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Hoje Que Nunca Acaba
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Hoje Que Nunca Acaba

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O que fazer quando a vida está prestes a escapar-se-nos e que a nossa melhor amiga, por sinal a irmã gémea, está a viver no outro lado do oceano? 

UM ROMANCE QUE NARRA UMA HISTÓRIA DE AMOR, DE TODOS OS AMORES... 

« — Estás a tentar não dizer umas quantas asneiras. É isso, não é? – adivinhou Pol. 
— Hum. 
— Podes falar? 
— Tens razão, clone. São disparates a sério! 
— O que é que eu faço? 
— É um pouco tarde para fazeres essa pergunta, não achas? » 

Em Paris, a psicoterapeuta Mike entrega-se de corpo e alma ao trabalho para esquecer um passado ainda demasiado presente. 
Em Nova Iorque, a carreira de Pol vai de vento em popa, ao mesmo tempo que a sua vida pessoal é pautada por fracassos atrás de fracassos. 

Às mágoas de ontem juntam-se e amalgamam-se os sofrimentos de hoje. 
Será que Mike e Pol conseguirão desatar os nós das suas vidas a tempo de repararem os seus corações e não serem devoradas pelo hoje avassalador?

LanguagePortuguês
Release dateFeb 21, 2019
ISBN9781547570812
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    Hoje Que Nunca Acaba - Jo Ann von Haff

    Fevereiro

    D-241

    Com o cigarro entre os lábios, Mike afastou a mesinha, sentou-se com as pernas cruzadas e pegou na pasta poisada no sofá atrás dela. Karine Maisonneuve era o nome escrito na capa dura. Mike abriu a pasta e olhou para aquela que viria a ser a sua futura paciente. Inalou longamente o fumo do cigarro que expeliu pelo nariz. Faz quatro meses que Karine e a sua amiga Marion, ambas de quinze anos, haviam sido raptadas por um gangue que as violentou dia e noite durante duas semanas, tendo depois sido libertadas em estado de subnutrição, desidratação e totalmente imundas. Marion acabaria por se suicidar pouco tempo após a sua libertação. Segundo o relatório que Mike começava a saber de cor, Karine não aguentaria muito mais tempo. Mike comparou as fotos da adolescente. Antes do drama, era uma rapariga sorridente de pele bronzeada e luminosa. Com a ponta dos dedos, Mike aflorou o novo rosto da adolescente, agora emagrecido e lívido. 

    Pol acabou de se vestir, sentou-se na beira da cadeira e atou os atacadores das sapatilhas. Mal tinham soado as seis horas da manhã em Nova Iorque. Fosse qual fosse o tempo atmosférico, de dia ou de noite, Pol saía sempre à mesma hora para correr os dez quilómetros diários. Nunca fazia o mesmo percurso, era uma recomendação da irmã gémea que não se cansava de a alertar. Mike era psicoterapeuta e na lista dos seus pacientes figuravam crianças e adolescentes cuja vida havia sido destruída por adultos. Sem nunca desvendar os casos, explicava à irmã a partir de que altura um hábito poderia tornar-se perigoso para uma mulher sozinha. Embora Pol ostentasse uma excelente forma física e conhecesse as técnicas de Krav Maga, bastaria um ataque-surpresa para a derrubar em escassos segundos. Vai sempre por trilhos diferentes, nunca duas vezes no mesmo dia da semana. Não deixes ninguém atrás de ti. Se estiveres sozinha, finge atar as sapatilhas e deixa que a pessoa te ultrapasse. Ainda que vivendo do outro lado do Atlântico, Mike não se cansava de cuidar dela. Pol pegou no telemóvel.

    Mike espalhou os documentos por cima do tapete à medida que os ia relendo e expeliu o fumo do segundo cigarro. Com todas as informações de que dispunha, tentava visualizar Karine no seu ambiente. Depois de ter perdido a mãe quando criança, vivia com o pai, David Maisonneuve, que exercia a profissão de notário. Após o rapto, Karine deixou de frequentar a escola e trancou-se em casa. Era vigiada durante o dia pela empregada que só podia ir-se embora quando o Dr. Maisonneuve regressava a casa. Karine nunca podia ficar sozinha.

    O telefone toucou.

    — Olá, clone –, disse Pol. Estás a fazer o quê?

    — A preparar a minha próxima missão – respondeu Mike. – E tu?

    — Vou correr. Acho mesmo que hoje vou fazer o dobro do trajeto. Detesto as segundas-feiras!

    — Porque não te livras dele?

    — É o meu melhor cliente. Não posso.

    Mike não retorquiu.

    — Olha que estou a ouvir-te – disse Pol. – Deverias deixar de fumar. Fumar mata.

    Mike expeliu demoradamente a fumaça.  

    Viver mata – replicou.

