O Protocolo Lázaro
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Naströnd quer dominar o livre arbítrio do ser humano.
Você acredita que seus pensamentos são realmente seus? E se alguém controlasse cada coisa que você faz, diz ou pensa?
Junte-se à luta desesperada contra esta organização sinistra e sua arma definitiva.
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Book preview
O Protocolo Lázaro - Álvaro Cabrera
ÁLVARO CABRERA
O PROTOCOLO LÁZARO
O DOSSIÊ NASTRÖND - VOLUME II
ÍNDICE
––––––––
1. C.I.N.
2. OSLO
3. TROMSO 1
4. AMSTERDÃ
5. TROMSO 2
6. HELSINQUE 1
7. CAIRO
8. HELSINQUE 2
9. MOSCOU
10. HELSINQUE 3
11. EPÍLOGO
CENTRO DE INVESTIGAÇÃO NOVEMBRO
––––––––
12 de janeiro de 2012
Complexo privado situado a 95 quilômetros a noroeste de Skaidi, Noruega.
O Doutor Zullberg, vestido com um jaleco branco com o símbolo azul do Centro de Investigação Novembro costurado no lado esquerdo do peito, observava através de seus óculos de armação prateada a vasta extensão de neve que se estendia diante dele a partir da proteção de seu escritório. O problema em que estava envolvido há vários meses não o deixava dormir bem. Todas as provas tinham dado resultado negativo e isso significava apenas uma coisa: que deveria continuar investigando e fazendo experiências. O que não podia se permitir era perder sua cobaia favorita, a que levava em sua cabeça uma amostra daquela tecnologia e a chave para controlá-la. Havia identificado que ainda estava em sua fase inicial, portanto tinha tempo de ver como estava se desenvolvendo e os efeitos que teria no cérebro. Por sorte, dispunha de mais uma centena de presos provenientes de cadeias de todo o mundo. Podia fazer os testes mais invasivos sem colocar em risco o Sete.
O escritório onde estava, situado na parte mais alta de um daqueles edifícios, era uma luxuosa sala equipada com a mais alta tecnologia. Como cientista-chefe do projeto e diretor das instalações, gozava de certos privilégios: sistema interno de segurança, equipamentos de última geração, um pequeno laboratório pessoal anexo ao escritório onde podia analisar as diversas amostras...
Um sinal contínuo começou a tocar atrás dele. O homem resmungou e se virou. Detestava que o interrompessem em seus momentos de reflexão.
—Espero que seja importante — respondeu de maneira ríspida apertando o botão do interfone.
—A cobaia número sete fez outra tentativa. Bateu com a cabeça na parede várias vezes, até que a segurança interna entrou e consegui dominá-lo. Sugiro que ele fique amarrado quando iniciar a próxima sessão.
—As paredes não estavam forradas com o isolante? Como pode fazer isso?
—Arrancou a proteção com dentadas. Perdeu dois dentes, mas o maldito conseguiu.
—E quase o perdemos também. Quem estava de plantão nos monitores quando isso aconteceu?
—Morris.
—Não podemos permitir este tipo de negligências. Você já sabe qual é o procedimento nestes casos. Com relação ao Sete, estou de acordo com sua recomendação. Amarre-o e o prepare, pois eu mesmo irei conduzir a próxima sessão.
—Ele estará todo pronto em uma hora, doutor.
—Resolva antes o assunto do Morris.
—Assim será feito.
—E que sejam trinta minutos, Kristoff.
—Sim, doutor Zullberg — respondeu resignado.
A nebulosa se agitava com impulsos cintilantes, girando sem parar. A primeira coisa que sentiu ao voltar a si foi a chicotada que percorreu toda a sua cabeça, desde a mandíbula até a parte alta do crânio. O gosto metálico de sangue ainda impregnava seu paladar, as raízes dos dentes arrancados latejavam com pontadas doloridas e a sobrancelha esquerda escorria e encharcava seu olho, inchado e quase fechado. Tudo estava escuro, mas sabia que não duraria muito. Rangendo o maxilar, se irritou consigo mesmo por ter falhado, por continuar com vida.
Quatro holofotes de luz branca e brilhante quase queimaram suas retinas quando se acenderam com força sobre ele. Seus pulsos estavam presos por grossas correias de couro, assim como seus tornozelos e sua cabeça, que estava firmemente segura pela testa. Estava deitado em uma superfície metálica, semelhante a uma mesa de autópsias. Então se acenderam os pequenos, mas potentes alto-falantes, presos nos quatro cantos superiores do quarto, um local com apenas três metros quadrados. Uma voz ensurdecedora perfurou seus tímpanos quando começou a falar. Tinha um forte sotaque alemão e arrastava as palavras com parcimônia.
Outra vez você, maldito safado, pensou com raiva.
—Oi, Sete. Vejo que você tentou novamente. Quantas já foram? Você sabe que não vai conseguir nada com isso. Tem que aceitar. Por bem ou por mal arrancarei isso que você tem em sua cabeça e desvendarei seus segredos. Depois pode morrer se quiser.
—Vou te matar, desgraçado — sua voz arrastada, resultado dos narcóticos que lhe administraram para sedá-lo, aniquilava completamente com o significado intimidatório daquelas palavras, conseguindo arrancar um leve sorriso de seu interlocutor. E isso o deixava ainda mais irritado.
Não houve despedida. No lugar disso, o estrondo grave e dissonante de centenas de furadeiras daqueles alto-falantes com uma força brutal, apagando os gritos que surgiram repentinamente de sua garganta castigada. Seus ouvidos começaram a doer em dois segundos, a cabeça parecia que ia se partir, os dentes rangeram, todo seu corpo tremia. Aquilo durou dois eternos minutos. Depois parou bruscamente. Sua respiração agitada ressoou em seus tímpanos destruídos, seus olhos se mexiam de um lado para o outro, histéricos. Cinquenta segundos depois daquela parada, as máquinas continuaram por mais dois minutos. O ciclo continuou por meia hora. Em seguida foi acrescentado um poderoso jato de água fria, quase gelada, que saiu de um cano aberto no centro do teto por quase um minuto.
