O preço do passado
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About this ebook
Nikolai Eristov regia-se por uma regra: nunca olhava para trás. O enigmático magnata tinha enterrado profundamente o seu passado e não estava disposto a que chegasse à superfície. Até que um dia, num casamento, conheceu Rachel Cary, uma elegante bailarina de balé... e vislumbrou que, por trás do seu sorriso estudado e da sua sensualidade inata, havia uma mulher que fugia de umas sombras tão obscuras como as dele.
Depois de uma noite ardente com Rachel, Nikolai prometeu-lhe duas semanas de prazer sublime. No entanto, aquele multimilionário selvagem tinha mentido pela primeira vez na sua vida. Duas semanas não bastavam, nem pouco mais ou menos!
Carol Marinelli
Carol Marinelli recently filled in a form asking for her job title. Thrilled to be able to put down her answer, she put writer. Then it asked what Carol did for relaxation and she put down the truth – writing. The third question asked for her hobbies. Well, not wanting to look obsessed she crossed the fingers on her hand and answered swimming but, given that the chlorine in the pool does terrible things to her highlights – I’m sure you can guess the real answer.
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Book preview
O preço do passado - Carol Marinelli
Editado por Harlequin Ibérica.
Uma divisão de HarperCollins Ibérica, S.A.
Núñez de Balboa, 56
28001 Madrid
© 2016 Carol Marinelli
© 2017 Harlequin Ibérica, uma divisão de HarperCollins Ibérica, S.A.
O preço do passado, n.º 72 - dezembro 2017
Título original: Billionaire Without a Past
Publicado originalmente por Mills & Boon®, Ltd., Londres.
Reservados todos os direitos de acordo com a legislação em vigor, incluindo os de reprodução, total ou parcial.
Esta edição foi publicada com a autorização de Harlequin Books S.A.
Esta é uma obra de ficção. Nomes, carateres, lugares e situações são produto da imaginação do autor ou são utilizados ficticiamente, e qualquer semelhança com pessoas, vivas ou mortas, estabelecimentos de negócios (comerciais), feitos ou situações são pura coincidência.
® Harlequin, Sabrina e logótipo Harlequin são marcas registadas propriedades de Harlequin Enterprises Limited.
® e ™ são marcas registadas por Harlequin Enterprises Limited e suas filiais, utilizadas com licença.
As marcas em que aparece ® estão registadas na Oficina Española de Patentes y Marcas e noutros países.
Imagem de portada utilizada com a permissão de Harlequin Enterprises Limited.
Todos os direitos estão reservados.
I.S.B.N.: 978-84-9170-661-8
Conversão ebook: MT Color & Diseño, S.L.
Sumário
Página de título
Créditos
Sumário
Prólogo
Capítulo 1
Capítulo 2
Capítulo 3
Capítulo 4
Capítulo 5
Capítulo 6
Capítulo 7
Capítulo 8
Capítulo 9
Capítulo 10
Capítulo 11
Capítulo 12
Capítulo 13
Capítulo 14
Epílogo
Se gostou deste livro…
Prólogo
Nikolai Eristov aguentara um passado complicado, ou melhor dizendo, tivera a certeza de que aguentara. Naquela manhã, no entanto, não bebeu a chávena do seu chá favorito depois de o mordomo lha servir, pois não sabia se conseguiria impedir a mão de tremer e decidira há muito tempo que não permitiria que outra pessoa vislumbrasse a sua fraqueza. Fora assim que conseguira sobreviver.
Uma vez servido o pequeno-almoço, o mordomo virou-se para sair do quarto principal do iate de luxo, mas Nikolai chamou-o para que voltasse.
– Preciso que me faça uma coisa esta manhã.
– Naturalmente.
– Preciso de um fato novo.
– Savile Row e Jermyn Street estão…
– Não.
O mordomo não entendera. Não queria que um dos alfaiates mais exclusivos de Londres fosse ao barco e ele também não queria ir vê-lo.
– Quero que vá a uma loja e me compre um fato. Sabe as minhas medidas.
– Sim, mas…
Nikolai abanou a cabeça com uma certa impaciência. Não tinha de explicar ao seu mordomo o que estava a pensar.
– Quero que compre um fato cinzento-escuro, uma camisa e uma gravata que possa usar num casamento religioso. Ah, também precisarei de uns sapatos.
– Quer que lhe compre roupa prêt-à-porter? – perguntou o mordomo, para ter a certeza.
Fazia bem em perguntar, pois Nikolai era alto, de costas largas e vestia-se com o máximo esmero. A roupa que usava era dos estilistas mais exclusivos, que estavam desejosos de o ver com a sua roupa, para o caso de ser fotografado com um dos seus modelos. Porque o mandava a uma loja quando o seu roupeiro estava cheio do melhor e mais exclusivo?
