Inefável ~ Antologia 2007-2013
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Inefável ~ Antologia 2007-2013 (Edições Bicho de Sete Cabeças, 2018) reúne a colaboração poética de vários autores e autoras (oriundos de diversos continentes) nos dez primeiros números da revista electrónica Inefável. Esta antologia inclui ainda duas entrevistas (a Alberto Pereira e a Júlio Graça).
Edições Bicho de Sete Cabeças
As Edições Bicho de Sete Cabeças dedicam-se, desde 2016, à edição de obras dos mais diversos géneros - da poesia ao teatro e do ensaio à investigação em ciências sociais.Recepção de originais, dúvidas e sugestões: editorabichodesetecabecas@gmail.com
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Inefável ~ Antologia 2007-2013 - Edições Bicho de Sete Cabeças
Inefável ~ Antologia
2007 - 2013
2018
© Os autores | Edições Bicho de Sete Cabeças
ISBN 97-804-634160-4-4
Direitos reservados segundo a legislação em vigor
Dez Números
Há onze anos, num contexto de proliferação de conteúdos literários na world wide web, lançámos mão a um projecto antigo, ambicioso e pouco experimentado, à época, em Portugal: a edição de uma revista electrónica dedicada exclusivamente à poesia cujo intento fosse buscar-lhe as (im)possibilidades
, tendo como propósito a publicação em rede de textos poéticos, traduções, crítica literária e ensaios de autores contemporâneos, [e] empenhando-se em ser acessível ao maior número de leitores
. Intitulámo-la de 'Inefável' – «o que não se pode exprimir por palavras», verte-se no dicionário –, num desafio a um dos paradoxos motores do exercício poético, razão da sua expressão simbólica plástica e longeva. A escassez de recursos materiais, a dificuldade em assegurar apoios institucionais, a ferocidade mercantilizante e autofágica do mercado editorial, a nula vontade de bater às portas das cidadelas iniciáticas, eis as razões entretecidas que determinaram o meio através do qual a Inefável haveria de surgir e procurar o seu público: a internet e o seu acesso (por enquanto) gratuito. Encetámos a sua publicação na plataforma weblog.pt, entretanto extinta, e estamos, ao presente, na Wordpress.com. Cumprimos, até agora, quase todos os objectivos a que nos propusemos: publicámos em vários idiomas, acolhemos a tradução, a entrevista e a recensão crítica.
Impunha-se, pelo cariz próprio do meio de publicação original, uma antologia, ao mesmo tempo tangível e intangível: a presente edição, acolhida pelas Edições Bicho de Sete Cabeças e distribuída pela Smashwords, concretiza e completa o projecto inicial inaugurado com a obra impressa. Incluímos neste livro digital – no qual se publicam, unicamente, os textos em Português – os autores e autoras cujos poemas inéditos divulgámos e, também, duas traduções e duas entrevistas – remetemos os leitores destas páginas, portanto, para as da edição electrónica e integral em https://inefavelsite.wordpress.com. Acrescentámos a título documental e ilustrativo algumas fotografias do lançamento da edição impressa (Seda Publicações, 2014), ocorrida em Lisboa, na Casa do Alentejo, no dia 3 de Outubro de 2014. Quanto à organização deste volume, a mesma segue o critério das afinidades (estéticas e ou temáticas) entre diversos textos e autores/as, em detrimento do respeito pela cronologia da sua publicação – isto porque julgamos mais pertinente a releitura dos (dez) números aqui coligidos do que a mera reprodução da sua sequência no tempo. Agradecemos profundamente, por fim, a colaboração editorial empenhada de Patrícia Alves de Matos, José do Carmo Francisco, Ricardo Gil Soeiro, Alberto Pereira e Ruy Ventura, que contribuíram, com generosidade, para que a Inefável não permanecesse um empreendimento solitário. Estamos igualmente gratos pela cobertura fotográfica do lançamento da edição impressa, a cargo da Casa do Alentejo, e pelo grafismo dos materiais de divulgação que acompanharam este evento. O agradecimento derradeiro vai, inefavelmente, para todos os autores e as autoras pela sua participação.
Almeirim, 27 de Maio de 2018
DO (IN)EFÁVEL NA POESIA
por Ruy Ventura
[…] não pretendo legislar, mas encontrar.
António Maria Lisboa
Coloco-me do lado de fora, no lugar posterior. Com António Maria Lisboa, penso que ao caminharmos para o Futuro é o Passado que conquistamos
, porque o Passado só vale enquanto proposta e motor do que há-de vir.
Escrevo sobre e da poesia portuguesa contemporânea, dos alicerces de um edifício em parte embargado, esperando que a solidez das estruturas, a pedir advento e construção, convença os pedreiros a deitarem mãos à obra. Venham de onde vierem.
Escrevo tendo consciência de que a nossa poesia pode e deve ser uma proposta universal. Escrevo sobre ela sabendo, de antemão, que se limita a ser uma peça na engrenagem produtora e transmissora dos grandes movimentos que fazem brilhar, empalidecer e oxidar a nossa contemporaneidade artística. Dias sem tempo – cem anos são um dia – em que o anterior e o posterior se unem num ponto movente, para quem os saiba ler. Dias em que qualquer ser onde luza alguma clarividência vive, todavia, em permanente angústia perante a amnésia colectiva – daqueles que não vêem, não lêem nem escutam porque, na sua auto-suficiência, aproveitam todos os momentos para entulhar o espaço disponível com as suas inanidades e escadas de papelão; daqueles que a erosão (da igualdade de oportunidades e da dignidade da pessoa) vai reduzindo à condição de servos de uma gleba onde cresce, todos os dias, um horror bem visível na manipulação estupidificante, no alheamento e no isolamento, na redução do Homem à mais corrosiva penúria material e espiritual.
Não me interessam as querelas nem os campeonatos. Para mim, a grande causa consiste na luta contra o logro e contra a penúria intelectual, contra os actos daqueles que não