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Saga 8 dias em Roma - "Caprichos do destino"
Saga 8 dias em Roma - "Caprichos do destino"
Saga 8 dias em Roma - "Caprichos do destino"
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Saga 8 dias em Roma - "Caprichos do destino"

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About this ebook

SINOPSE: Um homem sofisticado e culto, de posição invejável. Imerso na nata da alta sociedade romana e com um futuro mais que promissor, vive atormentado pelos erros do passado, em contínua busca de um ideal inalcançável.

Uma mulher aparentemente simples, de enorme sensibilidade e com um dom especial para a arte, vive insatisfeita com seu tranquilo e rotineiro estilo de vida provinciano.

Ambos unirão seus destinos num encontro fortuito, protagonizando um incomum e apaixonado romance que mudará suas vidas por completo, conduzindo-os a limites inimagináveis e inesperados.

Tudo isso com a milenar cidade de Roma como plano de fundo, contribuindo com sua beleza e esplendor ao desenvolvimento de um vibrante e intenso amor, onde os protagonistas são manipulados por meio de invisíveis fios e anônimas vontades, sem que eles sejam donos de seu próprio destino.

LanguagePortuguês
PublisherBadPress
Release dateFeb 20, 2018
ISBN9781547518630
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    Saga 8 dias em Roma - "Caprichos do destino" - Carmen Torrico

    Saga 8 dias em Roma - Caprichos do destino

    Carmen Torrico

    ––––––––

    Traduzido porÁlvaro Tavares de Oliveira 

    Saga 8 dias em Roma - Caprichos do destino

    Escrito porCarmen Torrico

    Copyright © 2018Carmen Torrico

    Todos os direitos reservados

    Distribuído por Babelcube, Inc.

    www.babelcube.com

    Traduzido porÁlvaro Tavares de Oliveira

    Babelcube Books e Babelcube são marcas comerciais da Babelcube Inc.

    Carmen Torrico

    8 dias em

    Roma

    Caprichos do destino

    Estilo: Ficção contemporânea

    Título original: 8 días en RomaCaprichos del destino

    Autor: Carmen Torrico

    cartorryautor@gmail.com

    Traductor:Álvaro Tavares de Oliveira

    Copyright © 2016, Carmen Torrico

    Todos os direitos reservados

    All rights reserved

    Índice

    DIA 1

    A viagem

    DIA 2

    La Città del Vaticano

    La Piazza e la Basilica di San Pietro

    DIA 3

    Tour por Roma

    Il Colosseo

    L'Arco di Trionfo di Costantino

    Il Trastevere

    La Fontana di Trevi

    Piazza Navona

    DIA 4

    Il Pantheon di Agrippa

    Il Palatino e I Fori Imperiali

    Le Catacombe di San Callisto

    DIA 5

    Os preparativos

    La Traviata

    DIA 6

    Villa Adriana

    Villa d'Este

    Tivoli

    Piazza di Spagna

    DIA 7

    San Pietro in Vincoli

    Bocca della Verità

    Basilica di San Paolo fuori le Mura

    La Terrazza dell' Eden

    Castel Sant'Angelo

    DIA 8

    O retorno

    Desespero

    EPÍLOGO

    Solidão

    DIA 1

    A viagem

    ―Falta uma hora, vão fechar o portão de embarque.

    Rosana observava com um olhar distraído através da janela do Audi A5 que a conduzia a grande velocidade, ao longo da rodovia, até o aeroporto de Santiago de Compostela. Estava nervosa e contrariada. Não podia dissimular sua raiva.

    ―Sinto muito pelo atraso. Acredite! ―se desculpou seu acompanhante―. Pensei que a reunião duraria menos. O pior de tudo é que depois de duas longas horas de discussão não fomos capazes de encontrar uma solução satisfatória para ninguém. Além de me fazer trabalhar no domingo, nenhum dos ali reunidos apresentou uma só ideia válida, ou ao menos razoável, sobre a mesa. Estou farto do tema, amanhã mesmo o resolvo com o empresário em questão e nos esquecemos dele. Este assunto só me deu problemas e dores de cabeça desde que começou.

    Conforme falava não parava de olhar pelo espelho retrovisor.

    ―Mas o que faz esse animal? ―exclamou―. Não se dá conta de que não se pode adiantar neste troço? Está completamente louco!