    — O que faria sem o meu clone?

    Mike encolheu os ombros como se a irmã estivesse presente na sala.

    — O mesmo que estás a fazer em Nova Iorque.

    — É que me sinto como se me tivessem cortado ao meio – amuou Pol. – Uma parte de mim está sempre em Paris contigo.

    — Fizeste a tua escolha, Pol.

    Pol cerrou os olhos. Decidira emigrar por causa de um homem, um bailarino como ela. Deixara-se seduzir e ele enfeitiçou-a. Tal coisa nunca sucederia a Mike. Nisso a irmã tinha razão. Fizera a sua escolha, disparatada, por certo, mas ela era a única responsável. Não sabia se queria ficar em Nova Iorque, mas também não tinha certezas quanto ao seu regresso. Em Paris, havia sido convidada, sem ter de passar por audições, para participar num vídeo de uma cantora francesa e de um playboy americano. Durante a rodagem, encontrara Julius Lopez que se deixou enfeitiçar pela sua força e as suas tatuagens e por quem não tardou a apaixonar-se.

    Assim que chegou a Nova Iorque, muita coisa aconteceu. Descobriu a dupla vida de Julius e, ao mesmo tempo, começou a ser conhecida no meio. O seu magnífico cabelo escuro, a cintura delgada, as longas pernas torneadas não passavam despercebidas. Gostavam do seu hip hop lírico, dos sólidos conhecimentos de modern jazz e de ballet que demonstrava possuir. Dançava com artistas de renome planetário, rodava vídeos a qualquer altura, contratavam-na para programas musicais. Toda a gente gostava de Pol Kowalski, e solicitavam-na permanentemente. Mesmo com uma vida pessoal caótica, mesmo vivendo a milhares de quilómetros da irmã gémea, mesmo que se tenha separado dos pais, da avó e do irmão... Pol não se atrevia a voltar as costas à Big Apple. Não completamente. Tinha, porém, a impressão de ter sacrificado a irmã pelo caminho.

    — Está bem, assumo – respondeu com uma voz enfraquecida.

    — Ainda bem – respondeu Mike.

    Quando Pol desligou, levantou-se e ficou a olhar pela janela. Havia dias simplesmente perfeitos. Vivia a duzentos à hora na capital do mundo, fazia aquilo de que gostava e era respeitada pelo seu talento. Depois, havia aqueles outros em que sentia que o simples facto de estar viva a matava aos poucos. Nessas alturas, só pedia que acabassem com ela para  mitigar o seu tormento.    

    Mike tomou a direção da cozinha. Com o terceiro cigarro entre os lábios, abriu o congelador e examinou o conteúdo das embalagens de plástico etiquetadas pela mãe. Recusava-se a cozinhar e, se não fosse por insistência de Ruth que lhe enviava refeições equilibradas do restaurante familiar, alimentar-se-ia exclusivamente de kebabs e batatas fritas. Meteu o ensopado no micro-ondas e aguardou encostada à bancada. Os seus pensamentos iam aleatoriamente para Pol e para Karine Maisonneuve. Quando ouviu o toque do micro-ondas, Mike tirou um garfo da gaveta, recuperou o almoço e voltou para o seu lugar na sala. Olhou pela última vez para o rosto de Karine. Viver podia ser uma agonia autêntica.

    Durante a corrida, Pol ouvia em alto e bom som nos auriculares as faixas de Saffron Wood pela enésima vez. Mike detestaria saber que não prestava atenção aos ruídos à sua volta, mas Pol adorava simplesmente os trechos do último álbum deste músico, embora não morresse de amores pelo cantor. Imobilizou-se diante do prédio que habitava e fez alguns alongamentos. 

    — Bom dia! – cumprimentou-a Hayley.

    Pol não ouviu, por isso a colega com quem dividia o apartamento puxou-lhe a trança comprida. Pol sobressaltou-se e tirou os auriculares. Hayley abanou a cabeça.

    — Um dia, ainda te estrangulam e nem terás tempo de te aperceber.

    Mike não estaria mais de acordo com Hayley e poderia até ficar furiosa. Mas a irmã gémea deixou de ser alguém que ficava furiosa. Agora limitava-se a avançar na vida com muita lassidão, o que não lhe dava margem para emoções fortes. E ficar furiosa era um estado que lhe exigiria acima de tudo muito esforço.   

    — Mike não se cansa de mo dizer – respondeu Pol. – Estás pronta?

    Hayley finge ficar amuada e enterra um pouco mais o carapuço para lhe tapar as orelhas.

    — Duvido que me queiram contratar. Acho que nem sirvo para lavar pratos.

    — Vai tudo correr bem. Basta ver-te a fazer malabarismo com as tuas facas. A ti ninguém ousaria degolar-te.

    Hayley riu.

