A Confusão Clara
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A metade do caminho entre uma fábula surreal e a clássica comédia de equívocos, a “verdadeira história de C., garota de dezessete anos que se desperta em uma manhã dividida em duas pessoas. Acontecimentos e situações que se recorrem entrelaçando-se entre pequenas reviravoltas, marcada página a página em um ritmo irônico e rápido. Assim, cada C. leva a vida despertando sua volta em ilimitadas combinações cada uma capaz de chegar até a integridade, mas sem desistir das próprias características escolhidas. Versão pós-moderna da fábula dos infinitos mundos possíveis.
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Book preview
A Confusão Clara - Valerio Carbone
Índice Analítico
Valerio Carbone | A CONFUSÃO CLARA | I
Valerio Carbone
A CONFUSÃO CLARA
I
––––––––
Uma manhã C., despertando se dos sonhos inquietos, se descobre dividida em duas pessoas. Estendidas uma sobre a outra em sua cama minúscula, ambas sentiam subitamente um estranho calor. O que aconteceu?
, pensa a primeira apontando um pé no quadril da outra que grita presa no terror. Cada uma, relutantemente, percebe que não se trata apenas de um terrível sonho.
– Precisa entender o que aconteceu. – faz a C. o seu clone, iniciando a discutir com cautela as possíveis causas daquele estranho efeito. – O importante é que não nos falte nada! – controlando-se a face, as mãos, os pulsos, o resto.
Sua mãe, tendo inicialmente a ouvido gritar, se aproximou rapidamente ao cômodo. Por sorte não entra, bate com veemência na porta:
– C., o que aconteceu, – com a voz áspera, – está tudo bem?
C. está sem fôlego, derrama em lágrimas; a outra lhe tampa imediatamente a boca com um gesto cuidadoso.
– Eu tive só um sonho ruim! - espera que a mãe esteja longe. Se aproxima sussurrando para a mais emotiva: – Para de chorar, devemos estudar um plano de ação. Você prepara, desce e faz o café da manhã, vai também para a escola. Faça que com que nada aconteceu. Quando a casa estiver vazia na minha vez: descobrirei a causa desta mitose, nós veremos esta noite e teremos encontrado a solução.
Dito isto, de modo sabichão, libera finalmente a boca da outra e a encoraja a cumprir o próprio dever.
*
***
*
Segurando as lágrimas, C. começa a se preparar para a escola. Toma banho rapidamente, se veste distraída, pega os óculos sobre o criado-mudo. Desce as escadas até a cozinha, toma o café da manhã silenciosamente, procurando o quanto está em seu poder de esconder seu enorme temor. Não nos parece sucedido.
– O que você tem, por que esta cara? – sua mãe é indiscreta demais, ela conhece muito bem, praticamente toda a vida.
– Tive apenas um sonho ruim – repete um pouco convicta.
Recebe uma olhada bem severa:
– É por causa daquele filósofo, não é? – fala o rapaz que C. tem saído nos últimos dias, mas ela nunca gostou dele. Agora que são finalmente livres, pode tirar um grande conforto de alívio. – Você sente muita falta, querida? – com a voz vazia.
C. não responde apenas porque não sabe o que dizer. De fato tem uma certa saudade das brigas com aquele moço, uma dor definitivamente maior a respeito da primeira noite. É como se não sucedesse a explicar o porquê daquele arrependimento.
Sua mãe, certamente, não pode entender o sentido de tanta confusão, nem chegar a imaginar-se o que aconteceu.
– Sexta-feira te levo a uma psicóloga. – cada mãe sabe sempre o que é justo para a própria filha. – Com o rosto arrumado, cabelos presos, veste uma outra camisa. Preparou-se para o exame de história? – uma expressão pouco convicta. – Se apresse que é tarde!
C. engole seu leite, mastiga os biscoitos insípidos e incolores. Sua mãe a acompanha até a escola.
*
***
*
C. esperou que a casa se esvaziasse. Agora sabe que seu clone já está na escola e que sua mãe chegou no trabalho. Ainda está fresco, são quase nove horas. Matou todo aquele tempo escondida no banheiro, em silêncio, estudando um livro no campo unificado talvez em busca de uma inspiração. Nos deve a fim de ser uma constante que me permita de entender, – pensa audaciosamente, – uma variável que explica o porquê da divisão!
. Chega a pensar de dar de cara com um campo gravitacional.
Prepara sua mochila de escoteiro, enche de bússolas e de equipamentos, procura seus óculos, – aqueles que de hábito que C. tem consigo, sai de sua casa sem avisar os vizinhos curiosos demais.
Se dirige ao estúdio de seu ex-namorado que a tinha deixado justamente na primeira noite para colocá-la a prova. Um poeta-filósofo-compositor.
– Me desculpe se vim, – diz em entusiasmo, – mas esta manhã aconteceu comigo uma coisa realmente incrível. Uma parte de mim me deixou e eu não pude vir até aqui, no trajeto, para te rever...
O filósofo, pensando em uma ousada metáfora e acreditando especialmente em ter finalmente feito uma brecha em seu pequeníssimo coração, quase chora de alegria:
– Pequeno gênio, a noite você teve conselho! Estou