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Feitos de Estrela: Os Buscadores - Livro 2
Feitos de Estrela: Os Buscadores - Livro 2
Feitos de Estrela: Os Buscadores - Livro 2
Ebook346 pages4 hours

Feitos de Estrela: Os Buscadores - Livro 2

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About this ebook

"Mas o que somos sem sonhos?"

Contra todas as probabilidades, Orah e Nathaniel encontraram o abrigo e revelaram a verdade sobre a escuridão, iniciando o que esperavam ser uma nova era de iluminação. Mas as pessoas eram mais rígidas em seus caminhos do que o previsto, e uma facção de vigários sussurrou em seus ouvidos, um retorno a formas tradicionais.

Desesperados em manter o movimento vivo, Orah e Nathaniel atravessam o oceano para procurar os descendentes dos mestres. Aqueles que encontram na terra distante são ambos mais e menos avançados do que esperavam.

Os buscadores ficam entre os dois lados, e enfrentam o desafio de uni-los para fazer um mundo melhor. O prêmio: uma chance de trazer milagres e um futuro promissor para seu povo. Mas se falharem dessa vez, eles arriscam, não um apedrejamento, mas se perder no crepúsculo de um sonho sem fim.

LanguagePortuguês
Release dateSep 6, 2018
ISBN9781507193921
Feitos de Estrela: Os Buscadores - Livro 2

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    Feitos de Estrela - David Litwack

    Outros Livros por David Litwack

    Along the Watchtower (original em inglês)

    The Daughter Of The Sea And The Sky (original em inglês)

    ~~~

    OS BUSCADORES

    Livro 1: Os Filhos da Escuridão

    Livro 2: Feitos de Estrela

    Livro 3: The Light of Reason (original em inglês)

    ~~~

    www.DavidLitwack.com

    ~~~

    PRÊMIOS GANHOS POR: OS FILHOS DA ESCURIDÃO

    NewPinnacleAward_108x108 Feathered Quill Gold Medal - 72dpi - 108x105 Awesome Indies Seal of Excelllence_108x106 RF_5star_108x108

    Dedicatória:

    Para Mary Anne, que sempre soube que eu iria escrever de novo.

    Índice

    Página de Título

    Copyright

    Outros Livros por David Litwack

    Dedicatória

    PARTE UM - Os Mestres das Máquinas

    CAPÍTULO 1 – A Cidade Iluminada

    CAPÍTULO 2 – O Mentor

    Capítulo 3 - Um Lugar Seguro e Seco

    Capítulo 4 - Uma Nova Aventura

    Capítulo 5 - Um Grito na Noite

    Capítulo 6 - Buscadores Mais Uma vez

    Capítulo 7 - A Festa de Boas Vindas

    PARTE II - O Povo da Terra

    Capítulo 8 - Naturalistas

    Capítulo 9 - A Senhora Maltrapilha

    Capítulo 10 - O Salão dos Ventos

    Capítulo 11 - Um Horror do Passado

    Capítulo 12 - A Prisão Dourada

    Capítulo 13 - Uma Batida na Porta

    Capítulo 14 - Finalmente a Verdade

    Capítulo 15 - Imagens na Parede

    Capítulo 16 - Jogos Mentais

    Capítulo 17 - Madressilva e Bambu

    Capítulo 18 - Borboletas e Rodas de Fiar

    Capítulo 19 - Mudanças e Tramas

    Capítulo 20 - Lobos e Unicórnios

    Capítulo 21 - A Máquina de Consertar

    PARTE III - Sonhadores

    Capítulo 22 - Horror profundo

    Capítulo 23 - O Lago Escuro

    Capítulo 24 - A antessala

    Capítulo 25 - A Câmara dos Sonhos

    Capítulo 26 - A volta à vida

    Capítulo 27 - Insurreição

    Capítulo 28 - A Vez de Kara

    Capítulo 29 - Lados do Registro

    Capítulo 30 - Para a Montanha

    Capítulo 31 - Os Sonhadores

    Capítulo 32 - Pretensos Guerreiros

    Capítulo 33 - O Povo da Terra

    Capítulo 34 - Indo para Casa

    EPÍLOGO

    Agradecimentos

    Sobre o Autor

    O que vem agora?