    — Nem sequer teria tempo de abrir a bolsa!  

    Pol relaxou os músculos.

    — Preciso de tomar um duche e voar para o estúdio.

    — Mas só começas a trabalhar daqui duas horas – remata Hayley, admirada.

    — Eu sei, mas tenho de ocupar o meu território antes de ele chegar.

    Hayley ergueu os olhos para o céu.

    — Como és melodramática! Pareces a Poppy!

    — Deixa-a em paz – disse Pol com ar divertido. – Vai lá para a tua entrevista. Get them, Tiger!

    Hayley imitou uma espécie de rugido antes de desatar a rir e partir em direção ao metro. Pol sorriu e subiu até ao apartamento. Poppy, a terceira inquilina, ainda estava a dormir, por essa razão, Pop absteve-se de cantar no chuveiro para se dar algum ânimo.    

    O corredor era uma espécie de passagem para quatro portas. Quer quisesse quer não, Mike tinha de passar à frente da porta fechada a sete chaves quando saía do quarto ou quando queria ir à casa de banho. Ficou especada, não se atrevendo a virar a cabeça. A madeira parecia vibrar como um coração, ou talvez fosse o dela a ecoar as batidas nos ouvidos. Levou a mão à maçaneta e imobilizou-se. Perdera a coragem. Há três anos que deixou de ter coragem, assim como a vontade de viver. Acometida por vertigens, encostou-se à parede e deixou-se deslizar até ao chão.

    Pol chegou aos estúdios Sygma, levando um mocaccino na mão. Deleitou-se com esse momento de silêncio na penumbra, imóvel no meio do estúdio, sem poisar os pertences ou largar a bebida. O odor do soalho, o chiar das tábuas sob os seus passos. Paz. Sossego.   

    — Pol?

    Sossego antes da tempestade. A jovem inspirou longamente e virou-se para Julius.

    — Bom dia – cumprimentou ele.  

    — Bom dia...

    — Só começas daqui a uma hora – acrescentou.

    — Preciso de estar sozinha. E tu, qual é a tua desculpa?

    — A mesma que a tua.

    Deixou cair o saco e avançou para o centro da sala, onde ela estava. Pol deu meia-volta, pousou o copo em cima de uma das colunas e pegou no iPod antes de arrumar o saco de desporto dentro de um cacifo no canto da sala. Por favor, hoje não; estava sem vontade para o enfrentar.  

    — Tenho saudades tuas – rematou Julius.

    — Sim, claro – respondeu amargamente.

    — O que queres que faça? É a mãe dos meus filhos!

    — Não te pedi nada.

    Pol ligou o dispositivo e selecionou a playlist do dia.

    — Pol...

    — Foi um erro – interrompeu-o Pol. – Nunca nos deveríamos ter envolvido. Nunca deveria ter acreditado em nada do que disseste.

    Julius atravessou o estúdio com um passo decidido e pegou-lhe nos ombros.

    — Não vou renunciar a ti.

    Ela libertou-se da sujeição e afastou-se.

    — Eu não pretendo ser a outra.

    — Eu sei, mas...

    — Já sei que ela é a mãe dos teus filhos. Não te cansas de mo dizer. Não te esqueças de que foste tu quem pulou a cerca. Não fui eu! 

    Pol sentiu que a voz lhe tremia. Calou-se para não se deixar abater e cruzou os braços para suster os tremores que lhe percorriam o corpo. Julius encarou-a, espelhando no rosto uma expressão de tristeza. Ela desviou o olhar. Fora o seu ar de menino bem-comportado que a fizera cair aos seus pés, Julius não passava de um idiota volúvel. Ali estavam eles separados por alguns metros, sem se mexerem, sem dizerem nada um ao outro. Pol fixou o olhar no ginásio do outro lado da rua. Julius pegou no saco e saiu.

    Mike olhou para o teto. Estava deitada de costas no meio do corredor há já alguns minutos, sem vontade para se reerguer. Podia ficar ali. O tempo que fosse necessário. Chegou a passar um dia e uma noite inteira nesse mesmo lugar. Só servira para piorar o seu estado mental.    

    Pol havia encostado a testa sobre os joelhos, com os dedos das mãos a rodear os pés. Não sabia há quanto tempo estava naquela posição, quando se apercebeu de um olhar poisado nela. Chegara a segunda tempestade do dia. Reergueu-se lentamente. 

    — Bom dia, Little Boss. Chegaste cedo.

    — Pensei em fazer exercícios de aquecimento antes de pegar no batente.

    — Fica à vontade.

    Ela seguiu-o com o olhar. Hoje, trazia o cabelo entrançado. Gostava muito mais de o ver assim do que quando decidia vir com um look afro. As marcas desta sua mestiçagem não iam para além da pele escura, já que os olhos rasgados não deixavam dúvidas quanto à sua ascendência asiática. Pousou o saco, tirou o casaco e as calças e ficou em calções e tee-shirt de cavas. Começou com alguns alongamentos. 

