A Nota Dissonante
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Ralf Brandenburg, um músico mundialmente famoso, é encontrado morto junto do seu estimado piano. O comissário de Polícia, Vincent Germano, encarrega-se da investigação do caso mas para deslindar este caso e chegar à verdade tem ao seu dispor apenas algumas palavras de quem no passado havia conhecido o taciturno e excêntrico artista musical
Claudio Ruggeri
Claudio Ruggeri, 30岁。出生于Grottaferrata (罗马)。现为从业人员,前裁判员。他遍游各地,在美国呆了很久,2007年回到意大利。写作是一直以来他的最大爱好。
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A Nota Dissonante - Claudio Ruggeri
Nota do autor
Este livro relata uma história fictícia.
Quaisquer referências a acontecimentos que tenham tido lugar e/ou a pessoas reais contidas nesta obra são consideradas como mera coincidência.
Sexta-feira, 5 de julho, Esquadra da Polícia
Meu caro Sr. Gigante...a minha paciência tem limites, não tenho mais nada a dizer-lhe...vou sair da sala e deixo-o aqui.
.
O comissário Vincent Germano pôs-se de pé com muita calma muito embora determinada. A determinada altura, o suspeito, Renato Gigante, que há mais de meia hora tentava interrogar ali naquela sala de interrogatórios parecia-lhe muito hábil a mentir para si próprio para que continuasse ali a ouvir tais provocações.
A verdade era que o comissário já dispunha de provas suficientes para o meter dentro por tráfico de estupefacientes mas estava a ver se lhe conseguia arrancar-lhe mais informações sobre um dos seus clientes, um profissional liberal de cinquenta anos suspeito de pedofilia.
Germano fechou a porta atrás de si e deu com o olhar do inspector Parisi, o qual pensando que aquilo fosse a velha táctica do comissário, decidiu dizer-lhe de uma forma sarcástica.
Já está, Vincent?
.
Por agora, sim, Angelo. Vou para casa. Não durmo há duas noites e acho que estou com febre.
.
De facto. Não me pareces muito bem encarado...
.
Pois não...continua tu com esse tipo, Angelo...vamos mantê-lo aqui mais um bocado antes de o metermos dentro por tráfico de droga. Vê o que lhe consegues sacar e actua em confirmidade, entendido?
.
De acordo,Vincent...queres que chame o Di Girolamo ou o Piazza para te levarem a casa?
.
Não...daqui até à paragem do autocarro é um salto. A esta hora da manhã as aulas já começaram por isso os autocarros devem ir meio vazios. Falamos depois mais tarde, Angelo. Telefona-me quando fores almoçar
.
Está bem, Vincent. Então, até logo
.
Até logo
.
A distância percorrida pelo comissário até chegar à paragem de autocarro era realmente curta e a espera também não durou mais do que uns dez minutos até ver aparecer o transporte público logo atrás da curva.
Como tinha imaginado, no interior, os lugares estavam quase todos vagos. Sentou-se logo à frente e esperou que o motorista fechasse a porta antes de ajeitar confortavelmente no banco.
O trajecto da esquadra para casa que era breve e normalmente não demorava mais do que um quarto de hora foi feito na companhia de três pares de passageiros, todos homens.
Os dois primeiros indivíduos estavam sentados mesmo ao lado do comissário que escutava com muita atenção, embora disfarçadamente, a conversa que iam aprofundando. De facto, falavam sobre qual fosse o sistema mais eficaz para trair as respectivas esposas sem serem descobertos. O comissário sorriu para consigo, ao dar-se conta do quanto tinha ainda que aprender sobre aquela matéria.
Sentados umas cinco filas atrás dele estavam outros dois homens, que por sua vez, em vez de falarem de mulheres, contavam algumas fraudes bem sucedidas a empresas de seguros como se se tratasse de uma competição implícita sobre qual dos dois teria sido mais hábil a enganar as diferentes companhias seguradoras.
