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Ruiva em Fuga: Nascido no Sindicato - Livro 1
Ruiva em Fuga: Nascido no Sindicato - Livro 1
Ruiva em Fuga: Nascido no Sindicato - Livro 1
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Ruiva em Fuga: Nascido no Sindicato - Livro 1

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About this ebook

Em busca de redenção por seu passado sórdido, o agente especial do FBI Alex Bailey ganha uma nova parceira, Katherine Mitchel… e uma nova missão secreta.

Antes de receber o primeiro caso da dupla, Katherine descobre provas incriminadoras contra um grande esquema criminoso conhecido como Sindicato. O grupo controla os principais membros da polícia metropolitana de Washington, do Congresso norte-americano e até do FBI e fará de tudo para proteger seus interesses. Com sua vida em jogo, Katherine é forçada a confiar em Alex quando foge de Washington e entra no Programa de Proteção a Testemunhas.

Só que não há como se esconder do Sindicato.

Na investigação mais perigosa de sua carreira, Alex deve decidir até onde está disposto a ir para manter Katherine segura e deter o Sindicato.

LanguagePortuguês
Release dateDec 5, 2018
ISBN9781547559763
Ruiva em Fuga: Nascido no Sindicato - Livro 1

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    Book preview

    Ruiva em Fuga - K.M Hodge

    Copyright

    www.EvolvedPub.com

    ~~~

    RUIVA EM FUGA

    Trilogia Nascido no Sindicato - Livro 1

    SEGUNDA EDIÇÃO*

    *Anteriormente Autopublicado pela Autora como Estações

    Copyright © 2016 K.M. Hodge

    Arte da Capa Copyright © 2016 Mallory Rock

    ~~~

    Editora: Sue Fairchild

    Editor Sênior: Lane Diamond

    Tradutora: Ligia Fonseca

    ~~~

    Notas de Licença de eBook:

    Você não pode usar, reproduzir ou transmitir de qualquer maneira qualquer parte deste livro sem permissão expressa por escrito, exceto em caso de breves citações usadas em críticas e resenhas, ou de acordo com as leis de Uso Justo dos EUA. Todos os direitos reservados.

    Este eBook é licenciado somente para seu uso pessoal; ele não pode ser revendido nem dado a outras pessoas. Caso queira compartilhar este livro com alguém, adquira uma cópia adicional para cada pessoa. Se estiver este livro e não o comprou, ou se ele não foi adquirido apenas para seu uso, devolva ao vendedor do eBook e adquira sua própria cópia. Obrigada por respeitar o árduo trabalho desta autora.

    ~~~

    Declaração:

    Esta é uma obra de ficção. Nomes, personagens, locais e incidentes são frutos da imaginação da autora ou a autora os utilizou de forma fictícia.

    Livros de K.M. Hodge

    TRILOGIA NASCIDO NO SINDICATO

    1 – Ruiva em Fuga

    2 – Verdade em Preto e Branco

    3 – Um Verdadeiro Filho

    ~~~

    MISTÉRIOS DO PORÃO DE LIVROS

    1 – Esposa e Detetive

    2 – Texas e Tiaras

    ~~~

    Salve na Agenda

    ~~~

    www.KMHodge.com

    ~~~

    O que Dizem sobre os Livros de K.M. Hodge:

    ~~~

    Ruiva em Fuga:

    Um livro maravilhoso! Os personagens são heroicos e defeituosos e problemáticos e, depois de ler um terço do livro, fiquei presa... torcendo para que se superassem, tivessem um final feliz e com medo de chegar ao final e isso não acontecer. Hodge elaborou uma história interessante de suspense em meio a uma linda história de amor. Você não sabe em quem confiar, então suspeita de todos. Mal posso esperar para ler seu a próximo livro. ~ Melinda McIntosh, autora de A Bit of Tickle for the Mind

    ~~~

    Ruiva em Fuga:

    Violência doméstica e vício podem ser tópicos muito difíceis, mas K.M. Hodge consegue abordá-los em um romance de estreia acelerado e cheio de suspense. Queria continuar lendo e gostei do livro até o fim. Esperando por futuros livros da série! ~ Gail Olmstead, autora de Jeep Tour e Guessing at Normal

    ~~~

    Esposa e Detetive:

    "É como Gossip Girl sulista para adultos, algo de que preciso em minha vida". ~ Olivia Folmer Ard, autora da Bennett Series.

