Discover millions of ebooks, audiobooks, and so much more with a free trial

Only $11.99/month after trial. Cancel anytime.

O Renascimento do Antigo
O Renascimento do Antigo
O Renascimento do Antigo
Ebook369 pages4 hours

O Renascimento do Antigo

Rating: 0 out of 5 stars

()

Read preview

About this ebook

Ele queria a verdade, mas escolheu a mentira ...

No coração do Congo, um segredo perigoso foi escondido da humanidade para sua proteção. Um segredo ligado a algo tão injusto que tem assombrado a raça humana desde o início da religião, e existe até hoje. Se descoberto, o véu da esperança que a humanidade guarda com tanto carinho será retirado e jogado fora.

A vida literalmente se tornará inútil.

Tem também um artefato perigoso escondido junto com o segredo, que dizem ter o poder da ressurreição. Se esse poder cair nas mãos erradas, não haverá como impedir quem quer que possua o item antigo.

Jack e Calvin voam até a perigosa selva da África para encontrar o perigoso artefato e logo descobrem que seu maior adversário, a organização clandestina chamada Bene Elohim, também está procurando a relíquia.

Enquanto procuram um velho que vive em algum lugar ao longo do rio Congo e que supostamente tem conhecimento para lhes ajudar a encontrar o artefato, um adolescente misterioso rapta Jack. Com um facão em cada mão e apenas uma direção a seguir, Calvin corre no meio da selva em perseguição, brandindo furiosamente os facões!

Será que Calvin vai conseguir salvar Jack? Eles acham o artefato e enfrentam a destruição da única esperança que a humanidade deixou?

O Renascimento do Antigo, a segunda aventura na Série As Aventuras de Jack Elliot, certamente oferecerá boas doses de ação e aventura rápida e emocionante que não estão atadas com armas, bombas e genocídio nuclear - mas carregadas com bombas mentais que farão vocês repensarem o que acreditam! É brilhantemente planejado, cheio de reviravoltas e totalmente submerso no suspense.

LanguagePortuguês
Release dateDec 18, 2018
ISBN9781547518876
O Renascimento do Antigo

Related to O Renascimento do Antigo

Related ebooks

Occult & Supernatural For You

View More

Related articles

Related categories

Reviews for O Renascimento do Antigo

Rating: 0 out of 5 stars
0 ratings

0 ratings0 reviews

What did you think?

Tap to rate

Review must be at least 10 words

    Book preview

    O Renascimento do Antigo - Dean Kutzler

    Para Paul,

    que continua sendo

    meu tudo...

    ––––––––

    Apocalipse 1:15

    Versão King James

    Seus pés reluziam como o metal quando refinado em fornalha ardente, e sua voz era como o som de muitas águas.

    Capítulo 1

    O cascalho deslizava pelo chão enquanto ele fugia da nudez da luz do luar e entrava nas sombras da noite. Com um olho treinado, ele observou, por detrás da segurança dos escombros da igreja, quando os dois homens caminhavam despreocupadamente pelas ruínas, como amadores. Não eram muitas as pessoas que visitavam as ruínas da catedral de M’banza-Congo na Angola durante o dia – isso se fosse visitada, muito menos às duas horas da madrugada. Ele tinha certeza de que não havia sido visto, suas habilidades estavam sempre no ponto. Amadores ou não, eles estavam aqui para mais do que uma visita turística. A hora da chegada deles poderia trabalhar em seu favor. Por enquanto, iria continuar observando.

    – Babe. – Calvin sussurrou, olhando ao redor. – Você tem certeza... ah, a informação dizia aqui... nessas ruínas em Angola?

    Tudo o que restava da catedral do século XVI, a primeira igreja Católica na África, construída no ano de 1549, eram quatro paredes, a fundação de pedra, mas sem o telhado. Pequena como uma única sala, a fundação estava cheia de musgo e completamente intacta, exceto pela porta. Apenas uma arcada perfeita restava onde antes estava a porta. Junto com ela, no lado esquerdo, havia uma estrutura quadrada de pedra, coberta de musgo, com cerca de trinta centímetros de altura, e com algumas flores mortas e secas que restaram de uma cerimônia ou ritual de algum tempo atrás.

