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Nunca beije seu ex!
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Nunca beije seu ex!

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About this ebook

Uma excitante comédia policial com um toque de romance!

“Alguém está aqui, atirando para todos os lados. Caramba, Jana, você não está entendendo? Fique aqui.” − com esse último comando, ele rastejou para longe de mim.

Se o cara achou que eu ficaria sozinha na sujeira enquanto um maluco atirava pela região, se enganou.

A vida de cartomante não era fácil. Sobretudo quando alguém como Jana Weiss sofre com falta de dinheiro crônica e não acredita mais na ajuda das cartas de tarô.

À Jana não restou nada além de aceitar um pedido de sua bem-sucedida irmã: deveria encontrar o sobrinho perdido de um cliente. Ela descobriu logo que a busca iria parar em Ibiza. Areia branca, festas que duravam a noite toda, uma viagem grátis - Jana não precisou pensar muito: foi para a ilha das festas.

No entanto, lá aconteceu algo bem diferente do planejado. Logo Jana ficaria com a pulga atrás da orelha e, para piorar, a busca era, na verdade, por seu ex-namorado.
 

LanguagePortuguês
PublisherBadPress
Release dateApr 6, 2019
ISBN9781547579358
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    Nunca beije seu ex! - Birgit Kluger

    1

    Minha entrada não poderia ter sido discreta. Com um sonoro Hã!, seguido de um salto e uma pilha de cópias escorregando lenta, mas seguramente para o chão, a secretária da minha irmã me cumprimentou. Admito: provavelmente estava com uma aparência estranha. Era verão e eu vestia uma roupa que se parecia com algo entre uma batina malfeita e um casaco de inverno.

    Com o rosto branco como cal, a senhora Meisel −este era o nome da secretária da minha irmã− encostou-se na parede e sussurrou: A senhorita me assustou, senhorita Weiss. Não a reconheci.

    Afinal, ela não pensava espontaneamente em mim quando via alguém, em pleno verão, andando por aí com um jaleco longo e marrom. Na verdade, eu esperava passar discretamente por ela e me esgueirar para o escritório de Irene, minha irmã, mas a eficiente senhora Meisel estava em seu local de trabalho em uma hora em que deveria estar beliscando uma salada na cantina.

    Foi má sorte, pois Irene exigiu que eu viesse de forma invisível e mais discreta possível. Ao menos achei que tinha ouvido isso, mas, repensando, já não estava mais tão certa. Irene ligou no meio da noite, me tirou do sono e falou sobre alguma coisa importante, vir absolutamente rápido para Frankfurt e invisivelmente. Ou foi prudentemente? Ou cautelosamente?

    Ninguém podia esperar que eu, às onze horas da madrugada, pudesse pensar claramente. Nem mesmo minha irmã e sua urgente emergência. A essa hora, eu já tinha quatro horas de estrada nas costas. Nada divertido, se alguém dirige um carro como o meu. Menos divertido ainda se alguém acabou de levantar e ainda não tomou café. Bem, a senhora Meisel já sabia que eu estava ali e podia me trazer então algo para comer. E café... muito café!

    Claro que antes de eu poder pedir isso, a porta do escritório de Irene se abriu. Então minha irmã colocou a cabeça para fora e me perguntou onde eu estava e que barulho era aquele. A senhora Meisel tinha se refeito do susto e juntava, apressadamente, as cópias do chão. Queria ajudá-la com isso, mas Irene me mandou entrar no escritório. Com um Senhora Meisel, por favor traga um café para a minha irmã quando terminar, ela quis fechar a porta. Felizmente consegui acrescentar um E por favor, alguns sanduíches, antes de ficarmos sozinhas.

    Nos sentamos. Minha irmã me encarou, irritada.

    Que roupas são essas?

    Você disse que eu deveria ser discreta − respondi, bem ao estilo birrento das irmãs mais novas.

    Essa é a sua versão de 'discreta'?

    Sim. Isso nunca passou pela sua cabeça? Ninguém repara em um mendigo ou em pessoas que parece que pedirão dinheiro a você a qualquer momento. Ninguém olha em seus olhos, se você se veste assim, e todos te evitam.

    Irene suspirou, mas evitou fazer mais comentários. Ao contrário de mim, ela conseguia deixar de lado assuntos inúteis. Além disso, era bem-sucedida, rica e abençoada com um pensamento racional que a tornou uma das melhores advogadas da Alemanha. Eu não possuía nenhuma dessas características.

    Quero que você encontre uma pessoa para mim. Trata-se do sobrinho de um cliente.

    O cliente de Irene deveria ser bem rico, se conseguia pagar os honorários dela. Com o que ela ganha por dia eu poderia viver um mês sem problema algum.

    Ela disse algo sobre encontrar?

    Espera um pouco. Devo encontrar alguém?

    Sim, eu acabei de falar isso. Como eu, minha irmã também não era dotada de paciência.

    Não sou detetive.

    Eu sei. Mas você tem tempo, é inteligente e precisa de dinheiro.

    Nisso ela tinha razão; pelo menos no que referia ao dinheiro.

    Você não acha que seria melhor um profissional? −minha decência mandava eu apontar essa solução óbvia. Internamente, porém, esperava que ela dissesse Não e me oferecesse um salário de pelo menos cinqüenta euros a hora.

    O senhor Schmitt não quer envolver um detetive. Também não quer incomodar a polícia. Não é um caso particularmente difícil. Ele perdeu o contato com o sobrinho há alguns anos e gostaria de reencontrá-lo. Você vai receber uma lista dos amigos e o último endereço conhecido desse sobrinho. Talvez você o encontre em uma busca no Facebook.