    BRINDE

    Obrigada por comprar uma cópia de Ruiva em Fuga, o primeiro livro de minha trilogia Nascido no Sindicato. Como uma forma de agradecer a meus incríveis leitores, tenho um romance GRÁTIS disponível a todos os meus assinantes. Assim que você se inscreve para minha newsletter, recebe uma cópia gratuita de meu mistério Esposa e Detetive. À primeira vista, os moradores de Herald Springs têm vidas encantadas, mas por trás dos sorrisos brilhantes e de suas casas enormes, todos têm segredos. A maioria deles é inofensiva, mas Annabeth King nunca se encaixou.

    ~~~

    Esta mais nova vizinha cultiva seu próprio segredo, que pode provar ser mortal. Os membros do clube da bebida e fofoca descobrirão o que Annabeth luta tanto para esconder antes que o desastre bata à porta?

    www.kmhodge.com/Subscribe

    BÔNUS

    Temos o prazer de oferecer uma Prévia Especial ao final deste livro, onde você terá acesso aos primeiros cinco capítulos do segundo livro de K.M. Hodges nesta série, Verdade em Preto e Branco.

    ~~~

    ~~~

    VERDADE EM PRETO E BRANCO pela Evolved Publishing

    Dedicatória:

    Este livro é dedicado à minha família, que sempre acreditou que eu poderia fazer isto... mesmo quando eu não acreditava.

    Índice

    Página de Título

    Copyright

    Livro de K.M. Hodge

    Brinde

    BÔNUS

    Dedicatória

    Prólogo

    Capítulo 1

    Capítulo 2

    Capítulo 3

    Capítulo 4

    Capítulo 5

    Capítulo 6

    Capítulo 7

    Capítulo 8

    Capítulo 9

    Capítulo 10

    Capítulo 11

    Capítulo 12

    Capítulo 13

    Capítulo 14

    Capítulo 15

    Capítulo 16

    Capítulo 17

    Capítulo 18

    Capítulo 19

    Capítulo 20

    Capítulo 21

    Capítulo 22

    Capítulo 23

    Capítulo 24

    Capítulo 25

    Epílogo

    Agradecimentos

    Sobre a Autora

    PRÉVIA ESPECIAL: Verdade em Preto e Branco (Livro 2)

    Mais da Evolved Publishing

    Prólogo

    Bairro de Church Hill

    Richmond, Virginia

    15 de junho de 2025

    16h

    ~~~

    Quero gritar, encher o ambiente com minha angústia, mas, pelo bem dela, não farei isso. Não desejaria que eu fizesse uma cena. Em vez disso, estou sentada no fundo da sala, longe dos outros lamentadores, usando um vestido preto de caimento ruim que peguei emprestado de última hora. Nunca fui atenta a detalhes, então, quando minha melhor amiga me disse que estava morrendo, não pensei em planejar o que usaria em seu funeral.

    Ainda não consigo acreditar que isto esteja mesmo acontecendo. Ela não pertence a esta caverna escura. Quero pegar seu corpo sem vida e trazer de volta a mulher que ela foi, mas nunca mais seria.

    Desde que a conheci, ela usava a dor em volta do pescoço como um colar herdado da família. Tudo o que conhecera foi a perda. Éramos parecidas nesse sentido, exceto que ela a aceitava e seguia em frente, em vez de se revoltar contra seu destino ou lamentá-lo como eu.

    A vida é curta demais, Ellie, dizia. Escolha a alegria todo dia, o dia inteiro.