    Jack suspirou pesadamente, soltando seu cavanhaque. Tinha quase trinta centímetros agora, e estava preso em uma trança porque era mais fácil de cuidar.

    – Humm, você realmente acha que eu alugaria um avião privado e voaria ao redor do mundo por mais de vinte horas, apenas para que nós pudéssemos olhar esse lugar assustador e voltar de mãos vazias... se eu não tivesse certeza sobre a informação? – ele disparou, mais alto do que pretendia.

    Calvin apenas olhou para ele.

    – Me desculpe, Cal. – ele falou, franzindo o cenho. – Eu acho que o fuso horário está afetando meu humor e esse lugar...

    – Eu sei o que você quer dizer. – Calvin disse, assentindo. – Tem algo sobre este lugar. Eu não posso dizer o que é, mas ele parece...

    – Errado?

    – Sim... eu sinto que tem algo errado como se nós não devêssemos estar aqui, e eu não consigo me livrar do sentimento de que estamos sendo observados. – ele disse, subindo no degrau quebrado e no caminho que levava até a igreja.

    – Isso é apenas uma paranoia sua. Quem viria aqui no meio da noite...

    Calvin olhou novamente para ele.

    Jack revirou os olhos e falou.

    – Bem, você sabe o que quero dizer. Vamos fazer isso rápido.

    – Eu não estou reclamando, babe. – ele disse, pegando seu braço e o guiando pela calçada. – Na verdade, isso é bem excitante. Com certeza é melhor do que ministrar palestras para os calouros enjoados no McGill. – Calvin era um professor de faculdade quando moravam em Montreal.

    – Bem, eu estou feliz que você está gostando, mas isso está ficando um pouco comum demais pro meu gosto. Eu costumava ser um escritor, você sabe... escrever sobre pessoas encontrando artefatos e tal. E não eu realmente encontrando as coisas.

    – Olhe para esse lugar. – Calvin falou. – É impressionante como durou por tantos séculos.

    – Os habitantes locais chamavam a igreja... – olhando no iPad Mini em sua bolsa, Jack pronunciou. – Nzo a ukisi ou, veja isso... encanto na forma de um edifício. Eles também se referiam a ela como nkulumbimbi ou construída durante a noite pelos anjos.

    – Encanto hein? Anjos? Bem o nosso negócio.

    Jack e Calvin moraram juntos em Montreal durante quase seis anos, até que o tio e o pai de Jack foram assassinados pelas mãos de sua mãe, Irma. O tio de Jack havia lhe deixado uma fortuna, juntamente com sua Brownstone em Nova Iorque. Desde a descoberta do templo e do perigoso livro escondido embaixo da Brownstone no ano passado, Jack e Calvin se mudaram de Montreal para a casa de seu tio, para manter o lugar seguro. Graças à independência financeira que a herança lhe proporcionou, eles decidiram começar uma busca, para procurar outros artefatos potencialmente perigosos. Descobrir informações sobre os itens misteriosos havia se mostrado seu maior desafio. Eles estavam em sua primeira missão, indo atrás de uma pista que Moe, amigo de Jack e gênio da computação, havia hackeado da base de dados do governo dos Estados Unidos.

    – Você tem certeza de que ninguém já esteve aqui procurando por isso? – Calvin perguntou enquanto caminhavam pela calçada em direção à igreja.

    – Moe disse que a informação era fresca. Além disso, é de baixa prioridade porque o governo não acredita realmente em artefatos mágicos.

    – Diga isso para Fox e Scully. Se o governo não acredita, por que tem a informação?

    – Você tem um ponto, é por isso que estamos aqui. – Jack falou com um sorriso.

    Subitamente, um vento frio soprou por onde deveria estar o telhado da catedral e para fora da arcada de entrada. O cheiro forte e pungente de ozônio acertou suas narinas. Jack e Calvin trocaram olhares. 

