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O segredo de Francesca
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O segredo de Francesca

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About this ebook

Francesca Belling está dividida entre dois mundos – a paixão do passado pelo melhor amigo do irmão e seus compromissos com o futuro. Nunca tinha imaginado que acabaria na cama com seu amor de longa data, Thomas Wallingham, mas é exatamente aí onde ela se encontra.

Infelizmente, o correio não funciona muito bem durante a guerra. Ela achava que ele sabia de tudo. Ele sequer suspeitava.

Thomas sempre quis fazer parte da família Belling, mas tinha sido tolo demais para se agarrar à chance que teve no passado. Em vez disso, tinha fugido para a guerra. Encorajado pelo amor que sente pela versão adulta de Francesca, agora descobre que seu sonho pode estar ao seu alcance.

Se ela pensa que vai escapar dessa vez, não faz ideia de onde se meteu.  

LanguagePortuguês
PublisherAmy
Release dateNov 5, 2018
ISBN9781547554072
O segredo de Francesca

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    O segredo de Francesca - Amylynn Bright

    Tradução: Rita Paschoalin

    O segredo de Francesca

    Copyright 2013 Amy Bright

    Todos os direitos reservados.

    Projeto de capa de Jaycee DeLorenzo /  jayceedelorenzo.com/sweetnspicy/

    Projeto do livro de Amy Bright

    Nenhuma parte desta edição pode ser reproduzida em qualquer meio ou forma, seja eletrônica ou mecânica, incluindo arquivos de informações e sistemas de busca, sem a expressa permissão da autora. A única exceção é composta por resenhistas que podem citar trechos curtos da obra em resenhas.

    Esta é uma obra de ficção. Nomes, personagens, lugares e acontecimentos são produtos da imaginação da autora ou usados de forma ficcional. Qualquer semelhança com pessoas vivas ou mortas, eventos ou localidades, será mera coincidência.

    Amylynn Bright

    Visite minha página na internet www.amylynnbright.com e meu blog www.amylynnbright.com

    Dedicatória

    Para Linda – a culpa é toda sua. E eu nunca teria conseguido sem você. Se não pudesse contar com você para atender minhas ligações e me tranquilizar quando eu chorava no chão do supermercado, não sei se este livro teria ficado pronto. Vamos comer uma fatia de bolo.

    E para Michael - Porque amo você, amo de verdade, mesmo quando não faço ideia do que você está falando.

    E para mamãe - Você me despertou o amor pela leitura, então provavelmente é a culpada por eu não poder entrar em livrarias sem a supervisão de um adulto.

    Capítulo Um

    Thomas? É você?

    Sim, era ele. Thomas ainda estava na porta do escritório do advogado quando a ruiva estonteante surgiu no saguão e praticamente se atirou em cima dele.

    Está falando com o Conde de Harrington, senhorita. O advogado era um chato petulante como todos os bons advogados.

    Sei exatamente quem ele é, declarou a ruiva. Estava a menos de um passo de distância e deu um largo sorriso.

    Thomas abriu a boca para falar que lamentava não poder dizer o mesmo, apesar de adorar a ideia de conhecê-la no futuro, quando a lembrança o atingiu como um raio. Frankie? Ah, meu Deus.

    Quando você voltou? Ela sorriu, com dentes e lábios perfeitos – e foi por causa do sorriso glorioso que a reconheceu. Quando viu que era ela ficou impressionado por não a ter reconhecido imediatamente. No entanto, já tinham se passado cinco anos – cinco anos que fizeram muito bem a ela. Não vá me dizer que você já está em Londres há dias e não foi nos ver por causa do que aconteceu. Ela deu um passo para trás, e o entusiasmo diminuiu.

    Claro que não. Cheguei ontem à noite. Eu ia lá hoje. Ele passou a mão pelo cabelo e fez um esforço para não lançar um olhar de cobiça.

    Então tudo bem. Mamãe vai esganar você se souber que está na cidade e não foi vê-la. Ela estendeu os dedos longos e tocou-lhe o braço por sobre a manga da casaca. O sorriso largo não tinha se dissipado nem um pouco. Ela era linda. Sempre tinha sido uma garota bonita, mas agora era uma mulher muito, muito bela.

    Uma loira se aproximou de Frankie e o cumprimentou. É bom vê-lo tão bem, Thomas.

    Senhorita Sinclair! Que surpresa. Eu certamente não esperava esta acolhida no escritório de meu advogado a essa hora do dia.

