Não me esqueças
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São sentimentos saídos da alma, em momentos de alegria e tristeza, de esperança e descrença, que dão voz aos versos, de leitura harmoniosa, contendo vivências do dia a dia, num contexto impregnado de romantismo.
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Book preview
Não me esqueças - Maria de Lourdes Oliva
2014
Prefácio
Contei à minha neta, quando iniciou o estudo do inglês, o que sabia sobre uma flor, pequenina como ela, e que, como ela, inspirava amor.
Os, miosótis, são tufos azuis, de florinhas frágeis e mimosas, que hoje em dia, não é fácil encontrar, em nenhum lugar.
Mas eu vi-as…e guardei no coração, o seu significado: Não me esqueças!
(Forget me not)
E, todos os dias, ao despedir-me dela, digo ainda: - Forget me not !
E ela responde, com uma voz doce de criança, que tem o condão, de confortar o meu coração: - Nunca te vou esquecer vovó!
Este livro contém memórias de uma vida autêntica.
Contém a singeleza e transparência da verdade, na totalidade dos versos…
Há sentimentos submersos nas palavras…
Quero salientar com um realce especial, o meu agradecimento à minha filha Bé.
Sem ela, não teria sido possível a concretização, do que é agora, para mim, uma realização
.
Outono da vida
9 novembro 2013
Brilha o sol,
Num convite.
Dá ao céu,
Uma luz envolvente,
Suavemente.
Fica tudo mais sombrio
Mais frio…
É assim, também,
O outono da vida!
Há menos brilho, na luz,
Que vai ficando esvaída.
Mais brilhante,
Por um instante fugaz…
Uma lembrança…
Uma ilusão tardia…
Um abraço, uma alegria,
Momentâneas,
Uma esperança fugidia.
Mas sabe-se,
Que tudo é efémero
E se perde.
Essa certeza
Está gravada
Na natureza.
Este Natal
Está sombrio o dia
Tal como previa.
Agora será sempre assim,
Para a estação que se avizinha.
Está próximo o Natal!
Tudo regurgita
Num festival de cores
E enfeites luminosos,
Presentes radiosos de graça,
Presépios de vários tamanhos
E materiais diversos.
Mas, parece menos opulento,
O que dantes, era
Prodigamente apresentado,
Num convite,
Dificilmente ignorado.
Parece mais triste este Natal
Há qualquer coisa nele diferente…
Do que era habitual.
Que saudades, daqueles
Tempos intemporais,
Guardados na memória,
E que nunca mais,
Serão iguais…
Os tempos passaram,
Banalizou-se a história…
Aviltaram-se os sentimentos,
Que enalteciam a memória.
Já não há a magia
Brilhante e alienante,
Que tornava crianças,
Todos os que, de coração puro,
Viviam a alegria,
De loucas esperanças.
E havia felicidade
Verdadeira,
Naquela semiverdade
Feiticeira…
Maré
11 novembro 2013
O barco cada vez mais frágil
Luta contra ondas gigantes
De desespero e certezas alienantes.
Ao longe, vejo
Esfrangalharem-se as velas,
Ao sopro dos ventos
E intempéries,
Difíceis de enfrentar
Ou pelo menos controlar…
São ventos diversos
Que sopram dispersos
Contorcem e retorcem,
Levam aspirações,
Profanam ilusões,
Tiram fulgor ao amor…
Escurecem de dor
Todos os meus versos.
Quem os ler,
Não irá compreender.
Quem pode entender,
A inconfundível voz da alma
Que é inaudível?
Expressa-se por lágrimas límpidas
Que, correm naturalmente,
Silenciosas…
Como desabrochar de rosas,
Ou por silêncios,
De interpretações várias,
Conforme as emoções
De quem observa,
Quase sempre maliciosas.
O azul dos teus olhos
16 novembro 2013
Um dia,
Com a minha fantasia,
Escrevi o teu nome
No céu azul…
Depois, pintei lá
A tua imagem.
E os olhos azuis,
Davam ao céu,
Um azul mais azul,
Envolto na ternura
Daquela pintura,
Feita, apenas,
Com o amor
E toda a candura,
Dos verdes anos
Que, nessa altura,
Usufruías.
Reviver
É bom reviver
As lembranças
De outrora.
A ingenuidade
Que, fazia acreditar
Na felicidade,
Houvesse, o que houvesse.
Nesse tempo,
Todos os males
Eram passageiros.
Diluíam-se como
Por encanto, num
Esquecimento ligeiro…
Não deixavam
Marcas nem pesares.
O amor era sempre,
O remédio.
Não havia,
Nem desesperança,
Nem tédio!
Vestia-se de luz
A paisagem…
Era bem-vinda
A fresca aragem
Nos dias quentes,
Que amenizava
O calor tropical
E a saudade,
Dos queridos ausentes.
E tu eras o sol,
Com a doçura,
Do teu olhar azul.
O teu sorriso,
Era transmissor,
De paz e segurança.
E irradiava amor…
Amor seguro,
Que me fazia,
Continuar criança.
Um Natal
2 dezembro 2013
Já há ambiente natalício…
Já se sente no ar,
E em cada olhar,
Aquele brilho que torna diferente
Tudo o que se vê,
O que se deseja,
E até o que se sente.
Fica-se a olhar,
Para o brilho exuberante,
Das mil luzes,
Que profusamente,
Piscam em todo o lado,
Em cada montra,
Em cada casa,
Em cada espaço,
Onde nos acolhem,
Como num abraço.
Olho para a árvore,
Mesmo aqui na minha frente
Com os enfeites de sempre,
E, que, em cada ano,
Parecem novos,
Com a mesma surpresa,
Impressa em cada um.
Aqueles anjos…
Lembro-me de os adquirir
Naquela loja, que já não existe…
E…aquelas estrelas…
Há quanto tempo!
A gambiarra, parece ter sido adquirida
Agora, precisamente…
Não as há já,
Como antigamente.
E as bolas douradas e brancas
E uma maçã que parece
Feita de neve.
E vêm-me à lembrança
Muitos outros enfeites,
Que se partiram,
Ao longo dos vários Natais.
E agora, veio-me à memória
Aquela árvore mais pobre,
Menos artística, menos artificial,
Mais simples, que encontrei
Ao chegar do hospital,
Com um bebé nos braços,
A minha filhinha, Bé.
Uma bonequinha
Linda, como presente,
Daquele Natal distante.
E a outra bonequinha
De dois anos,
Toda azafamada,
Com a empregada,
A prepararem, ambas,
A consoada festiva,
Daquele ano abençoado,
Em que tudo para mim
Era ainda, uma realidade,
Mais sonhada, do que vivida.
E eu não sentia senão,
A magia do apelo da vida,
Num dia a dia,
Em que a esperança,
Era uma companhia
Tão natural, que,
Nem me apercebia,
Que esses momentos,
Podiam deteriorar-se
Um dia…
As meninas cresceram.
Já nada é igual,
Nem a terra
Onde