    Deixe estar! ―pediu Rosana―. Prefiro chegar tarde a não chegar nunca. ―Voltou a olhar o relógio do painel sem deixar de agitar-se nervosa no assento.

    Ele observou este gesto de impaciência e tratou de acalmá-la.

    ―Se acalme, mulher! Vamos chegar a tempo. Faltam apenas dez quilômetros e a pista está livre.

    ―Yago, já te disse ontem que não era necessário que me acompanhasse ao aeroporto. Eu poderia vir de táxi, já tinha planejado tudo. Não precisava se incomodar.

    ―Graciela não podia vir. Como você sabe, não vou permitir que você saia em uma viagem sem se despedir de uma cara amiga. Não foi incômodo nenhum te acompanhar. De verdade!

    Ela sorriu. Sabia que era verdade. Yago nunca teria permitido deixá-la só. Era seu melhor amigo! Apesar disso, não podia evitar sentir-se contrariada pelo atraso.

    ―Vai me mandar um whatsapp quando aterrissar, né? ―perguntou o homem, com intenção de distraí-la.

    ―Sabe que sim. Colocarei você no grupo, mas lembre-se que estou no exterior, não vou gastar todo meu roaming em um dia; escreverei desde o hotel, com conexão Wi-Fi. ―Retirou da testa uma mecha de cabelo rebelde.

    Tinha a vista fixa na pista, com esperança de avistar o desvio que conduzia ao aeroporto de Lavacolla.

    ―Olhe ―exclamou aliviada―, já estamos chegando!

    Cinco minutos mais tarde, paravam junto à porta de saída do aeroporto. Ele continuou no volante enquanto ela descia:

    ―Entre enquanto estaciono o carro. Nos vemos lá dentro.

    ―De acordo! ―Pegou a bolsa e correu até o terminal.

    ―Rosana! ―chamou o amigo através da janela aberta―. ―Não esqueceu de algo?

    Ela parou e começou a rir.

    ―Que estúpida eu sou! A mala!

    Ele abriu o porta-malas.

    ―Vamos, vai logo ou vai perder o voo!

    Arrastou o pesado equipamento e entrou pela porta automática, dirigindo-se com velocidade à sala de controle. Mal havia tráfego de passageiros naquele momento, o que a tranquilizou um pouco. Enquanto recolhia da esteira seus pertences, ouviu como a chamavam aos gritos. Virou a cabeça e viu Yago, do outro lado da barreira, que a saudava com um amplo sorriso enquanto agitava a mão em sinal de despedida e lhe desejava uma boa viagem. Devolveu a saudação e se afastou nervosa através de salas e corredores, em direção do terminal de saída. Ao chegar, temeu o pior ao ver a porta vazia. Foi direto à aeromoça que se encontrava no mostrador e perguntou com voz entrecortada:

    ―Por favor, senhorita, o voo pra Roma das 17:35? ―Mal lhe sobrava fôlego por causa de sua corrida.

    ―Está a ponto de sair. Todos os passageiros já embarcaram. Você é...?

    ―Rosana Figueras Otero.

    ―Nós te chamamos várias vezes.

    ―Sinto muito! Foi o trânsito ―mentiu―. Achei que não chegaria.

    ―Por pouco! ―sorriu a aeromoça―. Mostre-me seu bilhete e a identidade, por favor.

    Rosana entregou a documentação requerida e tentou se recompor da corrida precipitada pelas vastas salas do aeroporto.

    ―Pode subir a bordo, senhorita Figueras. A mala será acomodada no compartimento de bagagem. Boa viagem!

    ―Muito obrigada!

    Caminhou, ou melhor, correu pelo túnel que desemboca direto na porta do avião.

    ―Boa tarde! A documentação, Por favor!

    ―Aqui está. ―Mostrou de novo o documento ao auxiliar de voo.

    ―Assento 19 A. Apresse-se. Vamos decolar!

    ―Obrigada!

    Tomou assento e afivelou o cinto, justo no momento em que o avião iniciava seu passeio pelas pistas de decolagem.

    Por fim havia conseguido! Voava em caminho a Roma! As ansiadas férias começavam neste mesmo instante. Precisava saborear aquele doce momento.