    Não acredito que você voltou. Frankie repetiu, balançando a cabeça.

    Sim, sim, ele está de volta de verdade. A voz impaciente do advogado interrompeu a animada reunião. Tenho um dia muito ocupado, Senhorita Sinclair. Não tenho tempo para desperdiçar entre um compromisso e outro.

    Thomas tinha esquecido que a amiga de Frankie era uma fera até ela encarar o Sr. Berger. Claro, senhor, só um minuto. Frankie, você não precisa ficar comigo. Posso cuidar de tudo sozinha.

    Tem certeza?, perguntou Frankie, a voz cheia de expectativa.

    Absoluta. Se ficar aqui vai me enlouquecer e pedir para irmos embora. Fique com Thomas. A gente se encontra mais tarde.

    Thomas sabia que estava sorrindo abertamente. Excelente. Você pode me acompanhar em minha próxima tarefa.

    "Tem certeza de que quer que eu vá?" perguntou Francesca, o olhar esperançoso.

    Vai conseguir se comportar em minha carruagem? Ele sorriu; e viu que o gracejo foi bem recebido quando ela sorriu de volta.

    Senhorita Sinclair? Meu dia é realmente cheio. Senhor Berger fez um gesto amplo e grandioso em direção ao escritório.

    Frankie se despediu da amiga com um beijo no rosto. Obrigada. A gente se vê em casa mais tarde. Ela deu o braço a Thomas, e ele deu passagem para ela na porta.

    Lamento muito por seu irmão, disse Frankie, pressionando o braço de Thomas. Ele ergueu uma sobrancelha. Quer dizer, não lamento exatamente, mas isso não é coisa que se diga. Quando comentei que o acidente tinha sido mais do que justo, Mama me passou um sermão de uma hora.

    Thomas a tomou pela cintura – uma cintura fina, como ele bem notou – e a ajudou a subir na carruagem. Ele pegou as rédeas, e a carruagem seguiu se sacudindo pela Chancery Lane em direção à St. James Square. O silêncio se prolongou por alguns instantes enquanto Thomas conduzia a carruagem pelo trânsito pesado da manhã.  Boa parte da aristocracia ainda estava na cama naquela hora, mas a classe trabalhadora de Londres já estava cuidando da vida.

    Ele olhou de relance para o rosto de Francesca e quase conseguiu ver os pensamentos dançando em sua cabeça; suspeitou que ela pensava duas vezes antes de falar. Claro que ele podia tranquilizá-la e dizer que tudo estava perdoado, que nunca mais tinha pensado no assunto, mas isso seria uma mentira.

    Afinal, que tarefa é essa? Aparentemente, ela ainda não estava pronta para nadar em águas mais turvas. Tudo bem. Thomas podia esperar.

    É a casa. Ele virou os cavalos na direção da Rua Upper Brooks. A casa se erguia no final do quarteirão, um gigantesco imóvel de pedras cinzentas e brancas. Majestosa e imponente, dominava a paisagem como se não fizesse outra coisa além de acumular pó. Eu bem que poderia demolir tudo, apesar de ser um monumento à ganância de meu pai.

    Frankie se mexeu em seu assento e olhou para ele, em choque. Você não pode estar falando sério. Sei como se sente, mas é uma casa linda, apesar de tudo.

    Ele puxou as rédeas quando se aproximaram da frente da casa. O garoto dos estábulos já o esperava na entrada. Thomas observou a fachada e tentou apreciá-la com outros olhos. Do ponto de vista arquitetônico, era um lindo prédio. Seus pais nunca se conformariam com menos em se tratando de uma residência londrina. Mas, ao contrário de seus pais, Thomas não tinha qualquer apego aos tijolos e pedras dos três andares da Casa Wallingham.

    Acho que sei como se sente. Frankie falou baixinho, num tom suave e consolador. Mas é sua casa agora, pode fazer o que quiser com ela. No entanto, seria uma pena deixá-lo vencer. Não seria?

    Thomas desviou o olhar da janela de seu antigo quarto no segundo andar e olhou para a mulher sentada ao seu lado. Os olhos dela tinham um tom cintilante de verde-lima que o fascinaram por um instante, até que ela piscou e ele despertou do devaneio. Saltou da carruagem e ofereceu uma mão para ela. Acho que sim. Ele sorriu, e a preocupação se dissipou do rosto dela.

    Então, como posso ajudar?