    – O piloto disse que nós tivemos sorte. – Jack falou, engolindo em seco. – Porque nós voamos no fim da temporada de chuvas na Angola.

    – Não é com a chuva que eu estou preocupado. – Calvin falou, espiando para dentro da igreja.

    – Isso é apenas o vento. Vamos olhar o que tem dentro. – Jack falou, medindo visualmente a igreja. – Parece tão pequena para ter sido uma catedral.

    – Não se esqueça de que essa estrutura tem quase quinhentos anos. Eu tenho certeza de que era bem avançada para a Angola, naquela época.

    Jack e Calvin entraram na fundação, e as paredes manchadas da catedral imediatamente abafaram os sons da noite em M’banza-Congo. O interior da catedral estava vazio, a não ser por uma alta estrutura em madeira branca posicionada no centro da parede posterior. Parecia com três tábuas de assentos em um estádio, levantadas em uma pequena plataforma de pedra e argamassa. Fora construído recentemente, com capacidade para acomodar velas e flores, quando por ocorrência de tradições ou ocasiões especiais do Congo. As paredes interiores eram similares as do exterior, sem pintura interna. O chão era apenas terra compactada por séculos de pisoteio dos fieis.

    Jack pegou o iPad Mini de sua bolsa e abriu o e-mail com a informação de Moe, que havia feito o download enquanto estava no avião. Rapidamente olhou os dados mais uma vez, lendo novamente as linhas destacadas e notas que havia anexado previamente.

    – De acordo com os arquivos do governo, deve haver uma pista, aqui nesta igreja, sobre onde o colar está escondido.

    – Uma pista? – Calvin perguntou. – Não fala nada sobre o colar ou sobre qual é essa pista?

    – Não. – ele respondeu, sacudindo a cabeça. – Apenas disse que a pista foi deixada aqui. O resto é informação de pano de fundo. Você não leu o arquivo que eu mandei para você?

    Calvin olhou para o outro lado, assobiando para si mesmo. Ele havia dormido a maior parte do tempo durante o voo até Angola. Ele conseguia dormir em qualquer lugar, a qualquer hora – em qualquer circunstância.

    Jack revirou os olhos e voltou ao iPad Mini.

    – A lenda diz que Nzinga Mbembe, mais conhecido como Rei Afonso I, depois de seu batismo e conversão ao Cristianismo quando os portugueses chegaram por volta de 1491, teve sua mãe enterrada viva... – ele engoliu em seco e continuou. – Porque ela se recusou a retirar o colar. O Rei Afonso disse que adorar falsos ídolos irritava o único e verdadeiro Deus, e traria condenação ao Congo.

    – Uau... eu pensei que minha relação com minha mãe fosse complicada.

    – Yeah. – Jack disse, agarrando seu cavanhaque, sentindo a tensão na trança. – Ninguém é pior que a minha.

    Calvin assentiu, olhando para longe.

    – Espere um minuto, espere... você está dizendo que o colar está enterrado em um túmulo por aqui? – ele estremeceu. – Porque nós não trouxemos nenhuma pá e eu não estou pronto para encontrar Zom-bo Mom-bo do Con-go.

    Jack leu no iPad Mini.

    – Aqui diz que o Rei Afonso I escavou o túmulo dela e recuperou o colar porque ele disse...  deve-se tomar muito cuidado em esconder algo tão poderoso e mal. – ele procurou no arquivo. – Certo... aqui está... o rumor é que o Rei Afonso I deixou uma pista na igreja por causa de uma visão que teve em sonho. Na visão, ele viu a si mesmo vencendo uma batalha contra seu meio-irmão, Mpanzu a Kitima, mesmo com o exército de Kitima sendo maior do que o dele. Dizem que ele usou o colar para vencer a batalha.

    – Que membro da família mais adorável... ele enterra sua velha mãe viva, por não querer tirar seu ídolo, então escava seu túmulo para vencer uma batalha contra seu irmão, meio-irmão. E as crianças em McGill acham que tem uma vida dura.