    O destino a trouxe para minha vida quando eu mais precisava de uma amiga e seu amor e apoio me salvaram de mim mesma. Ela e a centelha de esperança que acendera em mim se tornaram a base sobre a qual me ergui.

    Agora, sem ela, sinto que posso desmoronar e cair de volta ao abismo. Por que ainda estou aqui? Por que ela foi embora? Fiquei para trás, novamente, sozinha com meu luto e minhas lembranças dolorosas.

    Talvez deva começar a fumar. Penso muito nisso atualmente, mas ninguém começa a fumar aos 40 e poucos anos. Por hábito, vejo a hora no celular – a missa deveria ter começado há 20 minutos. As pessoas estão sentadas em grupo conversando baixinho, lembrando, algumas delas conhecidas, mas a maioria era de estranhos.

    Era excelente contadora de histórias, pródiga com suas cartas depois que me mudei e nossas sessões periódicas pararam. Teve uma vida repleta de tragédias, uma atrás da outra. Durante as sessões semanais, e depois nas cartas e telefonemas, descrevia magistralmente cada cenário trágico, um após ou outro, uma verdadeira casa dos horrores.

    No início, a imagem evocativa trazida pelas histórias de sua vida não me deixavam dormir e me faziam reviver a experiência do trauma secundário.

    Como terapeuta dela, cruzei algumas fronteiras éticas básicas ao aceitá-la como cliente e me tornar amiga. Nossas experiências comuns de ter perdido um filho nos uniram em uma transferência que deveria ter feito com que eu perdesse meu diploma para sempre.

    Só de pensar naqueles primeiros dias a dor volta com força total e instintivamente toco em meu abdome – outro lugar vazio.

    O som da música triste que saía dos velhos alto-falantes na dianteira da sala me traz de volta ao presente. A missa finalmente começou e o ministro está falando, mas não consigo ouvir uma palavra do que diz. Ao vê-la deitada inerte dentro do caixão de carvalho, com um tom brilhante e amarelado na pele, sinto dificuldade em respirar. Meu coração está acelerado, minha respiração está curta e, de repente, parece que as paredes se fecham ao meu redor. Preciso sair desta caverna, desta tumba, antes que ela me consuma.

    Saio correndo pela porta de trás, as pesadas portas de madeira abrindo facilmente quando as empurro.

    O ar fresco da primavera imediatamente pinica minha pele em chamas e minhas pernas bambas me imploram para sentar nos degraus de pedra do velório. Meu coração desacelera e minha visão volta ao normal à medida que o ataque de pânico diminui. De meu lugar no topo de uma colina, a cidade se espalha diante de mim, uma paisagem inóspita e infértil, um centro dilapidado do passado – ruínas. A morte está por toda parte me seguindo como uma nuvem negra persistente.

    Mergulhada na dor e na autocomiseração, não ouvi a porta se abrir atrás de mim nem passos vindo em minha direção, então me assusto quando ele diz meu nome com sua voz grave e as pontas de seus dedos roçam meu ombro nu.

    Ellie?

    Olho para ele. Minha pele se arrepia e meu coração se esquece de bater.

    Seus olhos castanhos profundos fitam os meus e seu sorriso aumenta quando ele fala novamente. Ellie.

    Um sorriso, curvado dentro de parênteses, me saúda. Em um movimento rápido, ele tira o chapéu, desabotoa a jaqueta e se agacha ao meu lado. Envelheceu, mas seu sorriso e seu olhar intenso, e o efeito que têm em mim, continuam iguais. O tempo desacelera até quase parar, expandindo para nos envolver neste momento.

    De alguma forma, retomo o controle de minhas cordas vocais e digo seu nome meio interrogando, meio proclamando Christopher.

    O simples fato de falar seu nome desperta meus sentidos. Sinto meu rosto corar e afasto meu olhar. Seu ombro arredondado cutuca o meu de forma brincalhona. Ele um dia havia sido meu refúgio, meu porto seguro contra as tempestades da vida. Meu coração está pesado de tristeza e quero me enterrar em seu abraço – me agarrar a ele – como tantas vezes fiz. Só que não tinha mais esse direito. Fui embora, digo a mim mesma.

