O novo vizinho
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About this ebook
O multimilionário Tanner King queria acabar com o negócio de árvores de Natal de um vizinho, que o incomodava bastante. King tinha dinheiro e poder suficientes para lhe fechar o negócio, pelo que Ivy Holloway, proprietária da plantação, não tinha outra alternativa senão dificultar-lhe as intenções.
Tanner não conseguia viver tranquilo por causa do negócio do vizinho e, além disso, não se conseguia livrar da bonita assistente que o seu advogado lhe enviara. Não era capaz de parar de pensar nela nem evitar beijá-la. O problema era que a proprietária da plantação e a sua assistente... eram a mesma pessoa.
Maureen Child
I'm a romance writer who believes in happily ever after and the chance to achieve your dreams through hard work, perseverance, and belief in oneself. I'm also a busy mom, wife, employee, and brand new author for Harlequin Desire, so I understand life's complications and the struggle to keep those dreams alive in the midst of chaos. I hope you'll join me as I explore the many experiences of my own journey through the valley of homework, dirty dishes, demanding characters, and the ticking clock. Check out the blog every Monday for fun, updates, and other cool stuff.
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O novo vizinho - Maureen Child
Capítulo Um
– Olá, sou a sua nova empregada.
Tanner King olhou para a mulher de cima abaixo mais uma vez, demorando-se nas suas curvas exuberantes, no rosto em forma de coração e nos lábios carnudos. Devia ter menos de trinta anos e o cabelo loiro caía-lhe sobre os ombros. Trazia vestido uma camisa amarela e umas calças gastas e muito justas. Os seus olhos azuis brilharam quando sorriu e fez uma covinha na bochecha esquerda.
O corpo de Tanner reagiu e ele abanou a cabeça, decidindo dispensá-la pela sua reacção.
– Não, não é.
– O quê? – disse ela a rir.
O seu riso fê-lo estremecer e Tanner lembrou-se que já não estava com uma mulher há demasiado tempo.
Voltou a abanar a cabeça.
– Você não é uma empregada doméstica.
– Por que não? – perguntou ela, arqueando as sobrancelhas loiras.
– Para começar, porque não tem idade suficiente para isso.
– Bem, pois eu garanto-lhe que já sou maior de idade e posso limpar uma casa. Com quem é que estava à espera de se encontrar? Com a senhora Doubtfire?
Ele lembrou-se da comédia em que um homem se disfarçava de governanta de meia idade e assentiu.
– Sim.
– Lamento tê-lo desiludido – disse ela, com um sorriso.
Não o tinha desiludido. Era esse o problema. Nada nela poderia desiludi-lo. A não ser o facto de não a ir contratar. Não precisava de distracções e aquela mulher era isso mesmo.
– Vamos começar pelo princípio – sugeriu ela, estendendo-lhe a mão direita. – Chamo-me Ivy Holloway e você é o Tanner King.
Ele demorou mais de um segundo a dar-lhe a mão e largou-a logo de seguida. Assim que lhe tocou, sentiu como se o seu corpo tivesse sido percorrido por uma corrente eléctrica. Era a prova de que aquilo era uma má ideia.
Nada lhe corria bem desde que se mudara para a casa que pensara ser a ideal, há dois meses atrás.
O sol estava a começar a pôr-se no vale e o cabelo loiro daquela mulher ondulou com o ar frio, proveniente da montanha. Olhava para ele como se fosse um extraterrestre. E talvez tivesse motivos para isso.
Aquilo era o que acontecia quando um homem que gostava de privacidade se mudava para uma aldeia onde todos se conheciam. Tinha a certeza que os habitantes de Cabot Valley tinham curiosidade por ele. Mudara-se para lá em busca de paz e tranquilidade, para conseguir trabalhar sem ser incomodado por ninguém.
Mas, como era de prever, a paz e a tranquilidade tinham desaparecido. Levantou os olhos e varreu toda a propriedade com o olhar, onde um mar de pinheiros para árvores de Natal se estendia até onde conseguia alcançar com a vista. Era um lugar calmo. Sereno. Mas o que ele tinha dentro de si era frustração. Tentou afligi-la.
– Olhe – começou, bloqueando-lhe a entrada, apoiando a mão na ombreira da porta. – Lamento que tenha vindo até aqui, mas não é exactamente do que estou à procura. Se quiser, posso pagar-lhe o deslocamento.
Tanner sabia que as pessoas, em especial as mulheres, gostavam de ser compensadas. Acabara com as suas ex-namoradas com pulseiras de diamantes e dispensado as suas empregadas com cheques chorudos. E nunca tivera problemas.
– Porque é que me iria pagar se nem sequer trabalhei para o senhor?
– Porque isto não é uma boa ideia.
– Não precisa de uma empregada? – insistiu ela, cruzando os braços e fazendo com que os seus seios redondos e generosos fossem comprimidos para cima e se insinuassem pelo decote da blusa.
– Claro que sim – respondeu ele.
– O seu advogado contratou-me para ser eu. Qual é o problema?
O problema era que devia ter sido mais específico quando o seu advogado, e melhor amigo, Mitchell Tyler, se oferecera para contratar uma empregada. Devia ter-lhe pedido para contratar uma mulher mais velha e mais reservada.
E era evidente que Ivy Holloway iria ser uma fonte de distracção.
Enquanto ele estava perdido nos seus pensamentos, ela baixou-se e entrou em casa passando-lhe por baixo do braço. Infelizmente, não podia agarrá-la e tirá-la dali. Não seria difícil mas não era conveniente. Como se lhe tivesse lido o pensamento, ela entrou na sala, parou e deu uma volta, olhando em redor.
– Esta sala é incrível – sussurrou.
Tanner seguiu-lhe o olhar.