    Acomodou o corpo o melhor que pôde no estreito assento. Conforme olhava pela janela, veio à sua mente a imagem do amigo que a saudava desde longe, durante sua veloz passagem pelos controles. Depois de acompanhá-la até ali e suportar seu nervosismo e mau humor durante a viagem, não pôde dar-lhe um abraço de despedida. Sentia-se mal por isso. Yago era seu amigo há anos, sempre estava lá quando precisava. Certo que, às vezes, pecava por excesso de protecionismo, mas sabia que era fruto da grande amizade e do carinho que os unia.

    Notou uma virada no estômago no momento em que o avião abandonou a pista e começou o voo através das rotas comerciais do espaço aéreo.

    Abriu a bolsa e guardou com cuidado o bilhete de avião e a documentação. Repassou o interior, certificando-se de que não faltava nada. Levava o necessário para a viagem (carteira, telefone, chaves, documentação, lenços, pente, brilho labial...); o resto, tanto documentos como cosméticos e utensílios mais pessoais, viajavam junto de sua roupa, no interior da mala.

    Mais tranquila, comprovou que o telefone estava em modo avião e fechou os olhos. Tentava relaxar a tensão suportada desde que o importuno alarme do celular a despertou na primeira hora da manhã.

    ...

    Tudo havia sido pressa e nervos desde esse momento. O precipitado banho, o modesto café da manhã, o telefone que não deixava de tocar, os últimos preparativos junto do temor de esquecer algo importante... Quando acreditava estar pronta para começar a viagem, de caminho ao aeroporto, a chamada de Yago que anunciava seu atraso. Isto terminou de alterá-la. Tinha planejado chegar com antecedência em Lavacolla, pensava em comer tranquila enquanto esperava a hora de saída do voo. Sempre odiou chegar tarde!

    Pôs a jaqueta, recolheu a bolsa e a mala, apagou as luzes da sala e fechou a porta do piso com chave. Preferia esperar o amigo no portão e assim ganhar tempo. Não transcorreram trinta minutos desde a chamada, quando viu aparecer o carro pelo extremo da Plaza Barcelos. Colocou o equipamento no porta-malas e partiram de imediato.

    ...

    Respirou fundo. Tudo isso ficou para trás, agora só queria pensar naquela fabulosa viagem. Levava anos desejando realizá-la. Havia visitado outros lugares (Paris, Londres, Lisboa, Marraquexe...), conhecia a maioria das cidades espanholas, ao menos as principais, assim como algumas insulares; mas sempre havia sonhado em viajar a Roma. Não entendia por que não o havia feito até então, mas assim era. Cada vez que programava a viagem, surgia algum impedimento de maior ou menor importância que estragava tudo, às vezes por trabalho, outras por enfermidade, inclusive algumas complicações e problemas familiares. Sempre!... Até agora. Por isso sua euforia e nervosismo. Começava a viver um sonho há muito tempo desejado.

    Olhou de novo pela janela do avião, só conseguiu ver massas de nuvens compactas que impediam a visão aérea dos lugares que sobrevoavam.

    O relógio marcava as 18:02.

    Está quase ―pensou―. Até as 19:30 os garotos não se reuniriam no café de Víctor.

    Costumavam fazê-lo em plena Praza da Leña, lugar de reunião da habitual roda de amigos. Estava certa de ser o assunto da conversa esta tarde, por causa daquela viagem. Pareceu escutar Jaime que comentava com jocosidade:

    Anna ―assim a chamavam seus amigos― é a mais espevitada de todos nós. Ela sim que sabe viver a vida! Certeza de que agora mesmo está ficando com algum cara bonitão".

    Ele era assim, extrovertido e espontâneo, com mais coração que cérebro. O resto dos camaradas o mandariam se calar entre vaias, zombarias e risos, ao mesmo tempo em que brindavam pelo êxito da viagem. Formavam um grande grupo. Estava orgulhosa de seus amigos, poderia se dizer que eram o mais próximo a uma família. Cada um com diferente personalidade, com suas virtudes e defeitos, suas grandezas e pequenezas, mas todos unidos em peso para ajudar os demais se aparecia a ocasião.

