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Além do limite: Thriller
Além do limite: Thriller
Além do limite: Thriller
Ebook305 pages1 hour

Além do limite: Thriller

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About this ebook

San Francisco, 1905
Para Philippa Green, seu trabalho de investigadora é tudo, sua independência como mulher é tão importante quanto o ar que respira. Apesar da segurança aparente, o único homem que amou de verdade quebrou seu coração: Clive Anderson, capitão do Departamento de Investigações de São Francisco.
Agora, uma série de homicídios a obriga a trabalhar lado a lado com ele e Phil terá que lutar contra si mesma para recusar a paixão que a devora, enquanto um assassino astuto anda na sombra a procura de suas vítimas. Ela pode estar na sua mira...

LanguagePortuguês
PublisherBadPress
Release dateApr 6, 2019
ISBN9781386758556
Além do limite: Thriller

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    Além do limite - Simona Liubicich

    Além do limite

    Simona Liubicich

    ––––––––

    Traduzido por Stefania Andreoli Rolo 

    Além do limite

    Escrito por Simona Liubicich

    Copyright © 2019 Simona Liubicich

    Todos os direitos reservados

    Distribuído por Babelcube, Inc.

    www.babelcube.com

    Traduzido por Stefania Andreoli Rolo

    Design da capa © 2019 ROMANCE COVER GRAPHICS

    Babelcube Books e Babelcube são marcas comerciais da Babelcube Inc

    1

    Mission District, São Francisco.

    Estados Unidos, 1905.

    ––––––––

    O cadáver daquela mulher estava a sua frente, em uma cadeira, mãos e pés atados, nu. Os cabelos loiros, provavelmente longos, tinham sido cortados e caíam em sua testa. As pálpebras e a boca haviam sido costuradas com um fio grosso, cheio de sangue coagulado e escurecido; em meio à cena, uma carta com grafia fina, escrita a pincel.

    ––––––––

    D

    Estava completamente sem maquiagem. Provavelmente a tirou depois de matá-la... ou talvez antes, pensou Philippa enquanto sentia seu coração bater mais forte em seu peito; olhou em volta daquele casebre claustrofóbico em Mission District, o bairro mais antigo de São Francisco, e se sentiu ainda mais oprimida, estava anoitecendo e as janelas estavam em péssimo estado e serradas, os vidros sujos de pó há tempos. Enquanto caminhava cautelosamente pelo lugar, com os olhos atentos à procura de quaisquer particularidades ou indícios, lembrou-se da primeira vítima, encontrada no quarto de um hotel de baixa categoria em Alamo Square: mesmo modus operandi. A carta pintada, naquele caso, havia sido diferente.

    R

    Philippa voltou para frente do cadáver e se inclinou para analisar melhor os detalhes. Pela aparência, parecia uma jovem de menos de 20 anos, a pele lisa mesmo com o

    estado de decomposição avançado, repleto do forte odor que emanava e lhe enchia as narinas, incomodando-a apesar da essência de menta que havia passado sob o nariz antes de entrar naquele antro de horrores.

    Abram as janelas e deixem entrar um pouco de ar, é impossível respirar aqui dentro! E alguém me dê um par de luvas, por favor. pediu aos agentes da polícia de São Francisco que ocupavam o casebre com a intenção de recolher provas se as encontrassem.

    Outra aurora surgia dissipando as luzes sombrias da noite. A neblina densa cobria, como um véu impalpável, a cidade ainda adormecida enquanto as silhuetas das casas e o orvalho se misturavam ao calor úmido do amanhecer. O céu começando a ser pintado de roxo, com pinceladas de laranja e o azul no horizonte marcavam o fim daquele espetáculo que se repetia dia após dia, desde a Criação.

    A brisa se levantava, levando perfumes e segredos, mas Philippa, no lugar onde estava, pensava o quanto a aurora podia ser falsa.

    Sim, falsa, impostora encantadora que some depois de nos dar esperança em um sonho...

    Aqui estão as luvas, senhorita Green. Um homem de uniforme lhe entregou o que havia pedido.

