O seu príncipe encantado
By Raye Morgan
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About this ebook
O príncipe Mychale tinha ido para o seu castelo na montanha para se afastar do mundo, mas, em vez da esperada solidão, deu por si a fazer de anfitrião para uma jovem e para o seu adorável bebé.
Abby tinha fugido de casa por razões que nem todos poderiam entender. Mychale estava comprometido com uma mulher escolhida pela família real, por isso Abby nunca poderia ser a sua princesa, mas descobriu surpreendido que a encantadora jovem fazia com que se sentisse feliz pela primeira vez em muitos anos.
Raye Morgan
Raye Morgan also writes under Helen Conrad and Jena Hunt and has written over fifty books for Mills & Boon. She grew up in Holland, Guam, and California, and spent a few years in Washington, D.C. as well. She has a Bachelor of Arts in English Literature. Raye says that “writing helps keep me in touch with the romance that weaves through the everyday lives we all live.” She lives in Los Angeles with her geologist/computer scientist husband and the rest of her family.
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O seu príncipe encantado - Raye Morgan
Editados por HARLEQUIN IBÉRICA, S.A.
Núñez de Balboa, 56
28001 Madrid
© 2008 Helen Conrad. Todos os direitos reservados.
O SEU PRÍNCIPE ENCANTADO, N.º 20 - junho 2013
Título original: Abby and the Playboy Prince
Publicado originalmente por Mills & Boon®, Ltd., Londres.
Publicado em português em 2013
Todos os direitos, incluindo os de reprodução total ou parcial, são reservados. Esta edição foi publicada com a autorização de Harlequin Enterprises II BV.
Todas as personagens deste livro são fictícias. Qualquer semelhança com alguma pessoa, viva ou morta, é pura coincidência.
® Harlequin, logotipo Harlequin e Bianca são marcas registadas
por Harlequin Books S.A.
® e ™ São marcas registadas pela Harlequin Enterprises Limited e suas filiais, utilizadas com licença. As marcas que têm ® estão registadas na Oficina Española de Patentes y Marcas e noutros países.
I.S.B.N.: 978-84-687-2990-9
Editor responsável: Luis Pugni
Conversão ebook: MT Color & Diseño
www.mtcolor.es
Capítulo 1
O príncipe Mychale, da casa real de Montenevada, abriu os olhos e ficou a olhar para a escuridão, tenso. Nem sequer em sonhos conseguia relaxar.
Deixando escapar um gemido, levantou-se da cama e foi à casa de banho, ouvindo o ecoar dos trovões do outro lado das janelas. Automaticamente, esticou a mão para carregar no interruptor e murmurou um palavrão ao recordar-se de que não havia luz em casa.
Um relâmpago iluminou a casa de banho e Mychale viu-se ao espelho durante dois segundos.
Tinha um aspeto horrível, mas o que esperava? Passara dias sem dormir.
Depois de o seu iate atracar em Cannes, onde uma estrela de cinema, de cujo nome não conseguia recordar-se, lhe organizara uma festa, entrara no Lamborghini e saíra de lá, furioso. Conduzira até ao amanhecer e depois durante quase todo o dia, atravessando fronteiras, sem reparar no limite de velocidade até chegar a casa.
Aquela casa era a sua proteção e o foco do seu descontentamento. A sua casa estava situada no país diminuto de Carnethia, onde era o terceiro na linha de sucessão ao trono. Contudo, em vez de se dirigir para o palácio, virara para o castelo situado nas montanhas, o lugar que fora o refúgio da sua família durante a guerra recente. Precisava de esclarecer bem a sua mente e decidir o que iria fazer. Precisava de estar sozinho.
Quando abriu a torneira, suspirou, aliviado, ao ver que havia água. «Mas tenho de ligar a caldeira, para ter água quente», pensou. Assim, poderia lavar o cheiro de Stephanie, aquele perfume adocicado que parecia estar colado à sua roupa.
Tirou a camisa, deixou-a cair e pôs as mãos debaixo da torneira...
– Ai! – Mychale afastou-se com um salto. A água estava muito quente.
Não podia ser. Não teriam fechado a casa e deixado a caldeira ligada. Que estranho.
Mas estava demasiado cansado para se preocupar com isso. De modo que lavou a cara e voltou para a cama. E, apesar da tempestade e das preocupações, adormeceu imediatamente.
Abby Donair aproximou-se em silêncio do quarto do príncipe e encostou a orelha à porta, mas não ouviu nada. Continuaria ali? Tinha de saber, mas mais do que isso, tinha de recuperar o molho de chaves do mordomo, que o príncipe levara com ele para o quarto.
Porque havia algo na despensa, de que precisava urgentemente.
Que má sorte que o príncipe tivesse aparecido de repente. Conhecia aquele castelo desde que era pequena e, por experiência, sabia como entrar, embora a casa tivesse estado vazia desde a restauração da monarquia, há um ano. Portanto, quando procurara um lugar onde se esconder, o castelo parecera ser o ideal. Pensou que seria um santuário para se acalmar um pouco e planear o que faria depois, mas agora...
Abby fechou os olhos por um instante, tentando imaginar uma outra maneira de entrar na despensa, mas para além de partir a porta, não conseguiu pensar em mais nada.
Os trovões ecoavam na sua cabeça, recordando-lhe que não havia escape. Nem naquela noite e, provavelmente, nem de manhã. Porque tinha de ter aparecido precisamente naquela noite? Com todos os planos que ela fizera...
Ninguém da família real passara por ali em muitos meses, por isso, tivera a certeza de que seria o refúgio perfeito. Então, de repente, o príncipe Mychale resolvera aparecer. Porquê agora?