    Mais de David Litwack

    Mais de Evolved Publishing

    PRIMEIRA PARTE - Os Mestres das Máquinas

    Vou te contar um grande segredo, talvez o maior de todos os tempos. As moléculas do seu corpo são as mesmas que formam esta estação, e a nebulosa - que queima dentro das próprias estrelas. Somos matéria estelar. Nós somos o Universo manifestado, tentando se resolver sozinho. ~ Delenn, Babylon 5

    CAPÍTULO 1 – A Cidade Iluminada

    Eu acordei assustada com o toque de um menino maltrapilho com longos cabelo emaranhado em nós. Ele usava uma camisa surrada e calças com buracos nos joelhos, e não parecia mais do que nove anos. Eu pisquei para ele três vezes para desviar as teias de aranha da minha mente.

    O menino olhou para trás com olhos grandes demais para a cabeça.

    Depois de um momento, ele estendeu um dedo e tirou algo grosseiro da minha bochecha. Areia molhada colada na minha pele. Devo ter deitado com o rosto para baixo.

    Eu me virei e aspirei. O ar tinha o odor salgado de maré baixa, graças a luz. Se a maré estivesse mais alta, eu teria me afogado. Respirei mais profundamente. Maré baixa com certeza, um cheiro rançoso de marés passadas, de marinheiros semiconscientes que bateram nos recifes antes de mim. O ar ainda fedia a medo ao se encontrarem, como eu, sozinhos na terra nova.

    Bem, não inteiramente sozinho.

    Quem... é você? Minha voz soou áspera como a areia. Há quanto tempo estou aqui?

    O menino ficou em silêncio enquanto minha memória voltava. Meu nome, Orah Weber. Minha cidade natal, Lagoa Pequena. A descoberta do saudoso abrigo. A construção do barco, o primeiro de seu tipo em centenas de anos. Seu lançamento, uma vez impensável, do outro lado das montanhas de granito. Os dias intermináveis no mar... A tempestade.

    Nathaniel!

    Eu levantei em um cotovelo e observei o ambiente. Você sabe onde está meu amigo?

    O menino balançou a cabeça. Ainda sem som dos lábios dele.

    Um clamor por trás, e eu para ver um bando de crianças se aproximando das dunas sobre a praia. Braços levantados, dedos apontando, e os mais jovens gritavam de satisfação. Então um grito de alívio de uma voz mais grave, que tão bem conhecia.

    Virei-me virou-se para agradecer o rapaz por trazer Nathaniel para mim, mas só vi suas costas enquanto corria na praia, deixando um rastro de pegadas na areia.

    Livrei-me do torcicolo no pescoço e sentei para saudar os recém-chegados.

    Estas crianças eram diferentes, mais limpas e melhores do que o silêncio. O cabelo curto e cortado com navalha, como o de todos que tinham atingido a maioridade na Lagoa Pequena.

    Uma garota marchou em sua liderança, ordenando as crianças menores para ficar na linha. Ela caminhou nas dunas, com a frágil segurança de início da vida adulta, tanto como eu quando a procura o abrigo. Ela usava calças apertadas até o meio das pernas, e uma túnica sem um botão ou cinto visível para mantê-la no lugar. Sua roupa era feita de um material que nunca tinha visto, brilhando quase metálico à luz do sol.

    O nevoeiro em minha mente continuava a clarear como uma brisa, fazendo a túnica da garota ondear.

    Olhei meus pés, procurando lesões e quando levantei - nada exceto inchaços e contusões. Então eu pulei para encontrar Nathaniel quando ele corria em minha direção como o vencedor de uma corrida no festival. Nenhum de nós diminuiu até nos abraçarmos.

    Nathaniel. Meu melhor amigo. Meu marido.

    Eu o abraçava, consumida por o mesmo medo que tinha me assombrado após escapar da Cidade do Templo - que um dia seriamos separados para sempre. Mas agora, como naquele tempo, eu tinha pouco tempo para aproveitar o momento. Eu me afastei para seu bem-estar. Areia cobria seu cabelo e barba, e uma mancha roxa apareceu no seu antebraço direito onde a manga de sua túnica tinha rasgado, mas nenhum outro ferimento.

    Como um suspiro de alívio, ele olhou por sobre o ombro.

    A garota girou em seu grupo, reprimindo a excitação com um gesto e os ordenando a subir para as dunas, como se chegar à praia tivesse ultrapassado o território inimigo.

    Eu questionei com meus olhos, mas ele respondeu sem uma palavra, uma mão e me chamando para seguir.