– Sim – confirmou Nikolai. – Além disso, preciso que vá depressa. O casamento é às duas.
Então, disse-lhe o preço aproximado e viu que o mordomo, que costumava ser imperturbável, pestanejava. Ao fim e ao cabo, a garrafa de champanhe que retirara, vazia, da mesa de cabeceira naquela manhã, custara muito pouco menos do que a quantia que referira. Além disso, Nikolai gastava milhares de libras em champanhe e, para ele, era um orçamento insignificante.
– Não me tinha apercebido de que já tinha chegado esse momento e tão cedo!
O mordomo fez uma pequena piada e, como era primavera, Nikolai sorriu ligeiramente.
Todos os anos, durante alguns meses, Nikolai abandonava a sua vida luxuosa a bordo de um iate de luxo e entrava num barco para trabalhar no Atlântico. Voltara há pouco tempo. Lá, usava roupas grossas e um gorro de pele. Durante o resto do tempo, dava bom uso ao seu dinheiro. Era rico, triunfara em muitas iniciativas e tivera a certeza de que os fantasmas do passado estavam enterrados há muito tempo. Ninguém poderia ter adivinhado as suas origens miseráveis nem o medo e a vergonha que o mantinham acordado à noite num charco de suor frio.
– Tenho de comprar um presente de casamento? – perguntou o mordomo.
– Não.
Nikolai não pegou na chávena de chá até o mordomo, bastante perturbado, se ir embora para levar as suas instruções a cabo. Fizera bem em esperar que se fosse embora porque, efetivamente, a mão tremeu enquanto pensava em como enfrentar aquele dia complicado que o fazia pensar em como a vida fora difícil.
Nesse momento, a sua vida era agradável e lutara muito para que fosse assim. Lutara contra as adversidades e resistira a ser mais um dado nas estatísticas. Em vez de ter permitido que o seu abusador o devastasse, lutara não só para sobreviver, mas para prosperar. Em vez de se ter perdido na bebida ou nas drogas para mitigar a dor do passado, enfrentara-a. Lutara contra ela.
Naquele momento, tinha uma frota de iate de luxo, era convidado para todos os acontecimentos mais exclusivos e uma festa no seu iate era o acontecimento mais desejado.
Tinha tudo graças a Yuri, que fora o seu mentor e o seu salvador. Precisava muito do seu conselho nesse momento… Yuri fora a única pessoa que conhecera o seu passado.
– Beris druzhno ne budet gruzno – dissera Yuri.
Era um ditado russo que queria dizer que, se partilhasse um fardo, pesava menos. Ele só lhe dissera a verdade para que não avisasse as autoridades, que o teriam devolvido ao detsky dom, o orfanato de onde fugira, e Yuri tivera razão, sentira-se mais leve ao partilhar o fardo.
No entanto, Yuri não estava ali e ele tivera de encontrar a melhor maneira de enfrentar aquele dia. Queria ver o casamento do amigo, mas não queria que o vissem. Se Sev o visse, perguntar-lhe-ia porque fugira sem lhe dizer nada e não queria falar disso. Decidira que o seu passado não podia manchar o seu presente. Iria ao casamento sem ninguém reparar nele e ir-se-ia embora como chegara. Não tinha nada a dizer e não tinha de revelar nenhum segredo.
Sentiu uma certa pressão no peito quando quase pôde ouvir Yuri a argumentar a sua maneira de enfrentar o assunto. Yuri diria que, se se escondesse, se ficasse no fundo da igreja, estaria a seguir o caminho mais fácil e isso era impróprio dele.
Levantou-se, atravessou a suíte e olhou para Canary Wharf, onde atracara na noite anterior. O vidro impedia que vissem o que se passava lá dentro, uma medida necessária, pois a imprensa adoraria conseguir imagens dos ricos e famosos e de tudo o que se passava dentro do seu iate. Olhou para as famílias e casais que tiravam fotografias da atração que era a sua casa. Estava habituado. O seu iate chamava-se Svoboda, «liberdade» em russo, e atraía multidões onde quer que atracasse, sobretudo, quando o seu carro estava lá dentro. A imagem da rampa a abrir-se e dele a sair enquanto o conduzia era impressionante. O habitual era que estivesse atracado num ambiente mais deslumbrante, como o sul de França e o Golfo Pérsico. Fora para ali, navegando pelo Golfo de Aqaba, quando soubera do casamento de Sev e Naomi. Estava na cama, não conseguia dormir e pensara em acordar a loira que tinha ao lado como costumava fazer, mas, em vez disso, levantara-se, fora para a coberta e abrira o computador portátil à luz das estrelas. Como fazia muitas vezes, rebuscara notícias sobre os amigos do detsky dom e lera a última notícia sobre Sev.
