Um cavaleiro andante
By Cindy Gerard
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About this ebook
Aquele texano alto e de olhos verdes queria muito protegê-la, transformar-se no seu anjo da guarda e fazê-la sua para sempre. Poderia o seu amor atravessar as feridas e a dor que Helena tinha no coração?
Cindy Gerard
Cindy Gerard is the critically acclaimed New York Times and USA Today bestselling author of the wildly popular Black Ops series, the Bodyguards series, and more than thirty contemporary romance novels. Her latest books include the One-Eyed Jacks novels Killing Time, Running Blind, and The Way Home. Her work has won the prestigious RITA Award for Best Romantic Suspense. She and her husband live in the Midwest. Visit her online at CindyGerard.com.
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Um cavaleiro andante - Cindy Gerard
Editado por Harlequin Ibérica.
Uma divisão de HarperCollins Ibérica, S.A.
Núñez de Balboa, 56
28001 Madrid
© 2001 Harlequin Books S.A.
© 2018 Harlequin Ibérica, uma divisão de HarperCollins Ibérica, S.A.
Um cavaleiro andante, n.º 441 - setembro 2018
Título original: Lone Star Knight
Publicado originalmente por Silhouette® Books.
Reservados todos os direitos de acordo com a legislação em vigor, incluindo os de reprodução, total ou parcial.
Esta edição foi publicada com a autorização de Harlequin Books S.A.
Esta é uma obra de ficção. Nomes, carateres, lugares e situações são produto da imaginação do autor ou são utilizados ficticiamente, e qualquer semelhança com pessoas, vivas ou mortas, estabelecimentos de negócios (comerciais), feitos ou situações são pura coincidência.
® Harlequin, Harlequin Desejo e logótipo Harlequin são marcas registadas propriedades de Harlequin Enterprises Limited.
® e ™ são marcas registadas por Harlequin Enterprises Limited e suas filiais, utilizadas com licença.
As marcas em que aparece ® estão registadas na Oficina Española de Patentes y Marcas e noutros países.
Imagem de portada utilizada com a permissão de Harlequin Enterprises Limited. Todos os direitos estão reservados.
I.S.B.N.: 978-84-9188-800-0
Conversão ebook: MT Color & Diseño, S.L.
Sumário
Créditos
Prólogo
Capítulo Um
Capítulo Dois
Capítulo Três
Capítulo Quatro
Capítulo Cinco
Capítulo Seis
Capítulo Sete
Capítulo Oito
Capítulo Nove
Capítulo Dez
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Prólogo
Não era verdade. Não de todo. A vida não passava diante dos olhos de uma pessoa antes de morrer. Só alguns fragmentos, momentos isolados unidos como uma montagem vívida, e uma percepção extrema e aguda daqueles que iam morrer juntamente com ela.
Enquanto a tripulação e outros onze homens e mulheres que iam no voo de Royal, no Texas, para Asterland, na Europa, se preparavam para o impacto com optimismo, preces sussurradas ou prantos suaves, lady Helena Reichard pensava em Asterland, o lar que talvez não voltasse a ver. Pensou nos pais, os condes de Orion, e na dor que a sua morte ia provocar-lhes. No cão que quisera ter em criança, nos projectos que não ia poder finalizar e em todas as pessoas que podiam sofrer com isso.
Curiosamente, também pensou no texano alto e atraente, com olhos verdes risonhos e cabelo escuro ondulado, que dançara com ela na festa celebrada no Clube dos Criadores de Gado do Texas há duas noites.
Já conhecera homens imponentes. Sofisticados. Mundanos. Com título e dinheiro. No entanto, nunca conhecera ninguém como Mathew Walker. Com o seu sorriso fácil e cativante e o seu charme demolidor, mostrara-se encantador e ao mesmo tempo subtilmente distante. Era evidente que era um homem rico, embora a mão que a segurara durante a dança exibisse calos provocados pelo trabalho físico. Conseguira que ela desejasse não ter de partir de Royal tão cedo.
«É triste», pensou, «não ter tido a oportunidade de o conhecer melhor. É triste que a minha última visão do Texas seja a cair de cento e cinquenta metros de altura». Depois não pensou em mais nada excepto no momento presente, enquanto o avião, com o motor esquerdo em chamas, estremecia e percorria os últimos cinquenta metros até ao chão. Baixou a cabeça, cruzou os braços sobre os tornozelos e preparou-se para o impacto.