    Terminaram com a análise do cadáver? Posso continuar?

    Sim, senhorita Green. Estamos esperando o legista.

    Obrigada, Thompson.

    Philippa colocou as luvas e começou a examinar, com respeito reverencial, a mulher pregada na cadeira.

    O que fizeram com você? Pensou enquanto erguia seu

    rosto para olhá-lo melhor. Agora, com as janelas escancaradas, a luz do dia entrava iluminando o ambiente doentio onde o assassino havia feito sua obra. Na claridade, Philippa pode notar o rosto moreno, o inchaço devido à decomposição em estado avançado e os lábios cerrados pela costura. Faixas de sangue já escuras haviam descido como lágrimas pelo rosto depois que as pálpebras haviam sido suturadas. Julgou o trabalho sumário, amador: os pontos eram irregulares, os nós imprecisos. Philippa observou as mãos e os pés, presos à madeira com pregos grossos, colocados de maneira que pudessem manter o corpo ereto mesmo depois da morte. As unhas estavam esfoladas – talvez um sinal de luta ou, simplesmente, uma tentativa inútil de se libertar – e os membros escurecidos. Estava morta há, pelo menos, uma semana.

    Uma sombra, projetada no chão e grande o suficiente para cobrir a porta, levou Philippa a levantar a cabeça e a

    se virar.

    Você sempre me passa.

    Não faz tempo que cheguei.

    Gordon Green olhava sua filha com um misto de desaprovação e admiração. Desde menina, Philippa havia manifestado um interesse profundo por sua profissão de investigador. O mistério e a busca a fascinavam e, assim que terminou os estudos de literatura na prestigiada Universidade de Berkeley, recusara categoricamente qualquer emprego. Apesar das tentativas de Gordon em dissuadi-la, ela se mostrava obstinada . Philippa logo demonstrara possuir uma astúcia acima da média e um faro que a maioria de seus colaboradores – todos homens – não possuía.

    Gordon tinha que admitir que Philippa era a melhor.

    A senhorita Green está sempre pronta.

    O capitão da polícia de São Francisco ao seu lado olhava – percebeu Gordon – para a jovem mulher com ar de sutil reprovação.

    Verdade. E é também verdade que chegou aqui antes dos seus, Callaghan. Onde estão os da forense e homicídios? salientou, silenciando o homem. Se tivesse que fazê-lo, defenderia Philippa com a própria vida. Sua filha era melhor que todos os seus juntos. Idiota, pensou enquanto via sua expressão contrariada, sabendo que não podia argumentar. Sentiu um leve prazer: o governador da Califórnia havia pedido, especificamente, que sua agência de investigação colaborasse com a força tarefa naquele caso. Callaghan não podia discutir, menos ainda com Philippa.

    Temos que abrir sua boca.

    A voz da filha o desviou de seus pensamentos.

    Agora? Não podemos esperar até que esteja sobre a maca no necrotério?

    O legista ainda não chegou. Preciso saber o que aquela pobre coitada tem na boca. Aposto que outra mensagem.

    Philippa...

    Phil, pai, por favor...

    Phil logo notou a expressão no rosto do capitão de polícia que não havia sequer se dado ao trabalho de cumprimentá-la. Seus olhares se encontraram e nenhum dos dois acenou. Imbecil arrogante, pensou enquanto olhava para ele. Emmet Callaghan era um homem com poderes, mas da pior qualidade investigativa. Por isso – e esse era só um dos motivos – Grady Murray, o governador, havia pedido a intervenção da Green Investigation Agency nas investigações. Certo, seu pai

    era amigo da família, mas Phil estava convencida de que isso não contava; ele considerava Gordon muito competente e sabia que se havia algo a descobrir, o faria. Além disso, Murray havia sempre manifestado seu entusiasmo pelos sucessos alcançados por ela, desde que começou a fazer parte da organização.

    Continuou então sem tirar o olhar de Callaghan, decidida a não desistir até que ele a cumprimentasse. Era particularmente lamentável não oferecer um cumprimento a uma dama.