    Cores brilharam no rosto de Jack na escuridão da noite no Congo enquanto ele passava as páginas em seu dispositivo.

    – Ele empunhou o colar como uma tocha, e uma luz brilhante surgiu no céu. E daquela luz, apareceu São Tiago e cinco cavaleiros bem armados se aproximando do exército de Kitima. Kitima e seus homens ficaram tão assustados pela aparição divina que, instantaneamente, fugiram da batalha. São Tiago... São Tiago? Espere um pouco, eu me lembro de ter lido algo sobre ele. – Jack virou mais algumas páginas. – Okay, aqui está... A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias ensina aos seus discípulos que São Tiago foi ressuscitado junto com dois outros apóstolos, Pedro e João. Juntos com Oliver Cowdery e Joseph Smith, eles restauraram a autoridade do sacerdócio como sucessão apostólica na Terra.

    – E o que isso significa?

    – Eu não tenho ideia. – Jack disse, puxando sua trança.

    – Espere... você disse que eles foram ressuscitados? Eu pensei que Jesus havia sido o único a ressuscitar.

    Jack revirou os olhos, novamente.

    – Você sabe o quanto eu sei sobre religião, mas...

    – Ah sim. Assim como meus estudantes sabem falar Swahili. – Calvin disse, interrompendo-o.

    – Muito engraçado, mas eu posso lhe dizer, com alguma certeza, que Jesus não foi o único a ser ressuscitado.

    – Sério?! – Calvin disse, genuinamente surpreso.

    – O que? Você quer dizer que nunca ouviu falar sobre todos os milagres que Jesus desempenhou?

    – Certo, algo sobre pães e peixes serem multiplicados... oh!... e algo sobre água ser transformada em vinho? Eu já ouvi sobre isso.

    Jack sacudiu a cabeça.

    – Como um professor de Inglês altamente renomado da proeminente Universidade de McGill nunca ouviu sobre Jesus viajar pela terra, curando pessoas e as trazendo da morte?

    – Não julgue, para não ser julgado. Ou algo assim. – Calvin disse com um encolher de ombros.

    – Ressurreição... você acha que esse artefato pode ter algo relacionado com ressureição? Eu acho que nas mãos erradas isso poderia ser considerado perigoso.

    – Eu diria que a coincidência é muito afiada para ignorar.

    De repente, um som alto, de algo quebrando, perturbou a quieta melodia de M’banza-Congo. Ambos os homens viraram rapidamente suas cabeças em direção à entrada, então de volta um para o outro. Jack rapidamente colocou o iPad Mini de volta em sua bolsa e indicou levemente com a cabeça para a direita. Ambos andaram silenciosamente até as paredes opostas; Calvin na da direita, Jack na esquerda.

    Lentamente e o mais silenciosamente possível, ambos caminharam em direção à arcada de entrada, mantendo um ritmo igual, até que estavam parados um em cada lado do portal. Calvin levantou uma mão, sinalizando para Jack ficar enquanto colocava a cabeça para fora, o suficiente para espiar.

    Nada.

    Calvin saiu da igreja, e Jack colocou uma mão no peito, sacudindo a cabeça. Mesmo sabendo que ter problemas era uma grande probabilidade nessa missão, nenhum deles teve o bom senso de trazer alguma arma. Independentemente disso, Calvin não estava disposto a deixar Jack se machucar.

    Ele colocou a mão no bolso e pegou uma pequena lanterna, mas não a ligou para não indicar o seu paradeiro exato.

    – Fique aqui enquanto eu vou dar uma olhada. – ele sussurrou. – Provavelmente é um lagarto ou qualquer outra coisa que rasteja por aí no Congo.

    Jack observou Calvin desaparecer na noite, pelo canto da igreja, antes que tivesse a chance de protestar. Alguns agonizantes minutos se passaram antes que ele pensasse em encontra-lo, mas rapidamente abandonou esse pensamento, pois sabia que não era uma boa ideia. Calvin ficaria furioso, e ele não queria encontra-lo sem que ele soubesse quem era.