    — Gostas? – perguntou repentinamente.  

    — De quê?

    — Da música – disse, apontando para as colunas.

    — Ah, isso!

    Pol levantou-se.

    — Mais ou menos. Já fizeste melhor.

    Ele fez um esgar. Pol fingiu não se aperceber de nada.

    — Que faixa queres? – inquiriu Pol.

    I Know You.

    Ela dirigiu-se para o leitor de música, com um sorriso. Preferia deixá-lo a resmungar do que dizer-lhe que o álbum era simplesmente perfeito e que ela amava cada faixa, sobretudo aquelas que haviam sido escritas e compostas por ele. Belo, rico e talentoso eram qualidades mais do que suficientes para exacerbar o ego de um rapaz como Saffron Wood. Ficou parada a alguns metros do espelho e ele aproximou-se.

    — Mostra-me – disse ela.

    Ele esboçou alguns passos de dança. 

    — Já fizeste o mesmo para Make do. Só tens vinte anos e já queres repetir-te? O que será quando tiveres a minha idade?

    — Vamos lá, mostra-me então.

    Pol ligou a música, voltou para o lugar e começou os passos da coreografia. 

    — Então? Vens ou queres que te faça um desenho? – espicaçou-o sem parar de se mexer.

    Saffron abeirou-se dela soprando demoradamente.

    — Achas que é mesmo preciso?

    — Podemos sempre descer ao teu nível.

    — Vai-te lixar.

    Mike abriu o saco de viagem em cima da cama. Com um cigarro aceso aprisionado nos lábios, abriu as gavetas e escolheu algumas peças de vestuário. Precisava de roupa para pelo menos um mês. Os outros terapeutas do Método Saint-Charles começavam sempre com uma semana de terapia, mas Mike dispunha de tempo, de bastante tempo. Não deixava para atrás nada nem ninguém; ficara tudo trancado naquele quarto, um quarto proibido onde não se atreveria a entrar. Largou a bagagem ao lado da porta da entrada e sentou-se no sofá. Pegou no telemóvel e procurou o número pessoal do pai de Karine num dos papéis espalhados sobre o tapete da sala.   

    — Sim?

    — Bom dia, Dr. Maisonneuve. Daqui fala Mike Kowalski do Método Saint-Charles.

    Instalou-se um silêncio. Mike inalou o fumo e expeliu-o pelo nariz.  

    — Sou a terapeuta da sua filha – acrescentou.

    — Sim, eu sei. Desculpe, é que me apanhou desprevenido.

    Já estava habituada. Tinha a voz rouca e um apelido estranho, mas era uma mulher, disso não havia dúvidas. Pelo menos, o que restava dela.

    — Como está, senhora Kowalski?

    Mike esmagou a beata do cigarro no cinzeiro à sua frente.

    — Pode tratar-me simplesmente por Mike. E o senhor, como está? – respondeu, devolvendo-lhe a pergunta.

    Ela detestava quando lhe perguntavam como estava, pois a resposta seria sempre negativa.

    — Não sei o que lhe responder – respondeu Maisonneuve.

    — Compreendo. Queria só confirmar a minha chegada amanhã de manhã, por volta das oito horas.

    — Estarei presente.

    — Muito bem. Até amanhã, então, Dr. Maisonneuve.

    — Mike! – gritou ele com medo de que desligasse a chamada.

    — Sim?

    — Acha que ela vai conseguir?

    — Isso é o meu trabalho.

    — É aqui que aparece Shaniqwa – diz Pol, posicionando-se no meio da sala. – Ela estará a cantar e tu deverás interagir com ela. Aqui o estilo é livre, podes improvisar e logo vês se ela te responde. Mas isso não será um problema, ela é louca por ti.

    Saffron ignorou o comentário e propôs-lhe:  

    — Fazemos um teste?

    — Como queiras.

    Saffron reiniciou o trecho musical. Pol não conseguia dizer o número de vezes que ouviu I Know You desde que acordara. A verdade é que adorava aquela faixa.

    — Canta – sugere-lhe Saffron.

    — Nem pensar.

    — Faz parte da encenação.

    — Sou bailarina, não cantora.

    — Não te estou a pedir que faças de Shaniqwa. És demasiado esbranquiçada e magricela – disse Saffron, provocando-a, enquanto a examinava com um olhar lascivo.

    Pol lançou-lhe um olhar atravessado. 

    — Não vou cantar. Arranja-te sozinho.

    — Qualquer um dos teus colegas coreógrafos gostaria de estar no teu lugar – atirou-lhe Saffron. – Além disso,

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