    Se não for demolida, preciso deixá-la com a minha cara.

    Frankie se animou. Ah, posso ajudar a decorar?

    O mordomo abriu a imensa porta de carvalho, revelando o vestíbulo e as primeiras esculturas e pinturas que tinham sido a paixão da mãe dele. Thomas acompanhou Frankie pelo ambiente, permanecendo bem perto enquanto ela examinava cada obra de arte. Por onde ela passava, pairava no ar um rastro de perfume, uma sedutora mistura de alecrim e limão que o deixava morto de vontade de cheirar o cabelo dela.

    Sabe, acho que conto nos dedos de uma mão o número de vezes que estive aqui, disse Frankie, o que é engraçado, considerando todo o tempo que você passou em nossa casa.

    Mesmo depois que parti? Ele deslizou a mão pelas costas dela, num gesto que até poderia ter sido completamente inocente, mas estava longe disso. Percebia o movimento do quadril e da coluna dela à medida que caminhavam, e a sensação de intimidade o deliciava.

    Principalmente depois que você partiu. Ela se virou para encará-lo, e Thomas teve de dar um passo atrás para evitar que o seio dela roçasse seu braço. O que era uma pena, pois naquele momento ele tinha grande curiosidade em torno dos seios de Frankie. Não tinha como Mama tomar o partido da sua mãe depois daquilo, e acho que ela tinha razão.

    Sua mãe nunca disse nada nas cartas. As cartas da duquesa tinham sido poucas e com grande intervalo entre elas, mas, considerando que estavam em guerra, e que ele estava no mar na maior parte do tempo, até que tinham tido a frequência esperada.

    Bem, ela não precisava, não é mesmo?

    Não, não precisava. A duquesa tinha sido sua mais leal protetora. Thomas sempre soube a quem a família Belling destinava sua lealdade. Mesmo depois de partir em maus lençóis, ainda acreditava que seria bem vindo à família quando regressasse. Saber disso tinha mantido sua sanidade enquanto as balas de canhão sobrevoavam sua cabeça. Se não pudesse contar com eles... Thomas sentiu um calafrio. Não teria havido razão para voltar.

    O que vou fazer com todas essas... – Thomas fez um amplo gesto com a mão, apontando para as bobagens que sua mãe tinha acumulado – ...coisas?

    A casa toda está assim?

    Pode apostar. Ele a conduziu para o salão de recepções onde não faltavam itens inúteis para ela apreciar e então se voltou para o mordomo que aguardava pacientemente. Masters, peça que tragam chá e alguma coisa para comer. Estou faminto.

    Agora mesmo, senhor. O homem acenou e girou nos calcanhares. Talvez Masters e os demais funcionários da casa fossem a parte mais interessante de sua herança.

    Na verdade, gosto muito desta tela. Frankie estava de costas na soleira da porta, iluminada por um raio de sol. Ela virou um pouco a cabeça, tentando examinar sob outra luz a paisagem pintada à sua frente. Um grande cacho de cabelo se soltou de seu coque. Thomas observou, fascinado. O cacho escorregou vagarosamente pelo pescoço e se aninhou sobre o ombro. Ela se virou e olhou para ele. Tem certeza de que vai se livrar de tudo nesta casa?

    Thomas piscou. Acho que vou deixar você decidir.

    Ela acenou, concordando. Gosto deste. Deveria ficar com ele.

    Juntos, sentaram-se na mobília horrenda, tomaram chá e mordiscaram biscoitos e guloseimas, e diligentemente evitaram todos os tópicos importantes da conversa que teriam de ser abordados em algum momento. Frankie perguntou sobre a experiência dele na guerra, e Thomas deu detalhes sem importância, dizendo que nunca tinha estado realmente em perigo. O olhar de preocupação seguido de alívio o agradou mais do que o pouco contato que tinham tido mais cedo. Fez a mentira valer a pena.

    Francesca descansou a xícara de chá sobre a mesa. Não posso dizer que lamento pelo fim de sua família. Talvez esse sentimento garanta meu lugar no inferno, mas a morte deles o trouxe de volta para nós, em segurança. Frankie fez uma pausa e então continuou, quase sussurrando. Mama ficou tão aflita. Eu fiquei tão aflita.

    Essa nunca foi minha intenção. Tive muitas razões para ir embora.

    Os lábios de Frankie se abriram num sorriso sutil. Eu sei. Ela balançou a cabeça. Você deve estar se sentindo exausto com tudo que precisa resolver.

