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NewsGames: Teoria Geral Aplicada dos Games Baseados em Notícias: Criando as bases narrativas de um novo modelo de Jornalismo Online
NewsGames: Teoria Geral Aplicada dos Games Baseados em Notícias: Criando as bases narrativas de um novo modelo de Jornalismo Online
NewsGames: Teoria Geral Aplicada dos Games Baseados em Notícias: Criando as bases narrativas de um novo modelo de Jornalismo Online
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NewsGames: Teoria Geral Aplicada dos Games Baseados em Notícias: Criando as bases narrativas de um novo modelo de Jornalismo Online

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About this ebook

Neste 2o volume da série Teorias dos NewsGames, os autores traçam uma linha do tempo na história dos games como informação e notícia. Como na primeira publicação quase todo o material usado é baseado na dissertação de mestrado do jornalista Geraldo Seabra e em pesquisas realizadas por Luciene A. Seabra, além de material original do Blog dos NewsGames. No 2o volume da série, a Notícia 3D é apresentada como modelo narrativo de produção de notícias recomendado para plataformas ludo-informacionais — dando origem à chamada NewNews. A partir da estruturação dos fundamentos teóricos de um novo modelo de Jornalismo Online, o advento dos ‘Drones NewsGames’ antecipa a ‘Era dos Jogos Planetários’ baseados em Notícias.

LanguagePortuguês
Release dateOct 7, 2015
ISBN9781310518768
NewsGames: Teoria Geral Aplicada dos Games Baseados em Notícias: Criando as bases narrativas de um novo modelo de Jornalismo Online
Author

Geraldo A. Seabra

It's a professor, journalist and master in media, web journalism and games emulators news. The market worked on Radio Alvorada, Itatiaia Radio, Television Minas Network and Gazette of Belo Horizonte. In the academic sphere taught at the Funorte College, Unipac and UniBH. Yet it was a partner of Millennium Communications Agency. He is currently a professional writer and editor of the Blog of NewsGames. Born in Belo Horizonte (Brazil) is based in Treviso (Italy).

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    NewsGames - Geraldo A. Seabra

    NewsGames

    Teoria Geral Aplicada

    dos Games Baseados em Notícias

    Criando as bases narrativas de um novo

    Modelo de Jornalismo Online

    Primeira edição - Fevereiro 2014

    Edição atualizada – outubro de 2015

    Produzido por NewsGames

    Volume II

    Brasil - Itália

    e-mails dos autores

    seabhra@gmail.com

    luseabhra@gmail.com

    Favcon

    Autores

    Geraldo A. Seabra

    Foto_Geraldo_Mac

    É professor, jornalista e mestre em Comunicação e Tecnologia, Webjornalismo e Games como Informação e Notícia pela Universidade Presidente Antônio Carlos (2009). Desde 2012 produz artigos sobre newsgames para o site Webinsider. É graduado em Jornalismo (1997 - UniBH) e pós-graduado em Comunicação e Informação Visual (2004 - PUC-Minas). Como professor universitário lecionou na Universidade Funorte, Unipac Lafaiete e Unicentro (UniBH). No mercado de comunicação trabalhou na Rádio Itatiaia, Rede Minas de Televisão, Rádio Alvorada, Agência de Comunicação CMK3, Revista AMIRT, Diário de Belo Horizonte e Jornal Sabará em Minas. De Belo Horizonte (Brasil), atualmente está radicado em Treviso (Itália), onde trabalha na Benetton.

    Luciene A. Santos

    Foto_Luciene_Mac

    É jornalista e especialista em Games como Informação e Notícia. Desde 2012 produz artigos sobre newsgames para o site Webinsider. É graduada em Jornalismo (1997 - UniBH). No mercado de comunicação trabalhou como repórter e editora do Jornal Sabará em Minas e na assessoria de comunicação da Holos Associados e Prefeitura de Sabará (MG). Atualmente é editora do Blog dos NewsGames, um post de publicações relativas a jogos baseados em notícias. No universo da moda realiza trabalhos no campo de desenvolvimento de produtos. De Belo Horizonte (Brasil), atualmente está radicada em Treviso (Itália).