    Ele não conseguia tolerar a espera angustiante e não podia ir procurar por Calvin. Olhou seu relógio. Cinco – minutos. Já fazia cinco longos minutos que Calvin havia ido. Inclinando sua cabeça em direção à porta, ele fechou seus olhos, segurou a respiração e ouviu. Nada além dos sons quietos do Congo.

    Quando abriu os olhos, uma figura escura estava parada do lado de fora do portal. Enquanto abria a boca para gritar, uma mão a tapou.

    – SSShhh... sou eu. – sussurrou Calvin, entrando na igreja. Quando ele sentiu a tensão deixar o corpo de Jack, ele retirou sua mão.

    Jack deu um passo para trás e respirou fundo. Lentamente exalando, ele disse.

    – Eu quase sujei minhas calças! Podia avisar na próxima vez, okay?

    – Desculpe, eu vi você com os olhos fechados e não queria te assustar. Que diabos você estava fazendo? Tirando um cochilo?

    – Não... eu estava preocupado com você. Estava tentando escutar alguma coisa.

    – Eu não sei se você sabe disso, mas funciona melhor se você usar seus ouvidos. – Calvin disse com o rosto sério.

    – Eu sei disso... você nunca ouviu que se ignorar um de seus sentidos os outros ficam mais aguçados?

    O rosto de Calvin permaneceu sério.

    – Como quando uma pessoa fica cega e... ah, esqueça isso! – Jack disse, cutucando-o na barriga. – Algumas vezes eu fico pensando sobre você. Se não fosse por aquele sorriso bonito e aqueles olhos sonhadores naquele dia na basílica... bem?

    – Bem... bem o que?

    – Eu estou falando sério. – Jack disse. – Bem... o que você encontrou lá fora?

    – Ah! Nada.

    Jack sacudiu a cabeça.

    – Eu vi onde algumas pedras podem ter caído das ruínas, mas é difícil dizer. Dei a volta na igreja duas vezes, e não vi ninguém ou...

    – Ou o que?

    – Ou alguma coisa. Talvez tenha sido apenas o vento. Vamos ver se conseguimos encontrar a pista pra darmos o fora daqui.

    – Concordo. – Jack disse, tirando novamente o iPad Mini de sua bolsa. – Bem, vamos pensar sobre isso. Eu acho que deveríamos ter feito isso antes. – e deu-lhe um olhar compreensivo.

    – Leite derramado e tal. – Calvin disse com um sorriso.

    – Certo. Okay, pense. Nós estamos procurando por uma pista em uma igreja...

    – Ah, tecnicamente é uma catedral.

    Jack levantou os olhos do iPad.

    – Eu pensei que você não tinha lido a informação?

    – O que..., eu nunca disse que não a li... apenas não li tudo. Quase cinquenta anos depois que ela foi construída. – Calvin disse olhando ao redor. – Ela foi elevada de igreja para o status de catedral.

    Jack revirou novamente os olhos.

    – Você dormiu a maior parte do voo. Eu não me lembro de você lendo alguma coisa. Eu não me lembro de você fazendo nada além de dormir, e ir ao banheiro do avião.

    – Eu prefiro ler no banheiro.

    – Uau. Está certo, chega de brincadeiras.

    – Quem está brincando? – ele perguntou surpreso.

    – Vamos pensar. O que nós sabemos até agora?

    – O Rei Afonso I enterrou sua mãe viva junto com o artefato. Depois, ele escavou o túmulo dela e usou o artefato contra seu irmão na guerra. Ele segurou o artefato no ar e ressuscitou São Tiago e seus amigos, que apareceram no céu e perseguiram o irmão do Rei, fazendo com que ele vencesse a guerra. Procure algo que seria muito impactante... algo que você nunca esqueceria. Vamos começar com os amigos. Ele menciona quem eram os cinco cavaleiros?

    Calvin era sempre brincalhão, mas sempre estava no jogo quando era importante.