A maior parte da sala estava revestida a madeira escura e tinha muitas janelas que lhe permitiam ver os pinheiros que se tinham transformado numa grande dor de cabeça nos últimos meses. Estava mobilado com grandes móveis e cadeirões, agrupados em círculo, convidando a sentar e a conversar, ainda que nunca fossem utilizados. A chaminé era em pedra, tão alta que Tanner conseguiria entrar nela de pé. Estantes com um metro de altura rodeavam a divisão e também havia várias mesas de carvalho com uma tonalidade clara. Seria a sala perfeita se não fosse...
– Toda a gente está morta para ver esta casa por dentro – comentou Ivy, em voz baixa. – Desde que a comprou e começou a remodelá-la.
– Tenho a certeza que sim, mas...
– É compreensível, acrescentou ela, olhando-o por um segundo. – Ao fim e ao cabo, a casa não era habitada há anos antes de a ter comprado e não se parecia nada com isto.
Isso já ele sabia. Pagara uma fortuna à empresa de construção civil para fazer em dez meses o que qualquer outra teria feito em dois anos. Tivera uma ideia muito concreta sobre o que queria e pedira o projecto a um dos primos, que era arquitecto. Tinha sido muito meticuloso, já que queria que aquele lugar fosse o seu santuário.
– Onde é que fica a cozinha? – perguntou ela, interrompendo mais uma vez os seus pensamentos.
– Ali – respondeu ele, apontando com o dedo. – Mas...
Demasiado tarde, ela já se tinha adiantado, fazendo barulho com os saltos das botas na madeira. Tanner sentiu-se obrigado a segui-la e teve de fazer um esforço para desviar o olhar do seu traseiro curvilíneo.
– Oh, meu Deus – murmurou Ivy, como se tivesse acabado de entrar numa catedral.
A cozinha também era enorme, com as paredes em tons bege e os móveis em madeira dourada. O balcão em granito de tons claros tinha metros de comprimento e, em cima do lava-loiça, havia uma grande janela com vista para a parte de trás do jardim. Apesar de estar a escurecer, viu que o jardim era impressionante.
– Cozinhar aqui vai ser como estar de férias – comentou Ivy, lançando-lhe um breve sorriso. – Devia ver a minha cozinha. Quase não há espaço e o frigorífico é mais velho do que eu.
Aproximou-se do frigorífico, abriu-o e olhou lá para dentro.
– Cerveja e salame? – disse com a testa franzida. – É só isto o que tem?
– E algum fiambre – respondeu ele, um pouco na defensiva. – E ovos.
– Dois.
– O congelador está cheio – salientou, sem saber porque lhe estava a dar explicações. – Não sou assim tão inútil.
Ela olhou para ele como se fosse um menino pequeno.
– Tem esta cozinha e só a utiliza para descongelar comida no microondas?
Tanner franziu a testa. Estivera muito ocupado, mas planeava começar a cozinhar, ou contratar alguém que fizesse isso por ele. Um dia destes.
– Não interessa – disse ela, abanando a cabeça enquanto fechava o frigorífico. – Vou comprar-lhe alguma coisa para comer...
– Eu posso ir às compras sozinho.
– Claro, mas eu farei a lista. Tenho a sensação de que não está muito inspirado.
– Senhora Holloway – disse ele.
– Ah, trate-me por Ivy. Toda a gente me trata assim.
– Senhora Holloway – repetiu deliberadamente. – Já lhe disse que isto não vai funcionar.
– Como é que sabe? – perguntou ela, passando a palma da mão pelo balcão, como se o estivesse a acariciar. – Poderia ser fantástico. É provável que eu seja a melhor empregada que alguma vez consiga arranjar. Ao menos podia dar-me uma oportunidade antes de tomar uma decisão.
Tanner pensou que gostava imenso de lhe dar uma oportunidade, mas não no mesmo sentido que ela estava a pensar. Sentiu-lhe o perfume. Cheirava a citrinos e conteve-se para não voltar a respirar o seu aroma e perder-se ainda mais nele.
Se Mitchell estivesse ali, ter-lhe-ia esganado o pescoço. Tanto ele como a sua mulher, Karen, estavam a tentar arranjar-lhe uma namorada há anos. Tinham feito todos os possíveis para o fazer sair da sua concha.
O problema era que ele não achava que vivia isolado dos outros. Passara muitos anos a construir um muro em seu redor e não iria permitir que alguém o atravessasse. Tinha amigos. Tinha primos e meios-irmãos. Não precisava de mais ninguém. Não obstante, os amigos que já se tinham casado não compreendiam. Era como se, depois de casados, quisessem que todos os homens que conheciam também se casassem. Era óbvio que Mitchell iria apanhar uma grande desilusão no caso de Tanner, mas não se dera ainda por vencido.
E Ivy Holloway era a prova disso. De certeza que, assim que a viu, Mitchell decidira que ela seria perfeita para ele, mas o plano não iria funcionar.
– O problema é que trabalho em casa à noite. E durmo durante o dia, ou pelo menos tento... – murmurou. – Pelo que não posso tê-la aqui a fazer barulho enquanto trabalho e...
– O que é que faz?
– O quê?
– Disse que trabalhava em casa – comentou ela, apoiando os cotovelos no balcão e o queixo nas mãos. – O que faz?
– Designer de jogos de computador.
– A sério? Já desenhou algum que eu possa conhecer?
– Duvido – respondeu ele, ciente de que os seus jogos eram dirigidos mais a homens novos do que a mulheres. – Não desenho jogos que tenham a ver com moda ou com ginástica.
– Uau – respondeu ela. – Muito condescendente.
E tinha razão, apesar de Tanner não ter esperado que ela respondesse.
– É só...
– Ponha-me à prova – pediu-lhe ela, sorrindo.