    Como isso é possível? Por que agora? Minha mente está a toda tentando processar essa estranha coincidência. Você está mesmo aqui?

    Em carne e osso, ele responde. Como se quisesse confirmar sua presença, pega minha mão e a leva aos lábios.

    Às vezes, 17 anos podem parecer um segundo.

    Ele aponta para a porta com a cabeça. Minha mãe morreu.

    Sua notícia aperta meu coração já triste. Sinto muito.

    Pela primeira vez desde que disse meu nome, ele para de olhar para mim, tentando esconder sua dor.

    Pois é, diz com um longo suspiro. Aperta mais forte minha mão enquanto pigarreio. O velório, ou sei lá o que chamam, foi hoje.

    Naquele momento, lembro que vi a outra família no corredor. Fecho meus olhos e tento pensar no rosto dela, no som de sua voz e no cheiro de sua cozinha.

    Ele leva nossas mãos unidas à boca novamente, roçando os lábios nos meus dedos. Uma única lágrima escorre pelo rosto e cai em meu indicador.

    Paro de respirar, mas o silêncio pesado é quebrado por sua risada triste e finalmente respiro novamente.

    O que foi? Pergunto enquanto seus olhos castanhos doces e cheios de vida encontram os meus.

    Ele sorri. Estava pensando no quanto minha mãe te odiava e no que pensaria em me ver de mãos dadas com você.

    Não consigo deixar de rir chorando, mesmo às minhas próprias custas. É, ela não ficaria nada contente.

    Paramos de nos olhar e voltamos nossos olhos para a cidade a nossos pés – nossa cidade, nosso lar. Bom, costumava ser meu lar.

    Ele limpa a garganta e faz um gesto para atrás de nós. E você?

    Minha voz parece trêmula – como se não fosse minha. Minha amiga Katherine morreu. Não sei se você se lembra dela. Um arrepio de repente toma conta de mim quando meu corpo relembra.

    Sem dizer uma palavra, ele coloca a jaqueta em meus ombros e me puxa para perto. Seu braço forte me envolve enquanto seus dedos acariciam meu braço para acalmar meus nervos abalados.

    Dou um suspiro que não sabia que estava prendendo. Meus dedos roçam a jaqueta desconfortável de poliéster de seu uniforme pouco abaixo da insígnia de tenente; ele se saiu bem, foi promovido. Quero tocar as barras frias de latão, mas anos no serviço me treinaram a deixá-las sem minhas digitais. Ele ri como se conseguisse ler meus pensamentos, fazendo minhas bochechas corarem e ficarem quentes. A prova visual de minha vergonha parece incentivar sua risada e faz com que eu me junte a ele inevitavelmente. Quando paramos de rir, caímos em um silêncio confortável. Como ímãs, nossas cabeças se unem, aprofundando nosso abraço.

    Sua mão livre encosta na barra do meu vestido e ele brinca com o tecido entre o polegar e o indicador. Sinto muito por sua amiga.

    Paro de olhar para o ponto que observava no degrau diante de mim e vejo seu olhar intenso. Nossas testas se unem suavemente.

    Minha resposta sai em um sussurro rouco. É a do Alex... Respiro fundo e continuo. Foi ela que perdeu o bebê.

    Ele abaixa os olhos ao se lembrar.

    Minha mão trêmula segura na dele. O que ela enfrentou... Um novelo de emoções emaranhadas faz um nó em minha garganta.

    Ele suspira e seus olhos semicerrados evitam meu olhar. Alex, diz baixinho um nome que significa tanto para nós dois. Finalmente olhando para mim, pergunta: Quer conversar sobre isso? A voz dele implora para que eu me abra.

    Pigarreio me preparando para contar tudo e me livrar do peso, apresentando a ele meu tributo a ela.