    Prefácio

    Estamos em 2014 e ainda vivemos a emergência por mudanças de interfaces midiáticas e formatos de publicação de conteúdo. No 2º volume da série ‘Teorias dos NewsGames’, a Notícia 3D é apresentada como sendo um modelo mais apropriado para narrar notícias em plataformas ludo-informacionais, sem que se perca a consonância cognitiva, um dos principais problemas verificados na notícia editada em ambiente hipertextual. Enquanto a notícia tradicional é editada, ainda ciberespaço, em apenas duas dimensões (2D), a notícia nos NewsGames é produzida, reproduzida e consumida de forma tridimensional (3D) - a chamada NewNews.

    Em ‘NewsGames: Teoria Geral Aplicada dos Games Baseados em Notícias - Criando as bases narrativas de um novo Modelo de Jornalismo Online’, apresentamos um esboço desse novo formato de notícia. A título didático, a série Teorias dos NewsGames foi subdivida em quatro partes: pesquisa, narrativa, mecânica e impacto social dos jogos baseados em notícia. Em publicações posteriores vamos tratar dessas duas últimas, uma vez que a edição de pesquisa foi lançada em 2012. Com o título ‘Do Odyssey 100 aos NewsGames - Uma Genealogia dos Games como Informação’, buscou-se traçar uma linha do tempo dos games como informação e notícia, partindo do Odyssey 100 até chegar à Galáxia dos NewsGames.

    Esse desmembramento é necessário para facilitar a compreensão desse novo formato de publicação de conteúdo midiático. Assim, como na primeira publicação, quase todo o material usado no 2º volume da série é baseado na dissertação de mestrado do jornalista Geraldo Seabra e no trabalho de edição e pesquisa de material auxiliar realizado pela jornalista Luciene Santos, editora dos Blog dos NewsGames. Além do conteúdo gerado pela pesquisa de mestrado (2009), esta publicação traz ainda artigos publicados pelos autores no site Webinsider. Além disso, foram usados textos originais disponibilizados no blog mantido pelos autores, em operação desde 2009. Em diversos aspectos, a Teoria Aplicada dos Games Baseados em Notícias quebra paradigmas midiáticos e revoluciona no campo da narrativa da notícia tradicional, ao permitir que os próprios jogadores participem também da produção da informação noticiosa.

    Para estruturar os NewsGames como um novo modelo de Jornalismo Online, a narrativa dos Role-Playing Game serviu de inspiração, porque são um dos melhores gêneros de jogos na tarefa de aprendizagem de qualquer tipo de conhecimento. Não bastasse isso, alguns jogos de RPG permitem que os jogadores possam escrever a própria trama enquanto a história se desenrola. Contudo, em função da complexidade dos NewsGames, esse novo modelo está em constante formatação. Para completar a sua estrutura básica faltava ainda uma interface descritiva que fosse compatível com a sua narrativa tridimensional. As redes sociais se encaixam perfeitamente, pelo fato de criar a possibilidade de produção de conteúdo noticioso através de comunidades que interagem em torno de temas comuns. Assim, cidadãos comuns podem propor cossoluções para problemas de cidades onde vivem.

    Talvez, isso explique a presença no Facebook da Zynga, maior empresa de jogos sociais do mundo. Mas, ainda falta às redes sociais a dinâmica visual das interfaces de games comerciais. Como proposta, a interface intercambiável de aplicativos de mapas de geolocalização pode funcionar, uma vez que os visualizadores de dados permitem transformar textos e animação de jogos e, esta por sua vez, em modo jogo. Mas, a vantagem de se usar app’s aberta está na possibilidade de modificá-las. Desta forma podem ser realizadas atualizações na usabilidade do tabuleiro de jogo. Afinal, interfaces de mapas geoprocessados permitem a criação de ferramentas cambiáveis, que possibilitam a manipulação hipertextual de imagens mapeadas, uma plataforma multicognitiva que permita qualquer um jogar em um tabuleiro com múltiplas interfaces (modo-texto, modo-infográfico, modo-animação e modo-game).