    Eu fiz o meu melhor para acompanhar as crianças em pernas instáveis de semanas no mar. Enquanto cambaleava, os observava.

    Cada um usava uma caixa preta do tamanho de uma mão em uma bolsa no quadril, e carregava um saco cheio de peixe fresco. Alguns dos garotos mais velhos tinham varas com pontas afiadas. Lanças para pesca, ou arma para defesa?

    No topo das dunas, a líder parou diante de uma série de bancos de pedra. Descansem aqui, ela disse. Não devemos ficar muito tempo, mas vocês precisam se firmar antes de fazer a caminhada.

    E se mais IBs vierem? O mais novo sussurrou.

    Silêncio, Timmy. Não consegue ver como eles estão cansados? Além disso, temos tempo. Os IBs não adoram o anoitecer.

    Minhas pernas latejavam demais para me preocupar com pôr do sol ou IBs, sejam o que for. Eu caí com Nathaniel no banco mais próximo.

    Quem... é você? Eu lutava para formar as palavras pelos lábios sedentos.

    Eu sou Kara. Você parece precisar de uma bebida. Ela mexeu no bolso e retirou uma garrafa comum, como a pele de cabra de Lagoa Pequena, mas feito do mesmo material brilhante de sua túnica. Tome um pouco da minha. Pegue o quanto quiser. Os córregos nas montanhas mais baixas tinham secado, mas os dessais faziam toda a água que precisamos do mar. Pelo menos quando funcionam.

    Tomei um gole da garrafa. A água era doce com um toque de maçã.

    Kara me observou enquanto eu bebia. Seus olhos brilharam com orgulho, como alguém cheio de dúvidas, tentando parecer confiante. Ela piscou e voltou sua atenção para Nathaniel, esparramado no banco ao meu lado, então baixou a voz e falou na forma como as pessoas de casa se dirigiam ao vigário. Vocês são da terra antiga?

    Se você quer dizer a terra pelo mar, sim. Sua voz soava rouca como a minha.

    Passei o cantil.

    Aprendemos sobre você em nossas aulas, Kara disse. O mentor nos ensinou que as pessoas viviam do outro lado do oceano, mas haviam esquecido como pensar. Um dia, ele disse, eles se lembrarão e navegarão até aqui. Ela abriu um sorriso. E agora vocês vieram.

    O menino que tinha perguntado sobre o banco avançou e puxou o polegar de Kara. Podem ser sonhadores?

    Não, Timmy.

    Eles podem ser.

    Você não deve fingir. É impróprio. Use seu cérebro. Não temos razão para acreditar que eles sejam sonhadores.

    Sem se intimidar, o menino se uniu às outras crianças e sussurrou.

    Peguei trechos das palavras dele. ... pode ser....e se.... os sonhadores voltaram.

    Quem são os sonhadores? Eu disse.

    As crianças pararam a conversa e olharam para o sapato.

    Depois de um momento constrangedor, Kara avançou. O mentor prefere que os chamemos de mestres da máquina.

    Mas -

    Você deve estar com fome. Nós pegamos peixe para cozinhar, e espero que os sintetizadores funcionem hoje e façam algo gostoso para combinar com eles. Venha agora. Precisamos sair desse lugar antes que os IBs adultos venham para o absurdo do pôr do sol. Venha conosco para a cidade."

    Eu observava a floresta rodeando a praia, esperando ter sinal das torres brilhantes que tinha visto do nosso barco antes da tempestade. Nada. Nós sentamos muito perto da costa, árvores bloqueavam a visão.

    Olhei para Kara. É a cidade onde os mais velhos vivem?

    Ela me olhou. O que são mais velhos?

    Desculpa. Eu não sei as palavras que você usa. Nós estamos buscando os descendentes daqueles que aqui chegaram, os parentes dos mestres do abrigo.

    A garota olhou de boca aberta.

    Aqueles que construíram a cidade, disse.

    Mais conversa das crianças menores, e Kara sibilou para eles se calarem.

    Ouvi a mesma frase como antes: os sonhadores.

    Finalmente Kara voltou para mim. Aqueles que construíram a cidade foram para um lugar mais alto. O mentor pode lhe dizer mais. Vamos levá-lo até ele.

    Tomei um último gole de água doce e me forcei a levantar. Meus músculos gemiam, mas minha mente agitava. Dessais e sintetizadores, mestres da máquina e sonhadores? Temos muito o que aprender.