    Capítulo 1

    Nin’s Bar

    Danville, Virginia

    29 de fevereiro de 2008

    19h30

    ~~~

    O relógio no painel do Mazda 626 2003 mostrava 19h30. Katherine deu um suspiro profundo enquanto desligou o motor. Estava atrasada para seu encontro com Alex Bailey, o novo agente de campo do FBI designado como seu parceiro. Ele tinha ligado naquela manhã para dizer que estava concluindo um caso em Richmond e queria saber se ela poderia encontrá-lo mais tarde, antes de receberem seu primeiro caso como uma dupla na segunda-feira. Ela aceitou e sugeriu se encontrarem na cidade onde nasceu – Danville, na Virginia – em um bar sofisticado ao lado da I-95.

    Odiava se atrasar, mas isso estava fora de seu controle naquela noite. O polegar esfregou o ponto onde a aliança havia ficado durante toda a sua vida adulta – tantos anos desperdiçados com um homem que nunca tinha amado. Fechou os olhos e deixou as lágrimas correrem. Enxugou o rosto, respirou fundo e saiu do carro.

    O vento frio de fevereiro atingiu Katherine, e a fez segurar no carro para se equilibrar, perguntando se até a natureza estava conspirando contra ela.

    Vasculhou o bar mal iluminado com o olhar e o viu no fundo, brincando com um copo vazio. Tinha cabelo castanho escuro e ondulado cortado em um estilo antiquado, mas perfeito nele. Alto, esguio, com barba malfeita e usando um terno barato ao estilo Men’s Wearhouse, parecia quase cômico em meio aos clientes habituais excessivamente ricos, que usavam ternos Armani sob medida e gravatas Donna Karan. Só que havia outra coisa que fazia com que nada disso importasse: ele era um daqueles homens que emanava sexo. Sua beleza e, sem dúvida, seu charme provavelmente tinham deixado muitas mulheres esperando uma ligação no dia seguinte.

    Ela tinha ouvido pelos corredores do FBI que era um dos agentes mais bonitões a aparecerem na sede.

    ***

    Ele batucou com os dedos manchados de alcatrão no balcão e xingou mentalmente quem tinha proibido fumar nesta cidadezinha. Placas afixadas em todo o bar avisavam os frequentadores para não acenderem um cigarro dentro do local ou a menos de 60 metros da entrada. Odiava esperar, especialmente quando não podia fumar. Tinha sido um longo dia e os cigarros que havia fumado no carro no longo trajeto até ali não tinham aplacado sua ansiedade. Como isso estava fora de cogitação, decidira beber e, duas doses de uísque irlandês Bushmills depois, a ansiedade só tinha piorado.

    O relógio no celular mostrou que ela já estava 20 minutos atrasada.

    Uma lufada de ar frio bateu em suas costas e ele se virou no banco para olhar para a porta. A mulher que o tinha feito esperar estava na entrada. Talvez valha a pena esperar por algumas coisas. Ele absorveu cada detalhe, como se não tivesse passado um pente fino no arquivo pessoal dela, decorando cada item.

    Ela tinha 1,77 m – 1,80 com aquele salto alto – e porte atlético e magro. Ele havia ouvido falar que ela era do clube de corrida do FBI, fazia mais de oito quilômetros por dia, e dava para notar. O terninho justo preto dela provavelmente custava mais do que todo o guarda-roupa dele. O solado vermelho dos sapatos aparentemente caros combinava com o cabelo longo e cacheado dela, que o fez pensar nos ciprestes desfolhados no outono.

    Era bonita, de um jeito atraente.

    Ele engoliu seco enquanto a observava. Caramba. Ajustou a gravata de segunda mão e alisou o terno, repentinamente preocupado com a própria aparência e com o que ela poderia pensar.

    Ela corou com o olhar intenso e inquisidor dele, mas recobrou a compostura e foi em sua direção com a mão estendida para cumprimentar. Agente especial Bailey?