O Doutor Zullberg, como castigo à sua tentativa de suicídio, pensou em prolongar aquela sessão, a número 143, uma hora a mais do que o previsto. E assim ele fez, apesar das contínuas advertências de sua equipe médica.
Ele pode com isso e com mais. Logo que as ligações neurais estiverem sobrecarregadas, poderei começar com a segunda etapa e alterar a química cerebral. Eu vou conseguir, seu maldito, ainda que destrua tudo o que um dia fui e o transforme em uma posta de carne patética e que choraminga. Mas aqui morre Bauhaus, pensou com determinação.
Ele não ouvia os gritos de Sete, pois estava protegido em sua cabine de controle à prova de som. Tirou os óculos e os limpou com um pequeno lenço de seda. Em seguida os colocou novamente e ficou observando os sinais vitais da cobaia. A barra de status passou de verde para amarelo. O ponto crítico de colapso estava cada vez mais próximo.
Tudo em ordem, pensou.
OSLO
18 de fevereiro de 2012
1
Una sombra pulou com agilidade de um terraço para outro em completo silêncio e correu rápido por ele. Vestida de preto e usando uma máscara de esqui que mantinha o anonimato de seu rosto, se movia por aquela superfície escorregadia com uma destreza de felino.
Fazia frio. As ruas e os telhados da capital norueguesa estavam cobertos por um manto sedoso de neve que se esfacelava com o vento. Nestas horas impróprias, ninguém em seu perfeito juízo estaria perambulando voluntariamente por aquele lugar. O ar era cortante e gélido, porém ela não se importava. Apenas sentia. Nada iria impedir que cumprisse sua missão.
Ao chegar ao final se deixou cair na varanda do andar de baixo e ficou agachada, examinando a área. Bem em frente, uma grade separava aquela parte da cidade da propriedade privada em que devia entrar, formando um retângulo de uns duzentos metros quadrados. Três construções enormes, provavelmente armazéns, se erguiam contra o céu preto e rodeavam uma quarta edificação mais alta que o resto. De onde estava a sombra pode ver uma janela aberta embaixo do grande letreiro que ocupava toda uma lateral, anunciando ostensivamente o nome da empresa dona daquilo: DSK Rask Levering. Alguns poucos postes iluminavam suavemente o caminho coberto de neve que levava a cada um daqueles edifícios e que saia do complexo através de uma barreira de segurança. Um guarda entediado folheava uma revista no interior da guarita de entrada. Outros dois patrulhavam a frente do imóvel principal, enrolados em seus grossos casacos.
Normalmente haveria uma única sentinela, porém, depois dos ataques terroristas que deixaram o país em estado de choque no ano anterior, a segurança tinha sido intensificada em todos os aspectos. Ainda se lembrava daquele dia, 22 de julho, pois todas as agências governamentais se colocaram em alerta. Apesar da incerteza inicial e do pensamento generalizado de uma agressão jihadista, foi um compatriota, A.B. Breivik, que esteve por trás dos atentados. Mais de sessenta pessoas morreram naquele dia fatídico.
Havia parado de nevar poucas horas antes, mas sabia que as nevadas eram permanentes pelo menos até maio e aquilo lhe dava certa vantagem: o frio intumescia o corpo, desacelerava os reflexos, diminuía a velocidade de reação. Porém isso não a atingia, pois tinha sido treinada em lugares mais extremos por professores mais implacáveis que o frio clima norueguês.
Com um rápido salto subiu no parapeito da pequena sacada e deu um impulso para cima e para frente, se esticando completamente para acabar se encolhendo antes de cair e rolar com uma cambalhota perfeita por trás da grade. Aproveitando a inércia do próprio impulso, se levantou rapidamente e continuou correndo, se escondendo nas sombras que os próprios postes lançavam sobre o complexo. Seguiu em completo silêncio encostada na parede do edifício norte. Ao chegar à esquina, se agachou atrás de umas caixas de madeira e uns paletes, e esperou que uma daquelas sentinelas lhe desse as costas. A outra, bem em frente, se virava de lado enquanto acendia um cigarro. Aproveitou este instante. Com dois pulos rápidos, um sobre as caixas e o outro contra a parede, conseguiu se agarrar ao peitoril da janela, para em seguida dar um impulso com os braços e ficar agachada no mesmo lugar. Estava escuro, mas pode ver o contorno da gigantesca máquina que ocupava todo o interior. Ela se deixou cair lá dentro e permaneceu alguns segundos abaixada, completamente imóvel, para ter certeza que sua entrada furtiva tinha passado despercebida. E assim foi. Com outra corrida veloz se aproximou de uma porta lateral, que por sua vez dava no edifício principal ao lado.
Abriu devagar e deu uma rápida olhada. Concentrou-se nos guardas. Estavam ali parados olhando para o céu.
—Que diabos...? —exclamou um deles tirando o cigarro da boca.
Então ele ouviu o barulho, fraco e confuso no início, mas inconfundível depois de alguns segundos. Era um helicóptero. Passou em grande velocidade e a baixa altura. A sombra voltou a se agachar e ficou quieta, esperando. O susto do guarda de segurança indicava que aquilo não era habitual. O outro levou instintivamente a mão à cintura, confirmando sua suspeita. O helicóptero diminuiu um pouco, virou para o leste e desapareceu na noite fria e negra.
Ela achou estranho contratarem aquele