O Sevastyan Derzhavin, o perito em segurança cibernética, com residência em Nova Iorque, foi visto em Londres com um olho arroxeado e um corte bastante considerável. Estava acompanhado por Naomi Johnson, a secretária, que tinha um anel de noivado com um diamante preto enorme.
A fotografia que ilustrava a notícia mostrava Sev e Naomi, que andavam de mão dada pela rua. Apesar do aspeto da sua cara, Sev parecia feliz… E merecia ser. Quando eram crianças, Sev fora o mais parecido com um familiar que tivera.
No orfanato, tinham sido quatro rapazes morenos, de pele branca e olhos cinzentos que tinham desafiado os empregados. Tinham nascido sem nenhuma esperança, mas todos tinham tido sonhos. Ao princípio, tinham sonhado com ser escolhidos por uma família. No entanto, nunca os tinham escolhido e tinham-lhes explicado com toda a crueldade porquê. A pele branca, que não ficava cor-de-rosa, e o cabelo moreno significavam que era muito mais difícil adotá-los do que se fossem loiros com os olhos azuis.
Mesmo assim, tinham sonhado.
Daniil e Roman, os gémeos, tinham a certeza de que seriam pugilistas famosos. Sev era inteligente e chegaria longe e ele, embora não soubessem quem eram os pais, tinha a certeza de que o pai fora marinheiro. O seu amor pelo mar brotara nele muito antes de o ver.
No entanto, os sonhos tinham morrido depressa no detsky dom.
Daniil fora escolhido quando tinha doze anos e fora-se embora com uma família inglesa. Roman, o irmão gémeo idêntico, tornara-se ainda mais indisciplinado e tinham-no levado para a ala de segurança.
Aos catorze anos, Sev começara a destacar-se e tinham-no levado para uma turma diferente com a esperança de que conseguisse uma bolsa para uma escola de prestígio. Sev e ele ainda apanhavam o mesmo autocarro e dormiam no mesmo quarto, mas ele, sem o amigo, começara a tirar piores notas e um professor que ele detestava começara a aproximar-se.
– Nikolai, porque começaste a tirar piores notas?
Ele encolhera os ombros. Não gostava daquele professor que o retinha sempre, o que significava que perdia o autocarro e tinha de voltar a pé.
– O Sev ajudava-te? – perguntara o professor.
– Nyet! – Abanara a cabeça. – Posso ir? Se não, perderei o autocarro.
Estava frio e nevava e o seu casaco não era bom.
– Temos de falar – declarara o professor. – A candidatura do teu amigo para uma bolsa ficaria prejudicada se tivesse de escrever que te ajudou a copiar.
– Não o fez.
O professor tirou o impresso de um exame de matemática que ele fizera há alguns meses e pediu-lhe que escrevesse as respostas.
– Conseguiste fazê-lo há dois meses, porque não consegues fazê-lo agora?
– Não sei.
– Podias prejudicar muito o teu amigo…
Ele olhara para os números e rezara para encontrar uma resposta. Naturalmente, Sev ajudara-o, mas não lhes parecera um problema, era apenas um amigo que ajudava o outro. No entanto, naquele momento, podia ser um problema.
– O Sevastyan fazia-te os exercícios? – perguntara o professor, levantando uma mão.
Ele pensara que ia dar-lhe um soco na cabeça, mas pusera-lhe a mão no ombro.
– Nyet – insistira, tentando afastar a mão do ombro sem conseguir.
– Vá lá, Nikolai – insistira o professor, sentando-se numa cadeira ao seu lado. – Como posso ajudar-vos se não me disseres a verdade?
– Ele não me fez os exercícios.
– Então, devias conseguir fazê-los.
No entanto, não conseguia. Então, ouviu uma buzinadela do autocarro e soube que estava a ir-se embora.
– Eu levo-te de carro – oferecera-se o professor, embora ele preferisse ir a pé. – Quanto ao Sevastyan e à ajuda dele…
– Não copiávamos – repetira ele, para que o amigo não perdesse a bolsa. – O Sev só me ensinou…
– Não faz mal – interrompera o professor, com delicadeza, e embora não tivesse entendido aquele tom, o coração acelerara de medo. – Pode ficar entre nós, ninguém tem de se envolver.
Olhara fixamente para as contas e, então, sentira uma mão na coxa.
– Pois não…? – perguntara o professor.
Ele não respondera.
O mordomo voltou pontualmente e conseguiu não arquear uma sobrancelha quando viu a mesa que Nikolai derrubara ao recordar o que acontecera há tanto tempo. O mordomo limitou-se a dar-lhe a roupa que comprara e engomara.
Foi tomar banho e decidiu não se barbear. Vestiu a camisa branca e pôs a gravata cinzenta que