    Nesse novo cenário abrem-se possibilidades interessantes para inserir e alterar dados descritivos em imagens animadas. Tudo isso em tempo real. Para quem ainda é leigo no assunto e quer saber mais, a narrativa dos NewsGames é bastante diferente das narrativas de jogos que se compra atualmente na loja. Ainda hoje, a maioria dos games, mesmo aqueles voltados para as novas mídias, usa velhas narrativas. O objetivo é atrair novos e antigos jogadores com narrativas clássicas e milenares com as quais estão mais habituados. Para a milionária indústria dos games vale a mesma máxima do futebol: não se mexe em time que está ganhando. Entretanto, games com narrativas baseadas em notícias estão avançando em função do perfil cada vez mais exigente dos novos consumidores de informação.

    Desde 2000, acontecimentos noticiosos passaram a ser usados como elemento narrativo em tramas de games. Mas, o princípio ativo dos NewsGames começou com os infográficos. Neste quesito, o pioneirismo coube ao site do jornal espanhol El Mundo. Em seguida vieram os mashups[1] nos Estados Unidos, com o objetivo de facilitar a compreensão de uma massa densa de dados. Aliás, o jornal espanhol El Pais foi o responsável pela publicação de outro newsgame emblemático – o Play Madrid, também criação de Frasca. O jogo com jeito e cara de charge política aborda os ataques terroristas em Madri, na Espanha, em 2004. O interessante é que dias após a tragédia o game já estava disponível online. Isso demonstra a facilidade de se criar jogos baseados em notícias.

    Em 2011, o Brasil assistiu um boom do crescimento desse formato em diversos webjornais, como em sites da Globo, Estadão, Revista Super Interessante e Grupo RBS. Mas essa história de game informativo não é nova. A ideia já existia em jornais e revistas, com a edição de seções de palavras cruzadas, charges e cartoons informativos. Porém, a narrativa de muitos NewsGames publicados não difere ainda do formato das antigas palavras cruzadas e dos tradicionais quiz publicados em jornais de papel. A maior parte desses jogos (inclusive nos Estados Unidos onde o formato é mais difundido) funciona apenas como forma alternativa de publicação e consumo de notícia. Na proposta defendida por Geraldo Seabra, os NewsGames privilegiam os três pilares da notícia: produção, publicação e consumo.

    Introdução

    O ano de 2013 foi um marco importante para a Galáxia dos Newsgames. Há 10 anos, o termo surgia nos bastidores da mídia sem fazer muito alarde. Com o passar do tempo, a novidade foi ganhando espaço merecido até conseguir provocar a grande revolução no universo das notícias. Apesar do tempo razoável, os poucos autores que se arriscam a tratar do tema ainda não conseguem chegar a um consenso sobre conceitos básicos. Alguns tratam o assunto sem desvincular o novo conceito do velho jornalismo pautado por editoriais. Há autores que tratam a notícia baseada em suportes de games de forma compartimentada, como se o novo modelo de Jornalismo Online fosse pautado pelos velhos modos de produção de notícia. Temos que reconhecer que alguma coisa mudou.

    Pelo menos ter a humildade de perceber que as notícias emuladas em tabuleiros de jogos são diferentes daquelas editadas em papel jornal. Diferentes ainda daquelas apáticas telas brancas de portais de notícias. Não é concebível mais pensar o conceito de newsgame olhando pelo retrovisor das mídias tradicionais. Na nossa forma de pensar o futuro dos games, qualquer proposta de jogo deve considerar menos interferência possível de seus criadores. Em última análise, os games baseados em notícia devem funcionar da forma mais autônoma possível, desde a criação até o ato de jogar em si. Sob o prisma dos NewsGames, as redes sociais tem um papel fundamental.

    Funcionam como base descritiva do tabuleiro do jogo, com as quais os jogadores podem produzir notícias a partir da informação que der origem à trama da narrativa. Parece loucura, mas o primeiro passo já foi dado. Como o Google Maps é uma plataforma global pode funcionar como simulador de animação da trama. Certamente, não faltarão jogadores do mundo inteiro para ajudar o povo da Síria no trabalho de reconstrução real de um país devastado pela guerra. Embora o país real esteja em ruínas, cidades geoprocessadas pelo Google estão incólumes sob a proteção virtual da tecnologia cloud computing.