    Ela não fazia ideia. Entre casas, propriedades e investimentos, sem falar nas apostas do irmão... Eu diria que estou em meio a uma tempestade em alto mar, mas seria ironia demais. Ao menos não precisei cuidar do enterro, isso foi feito antes do meu retorno. A verdade é que obviamente papai nunca imaginou que eu ficaria com nada disso. Ainda bem que a secretária dele é competente. Então, no fim das contas, vou dar um jeito em tudo.

    Ela se aproximou e botou a mão sobre o braço dele. Tenho certeza absoluta de que vai. E é claro que Christian vai ajudar no que for possível.

    Thomas podia contar com seu melhor amigo, o irmão de Frankie, para qualquer coisa. Tenho planos. Na verdade, eram planos bem incipientes, mas existiam. E pareciam estar se concretizando como ele jamais poderia imaginar.

    Você sabe que Christian vai ficar uma fera quando descobrir que vi você primeiro, certo? O sorriso dela tinha um brilho travesso. Mal posso esperar.

    Thomas estava animado para rever Christian e a duquesa. Mas não agora. Era meio surpreendente, mas não queria estar com mais ninguém além de Frankie.

    Quer ver o resto da casa? Estendeu a mão, e ela aceitou, erguendo-se do sofá com desenvoltura. Francesca tinha sido uma garota alta, grandalhona e desengonçada. Não mais. A deselegância meio cômica tinha se convertido em uma postura ágil e esbelta.

    Ele a conduziu por todos os ambientes, andar por andar, e Frankie o pôs a par das últimas tendências em decoração de interiores. Thomas não dava a mínima para modelagens e papel de parede, ou para a enorme diferença entre chita e seda, ou listras versus estampas florais. O que realmente prendia sua atenção e o conectava àquela conversa era a excitação inquieta que surgia em sua barriga e descia rumo à virilha à medida que seguiam pelos andares da casa de seus pais. Enquanto avançavam, ele se viu como um adolescente, dando um jeito de se colocar em posições que permitissem contato físico com ela.

    Acho que esta sala ficaria interessante com uma temática egípcia. O que você acha? perguntou ela. Antes que ele pudesse processar a pergunta, ela já estava descrevendo o que imaginava: a mobília, o estofamento, as quinquilharias.

    Claro, respondeu Thomas, certo de que qualquer projeto chinfrim que ela adotasse para aquela casa resultaria em algo muito melhor do que aquele mausoléu empoeirado montado por sua mãe.

    Tenho um orçamento? perguntou ela, dirigindo-se às escadas que levavam para os quartos da família.

    Não acho que seja prudente deixar você no controle, disse ele, lembrando-se das batalhas épicas que Frankie travou na infância com o pai por causa da mesada. Seja razoável, é tudo o que peço.

    No alto da escada, Thomas seguiu para a direita onde ficavam os quartos que ele e o irmão tinham ocupado quando crianças. Deveria se incomodar com o fato de que nada naqueles quartos tinha qualquer significado para ele?  Na verdade, com exceção da janela e da imensa árvore lá fora, cujos galhos tinham permitido inúmeras escapadas noturnas, nada ali lhe parecia familiar a ponto de ser chamado de seu.

    Frankie seguiu, silenciosa e pensativa, como se toda a euforia tivesse se esvaído. Seus dedos deslizaram sobre a cômoda, depois sobre a cabeceira macia da cama, enquanto absorvia todo o conteúdo do quarto.

    O que quer fazer com estes quartos?, perguntou num tom gentil que o irritou.

    Destrua-os. Livre-se de tudo. De todos os quartos da família.

    Ah, Thomas, sinto muito. Ela atravessou rapidamente o carpete em direção a ele. Por tudo.

    Não foi culpa sua.

    Mesmo assim, sinto muito por seu pai ter sido um canalha e sua mãe, tão fria. Lamento pelo caráter de seu irmão. Seus olhos, cheios de lágrimas, estavam absurdamente verdes e brilhantes. Ela soluçou. Mas acima de tudo, sinto muito por ter feito o que fiz. Lamento por tê-lo feito partir. Será que consegue me perdoar? Frankie se jogou, aos prantos, nos braços dele.

    Pela primeira vez na vida Thomas não se sentia completamente sozinho em sua casa.

    Capítulo Dois

    Foi bom se desculpar.