    Ele apertou firmemente a mão dela e sorriu. Por favor, pode me chamar de Alex. Você deve ser a Katherine. Quer sentar no bar ou pegar uma mesa?

    O bar está ótimo.

    Alex, sempre um cavalheiro, assentiu e estendeu o braço para dar passagem a ela. Não podia deixar de notar os músculos tonificados da panturrilha dela quando sentou no banco. Balançou a cabeça para tentar recuperar o foco.

    O barman, Nin, sorriu para Katherine. O de sempre? perguntou.

    Katherine confirmou e ele preparou um copo de água tônica com limão. Ela deu um gole e colocou o copo no balcão.

    Sem pensar, Alex pediu mais uma dose. Tinha começado a achar cada vez mais difícil manter a compostura e os drinques de hoje só alimentavam as chamas que já estavam ameaçando em se transformar em um incêndio descontrolado.

    Ele girou o banco para encarar a nova parceira. Então, agente especial Ka-ther-ine Mitchel, o que a fez entrar para o FBI? Tinha começado a embolar um pouco as palavras – não estava bêbado, mas quase.

    Ela inclinou levemente a cabeça. Fui recrutada logo que peguei meu diploma. Estava em Cambridge, aqui na Virginia, fazendo meu doutorado em Psicologia.

    Sim, mas o que a fez escolher entrar para a polícia?

    Meu pai era militar. Morreu em serviço quando eu era adolescente e fiquei impressionada com os agentes do FBI que cuidaram da investigação.

    Ele segurou na mão dela. Sinto muito, deve ter sido difícil perder o pai tão nova.

    E você? Por que entrou para o FBI?

    Ele tomou um gole de uísque. Queria ter uma insígnia legal.

    O rosto de Katherine ficou rosado quando ela riu da piada. Dizem no FBI que sua carreira é meteórica, resolveu alguns casos bem famosos, e que era um dos melhores agentes da Divisão contra Terrorismo.

    Não acredite nos boatos.

    Ela deu uma risada curta, cobrindo a boca com a mão, e arqueou a sobrancelha. "Boatos? Já ouvi outros mais interessantes".

    Ele deu um sorriso e bebeu o restante da dose. A parte sóbria de seu cérebro o aconselhou a desacelerar antes de vacilar e cometer um erro fatal de julgamento. A parte que falava mais alto dizia que ele deveria se concentrar na bela mulher diante dele e no som de sua risada. Um lado seu queria fazê-la rir pelo resto da vida, mesmo se fosse dele. Já devia estar bêbado, pensou, porque estava começando a parecer um daqueles homens ridículos dos livros horrorosos de Nicholas Sparks que Sara sempre lia em voz alta.

    Precisava sair dessa. Mulheres sempre tinham sido sua criptonita.

    A banda no canto distante do bar começou a tocar uma música lenta, At Last. Seu lado impulsivo apareceu e ele a levou até a pista de dança.

    Enquanto ele a conduzia em uma valsa lenta, Katherine se aproximou. Ele a puxou para mais perto e seus corpos começaram uma conversa que deixou ambos sem fôlego.

    Com a voz um pouco rouca, ele sussurrou no ouvido dela: Adoro esta música.

    Eu também. O rosto e pescoço ficaram vermelhos como seu cabelo.

    Alex sorriu, estimulado pela resposta. Katherine era uma parceira perfeita, então ele acrescentou alguns giros e mergulhos que a fizeram sorrir. As aulas de dança que fizera na faculdade vieram a calhar.

    Todos os giros e voltas, no entanto, começaram a fazer mal, pois seus joelhos começaram a vacilar e o uísque que sacudia em seu estômago ameaçava voltar. Ele engoliu seco e tentou focar nela, em seu perfume – gardênias. Seu raciocínio seguiu uma trilha míope de desejo e, envolvido no cheiro e no toque dela, ele não percebeu.

    O primeiro soco atingiu Alex bem na mandíbula. Suas mãos tocaram no local e ele olhou com raiva para o agressor. Que porra foi isso?