    Então, o que ainda falta para começar um jogo dessa magnitude? Uma notícia que sirva de base narrativa. Mas qual? Não são suficientes as manchetes que anunciam a queda de ditadores nos quatro cantos do mundo? Se você ainda achar que tudo isso é muito pouco, tente buscar na sua rua outra razão melhor para jogar. Ou espere como um urso hibernado no quarto que a rede wi-fi do seu vizinho não caia e você perca o único elo que ainda o mantém ligado com alguma coisa do mundo real. Claro, isso é apenas uma provocação de quem ainda acredita nas verdadeiras mudanças sociais. Game over!

    1-NewsGames, um Conceito ainda em Definição

    Jogar com notícias em suportes de games como forma de mobilização social extrapolar o conceito de encarar os NewsGames apenas como jogos baseados em notícias, ou acontecimento em tempo real. Isso fica ainda mais evidente quando percebemos a possibilidade de usar suportes de mapas interativos acoplados a tecnologias de geolocalização e processamento. Quando notamos que se trata de algo mais poderoso midiaticamente falando. Uma plataforma que vai além dos jogos produzidos apenas para entreter, uma interface que funcione como um instrumento social real para debater e se posicionar politicamente sobre fatos que sucedem na esfera do espaço público.

    Na nossa ótica, a definição de NewsGames vai além de publicar e consumir notícias em suportes de games online. De tal derivação, os mapas lúdicos informativos então seriam criados pelos próprios jogadores como forma de mobilização social, por meio da informação que eles estejam, de alguma forma, pessoalmente envolvidos. Em linhas gerais, é bom ficar claro, que os NewsGames são um gênero de jogo online de produção rápida em resposta a eventos atuais. Contudo, alguns autores preferem reduzir o seu significado a meros games de charges políticas, caindo na cilada daquilo que chamamos de Editorial Games. De tal ‘inocência’ não comunga também o autor do livro Newsgames Theory and Design’, lançado em 2008.

    Para Miguel Sicart, professor de Desenvolvimento de Games, do Massachusetts Institute Technologies (MIT), os NewsGames são em sua essência ‘jogos que utilizam o meio com a intenção de promover a participação no debate público’. Portanto, encarando o jornalismo a partir da cibercultura[2], é um equívoco pensar os games baseados em notícias de maneira compartimentada. Ou concebê-los subdividindo a sua narrativa em editorias como se fossem aquelas velhas seções de jornais. Em se tratando de ambiente dinâmico não nos parece plausível compartimentar os newsgames em categorias: eventos correntes, infográficos, jogos de quebra-cabeça, documentários, ou como meros games de plataforma.

    Outra incongruência seria formatá-los em subcategorias: newsgame editorial, newsgame tablóide ou newsgame reportagem. Por quê? Pela Teoria da Gestalt não se pode ter conhecimento do todo por meio de suas partes, pois, o todo é maior que a soma de suas partes. Ou seja, A+B não é a mesma coisa que (A+B), mas sim um terceiro elemento C que possui características próprias. Pelo critério da transponibilidade, independentemente dos elementos que compõem um determinado objeto, a forma sempre sobressai. Ou seja, as letras [n, o, t, i, c, i, a] não constituem apenas uma palavra em nossas mentes. Podem evocar a própria imagem de democracia, responsabilidade social e, sobretudo, evocar liberdade de expressão, cujas propriedades não estão exatamente relacionadas às respectivas letras que compõem palavra.

    Portanto, do ponto de vista da forma, parece-nos incongruente subdividir a narrativa dos NewsGames em categorias e subcategorias, por se tratar de uma narrativa revolucionária que rompe com todos modelos precedentes de produção, circulação e consumo de noticias. Mas, do ponto de vista do conteúdo, a história é outra, uma vez que a sua narrativa trabalha com informações e notícias segmentadas. São as chamadas notícias-tema que alimentam o jogo baseado em notícias. Ou seja, cada proposta de trama de newsgame deve usar uma temática social diferente: política, educação, cidade, esporte, ciência, tecnologia, entre outras. A mistura temática é possível? Sempre quando houver entre elas uma sinergia de composição de conteúdo.