Atrás de si, alguém gritou. Um som estridente atravessou a cabina pressurizada enquanto toneladas de aço e combustível inflamável batiam na terra para, em seguida, derraparem pelo deserto sem a ajuda do trem de aterragem. E o medo… o medo era estarrecedor enquanto as chamas que até então tinham estado confinadas ao motor esquerdo alastravam à cabina e uma dor cega e aguda a consumia.
Capítulo Um
– Justin… eh, Justin, espera – Matt Walker dirigia-se com ar cansado para a sala das enfermeiras da unidade de queimados, quando viu Justin Webb, que ia para o elevador.
Justin virou-se, a beber de uma chávena que Matt sabia conter o pior café do mundo. Após examiná-lo de modo crítico, franziu o sobrolho.
– Já internei pacientes com melhor aspecto do que tu.
Matt sabia que o amigo via a barba incipiente, uma camisa amarrotada e olhos vermelhos. Passou a mão pelo queixo por barbear e mexeu os ombros para eliminar a tensão.
– Estou bem. Foi só uma noite mal dormida.
– Deves querer dizer uma série de noites mal dormidas – resmungou o amigo. – Continua a privar-te de dormir dessa maneira e não vais servir-lhe de ajuda nenhuma, Matt.
Ambos sabiam do que estava a falar. Tinham passado quase dois meses desde o acidente de avião e desde que lady Helena fora internada de urgência na unidade de queimados do Royal Memorial Hospital. Fazia parte de um grupo de representantes de Asterland e alguns naturais locais, entre eles as amigas de Matt, Pamela Black e Jamie Morris, que iam para Asterland após uma elegante recepção diplomática no Clube dos Criadores de Gado do Texas. Tinha decorrido quase um mês inteiro desde que os membros do clube tinham designado Matt para montar guarda diante da porta do quarto de Helena.
Pouco importava que estivesse exausto. Não era o seu bem-estar que estava em jogo, mas o de Helena. Só gostava de saber de quem ou de quê estava a protegê-la.
Para além de Matt e Justin, só mais três membros do clube conheciam os pormenores misteriosos que rodeavam a aterragem de emergência do avião que enviara Helena para o hospital. Apesar de, felizmente, ninguém ter morrido e de terem passado dois meses, ainda era difícil digerir a situação. Se o acidente em si já era mau, o que dizer do assassinato e do roubo da jóia? Tudo levava a crer que se tratava de uma tentativa de golpe de estado em Asterland.
Aparentemente, Helena Reichard era uma peça fundamental do quebra-cabeças. Matt sabia o quanto ela estava vulnerável. E também sabia que nada, absolutamente nada, lhe aconteceria durante a sua vigilância.
– Como está? – perguntou, enquanto Justin acabava de beber o café e deitava o copo no caixote do lixo.
– Bom, segundo ela, bem.
– Acho que preferia saber a tua opinião – estudou a cara do amigo. – Como é que está de verdade?
Justin cruzou os braços e encarou-o.
– Já passámos por isto.
– Faz-me a vontade. Repete.
– Olha, eu não sou o seu médico principal… só vou tratar dela quando estiver pronta para a cirurgia plástica. Chambers é o seu traumatologista. Mas os gráficos falam por si.
– Para mim, não – apoiou o peso numa perna. – Explica-mos.
– Não és parente dela, Matt.
– Oh, pelo…
– Espera. Espera – Justin levantou uma mão. – Acalma-te. Não és parente dela, mas, como és a única pessoa que se interpõe entre ela e sabe Deus que ameaça, precisas de saber. E isso dá-me licença para to dizer – conduziu-o para o sofá ao fundo do corredor, onde se sentaram. – Como já sabes, quase todas as queimaduras são de segundo grau e estão limitadas ao braço esquerdo e à parte superior da perna. É o fragmento de terceiro grau que tem na mão esquerda que está a causar-nos problemas. Os tendões extensivos, que controlam o movimento dos dedos, foram afectados. Tivemos que fazer um enxerto. Infelizmente, surgiram complicações.
– Infecção? – Matt reclinou-se e passou o dedo indicador pela testa.
Justin assentiu.
– Esperávamos evitá-la… esperamos sempre, mas com uma queimadura tão profunda e suja, era praticamente inevitável. Já está controlada, mas atrasou a recuperação. Só o tempo dirá que tipo de mobilidade recuperará.