Mas o único sorriso rasgado naquela viagem foi-lhe arrancado pelo dois rapazes sentados nos bancos ao fundo do autocarro. Os seus sofisticadíssimos sistemas para se baldarem às aulas e convencer tanto os pais como os professores levaram Germano a pensar quanto, há muitos anos atrás, quando era jovem, teria pago a peso de ouro para ter nem que fosse dez por cento da sagacidade e astúcia demonstrada por aqueles dois jovens estudantes durante o trajecto de autocarro.
O comissário desceu na paragem junto da sua casa e dirigiu-se ao pequeno caminho, ainda por asfaltar, que servia de atalho para chegar ao complexo residencial onde vivia sem que tivesse de enfrentar duas rotundas e um semáforo.
Ao aproximar-se do portão sentiu-se tão alivido a imaginar que daí a pouco poderia finalmente esticar-se na cama que quase nem conseguia abrir os olhos, mesmo antes de passar a ombreira da porta de casa.
Despiu-se apressadamente e foi para a cama, cobrindo-se apenas com um lençol embora com a temperatura que fazia naqueles últimos dias, o comissário bem dispensasse aquele pedaço de tecido de algodão.
Germano precisou apenas de escassos minutos para se deixar adormecer com as mãos quase juntas sobre o peito como se estivesse a orar embora estas apenas tivessem deixado escapar uma revista de actualidades que o comissário mantinha sempre à mão sobre a mesinha de cabeceira. Naquela manhã, porém, não tinha sido capaz de ler nem um dos artigos.
Os sinos de uma igreja não muito distante anunciaram o meio-dia e por segundos fizeram Germano despertar do sono profundo como presságio. Pouco antes do meio-dia e meia hora o comissário teve mesmo de abrir os olhos, forçado a interromper o sono pelo toque inceessante do telefone.
Estou...
.
Vincent, fala Angelo. Queria...
.
Já estás na hora de almoço? Mas...que horas são?
.
Na verdade, não. Não, Vincent. Ainda nem é uma hora...
.
Se querias saber se estou bem? Bem, então... agradeço-te a atenção, Angelo. Mas ainda preciso de descansar mais um pouco, Angelo
.
Vincent...pela tua voz vejo que ainda não estás completamente acordado mas... bem sabes que não te telefonaria se não fosse por um motivo mesmo muito importante...
.
"E o que é assim tão importante?".
Por acaso conheces um tal Ralf Brandenburg?
.
Claro, é o maestro de música...meu vizinho, mora duas casas a seguir à minha. O que aconteceu?
.
Ainda não sabemos bem. Há uns cinco minutos recebemos um telefonema do jardineiro dizendo-nos que o maestro estava se encontrava com a cabeça caída sobre o piano. Diz que consegue vê-lo do relvado defronte da casa mas como as janelas estão fechadas e não consegue entrar resolveu telefonar-nos. Vincent, se te chegares à janela deves pelo menos ver o jardineiro
.
O comissário desviou a cortina da janela do seu quarto. Estava no primeiro andar da casa e conseguia vislumbrar cerca de uns trinta ou quarenta metros de distância o vulto familiar do rapaz que normalmente ajudava o maestro nas tarefas de jardinagem. Confirmou com o inspector Parisi que aguardava a resposta do comissário antes de enviar uma viatura da polícia para além da ambulâcia que já tinha enviado para o local.
Germano precipitou-se para fora de casa ainda meio ensonado e percorreu os poucos metros que o separavam da casa de Ralf Brandenburg. Saltou uma pequena vedação e continuou pelo relvado da casa do maestro de música.
O jardineiro esperava-o no jardim e não parava de apontar para a janela por onde se podia ver o piano no interior da sala e a cabeça de Ralf Brandenburg sobre o teclado do instrumento musical com os braços caídos e a ponta dos dedos quase a tocar no chão. Julgando que a janela teria de ser de qualquer maneira forçada para permitir a entrada da equipa de emergência médica ou dos bombeiros, Germano decidiu ser ele próprio a fazê-lo.
Parecia que o