    As crianças levantaram as sacolas e nos levaram por um caminho lamacento que ficava à beira do penhasco. Trovões da tempestade ainda eram fortes e mandavam um spray de raiva em nosso caminho. Nuvens de gaivotas grasnavam e rodavam, olhando para a captura de peixes.

    Depois de um tempo, deixamos as gaivotas atrás e entramos em uma trilha pela floresta. O cheiro do mar diminuiu com a brisa, passa a receber o cheiro de terra - resina de pinheiro e terra fértil, plantas e animais com pele em vez de escamas. Como é bom deixar o tumultuoso mar atrás, suas águas representavam o último elo de casa.

    A linha de crianças divagava sem falar. O que pensam de nós, estes estranhos que caíram tão sem cerimônia em sua costa?

    Um sussurro nas árvores me distraiu.

    Não longe do início da caminhada, o menino mudo nos espiava entre os galhos. As outras crianças o ignoraram.

    Eu alcançava a Kara. Quem é esse menino, e por que fingir que não está lá?

    Kara encolheu os ombros. Ele é um IB.

    O que é um IB?

    Eles se chamam pessoas da terra, mas nós os chamamos de naturalistas, assim como eles nos chamam technos. As crianças mais jovens preferem IB, diminutivo de ishkabibblers. O mentor nos ensina que seus pensamentos não são nada além de balbuciar. Por isso começamos a chamá-los ishkabibblers.

    Eu olhei para ela, minha mente cansada demais para compreender.

    Sua boca se abriu em um sorriso. Você sabe, o som que você faz ao passar os dedos sobre os lábios enquanto cantarola.

    Ela demonstrou, fazendo o som ridículo, e as outras crianças acompanharam.

    Eu tive que rir, apesar das dores nas pernas, e ela riu comigo. Olhei por cima do ombro, participando do último vislumbre do oceano. Como essa nova terra é diferente do nosso lado do mar.

    Nathaniel sorriu e apertou minha mão, e eu apertei a dele. Então eu olhei atrás dele na floresta, procurando o jovem IB, mas o menino desapareceu, devorado pelas árvores.

    ***

    Seguimos as crianças techno em um caminho íngreme o suficiente para desafiar nossa respiração. Em lugares onde o andar ficou traiçoeiro, com raízes lisas e seixos, um artesão embutiu escadas de pedra para facilitar o caminho. Após muitas semanas no mar, Nathaniel e eu cambaleávamos juntos, agarrados um ao outro para apoio enquanto lutávamos com a sensação de ondulação do terreno.

    Engoli para molhar a garganta. A água que Kara tinha compartilhado tinha sido insuficiente para saciar minha sede, mas meu estômago roncou também. Há quanto tempo eu estava a dormir na areia? Para o oeste, o sol se pôs no horizonte, anunciando a chegada do crepúsculo. Nosso barco tinha batido antes do amanhecer. Um dia inteiro perdido.

    Nossa última semana no mar, tivemos que racionar comida e água. Agora, fome e sede conspiram para confundir minha mente, e o fogo usual nos olhos de Nathaniel tinha diminuído. Forcei-me a acompanhar as crianças, conduzida por uma nova esperança - que a qualquer momento a cidade brilhante que tinha visto do barco aparecesse. Rezei para que não fosse uma ilusão.

    Depois de um tempo, saímos da floresta em uma colina, suas bordas muito perfeitas para serem naturais. A clareira marcou o início de uma estrada pavimentada com a superfície escurecida que eu tinha visto em telas no abrigo. Esta estrada, entretanto, tinha resquícios do clima, deixando buracos e rachaduras. Danos recentes, eu rezei, porque esses descendentes dos mestres nunca tolerariam imperfeições. Então, olhei para cima, e minhas dúvidas evaporaram.

    A cidade brilhante não era uma ilusão, sem truque do escuro ou tempestade. O caminho levava a uma colina enfeitada com feixes de luz para o céu, mais glorioso do que qualquer coisa na cidade dos mestres, mesmo antes de cair em ruína. Estes raios brilharam na noite, trazendo alegria para o céu, a primeira linha o mais alto que podia ver, mas depois o próximo, mais e mais, e depois outro e outro.

    O abrigo abriu meus olhos para o passado, mas meu povo tinha evitado que encontrou, receoso de um regresso à escuridão. Depois de séculos de estagnação, a visão e o senso de aventura estavam entorpecidos. Nós cruzamos o oceano para provar o possível, para mostrar o que uma ousadia do espírito pode atingir. Nós esperávamos descobrir o futuro.