    – Não, mas eu aposto que eram os dois apóstolos, Pedro e João e provavelmente – Jack olhou no iPad Mini. – Oliver Cowdery e Joseph Smith.

    – Você sabe que meu amor é pelo Inglês, mas dois e dois só somam quatro, babe.

    Jack agarrou seu cavanhaque.

    – Eu só estou tentando organizar as coisas... procurando por uma ligação.

    – Nós sabemos quem eram Cowdery e Smith na história? – Calvin perguntou, apontando para o dispositivo.

    – Bem, não temos conexão à internet aqui e infelizmente, o telefone por satélite Iridium 9575 Extreme que eu encomendei não chegou antes que nós saíssemos... nós estamos muito despreparados. Mas se eu conheço Moe, ele é bem meticuloso. – Jack encontrou a informação. – Com certeza. – ele disse, assentindo. – Moe, você é o melhor! Tem um link baixado anexado a cada nome.

    Jack vasculhou a informação enquanto Calvin deu outra espiada pelo portal, para ter certeza de que ninguém estava ouvindo. Quando ele voltou, Jack havia terminado de revisar os arquivos de ambos os homens.

    – Oliver Cowdery estava associado ao Joseph Smith e no desenvolvimento do Movimento do Santo dos Últimos Dias nos anos de 1800. Joseph Smith,olhe isso, era conhecido por ter encontrado e traduzido pratos de ouro.

    – Pratos de ouro? Como a louça na Macy’s, pratos?

    – Não, na verdade eram placas de ouro inscritas com palavras, como as páginas de um livro... um livro, Cal! – Jack disse, mal capaz de conter sua animação. – Diz que Joseph Smith afirmava que, em uma visão, um anjo chamado Moroni o levou a um lugar onde as placas estavam enterradas em uma caixa de pedra, não muito longe de sua casa.

    – Você está falando sobre o livro escondido no templo, embaixo da Brownstone... como se isso fosse outra cópia ou algo assim. Aí está dizendo sobre o que é esse livro? – Calvin perguntou.

    Jack leu para si mesmo durante um tempo e então disse.

    – Eu sabia que já havia ouvido essa história antes. É o Livro de Mórmon.

    – Humm, eu acho que você não está se referindo ao show da Broadway.

    – Joseph Smith supostamente encontrou essas placas douradas, como páginas de um livro, esse anjo, Moroni, o liderou e deu algo para que ele pudesse traduzir as placas, pois elas estavam escritas no que ele chamava de Egípcio Reformado. As placas foram a fonte para o Livro de Mórmon. É como a bíblia deles, e dizem que testemunhas atestaram ter visto as placas de ouro sendo amarradas juntas, com um arame, na forma de um livro. As primeiras cento e dezesseis páginas originais foram perdidas antes de serem traduzidas, mas... – ele olhou para baixo e leu. – O evento fundamental do Livro de Mórmon é a aparição de Jesus Cristo nas Américas pouco depois de sua ressureição.

    – Okay, eu entendi esse ângulo da ressurreição, mas, voltando ao Rei Afonso I, porque foi ele que deixou a pista. Ele teve essa visão no século XV, centenas de anos antes de Cowdery e Smith. Uma visão, do futuro?

    – Por que não? Não é isso que os profetas fazem? Predizem o futuro através de visões? A história está cheia delas. E, se lembre, não foi uma visão em sua cabeça. Ele supostamente usou o artefato para produzir a imagem. – Jack disse.

    – Supondo que você esteja correto e o Rei Afonso I convocou São Tiago e os outros apóstolos, Pedro e João, junto com Cowdery e Smith... quem era o quinto cavaleiro?

    – Boa pergunta, mas não há nenhum link de Moe escondido.

    – E eu me pergunto o que havia naquelas cento e dezesseis páginas douradas desaparecidas? Qual poderia ser o significado disso?

