Uma nova oportunidade
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Boyd, por seu lado, tinha prometido não deixar que ninguém se aproximasse muito dele. Mas Stacy precisava de um lugar para viver. Durante o dia preparavam-se para o nascimento do bebé, durante a noite davam rédea solta às suas paixões. Ele tinha-se convencido de que seria algo temporário, mas estaria a enganar-se a si próprio?
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Uma nova oportunidade - Paula Detmer Riggs
Editado por Harlequin Ibérica.
Uma divisão de HarperCollins Ibérica, S.A.
Núñez de Balboa, 56
28001 Madrid
© 1997 Paula Detmer Riggs
© 2018 Harlequin Ibérica, uma divisão de HarperCollins Ibérica, S.A.
Uma nova oportunidade, n.º 366 - maio 2018
Título original: Daddy by Accident
Publicado originalmente por Silhouette® Books.
Reservados todos os direitos de acordo com a legislação em vigor, incluindo os de reprodução, total ou parcial.
Esta edição foi publicada com a autorização de Harlequin Books S.A.
Esta é uma obra de ficção. Nomes, carateres, lugares e situações são produto da imaginação do autor ou são utilizados ficticiamente, e qualquer semelhança com pessoas, vivas ou mortas, estabelecimentos de negócios (comerciais), feitos ou situações são pura coincidência.
® Harlequin, Harlequin Desejo e logótipo Harlequin são marcas registadas propriedades de Harlequin Enterprises Limited.
® e ™ são marcas registadas por Harlequin Enterprises Limited e suas filiais, utilizadas com licença.
As marcas em que aparece ® estão registadas na Oficina Española de Patentes y Marcas e noutros países.
Imagem de portada utilizada com a permissão de Harlequin Enterprises Limited. Todos os direitos estão reservados.
I.S.B.N.: 978-84-9188-335-7
Conversão ebook: MT Color & Diseño, S.L.
Sumário
Página de título
Créditos
Sumário
Capítulo Um
Capítulo Dois
Capítulo Três
Capítulo Quatro
Capítulo Cinco
Capítulo Seis
Capítulo Sete
Capítulo Oito
Capítulo Nove
Capítulo Dez
Capítulo Onze
Capítulo Doze
Capítulo Treze
Capítulo Catorze
Capítulo Quinze
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Capítulo Um
Stacy Patterson agarrou no cinto de segurança nervosa e olhou pela janela.
– Len, por favor, tens que ir mais devagar! – gritou desesperadamente, para se fazer ouvir por cima do barulho do motor. – Esta é uma zona escolar.
Atrás do volante, o seu marido parecia não ouvir nada excepto uma voz interior, que lhe dizia que a sua vida estava destruída. Sob a pala do boné da equipa Swat, que já não tinha o direito de usar, o seu rosto, antes atraente, estava grotescamente torcido. A máscara da loucura, segundo palavras do seu psiquiatra.
– Disse-te que te ia encontrar, cadela, e não vou deixar que me deixes outra vez! – gritou ele, antes de esboçar um sorriso que metia medo. E, como que para enfatizar a sua sensação de triunfo, acelerou deliberadamente, fazendo com que as rodas do carro desportivo derrapassem. Stacy não pôde evitar um grito, ao notar que o carro se descontrolava.
Len disse uma asneira e virou bruscamente o volante. Por um instante, Stacy pensou que ele tinha conseguido controlá-lo, mas, no instante seguinte, o automóvel foi directamente contra um pinheiro. Demasiado aterrorizada para gritar, Stacy tentou encolher-se numa tentativa desesperada para proteger a frágil vida que tinha dentro de si.
O impacto atirou-a violentamente para a frente, contra o pára-brisas. Sentiu um golpe forte na cabeça e o seu último pensamento antes de se afundar na escuridão foi para a criança que tinha no seu interior.
No andaime que rodeava a torre vitoriana de três andares, Boyd MacAuley estava a instalar cuidadosamente novas vidraças quando ouviu o forte choque. E pensou que era outro condutor desprevenido que desconhecia a curva de Astoria Street e tinha batido contra o abeto Douglas, cheio de cicatrizes.
Com o som do automóvel ainda a ecoar na sua mente, desceu as escadas e dirigiu-se rapidamente para a pequena casa.
– Chama a polícia! – ordenou à rapariga de nove anos que veio à porta. Sem dizer nada, Heidi Lanier fez uma careta e meteu-se dentro da casa.