    Agora descobrimos. Encontramos os parentes dos mestres do abrigo. Quão longe essas pessoas avançaram nos últimos milhares de anos? Que maravilhas a esperavam?

    Nathaniel jogou um braço em volta da minha cintura e me puxou. Você também vê isso, não vê? É tudo verdade.

    Abracei-o mais forte enquanto olhava para cima. Seu sonho virou realidade.

    "Nosso sonho."

    A cidade tinha sido cortada em uma rocha que dividia a montanha ao meio. Mais acima, um segundo penhasco, com uma estrutura feita pelo homem talhada. Esforcei-me para distinguir suas feições, mas neblina de uma cachoeira perto escondia suas linhas. Para ser visível de tão longe, o lugar deve ser uma fortaleza para os gigantes.

    Muito acima, um pico coberto de neve dominava a terra, como se lembrar de seus cidadãos que, apesar de sua genialidade, um poder maior governa o mundo.

    Quando nos aproximamos, tive que cobrir os olhos para ver através do brilho. Um portão arqueado na estrada à frente, o único acesso para a cidade ou a montanha. A parede da luz combinava com a rocha para criar uma barreira impossível, aparentemente feito para manter longe o mais poderoso dos inimigos.

    Quando fizemos a última curva, a estrada ficou reta, permitindo-me ver melhor os detalhes. O arco foi feito não de luz como a parede, mas de arenito, com inscrições gravadas em seu topo, imagens desbotadas que pude reconhecer pela minha imaginação - homem e mulher, parecia, segurando pergaminhos e instrumentos nas mãos, com pequenas asas nos ombros. Em ambos os lados da abertura ficou uma estátua de um guerreiro de pedra, quatro vezes a altura de Nathaniel e duas vezes seu tamanho. Cada carregava duas espadas cruzadas sobre o peito blindado e seus olhos brilhavam vermelhos e sem pestanejar.

    Através do arco, fiquei surpresa ao encontrar não uma cidade gloriosa, mas um aglomerado de habitações com folhas de metal e coberto com ardósia. Estas pareciam mais humildes que um sítio da Lagoa Pequena e se amontoavam para preencher cada centímetro. Nem terra ou árvores separavam as habitações; nem jardim ou vaso de flores adicionavam cor ao cinza.

    Atrás das habitações, uma forte estrutura dominava, mais substancial do que as outras. Era uma cúpula que parecia imitar a montanha, um lugar onde o interior poderia encontrar minhas altas expectativas. Mesmo a esta distância, eu senti algo de errado. As paredes de luz queimavam muito intensamente para as habitações dentro, muito magnífico para a cúpula austera. E uma tristeza impregnava o lugar, como se uma tragédia tivesse acontecido e deixado marcas nos ossos da cidade.

    Uma sensação estranha no estômago, diferente de fome. E se esses não fossem os visionários que percorremos todo esse caminho para encontrar?

    Várias penas agitavam o ar como um bando de pardais se assustou e fugiu, uma nuvem escura de mau presságio do céu escuro. Eles piaram e rodaram e voaram em direção a penhascos distante, como se a fortaleza mais alta fosse seu lugar de descanso. Em um instante o céu clareou e tudo estava em silêncio novamente.

    Com os pássaros anunciando a nossa aproximação, as habitações reviveram. Mais crianças techno foram ao portão para nos receber, todos com a mesma caixa preta levada pelos nossos companheiros

    Duas garotas ruivas correram para a frente, uma de oito e outra de dez -, poderiam ser irmãs - que se acotovelam para chegar até nós. Elas arrastavam a bolsa enquanto corriam e tiravam suas caixas. Cada uma tentou apontar o dela, mas o outro continuou afastando.

    Deixe-me, o mais velho disse. O seu está quebrado.

    Você prometeu que fingiríamos, a menina gritou.

    Kara parou entre eles. Comporte-se, Marissa, e você também, Maisha. Lembre-se da regra: aqueles com guloseimas não devem se vangloriar. Haverá um dia para todos.

    O que elas estão fazendo? Eu disse.

    Nosso modo de saudação. Como todas as nossas máquinas desde o dia da ascensão, muitas falharam além da nossa habilidade de reparar. Ela observou o dedo cavando um buraco na areia. Algumas das crianças fingem que trabalham para manter a tradição.