    Miss Green... disse ele, afinal.

    Capitão Callaghan... respondeu com um sorriso amarelo sobre os lábios vermelhos e carnudos, os olhos pretos que o confrontavam, aparentemente tranquilos.

    Phil sabia que podia contar não só com sua inteligência, mas também com sua aparência. Sabia que era atraente:

    alta e magra, naquele dia estava com um vestido claro que fazia a cor de sua pele sobressair. Os cabelos, encaracolados e negros, caiam desordenadamente por sua nuca, a pele bronzeada contrastando com o tecido claro e os olhos de azeviche. Características próprias da Louisiana, onde sua mãe havia nascido e onde a influência negra era muito forte.

    Virou-se, tirando a atenção do capitão, e observou um homenzinho calvo entrando. Os óculos de armação dourada estavam apoiados na ponta do nariz, carregava uma maleta de couro e tinha um ar cansado.

    Perdoem-me, vim assim que pude. Bom dia, sra Green. Senhores...

    O doutor Simpson não perdeu tempo com convenções e se aproximou da vítima. Phil o seguiu, ignorando o resto dos presentes; tinha que saber o que estava dentro daquela boca.

    2

    Outra, como aquela do mês passado mencionou Simpson enquanto abria a maleta de instrumentos.

    Sim respondeu Phil, colocando um cacho rebelde que havia acabado de cair sobre o rosto atrás da orelha como de costume.

    Que dia é hoje?

    25 de junho, doutor.

    Exatamente...

    Um mês depois da primeira vítima. Mesmo sistema.

    Phil viu o médico legista suspirar. Às vezes, odeio esse trabalho. disse ele. Vejam a que essa coitada foi reduzida. Não posso nem pedir que a cubram antes que examine o corpo.

    A boca, doutor.

    O que?

    A boca. Devemos abrir a boca. Respondeu Phil, tirando do bolso da saia um pedaço de papel onde havia copiado a mensagem que havia encontrado dentro da boca da primeira vítima. Abaixou os olhos para ler.

    A boneca descansa,

    Como uma rainha em seu trono,

    A esperar permaneço

    Porque o que querem encontrar poderão...

    A boneca descansa como uma rainha em seu trono, pensou Phil. Que diabos o assassino quer dizer? Já matou 2: uma por mês, e agora? O que terá em mente?

    Uma terceira, talvez?Ou...

    Miss Green...

    Phil virou-se de repente, os olhos fixos no doutor que havia acabado de terminar de tirar os pontos de sutura da boca da vítima. Aproximou-se do corpo observando os lábios enegrecidos que Simpson estava abrindo, os grumos de sangue escuro nas gengivas que estavam retraindo-se, o fedor vindo do estômago em decomposição lhe deu enjoo.

    Meu Deus... murmurou seu pai perto dela. Que fedor...

    Costume, senhor Green respondeu o legista meu nariz desenvolveu resistência. Quase já nem sinto o cheiro.

    Sorte a sua, estou quase vomitando respondeu o investigador.

    Simpson introduziu um par de pinças longas na cavidade oral da moça. Aqui está murmurou extraindo uma folha suja de fluidos corporais putrefatos que bloqueava o acesso às vias aéreas da vítima. Ao mesmo tempo, uma espécie de suspiro saiu daquela boca, o barulho assustador de um último suspiro que havia ficado preso nos pulmões em putrefação. Phil notou que vários agentes haviam abandonado o casebre, incluindo Callaghan e não parava de pensar em como aquela situação era pavorosa.

    Consegue ler alguma coisa? perguntou logo, mas com a mão na boca tentando se proteger daquele mau cheiro.

    Mmm... estou tentando ver alguma coisa respondeu Simpson, erguendo o pedaço de papel contra a luz. Sim, dá pra ver que há algo escrito.

    O que diz?

    Uma rainha por mês no trono,

    A próxima vermelha será,

    Atenção à sua beleza dará.

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