Conforme andava sobre a erva até ao carro, Boyd tratou imediatamente do que ia encontrar. O carro que tinha chocado contra o enorme abeto era antigo e, portanto, não tinha airbag. E se os ocupantes não tivessem o cinto de segurança posto… Confiava que lhes tivesse acontecido o melhor, mas preparou-se para o pior.
O carro tinha batido de frente, com tanta força, que a parte da frente estava tão achatada como uma lata de Coca-cola. Na colisão, o condutor tinha partido o vidro e estava de barriga para baixo, no meio dos vidros, sobre a capota torcida. O homem era de estatura superior à média e parecia ter uns trinta e cinco anos. E, pelo ângulo como tinha o pescoço, não estava destinado a fazer mais nenhum.
Antes de parar ao lado do carro, Boyd começou a tirar uma luva. Tentando respirar profundamente, para manter a calma, tocou com os dedos na artéria carótida do homem e rezou para lhe sentir o pulso. Mas como suspeitava, o homem estava morto ou quase morto e duvidava que uma equipa de urgências conseguisse salvar-lhe a vida.
Maldizendo a estupidez do condutor por não ter o cinto de segurança posto, Boyd olhou através do pára-brisas e viu a mulher que estava sentada no banco ao lado. Estava deitada de frente, com o rosto tapado pelos caracóis de cor castanha.
Era uma mulher pequena, de ombros estreitos, vestida com uma camisa de homem larga e uns calções. A sua idade oscilava entre os vinte e cinco anos e os trinta. Tinha uma mancha de sangue na cabeça e não se mexia.
O homem apressou-se a abrir a porta do lado da mulher. Mas, ou estava fechada ou porque estava trancada devido ao embate, não conseguiu abri-la. Estava quase a ir buscar as ferramentas ao seu camião, quando viu a mulher a mexer-se.
– Senhora? Pode ouvir-me? – gritou, através do vidro. – Senhora?
Alguém a chamava? Stacy levantou a cabeça e tentou ver o que se passava, apesar das tonturas e da dor que sentia. Custava-lhe a abrir os olhos e também a respirar. Viu à sua frente ramos da árvore com a qual tinham chocado.
Apesar da dor intensa, tentou virar a cabeça para o banco do condutor. Então desejou não o ter feito. Notou um zumbido na sua cabeça e sentiu frio. Tinha desmaiado uma vez no início da gravidez e reconheceu a sensação.
– Senhora? Oiça.
A voz parecia vir de muito longe. Stacy pestanejou e olhou pela janela. Por um instante, esqueceu-se do homem que estava ao seu lado e concentrou-se na voz que ouvia do outro lado da janela.
A primeira coisa que viu foi a fivela do seu cinto, que estava numas calças de ganga gastas e sujas. Depois viu o seu dorso masculino bronzeado, que brilhava debaixo de uma capa fina de suor. O seu peito era impressionante e de evidente musculatura, só suavizada pelo triângulo de pêlo de cor clara. Os seus braços musculosos estavam em tensão, devido ao esforço de tentar abrir a porta. Finalmente, percebeu que estava a tentar ajudá-la.
– Por favor, ajude o meu ex-marido! – gritou, a chorar.
O homem olhou para o condutor e ficou com a cara tensa antes de voltar a olhar para ela. Stacy viu a verdade nos seus olhos e notou que um soluço ameaçava subir pelo seu peito. Provocado em parte pela raiva e em parte pela dor.
– Está morto, não está? – disse, com a voz a tremer.
Pela expressão do rosto do homem, percebeu que não a tinha ouvido.
– Senhora, pode abrir a porta?
Stacy tentou ver os traços do seu salvador através da janela partida. Apesar do seu rosto estar parcialmente escurecido pela aba de um chapéu de palha, a mulher pôde ver as grandes sobrancelhas castanhas, os penetrantes olhos cor de aço e um nariz não completamente recto. A sua boca era grande e estava fechada, formando uma linha dura.
– A porta, senhora.
Juntando as forças que lhe restavam, tentou concentrar-se no homem.
– Não… está trancada – declarou.
O homem olhou-a por uns segundos e depois tirou algo do cinto. A mulher viu que era um martelo.
– Vou ter de partir o vidro. Você, tape a cara.