    – Eu não sei. – ele disse, puxando seu cavanhaque. – Você tem um bom ponto. Talvez fosse para ter mais credibilidade. Por exemplo, como nós estamos nos perguntando sobre isso agora e qual seria o significado disso além de fazer parecer que é verdade.

    – Ou, talvez seja verdade. Bem, eu acho que nós já falamos o bastante sobre isso. Vamos ver se podemos encontrar qualquer pista que seja relevante com o que discutimos. – Calvin disse, pegando uma pequena lanterna de seu bolso e a ligando.

    A luz incandescente da pequena lanterna preencheu a pequena catedral e iluminou o interior cheio de musgo.

    – Eu acho que gostava mais com as luzes apagadas. – Jack disse, pegando uma lanterna idêntica em sua bolsa. – Bem, tem uma coisa boa... nós não temos muito terreno a cobrir.

    Calvin e Jack vasculharam o interior da catedral como dois esquilos procurando por nozes, testando pedras a procura de algum movimento e procurando por padrões em tudo. Eles moveram a estrutura de madeira branca e encontraram mais do mesmo: nada.

    – Hora de irmos procurar lá fora. – Calvin disse.

    – Você acha que tudo bem com essas lanternas?

    – Infelizmente, eu não vejo outra forma de fazer isso. Quando eles estavam distribuindo poderes de super-heróis eu devia ter pegado a visão noturna ao invés...

    Jack esperou por uma explicação, seus olhos se estreitando. Quando nenhuma veio, ele disse.

    – Okay. Que superpoder você pegou então?

    – Solidez. – ele disse, sorrindo de orelha a orelha.

    Jack cutucou-o novamente.

    – Venha, vamos terminar logo com isso.

    Ambos procuraram nas ruínas ao redor da igreja, cobrindo as lanternas com suas mãos para minimizar a chance de serem vistos de longe. Eles repetiram o processo de remexerem em pedras e procurar por pistas ou padrões no lado de fora da estrutura, assim como do lado de dentro. Quando terminaram de examinar cada lugar possível de esconder uma pista, se encontraram na entrada da catedral.

    – Eu procurei em todos os lugares. – Jack disse, puxando seu cavanhaque. – O que nós estamos deixando passar? Será que, talvez, alguém tenha pegado a pista?

    – O Rei Afonso era inteligente o suficiente para se manter no reinado por mais de quarenta anos, eu não acho que ele deixaria essa pista ser encontrada tão facilmente. Vamos colocar nossas cabeças pensantes para funcionar. – Calvin falou, fingindo dar corda na engrenagem de sua cabeça. – Até agora, qual é o denominador em comum?

    – Ressurreição... tem que ser isso. Ele enterrou sua mãe viva e a desenterrou para pegar o artefato de volta. Isso é meio que uma ressureição. Então nós temos todos esses santos ressuscitados e os dois homens que foram conhecidos pelas placas de ouro... que foram enterradas e escavadas. Nós vamos ter que encontrar pás aqui. – ele disse, olhando ao redor. – Porque eu não pesquisei casas de ferramentas na Angola.

    – Talvez não. – Calvin disse, coçando seu queixo por debaixo da grossa barba.

    Ele passou por Jack e se ajoelhou em frente à estrutura quadrada cheia de flores mortas e musgo, que estava no chão do lado de fora da entrada.

    – Rezando por uma pista? – Jack provocou.

    Calvin se inclinou mais ainda até que seus olhos estavam no nível da estrutura, como se estivesse examinando-a com um pente fino.

    – Me dê o antigo canivete do seu tio, desculpe, quero dizer do seu pai.

    Jack pegou o canivete em seu bolso, o abriu e entregou para Calvin. Ele aceitou o canivete e começou a cortar o musgo horizontalmente a cerca de alguns centímetros do topo. Se movendo ao redor de joelhos, ele continuou cortando o musgo até que estava de volta no ponto onde começou. Limpando a terra de um pedaço particularmente grosso de musgo, ele entregou a faca de volta a Jack e ficou de pé.

    – Tá fazendo

    Enjoying the preview?
    Page 1 of 1