    Mais gente apareceu para nos receber, dezenas deles. A maioria crianças, apareceram, alguns chegando a tocar o nosso vestuário e outros acenando suas caixas pretas. Os mais jovens faziam as perguntas familiares. Quem são esses desconhecidos? De onde eles são?

    E a mesma frase repetida - os sonhadores.

    Desta forma, eles giravam ao nosso redor até que de repente, toda a conversa parou. Tínhamos chegado no arco, a entrada para a cidade.

    Kara entrou na frente e levantou a mão.

    Esperem aqui . Ela gesticulou para as estátuas de pedra com os olhos brilhando. Os guardas não os deixará passar. Não ainda. Eu vou pedir ao mentor para lhe conceder acesso.

    Ela atravessou o arco, escapou entre os casebres, e desapareceu na cúpula.

    Esperamos diante da multidão silenciosa, massageando nossos pés cansados e olhando para os guardas.

    Momentos depois, Kara ressurgiu, sorrindo aliviada. Ela virou-se de lado e nos deixou passar.

    Eu agarrei a mão de Nathaniel, e entramos no novo mundo.

    Então, enquanto passávamos pela entrada da cidade, sob o brilho, a parede de luz brilhou uma última vez, piscou e apagou como se nunca tivesse existido.

    CAPÍTULO 2 – O Mentor

    Depois que a parede de luz apagou, meus olhos passeavam por toda parte tentando se ajustar ao ambiente monótono. Na minha mais jovem inocência, eu tinha ido para a Cidade do Templo esperando por virtude, mas encontrei corrupção. Então eu busquei o abrigo antecipando a magia, mas encontrei conhecimento. Aqui, eu esperava maravilhas, mas encontrei fantasia.

    Este lugar não era como parecia do mar.

    Depois de longas semanas no mar, na esperança de descobrir um futuro melhor, encontrei uma cidade em ruínas. A luz cintilante era nada mais que uma máscara, mas o que se escondia por trás?

    Voltei-me para Kara. A parede? O que aconteceu?

    Ela encolheu os ombros. As luzes ficavam o tempo todo quando eu era mais jovem. Agora que o mentor está sozinho, ele raciona o poder de sua mente, mostrando a cidade apenas quando necessário. Desta forma, poupa força para os dessais, sintetizadores e outras máquinas.

    Não, ainda não em ruínas. Não como a cidade abandonada dos mestres. As pessoas ainda moravam aqui, mas o lugar cheirava a decadência.

    Olhei para a parte inferior do arco e respirei fundo. Bem, acho que o abrigo não era o que esperávamos.

    A boca do Nathaniel se torceu em um sorriso sarcástico. E não temos mais para onde ir.

    Eu segurei sua mão e passamos pelo portão, prontos para qualquer julgamento que pudesse aparecer, como estivemos desde a infância.

    Sem as luzes cintilantes, a cidade estava vazia. Um amontoado de casebres alinhados em uma rua estreita, com pouco espaço exceto onde um prédio tinha caído. Em janelas havia um material nublado, sem cortinas ou flores em suas laterais. Tinha o olhar de uma vila deserta recentemente devastada por uma tempestade. Mais algumas estruturas impressionantes ainda se erguiam sobre o resto, mas mesmo esses eram remanescentes de seu antigo, com tetos rachados e superfícies com buracos onde material tinha sido colocado para reparos.

    Curiosamente, uma série de máquinas como insetos na altura dos ombros, passeavam, carregavam uma série de pinças e brilhando um feixe de solda quente ao remendar as paredes do abrigo.

    Um caminho bem batido levava a maior estrutura, uma praça pública. Uma brisa artificial saía de sua entrada, afastando o frio da noite. Coroada com uma cúpula de mármore, um grande corredor esperava lá dentro, um vestígio de glória anterior. Na sua retaguarda, gêmeos das duas estátuas de pedra guardada um segundo arco para um túnel na montanha, fazendo da construção uma estação na estrada.

    Quem tem acesso por lá? Sussurrei para Kara enquanto entrávamos."

    Ninguém a não ser o mentor.

    Dentro, a cúpula estava envolta em seu crepúsculo. Uma pirâmide de janelas ovais na parede de trás, fornecia a vista da fortaleza lá em cima, mas agora na montanha de sombra, elas produziam pouca

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