    Sorriu com estes pensamentos. A verdade era que podia ter feito a viagem com qualquer um deles. O primeiro que quis acompanhá-la foi Yago, imediatamente se juntaram à ideia Isabel, Jorge e, por último, Graciela. Jaime recusou, alegando que a Itália era um conjunto de pedras velhas e desgastadas, explicou como seus gostos de viagem apontavam para cidades mais cosmopolitas e modernas, tipo Nova Iorque. Esse dia quase o lincharam.

    Foi muito trabalhoso para ela convencê-los a lhe permitir ir só. Não podia explicar o porquê, mas não queria companhia nesta viagem. Desejava conhecer a cidade a seu ritmo, sem distrações, atrasos nem queixas ou interrupções de terceiros. Visitar os lugares escolhidos em cada momento e parar para examinar as obras de arte sem pressa, em uma tentativa de averiguar a mensagem de seu criador enquanto desfrutava da beleza de cada uma delas. De fato, não tinha planejado contratar nenhum guia. Graças à sua profissão, tinha possibilidade de acessar inúmeras informações sobre arte, tanto em papel como digital, livros, revistas e artigos. Levava a memória do telefone repleta de informes e dados dos lugares mais emblemáticos e as peças mais representativas custodiadas na Cidade Eterna. Isto, somado aos seus estudos de História da Arte, lhe dava mais confiança e credibilidade que a verborreia de muitos guias turísticos, cuja informação não deixa de ser uma confusa mescla de dados errôneos, salpicados de anedotas de procedência duvidosa.

    Surpreendeu-lhe ouvir pelo alto-falante que voltassem a afivelar os cintos, pois faltavam poucos minutos para pousar.

    Não é possível que estamos chegando! ―pensou―. Só se passou o tempo de um suspiro.

    Logo após aterrissar, conectou o telefone e aproveitou, antes de sair do avião, para mandar uma mensagem aos amigos.

    Cinco minutos mais tarde, pisava em solo italiano. O sol enviava seus raios e envolvia o ambiente com um calorzinho moderado. Lembrou-se do céu que havia deixado em Santiago, coberto de nuvens, cinza e tristonho.

    Sem se separar da mala, atravessou as enormes salas do aeroporto de Fiumicino até chegar na parada de táxis. Não necessitava tirar senha alguma, viu como se aproximava um homem com assombrosa rapidez e ar solícito.

    Taxi, signorina?[1] ―perguntou com estudada amabilidade.

    ―Obrigada! ―respondeu ao entregar a mala ao taxista que a colocou no porta-malas.

    Dove andiamo?[2]

    Não entendia italiano, mas supôs que perguntava o endereço do hotel.

    ―Hotel Cosmopolita. Via de Santa Eufemia, 5. Por favor!

    Bene[3].

    O carro arrancou veloz, conduzindo-a por lugares desconhecidos até o momento. Não podia deixar de pensar que, enfim, se encontrava em Roma! Era difícil de acreditar. Olhou através dos vidros, observando a passagem rápida de paisagens, edifícios, animais e pessoas diante de seus olhos. Achava curioso, se não tivesse certeza, teria pensado estar circulando por uma das tantas ruas espanholas, tal era a semelhança com alguns de seus lugares. Tinha a sensação de não ter mudado de país.

    Depois de uma meia hora longa de corrida chegava em frente da porta do hotel.

    Quaranta euro,signorina ―pediu o condutor enquanto lhe entregava a mala.

    Lembrou ter lido algo sobre os abusos, por parte de certos taxistas de Roma, na cobrança das tarifas de aeroporto. Para evitar isso, o ajuntamento romano fixou a quantia da corrida de acordo com zonas delimitadas da cidade.

    Pagou ao taxista a quantidade requerida, sem discutir se era ou não correto o preço, pegou a mala, entrou no hall do hotel e foi até a recepção.

    ―Boa tarde! Tenho uma reserva efetuada pela internet para hoje.

    Buona sera, signorina! Come si chiama?[4]

    ―Desculpe. Não entendo italiano.

    ―Mi scusi![5] Como se chama, por favor?

    ―Rosana Figueras Otero. Fiz a reserva no dia vinte e um do mês passado. Aqui está o recibo.

    Tante grazie![6]

    O concierge tomou o papel e o comparou com as anotações do registro do hotel.

    ―Seu passaporte ou identidade. ―pediu após tomar nota dos dados da reserva.

