais está envolvido, e da maneira como me trata. Você precisa conhecer o Darren, mas agora que ele voltou para Washington eu não sei quando nos veremos novamente. Chessa suspirou. Seria mais um longo semestre.

    Mas o que você sente por ele? Amy levantou uma das sobrancelhas ao fazer essa pergunta e isso fez com que Chessa caísse na risada.

    Eu acho que estou apaixonada, disse ela muito alegre.

    E o que ele sente?

    Ele falou, com essas palavras: ‘ Eu acho que estou me apaixonando por você, senhorita Reynolds.’ Isso aconteceu na noite em que fomos ver o pôr do sol no topo do Empire State Building, eu acho que sou a garota mais sortuda de todas!

    Eu acho que vou vomitar. Amy fez de conta que estava com ânsia, e Chessa caiu novamente na gargalhada.

    Você está com ciúmes, ela provocou Amy.

    Nos próximos dois meses, Darren telefonou quase todas as noites, às vezes mandava cartas e flores, e prometeu que iria visitá-la em New York assim que o Congresso o deixasse sair.

    Então uma semana se passou sem nenhum telefonema, carta ou flores. E mais uma. Chessa ligou para Darren algumas vezes, mas só ouviu a secretária eletrônica. Assim como os seus telefonemas, duas das suas cartas também não obtiveram resposta. Alguma coisa estava acontecendo.

    Ela finalmente conseguiu falar com Peggy Lee, a secretária dele, e perguntou se Darren tinha planos de retornar para New York nas próximas férias. Peggy sempre era muito gentil com Chessa quando ela ligava, mas dessa vez ficou estranhamente calada.

    Ele está saindo com outra pessoa, não está?

    O silêncio de Peggy era o suficiente para uma resposta.

    Chessa agradeceu a secretária e desligou, em lágrimas. Ele ao menos deveria ter a decência de me contar, disse ela furiosa.

    Capítulo 2/Leif

    O cavalo com os fios da crina marrom e cinza, que misturados tinham uma cor de morango, deitou de lado, o seu peito enorme subia e descia em sinal de dor. A potra tinha quebrado o osso do tornozelo enquanto dava pequenos galopes pelo seu cercado, ninguém percebeu a grande placa de grama que ficou presa na pata dianteira do puro sangue e que a derrubou, em

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