    1.1 - Advento da Galaxia dos NewsGames 

    O termo newsgame aparece na mídia pela primeira vez em 2003, creditado ao designer de games, o uruguaio Gonzalo Frasca, embora o próprio Frasca tenha publicado o seu primeiro newsgame (Kabul Kaboom – 2001). De forma equivocada, o conceito é atribuído aos chamados Editorial Games, um formato adotado pelos media americanos como forma alternativa de publicação e consumo de notícias. Essa narrativa surgiu para atrair ‘leitores dispersos’ para o universo das headlines produzidas pelos portais de notícias. Com cara de aplicativo, as novas plataformas de publicação sugerem uma experiência mais simplificada para leitores e criadores de conteúdo, sem a necessidade de instalar temas, ajustar configurações, ou baixar aplicativos de acesso a celulares.

    Basicamente, as novas interfaces seguem a trilha deixada pelo design e pela funcionalidade das redes sociais. Aliás, a social networking cumpre um papel fundamental dentro da Teoria Aplicada dos NewsGames, uma vez que funcionam como tabuleiro descritivo da narrativa dos jogos baseados em notícias. Aqui vale pontuar que isso já configura em uma pequena grande revolução democrática. Pois, nas democracias atuais, os cidadãos ‘jogam’ praticamente ‘desarmados’ ao lado de estado nacionais poderosíssimos, ‘armados’ até os dentes. Nesse cenário de profundas mudanças, a narrativa dos newsgames emerge de seu anonimato quase antártico para promover uma revolução no mundo não apenas do jornalismo. Mas, sobretudo, na cultura social e política.

    Além de propor a produção, circulação e consumo de informação e notícias num mesmo tabuleiro de jogo, o novo conceito surge com um diferencial a mais, pois carrega em si o poder de mobilizar usuários em torno de assuntos cotidianos comuns, com a finalidade de propor cossoluções para problemas reais das cidades onde vivem através de suportes de games. Diferente de blogs e sites tradicionais, a ideia por trás do motor dos newsgames vai além da pura e simples publicação de textos, imagens e animações. Qualquer publicação gerada a partir do jogo gera uma proposta de realização social a ser ponderada por toda a sociedade. Na proposta dos NewsGames, a ideia não é ‘matar o texto’, mas justamente tentar promover uma relação mais equânime entre texto e imagem no universo online.

    No modelo experimental de plataforma do Medium[3], a participação do usuário é feita de duas formas: passiva (gostei ou não gostei), ou ativa (publicar textos). No tabuleiro de games baseados em informação e notícia, a participação é total, não é algo fortuito, publicado a esmo. Na plataforma dos NewsGames, a publicação de texto é algo sine qua non, ou seja, algo inerente e segmentado pela própria interface. Desde a proposição do tema do jogo, desenvolvimento pela narrativa, até o desfecho da trama, tudo é feito pelos próprios jogadores. Eles atuam como jogadores e coautores de todo o processo de produção e publicação. Além do fato de seres os primeiros consumidores da informação manipulada e gerada por eles. Afinal, o assunto a ser tratado é sempre de interesse dos próprios usuários.

    Desta forma, a interface de simulação dos NewsGames lembra um design simples e funcional das plataformas das redes sociais, sem a necessidade de uso de funções que inviabilizem a sua jogabilidade. Sabemos que não será uma tarefa fácil tirar do papel o projeto da CityNews– A Cidade das Notícias Baseadas em NewsGames ⁴. Por outro lado, o mercado vive a emergência de novas e criativas interfaces de publicação.Os suportes de games já se revelaram uma excelente interface cognitiva para os jovens. Turbinadas pela adição e edição de notícias, essas plataformas tendem a reunir pessoas em torno do debate público de temas comuns, ao invés de criar diásporas por conta da incompatibilidade de padrões impostos por tecnologias privadas.

    1.1.1- Origem da Demonização dos Videogames

    Grande parte da repulsa verificada contra aos videogames está alojada na percepção negativa amplamente difundida sobre os jogos, historicamente. O imaginário dos jogos está ligado a cassinos e jogos de azar, onde a possibilidade de ganhar ou perder não dependeria da habilidade do jogador, mas de sorte ou azar. Eis as raízes da demonização da palavra jogo. Essa história teria começado com os jogos de dados. Eles tiveram origem na era romana e teriam sido uma das causas que levaram à queda de Roma. Um desses jogos, denominado hazard, termo que em Inglês e Francês significa risco ou perigo, foi introduzido na Europa com a Terceira Cruzada.