    Rosana tirou da bolsa o documento requerido e deu uma olhada ao redor. Gostou do que viu. O hotel tinha um estilo moderno e limpo. A localização era extraordinária, ao lado da Piazza Venezia, praticamente no centro de Roma, desde onde poderia se dirigir a qualquer uma das muitas atrações turísticas que brindava a cidade; por esse motivo o havia escolhido.

    ―Quarto 333. Vuole[7] que te chamemos pela manhã?

    ―Não, muito obrigada!

    ―Te desejo uma agradável estadia, signorina. Aqui está a chave. ―Colocou um cartão-chave sobre o balcão.

    ―Obrigada! Muito amável!

    Pegou a mala e se dirigiu até a zona de elevadores. Quando chegou ao terceiro piso, buscou o quarto 333, entrou e colocou o cartão no interruptor da parede para poder acender as luzes.

    O quarto era amplo e luminoso. Abriu a janela e viu que dava para a rua principal. Era uma espécie de suíte, pois tinha uma pequena sala mobiliada com mesa de centro, cômoda e uma poltrona. Na parede se via pendurada uma televisão, em cima de uma estante combinando com o resto da sala que cumpria o papel de balcão. O banheiro também mostrava uma decoração moderna, com ducha e detalhes na penteadeira. Tudo estava limpo e ordenado. Sobre a almofada estava colocada uma pequena bandeja com bombons, acompanhados de uma flor, como saudação de boas-vindas.

    Pareceu-lhe um bonito detalhe. Isto, junto ao ar minimalista e sóbrio que impregnava o quarto, a fez ficar à vontade. Talvez por isso sentiu um repentino cansaço.

    Não quis se importar com esta inoportuna sensação e se dispôs a colocar no armário toda a roupa que trazia na mala. Quando terminou, levou ao banheiro o pequeno nécessaire e começou a distribuir os distintos frascos, cremes, escova de dentes e demais utensílios de higiene pessoal nas estantes apropriadas para eles. Olhou o relógio e viu que era 21:15; decidiu tomar um banho rápida, trocar de roupa e ir jantar em algum lugar próximo.

    Eram quase dez da noite quando saía pela porta do hotel. Lembrou que na Itália os restaurantes fecham antes do que na Espanha, igual ao resto da Europa, por isso se encaminhou a uma cafeteria próxima que pensou ter visto ao passar de táxi. Encontrou em poucos minutos. Já dentro, pediu o cardápio. Ficou assombrada com o grande número de pratos que apareciam nele e que lhe eram desconhecidos em sua quase totalidade. O certo é que o cansaço e a movimentação intensa do dia lhe tiraram o apetite. Pediu um sanduíche na chapa e uma Coca-Cola light. Não tardaram em servi-la. Tinha de reconhecer que estava bastante bom, com queijo fundido em abundância e um pão branco macio. Após a breve janta, pagou o consumo e saiu do local, muito mais animada.

    Já não se sentia tão cansada, só eram dez e meia; podia dar uma volta pelos arredores do hotel e descobrir o entorno do local. Cruzou a rua e se dirigiu até uma grande praça que se vislumbrava ao fundo. Ao chegar, ficou alegremente surpresa, estava na Piazza Venezia[8]. Quando a atravessou no carro não pôde apreciar sua beleza. Ela estava inteiramente iluminada, os edifícios pareciam fabulosos palácios de conto de fadas, à espera de uma imaginária e principesca celebração.

    O clima era ideal, soprava um leve vento que refrescava o ambiente sem chegar a dar sensação de frio. O lugar, apesar da hora avançada, estava lotado de turistas que com suas câmeras pretendiam imortalizar cada um dos momentos desfrutados na cidade. Rosana se deixou levar pelo entusiasmo e começou o percurso da famosa praça, parando a cada momento para admirar uma porta artesanal, aquela fachada renascentista ou um determinado balcão. Ao passar por uma das sorveterias da zona, lembrou da fama que, a nível mundial, têm os sorvetes italianos e não pôde resistir à tentação de prová-los. Escolheu um de manga. Estava delicioso!

    Continuou o passeio noturno enquanto saboreava o manjar gelado. Ao longe, podia ver-se um colossal monumento, profusamente iluminado. Não havia dúvida, de acordo com suas referências, se tratava do monumento a Vittorio Emanuele II Re d'Italia[9], uma das obras mais representativas da Roma atual. Sem pensar duas vezes, se dirigiu ao lugar. Conforme se aproximava, a grandiosidade da construção parecia imbuir-se em seu ânimo. Lembrou de ter lido sobre a controvérsia que esta obra gerou em seu momento, dividindo os romanos em defensores e detratores da ideia.