«Queixar-me não serve de nada», disse a si mesma. Tinha de fazer alguma coisa. Afastando o cabelo comprido e loiro da cara, Abby susteve a respiração enquanto rodava a maçaneta da porta sólida, de carvalho.
Ali estava ele, deitado na cama. Quando um relâmpago iluminou o quarto, pôde vê-lo melhor e o seu coração começou a acelerar. Parecia estar seminu. Ou completamente nu. Felizmente, o lençol tapava-o até à cintura, portanto, não podia ter a certeza.
Mas não importava. Com um pouco de sorte, não acordaria. Porque, se acordasse, estaria metida numa boa confusão.
Aos olhos dele, seria apenas uma ladra vulgar, uma vagabunda que entrara em casa sem ser vista. O príncipe Mychale recebera treino militar, embora, a julgar pelo que ouvira, a guerra tivesse acabado antes de ele participar nela, mas quem sabia o que poderia fazer.
Outro relâmpago revelou aquilo que procurava. As chaves que estavam na mesa de cabeceira, ao lado de uma carteira. Respirando fundo, Abby deu um passo em frente...
Uma tábua do chão rangeu, ao apoiar o pé descalço, mas seguiu em frente. Se conseguisse chegar às chaves, poderia sair dali e...
O príncipe mexeu-se e Abby ficou muito quieta, sustendo a respiração. Estava a amanhecer e, apesar da tempestade, começava a entrar luz no quarto. E agora, que estava tão perto, podia vê-lo bem. Vira-o no passado e sempre lhe parecera ser o mais bonito dos três irmãos, mas agora parecia mais atraente do que nunca. Claro que nunca estivera tão perto dele.
Tão perto que os dedos tremiam e, por um instante, achou que não teria coragem.
Mas não. Não podia fracassar. Cerrando os dentes, estendeu a mão para pegar nas chaves. Só mais um centímetro e...
Mal tocara no metal com a ponta dos dedos quando, de repente, o príncipe lhe segurou no pulso, puxando-a para a deitar na cama.
– Estás à procura de alguma coisa? – perguntou, num tom gelado. O seu rosto ficara a uns centímetros do dele.
Abby engoliu em seco. Quando pensara naquilo que ia fazer, nunca imaginara que acabaria daquela maneira. O príncipe, segurando-lhe os pulsos com as mãos, prendera-a debaixo do corpo. Ela nunca estivera debaixo do corpo de um homem. Como podia ser tão aterrador e tão excitante ao mesmo tempo?
– Solte-me! – gritou, tentando libertar-se, mas quanto mais se mexia, mais piorava a situação.
– Não posso fazer isso – replicou ele. Estava quase a sorrir, como se encontrá-la no seu quarto o divertisse, em vez de o alarmar. – Se te soltar, terei de acordar deste sonho e, neste momento, agrada-me.
Abby fulminou-o com o olhar. Era humilhante pensar que não se sentia amedrontado. Antes pelo contrário, conseguia brincar com o assunto. Isso deixou-a tão furiosa, que todos os seus medos desapareceram como que por encanto.
– Posso saber o que se passa? Ou será que recebe sempre uma estranha na sua cama, desta maneira?
– Não sei – o príncipe aproximou-se, até lhe tocar no pescoço com os lábios. – Não pareces ser assim tão estranha.
Abby olhou para ele, alarmada. O que estava a fazer? Ouvira histórias sobre o príncipe, histórias de escapadelas sexuais e aventuras românticas, sussurradas por mulheres que pareciam saber do que falavam. Talvez estivesse habituado a fazer amor com qualquer pessoa que se cruzasse no seu caminho... Ou na sua cama. Talvez lhe parecesse ser algo normal.
Muito bem, apesar de o facto de o ter tão perto ser deliciosamente sedutor, não estava habituada e não lhe parecia normal. De facto, não tencionava tolerá-lo.
– Afaste-se de mim! – gritou.
Ele chegou-se para trás, para a ver melhor, mas sem a soltar.
– Afastar-me? Eu estava a dormir tranquilamente. Tu é que invadiste o meu espaço.
Sim, tinha razão. Abby continuava a olhar para ele, mas o seu coração estava a retomar o ritmo normal. Talvez conseguisse pensar nas coisas racionalmente. Talvez fosse o momento de tentar outra coisa.
– Lamento – e suspirou, tentando parecer sincera. – Eu... Não queria que isto acontecesse. Só queria... Enfim, pensei que conseguiria entrar sem o incomodar.
Apesar de tudo, Abby sentia-se extremamente consciente da beleza do príncipe, com o cabelo escuro a cair-lhe no rosto. Não havia nada entre eles, exceto a camisola e o lençol... E começava a sentir algo mais do que era decoroso.
– Bom... Tenho de ir.
– Prometes?
– Prometo o quê?
– Que te irás embora. Porque não vais roubar outra casa e me deixas dormir?
– Eu...
Parecia falar a sério. Abby apercebeu-se de que ainda estava ensonado e só queria que o deixasse em paz. E foi um alívio. O problema era que não podia fazer o que lhe pedia.
Como se tivesse lido os seus pensamentos, ele deixou escapar um suspiro.
– Não queres ir embora, pois não?
– Bom... Está a chover muito.
– Portanto, não tencionas ir embora.
Abby não podia mentir.
– Não. Só posso ir-me embora depois de a tempestade acabar. Não espera que...
O príncipe riu-se. Um risinho suave, mas uma gargalhada, ao fim e ao cabo. Abby franziu o sobrolho, ofendida.
– De que se ri?
– De ti – e suspirou, afastando-se. – Não tens muita experiência nisto de roubar casas, pois não? Talvez devesses mudar de profissão. Não pareces ter muito jeito.
Sentando-se na cama e verificando se a camisola tapava tudo o que tinha de tapar,