    Um homem loiro, baixinho e corpulento agarrou Katherine pelo braço e a tirou da frente, dando outro soco no rosto de Alex.

    Embora chocado inicialmente, o segundo golpe o deixou suficientemente sóbrio para reagir. Jogou todo o seu peso no centro de gravidade do agressor, o impulso fazendo ambos se chocarem contra a parede dos fundos do bar. Seu ombro pontudo pressionou o plexo solar do outro.

    A pista de dança ficou vazia, com um dos casais ajudando uma espantada Katherine a se levantar, e a banda parou de tocar. Todos interromperam o que estavam fazendo para ver a briga, deixando os grunhidos serem os únicos sons no lugar.

    O segurança interviu para separar os dois. Com 1,95 m e 150 kg, foi fácil.

    O colarinho da camisa de Alex estava apertado e o sufocava.

    O agressor se virou para Katherine, agarrando seu braço e a puxando para perto. Sua vadia! Ele colocou a mão no bolso e tirou uma carta e uma aliança. Que diabos é isto?

    Os olhos dela arregalaram de medo. Charles!

    Nin interviu e suavemente colocou a mão no ombro de Charles. Todos estão vendo, senhor. Talvez não seja a melhor hora para isso.

    Charles olhou para Katherine com nojo e a soltou. Liberou parte da raiva e foi até Nin, falando com ele com a ira controlada. Não quero que nenhum deles venha aqui novamente. Entendeu? Charles mandou enquanto endireitava a gravata de Nin.

    Claro, senhor, ele respondeu, estrangulado com o nó apertado.

    Pequeno, leve ele para fora!

    Pequeno? Por que apenas gigantes são chamados de Pequeno?

    Você o ouviu. Hora de ficar sóbrio, camaradinha, o homem disse a Alex.

    Alex olhou para ele. "Está de brincadeira? Ele que começou".

    O gigante continuou o arrastando até a porta.

    Por que você não está o expulsando também? Alex perguntou.

    O segurança balançou a cabeça. O senhor Charles é dono do lugar e você estava dançando com a garota dele. Irritou o cara errado, meu amigo.

    Enquanto o segurança o jogava porta afora, Alex ouviu Charles dizer a Katherine: Não pense que acabei com você. Da próxima vez, não haverá plateia em volta para te proteger.

    Pequeno o arremessou – como se fosse um saco de lixo –, fazendo com que tropeçasse e quase caísse no concreto. A lufada de ar frio deixou Alex sóbrio. Ele caminhou e sentou no banco mais próximo do estacionamento para esperar por Katherine, xingando a si mesmo enquanto Charles saía cantando os pneus de sua caminhonete imensa.

    Ela saiu do bar e parou diante da porta, vendo enquanto as luzes da caminhonete desapareciam na longa estrada escura.

    Alex saiu de onde estava e tocou o braço dela, o que a assustou. Desculpe, não queria te assustar. Katherine balançou a cabeça distraída enquanto ele continuou. Espero não ter estragado nada entre vocês.

    Não, aquilo não teve nada a ver com você. Eu... terminei com ele esta noite. Ela chorou baixinho, com os lábios apertados.

    Alex enfiou a mão no bolso do paletó e tirou um lenço branco. Ei, vai ficar bem?

    Ela concordou. Estou bem, Alex. Examinou o lenço, passando o dedo no monograma bordado no canto, e enxugou os olhos.

    Ele suavemente a puxou para abraçá-la e ela permitiu. Enquanto olhou para ele e começou a se afastar, ele abaixou a cabeça e beijou suavemente seus lábios.

    Katherine se espantou. Alex... Colocou a mão no peito dele para formar um espaço entre eles.

    Ele esfregou a testa e piscou. Realmente é hora de ficar sóbrio. Desculpe.

    Katherine franziu a testa e apertou os olhos enquanto segurava o lenço.

    Alex suspirou. Desculpe, acho que bebi demais hoje. Soluçou para disfarçar um arroto.