Partir o vidro? A mulher finalmente percebeu e conseguiu anuir com um gesto. Depois enterrou a cara nas suas mãos geladas. Ouviu um golpe e sentiu uma chuva de vidros partidos. Segundos depois, levantou a cara e viu que o homem tirava os restos dos vidros da janela com umas mãos enormes protegidas por luvas. Depois, com um grande esforço, agarrou na porta, pôs o pé esquerdo de lado e puxou. O metal rangeu, mas a porta negou-se a abrir.
– Caramba! – murmurou, limpando o suor da testa com a mão.
Tentou novamente e, precisamente quando a mulher pensava que o homem ia ficar ferido pelo esforço, a porta mexeu-se. Um instante depois, Stacy sentiu que o ar quente lhe batia na cara com a força de um forno aceso. Fechou os olhos por um segundo e depois voltou a abri-los, tentando pensar no que tinha que fazer depois.
Como se sentisse a sua confusão, o seu salvador baixou-se e tirou-lhe o cinto de segurança. Tinha tirado as luvas e tinha-as posto penduradas no cinto, reparou Stacy. Tinha umas mãos grandes e duras, com cicatrizes aqui e ali, e os braços de um homem que vivia do trabalho físico.
Stacy humedeceu os lábios e tentou agradecer a sua ajuda, mas, antes de dizer alguma coisa, foi interrompida por outra voz.
– Está bem?
Outro rosto apareceu no seu campo de visão. Uma menina pequena e magra colocou-se ao lado do desconhecido. Parecia ter nove ou dez anos e estava aterrorizada. Stacy tentou acalmá-la, mas viu que não tinha forças.
– Vai ficar bem – respondeu o homem. – A ambulância já vem aí?
– Sim, disseram-me que daqui a cinco minutos estaria aqui.
– O que significa dez no mínimo pelas obras que há na Quinta – disse ele com impaciência.
– A mulher disse-me para não tocarmos, nem mexermos nos passageiros.
– Está bem – respondeu o homem, protegendo com o seu corpo Stacy dos raios solares.
A ela doía-lhe respirar aquele ar abrasador e, mesmo assim, nunca tinha sentido tanto frio. Começou a tiritar como se pelas suas veias corresse sangue gelado e não pôde evitar que os dentes batessem.
– Heidi, vai até casa e traz uma manta.
– Vou já – disse a menina, antes de ir a correr.
– Não… não devia ter… tanto frio – disse Stacy fazendo um grande esforço.
– A ambulância vem já – replicou o homem, tirando o chapéu e deixando-o no chão, ao lado do carro.
O seu cabelo era espesso e louro e tinha-o molhado pelo suor.
– Há uma hora desejava que… fosse… Inverno.
O homem esboçou um sorriso, embora os seus olhos cinzentos permanecessem sérios. Ao mesmo tempo tirava um lenço do bolso das calças e limpou as manchas da testa da mulher. Quando a mulher viu que tinha sangue na cabeça, olhou para o homem admirada.
– Sente alguma dor no pescoço ou nas costas?
– Não – murmurou ela, ao mesmo tempo que sentia uma pontada na cabeça.
O olhar do homem desceu até aos peitos inchados da mulher, para passar depois para o ventre avultado, coberto por uma camisa larga.
– Está grávida!
– Sim, não é maravilhoso?
A expressão dele deixou ver que não partilhava da sua alegria.
– De quantos meses?
Ela tentou sorrir, como sempre que pensava na pequena criatura que crescia dentro dela.
– De sete meses.
O queixo do homem ficou tenso.
– Quem é o seu obstetra?
– Ainda não tenho nenhum – admitiu, percebendo a surpresa do homem. – Vivo na cidade há poucas semanas – explicou, sem confessar que a data da sua chegada foi pouco depois dos médicos de Len a aconselharem a ir-se embora para sua própria segurança.
– Quando é que foi a última vez que fez uma ecografia? – perguntou, um instante antes da menina chamada Heidi aparecer com uma manta. Stacy tentou sorrir como agradecimento, mas os seus lábios permaneceram imóveis.
– Meu Deus, há um homem! Está morto? – gritou a menina assustada.
Boyd mudou de posição, para evitar que a menina visse a imagem do condutor sobre a capota.
– Heidi, preciso que estejas calma, por favor – disse o homem, com um tom de voz suave.
– Vou tentar, prometo – disse a menina, a tremer.
– Lamento – disse Stacy, emocionada pela reacção da menina.
– Não se pode fazer nada, pois não? – replicou o homem, abraçando a menina, antes de a largar novamente. – Telefona outra vez para a polícia e fica em casa, para o caso de telefonarem, está