    Ela não tomava partido sobre a conveniência ou não de se realizar tão gigantesco projeto, mas não podia deixar de agradecer que no final ele tenha sido concluído, pois, de outro modo, não teria sido possível contemplar um monumento tão grandioso e belo como o que tinha diante de seus admirados olhos. Muitas eram as imagens que havia consultado sobre este conjunto desde todos os ângulos possíveis, de dia e de noite, no todo ou em detalhes, mas nada podia se comparar com a sensação de pequenez e assombro que experimentava naquele momento ante tamanha obra arquitetônica.

    Davam as doze da noite em um relógio próximo quando regressou ao hotel. Cansada e esgotada, depois das numerosas tensões do dia, se enfiou entre os lençóis, em busca do merecido descanso. Pôs o alarme do celular nas sete da manhã, apagou a luz e fechou os olhos.

    Sentiu como lhe invadia, pouco a pouco, o sopor do sono, ainda que a mente continuasse refletindo a majestosa imagem do primeiro rei da Itália unificada, em todo seu esplendor...

    DIA 2

    La Città del Vaticano

    (A Cidade do Vaticano)

    Sentou-se sobressaltada ao escutar o alarme do celular; olhou a tela, marcava as sete da manhã. Através das cortinas da janela entreaberta podia se ver um céu nítido, sem rastro de nuvens. Ainda meio aturdida, por causa do profundo sono, se levantou preguiçosa do leito e caminhou até o banheiro enquanto murmurava entre bocejos:

    ―Não deveria ter virado a noite, estou morta de sono. Tenho que me apressar.

    Depois de um breve banho, que acabou de dissipar sua sonolência, buscou no armário uma roupa cômoda e apropriada para a atividade que tinha programado desenvolver essa manhã. Escolheu uma calça jeans e uma blusa larga estampada em tons marrons e verdes com pinceladas amarelas. Como calçado escolheu uns cômodos e desgastados esportivos que usava, de forma habitual, nos trajetos.

    Antes de sair do quarto, escreveu uma mensagem ao grupo de amigos, lá na Galiza, comentando-lhes brevemente a viagem e a maravilhosa impressão sentida na noite anterior na Piazza Venezia. Guardou o telefone na bolsa, saiu do quarto e se dirigiu alegre e maravilhada à cafeteria do hotel para tomar o café da manhã.

    Depois de comer umas torradas e tomar a segunda xícara de café, pediu por telefone um táxi, indo aguardar sua chegada na porta do estacionamento. Após cinco minutos de espera, viu aparecer o carro.

    ―Para a Cidade do Vaticano, por favor ―indicou ao motorista enquanto fechava a porta do veículo.

    ―Molto bene, signorina.[10]

    Durante o trajeto, não parava de fixar-se em quanto corriam em ambos os lados das distintas ruas que atravessavam. O tráfego era bastante denso a essa hora da manhã, o que lhe brindou a oportunidade de observar, com maior detalhe, os edifícios e monumentos situados ao longo do trajeto.

    Roma não tem grandes distâncias entres os lugares mais turísticos. Vinte minutos mais tarde descia do táxi em plena Piazza di San Pietro. A aglomeração de turistas nos arredores era considerável; podiam apreciar-se longas filas de pessoas de todas as idades, línguas e credos, que esperavam pacientes seu turno diante dos controles de entrada do maior templo do mundo cristão, a magnífica Basilica di San Pietro.

    Rosana tinha decidido ao planejar aquela viagem que a primeira visita seria aos Museus Vaticanos, verdadeiro monumento à pintura renascentista e um dos principais reclames turísticos da cidade. Portanto, deu as costas à abarrotada praça e de dirigiu aos edifícios anexos à basílica, onde estão localizados os museus pontifícios propriamente ditos.

    Sempre com a guia instalada no telefone à mão, seguiu a rota indicada. O certo era que não teria necessitado de informação alguma; o tráfego de visitantes a essa primeira hora da manhã era tal que, sem dificuldade alguma, teria chegado ao seu destino, inclusive sem

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