    Ela suspirou e revirou os olhos. Venha, não posso te deixar dirigir.

    Vinte minutos depois, chegaram ao prédio de Alex.

    Quer entrar... para tomar um café ou algo? ele perguntou saindo do carro.

    Ela sorriu levemente. Não, acho melhor ir embora. A gente se vê na segunda.

    Alex deu um sorriso enorme e entrou no apartamento.

    ***

    Apartamento de Jason

    Danville, Virginia

    29 de fevereiro de 2008

    22h

    ~~~

    Depois de um longo dia no jornal, Jason Knettle finalmente estava encerrando a noite com um copo de uísque e um bom livro, quando o celular tocou.

    Knettle falando.

    Oi, Knettle, sou eu, Katherine disse. Parecia perturbada.

    Oi, ruiva, o que houve?

    Posso dormir aí hoje?

    O coração de Jason acelerou com a ideia e ele respondeu sem hesitar. Claro que pode.

    Ela suspirou forte. Ótimo. Chego logo.

    Com isso, terminou a chamada, deixando Jason com o celular ainda pressionado contra a orelha. Sentindo-se bobo, jogou o aparelho no sofá.

    Ele e Katherine eram amigos há anos. O dia em que se conheceram tinha sido anormalmente quente e úmido. Parecia que fazia séculos. Jason era estagiário no Danville Press, de propriedade de sua família, e estava em sua primeira matéria, cobrindo o jogo da classe de 1994 em casa. Katherine era caloura da faculdade na época e sua irmã Addie estava no segundo ano do ensino médio.

    Katherine tinha se oferecido para trabalhar na bilheteria. Usava a camiseta do time Bobcats de 1993 e shorts jeans desbotados que chamavam a atenção para suas longas pernas bronzeadas. O cabelo ruivo e ondulado estava preso em dois rabos curtos que roçavam no ombro quando ela andava.

    Era um daqueles dias estranhos de outono em que as temperaturas passavam dos vinte e poucos graus.

    ***

    Jason chegou já pingando de suor de sua caminhada no estacionamento. Foi direto para a bilheteria – desesperado para comprar uma coca – e a viu. Foi amor ou luxúria à primeira vista – não sabia bem. Em vez de xingar mentalmente o pai por fazê-lo ver uma partida estudantil de futebol americano, tentou pensar em algo inteligente para dizer que talvez pudesse conquistar o coração da linda mulher diante dele.

    Quando chegou sua vez, ela sorriu, o que fez o mundo dele virar de ponta cabeça.

    Parece que você precisa beber algo gelado, ela disse. Quando sorriu, seus dentes perfeitamente alinhados brilharam, o que o encantou ainda mais, mas o sorriso desapareceu, talvez depois de ver como ele tinha ficado perturbado.

    Senhor, está tudo bem? perguntou.

    Assim que ela terminou de perguntar, ele desmaiou bem ali no balcão.

    Quando deu por si, estava deitado à sombra com a cabeça no colo dela. Enquanto o refrescava com o pano úmido, ele se perguntava se tinha morrido e ido para o céu.

    Aqui, tome um gole de água, ela disse olhando em seus olhos.

    Jason sorriu de volta e obedeceu, bebendo em goles lentos. O que aconteceu? Tentou sentar, mas a tontura voltou e ele deitou novamente.

    Vá com calma. Você desmaiou, ela respondeu.

    Ele sentiu o rosto corar de vergonha enquanto grunhiu. "Tenho que cobrir o jogo para o Danville Press", disse mostrando o cartão de imprensa.

    Ela sorriu. Você não estava vestido adequadamente para este calor. Gesticulou para a camisa branca e a calça preta formal, que se agarravam a ele como uma segunda pele.

    Jason sorriu para ela e riu sozinho. É, acho que não mesmo. Em minha defesa, deixei o paletó no carro.

    Quando ela deu um sorriso enorme e riu, ele achou que desmaiaria novamente.

    Meu nome é Katherine, aliás. Ela o observou com

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