    Passar cinco anos com remorso era mais cansativo do que se poderia imaginar.

    Eu já disse, houve vários motivos para minha partida. Thomas acariciou as costas dela fazendo pequenos movimentos circulares com os dedos. O que aconteceu naquele dia foi só um pedacinho da história.

    Frankie fez um esforço concentrado para se controlar. Não queria que ele aceitasse suas desculpas só porque tinha medo de uma mulher desequilibrada. A forma como ela se comportara naquele dia tinha sido detestável.

    Ela se afastou até que estivessem a um passo de distância. Não tente facilitar as coisas para mim. Você merece uma explicação, e há cinco anos tento encontrar a melhor delas.

    Thomas permaneceu em silêncio, mas ela sentiu a tensão sob a casaca no ponto em que tocava os braços dele. Ela engoliu em seco e seguiu em frente. Ainda não sei o que passou pela minha cabeça. Ou o que não passou, obviamente. Meu orgulho adolescente estava em jogo.

    Ela ergueu o rosto e seus olhares se cruzaram. O rosto dele era exatamente como ela se lembrava, forte e anguloso, mas com algumas rugas ao redor dos olhos, revelando a passagem de meia década – e de uma guerra. O cabelo preto estava alinhado e se prolongava pela nuca, mas as ondulações sedosas pareciam prestes a se rebelar e, a qualquer momento, cair pelo rosto em curvas sedutoras. Eu estava furiosa porque Mama não tinha me deixado ir ao baile de Páscoa. Cismei que você se envolveria com outra pessoa antes que eu tivesse a idade certa.

    Envolver-me com outra pessoa? Frankie, eu não estava procurando ninguém. Pelo amor de Deus, eu tinha vinte e quatro anos. Só queria me divertir.

    Ela fechou os olhos para criar coragem. Entendo isso agora. É provável que eu já entendesse naquela época, mas não fazia diferença. Eu era jovem e tonta e ... – outra pausa para buscar coragem – ...completamente apaixonada por você.   

    Thomas arregalou os olhos castanhos, cintilantes: E aí você decidiu montar uma armadilha pra mim?

    Foi um erro, e eu sinto muito. Acho que pensei que você me amaria tanto quanto eu amava você.

    Montando uma armadilha.

    Sinto muito. Muito, de verdade. Ela soltou uma das mãos que seguravam os braços dele e, com dedos trêmulos, secou as lágrimas do rosto. Você não faz ideia da culpa que senti. Se tivesse acontecido qualquer coisa com você... Apesar de todo o esforço, outro soluço irrompeu e ela caiu no choro outra vez. Thomas a envolveu num abraço acolhedor. Como conseguia ser tão compreensivo e paciente? E como podia ser tão bom estar nos braços dele? Por que tinha de acontecer justo agora?

    Frankie, por favor, para de chorar. Mais uma vez, ele alisou as costas dela e apoiou o rosto em sua testa. Toda a raiva que senti naquela época já passou.

    Como é possível? Você ficou furioso no parque naquele dia.

    Thomas segurou uma risada. Ela ouviu o ruído vindo do peito dele. "É claro que fiquei furioso! Eu tinha acabado de impedir o seu sequestro – e então descobri que o suposto sequestrador era um ator contratado por você. Sabe de uma coisa? Eu menti, ainda estou furioso. Você faz ideia do que poderia ter acontecido? Deus, quando penso nisso."

    Frankie afastou o rosto e alisou o cravat que ele usava. Eu sei, eu sei. Eu era uma idiota. Por que nunca contou nada à Mama ou ao Christian?

    Porque irmãos não fazem fofoca.

    Aquilo partiu seu coração. Ah. Bem, isso sempre foi um problema. Nunca o considerei um irmão. Pelo menos não depois dos seis anos de idade.

    Ah. Thomas se afastou um pouco e olhou para ela outra vez. Ah.

    Frankie não conseguiu segurar um sorriso diante da expressão no rosto dele. Por que você acha que eu o rondava o tempo todo? Eu estava apaixonada por você.

    Você não estava apaixonada por mim, ele falou em tom zombeteiro. Aos dezesseis anos você nem fazia ideia do que era amor.

    Frankie não estava disposta a discutir com ele sobre quão bem conhecia seus próprios sentimentos. Seria bom encerrar essa conversa com alguma dignidade. Ainda assim, não conseguia deixar aquele comentário passar sem protestar: "Eu sabia muito bem o que queria

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