Matt pensou na mão adorável que segurara no baile do Clube dos Criadores de Gado. Na pele suave como pétalas. Nos dedos finos e graciosos.
– E o tornozelo?
– Não se sabe – Justin abanou a cabeça. – É uma fractura feia. Muito feia. Mesmo com uma operação de parafusos, Chambers não pode garantir que não fique a coxear para sempre.
Matt pensou na mulher bonita e vivaz com quem dançara. A mulher cujos olhos azuis tinham brilhado, risonhos, com evidente interesse. A mulher que pronunciara o seu nome num inglês perfeito, mas que o fizera parecer exótico. Uma mulher que estava muito além da perfeição.
Sabia que a mulher que se encontrava no quarto do hospital, apesar de ainda ser bonita, tinha cicatrizes fundas e corria o risco de ficar incapacitada… e que o seu processo de recuperação exigia muito mais do que unir ossos e curar a pele. E não podia livrar-se da sensação de impotência por não haver nada que pudesse fazer para a ajudar.
– Precisas de dormir, amigo – a voz de Justin interrompeu-lhe os pensamentos. – Pede a alguém que te substitua.
– Não posso. Pelo menos, não esta noite. Os meus homens estão ocupados, por isso, tenho de ficar.
– Está bem – Justin endireitou-se, após examiná-lo com atenção. – O plano é este: tenho um paciente com febre e vou ficar aqui por mais algum tempo. Posso substituir-te durante uma hora ou duas.
– Obrigado, mas trata-se do meu trabalho, não do teu.
A expressão de Justin reflectia a pergunta que o próprio Matt fazia a si mesmo ultimamente: «Tens a certeza que se trata de um simples trabalho?»
Já não tinha a certeza de nada, excepto que não se sentia preparado para reconhecer, nem sequer para si mesmo, que podia ser mais alguma coisa. Sim, sabia que o seu comportamento rondava a obsessão e que pensava mais do que devia nela. Afinal de contas, Helena era uma mulher fascinante. Não o seu tipo de mulher, mas fascinante de qualquer forma.
No entanto, tudo se reduzia a uma coisa: os cinco membros do clube que estavam ao corrente do acidente acordaram que lady Helena Reichard era responsabilidade sua. E ele levava-a muito a sério. Sobretudo depois daquilo que acontecera na semana anterior. Saíra por um momento e, ao voltar, encontrara um homem diante da porta aberta do quarto. Quando Matt se aproximara, o homem fugira como se estivesse a ser perseguido por mil demónios e, no corredor às escuras, não conseguira ver-lhe a cara. Fosse quem fosse, continuava à solta. E, a julgar pelos seus actos, era uma potencial ameaça.
– Não vou a lado nenhum, Justin – declarou.
– Vais, sim – contradisse-o Justin, com autoridade. – Vais – apontou para o quarto em frente ao de Helena. – Está vazio. Usa a cama. Eu fico no teu lugar por algumas horas. Ponto final – quando Matt abriu a boca para protestar, ordenou: – Usa-a – e foi à sala das enfermeiras buscar algumas fichas médicas.
Helena olhou pela janela do quarto do hospital para a escuridão que antecedia o amanhecer no oeste do Texas. O pesadelo acordara-a. Como fazia com frequência, sentou-se na escuridão e travou uma batalha perdida contra as lembranças vívidas do acidente.
Reprimiu a náusea que lhe subiu à garganta. Tinham passado quase dois meses de noites intermináveis e ainda não conseguira reconciliar-se com aquilo que lhe acontecera. E com aquilo que não lhe acontecera.
Não morrera. Milagrosamente, ninguém morrera. Robert Klimt, membro do gabinete do rei Bertram, e ela eram os únicos feridos graves. Sim, sobrevivera, mas os ferimentos eram uma lembrança constante e vingativa de que a vida, tal como ela a conhecia, nunca mais voltaria a ser a mesma.
Uma raiva impotente abrasou-lhe a pele ao tirar da mão esquerda a luva de pressão protectora que seria sua companheira constante pelo menos durante um ano. Obrigou-se a olhar. A olhar para o pedaço desfigurado de pele enxertada, a cicatriz repulsiva, os dedos rígidos e inúteis que talvez nunca mais pudessem pegar