    As raízes etimológicas do termo provêm da palavra árabe al-azar, que significa dado. Ao escrever a obra Germania no ano 99 d.C., Tacito afirmava que os romanos praticavam jogos de dados. Porém, jogando como se fosse uma coisa séria, eles apostavam a própria liberdade na última queda do dado, quando não tinha mais nada para colocar na mesa. O perdedor resignava-se voluntariamente à servidão. Mesmo se ele fosse mais jovem e mais forte que seu adversário, se permitia ser vendido em praça pública.

    1.1.2 - Sobre Jogos, Pôquer e a Volta do Fenômeno

    [… A chuteira veste o pé descalço, o tapete da realeza é verde, olhando para bola eu vejo o sol. Está rolando agora, é uma partida de futebol…] Apesar da ginga brasileira nos versos da banda mineira Skank, não se trata realmente de mais um jogo de futebol. Mas é verdade que o Fenômeno voltou ao suntuoso tapete verde? Sim! Ronaldo deixou o futebol, mas continua a reinar na realeza verde, ao lado de Buffon, Boris Becker e Rafael Nadal. Desde abril de 2013, Ronaldo Luís Nazário de Lima é mais um contratado da PokerStars – o maior site de jogos de pôquer do mundo. Lançada em setembro de 2001, a empresa já com cerca de 60 milhões de inscritos. Com sede na Ilha de Man, a PokerStars é licenciada pela Isle of Man Gambling Supervision Commission (IMGSC). Na Itália, o site foi autorizado a operar pela Amministrazione Autonoma dei Monopoli di Stato (AAMS). O pôquer é um jogo de cartas jogado por dois ou mais jogadores, mas no site da PokerStars jogam em media 40 mil pessoas simultaneamente, distribuídas em cerca de 1.300 torneios.

    1.2 - Impacto Negativo dos Jogos de Azar

    Mas o que jogos de pôquer têm a ver com futebol? Tudo! Pelo menos para o marketing olimpiano. Inspirado no conceito de olimpianismo proposto por Edgar Morin, o uso de celebridades em spots publicitários funcionaria apenas como isca para a venda de produtos, serviços e entretenimento. Se você não era um dos milhares de espectadores que assistia ao vivo Brasil e Inglaterra no Maracanã, perdeu a estreia mundial do novo anúncio de TV da PokerStars, estrelado por ninguém menos que o Fenômeno. Quem viu pode ter estranhado. Contudo, quando logo que pendurou as chuteiras, Ronaldo passou a se dedicar tão somente aos empreendimentos empresariais. Sempre ligado ao mundo da bola, criou a 9INE.

    A empresa é dedicada à representação de desportistas de várias modalidades. Um deles, André Akkari, membro da Team PokerStars Pro e tido como o melhor jogador brasileiro de pôquer da atualidade. Ainda faz parte da equipe a campeã olímpica de hóquei em campo, a luso-holandesa Fátima Moreira de Melo. É verdade que na cultura de massa há uma forte tendência ao olimpianismo. Ou seja, a promoção de indivíduos a heróis, vedetes, um misto de humano e sobre-humano. Mas qual será o impacto no imaginário do país da corrupção assistir pela TV e internet celebridades do quilate do Fenômeno apostando alto em jogos de azar?

    1.3 – Jogos de Azar na Contramão dos Jogos Informativos

    Sem entrar nas mazelas sociais, econômicas e psicológicas causadas por jogos de azar, o uso de celebridades em comerciais desse gênero de jogo inverte totalmente a lógica em favor dos jogos como mera informação. Afinal, a demonização histórica da palavra jogo advém justamente de jogos de azar. São jogos onde a possibilidade de ganhar ou perder não depende da habilidade do jogador. Mas, exclusivamente, da sorte ou do azar de quem joga. Há duas categorias distintas: azar com habilidade e puro

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