    Schmitt? Devo encontrar alguém cujo sobrenome é Schmitt? Devo revirar listas telefônicas até o fim da minha vida?

    Não. O sobrinho do meu cliente se chama Thorsten Hermes.

    Certo. Porque o senhor Schmitt o procura só agora, depois de tanto tempo?

    Por causa de sua herança.

    Ele ainda é solteiro? O sobrinho?

    Não que eu queira um casamento abastado. Muito menos uma herança.

    Não acho que ele faça seu tipo e você não precisa se casar com ele, só encontrá-lo. O senhor Schmitt não o vê já há cinco anos.

    Pensei que só se herdava algo se aquele de quem se herdava estivesse morto, não? Ou ele não herdará de seu tio? −minha cabeça fervilhava.

    Sim, ele herdará do senhor Schmitt, mas só quando meu cliente estiver convencido de que ele merece a herança.

    Ah, sim, claro − assenti, como se eu fosse advogada de direito hereditário há anos e soubesse exatamente do que Irene estava falando. Tanto faz; parecia que eu tinha conseguido o emprego. Agora eu precisava encontrar o cara.

    Há pistas de onde esse Thorsten possa ter ido parar?

    Não. Se soubéssemos onde ele está, não precisaríamos de você − um olhar severo me atingiu. Aconselho você a começar aqui em Frankfurt. Talvez o Thorsten ainda mantenha contato com um de seus antigos amigos. Minha irmã começou a remexer os autos que estavam metodicamente empilhados em sua escrivaninha. Pouco depois, ela me entregou um envelope grande e branco:

    Aqui estão algumas informações: seus hobbys, antigos amigos, bares favoritos, seu currículo e algumas fotos atuais.

    Fotos atuais? Como o tio dele pode tê-las, se não o vê há anos?

    Hermes tinha até pouco tempo atrás uma página pessoal em que postava fotos suas. Ela foi excluída da internet há aproximadamente dois meses. Esse é um dos motivos pelos quais o senhor Schmitt está procurando pelo sobrinho agora. Ele está preocupado.

    E os pais do Hermes?

    Eles morreram em um acidente de carro há alguns anos. O senhor Schmitt é o único parente vivo deThorsten.

    Na verdade, não parece difícil. Começaria com seus antigos amigos. Algum deles deve saber por onde ele anda.

    Por que o senhor Schmitt não tem mais contato com ele?

    Eles brigaram há cinco anos e se separaram. Desde então ele não soube mais nada de Thorsten.

    E ele merece a herança mesmo após a briga? Ou pelo menos a chance de ser testado?

    Essa é a questão. Mas sem contatar o Hermes, o senhor Schmitt não pode se convencer se deve ou não dar a herança ao sobrinho. A briga foi porque o Thorsten começou a usar drogas cinco anos atrás.

    Aha. Então vou começar logo.

    Boa ideia. Você não quer saber quanto ganhará por isso tudo?

    Ah! É verdade.

    Combinei sessenta euros a hora com o senhor Schmitt. Está bom? Mais despesas, claro.

    Sessenta euros? Sim, certo, está... bom − me esforcei para não deixar transparecer minha animação. Nunca tinha ganhado tanto dinheiro em uma hora. Deveria trabalhar mais para a minha irmã.

    Você pode dormir no apartamento do escritório. Como sempre. − ela disse e me deu a chave.

    A porta se abriu. A senhora Meisel − abençoada seja! − entrou com uma bandeja enorme. Ela estava cheia de sanduíches, café e duas saladas pequenas. A mulher sabia do que alguém mais precisava depois de quatro horas na estrada.

    Com as bochechas cheias e mastigando, abri o envelope que a Irene me deu. Já era hora de eu ver o tal rapaz. Quando peguei a foto, quase engasguei. O loiro menino de ouro que me olhava, era conhecido. Só que ele, na época, não se chamava Thorsten e tinha cabelos pretos ao invés de loiros. Exceto por isso, o cara era igualzinho ao meu ex-namorado.

    2

    Depois da audiência com minha irmã, fiquei parada na calçada em frente ao escritório e pensei seriamente se eu deveria ir para o apartamento. Não que eu fosse uma pessoa empolgada com passeios; era o calor que me inspirava a tais pensamentos incomuns. O asfalto fervia e meu carro, um Ford Fiesta preto, provavelmente já tinha um bafo quente. Mas não era só isso: o ar condicionado também estava quebrado.

    Considerei os prós e contras de entrar reclamando no carro, abrir todas as janelas e tocar o volante apenas com as pontas dos dedos para sair da vaga.

    Algumas ruas depois, parei atrás de uma fila de carros que esperava o semáforo um pouco a frente da antiga Ópera. Daqui até o apartamento dava mais ou menos cinqüenta metros em linha reta, o que significava que eu precisaria de pelo menos mais quinze minutos.

    À minha esquerda ficava a Ópera. Como sempre, aqui era muito movimentado no verão: bancários que voltavam do almoço para o escritório, turistas que tiravam fotos da antiga ópera, compradores e pessoas passeando davam vida à praça. No meio dela ficava a fonte, cujos arredores estavam lotados de pessoas tomando sol e, ao mesmo tempo, aproveitando o refresco da água. A maioria tinha tirado os sapatos e colocava os pés descalços na bacia da fonte. Um banho para os pés, por assim dizer. O suor escorria por mim às enxurradas. Adoraria me juntar a eles ou me jogar na fonte.

    Depois de eu quase ter dissolvido, o trânsito continuou. Passei pelo semáforo verde e pude virar na travessa que levava à rua Ulmen e ao apartamento do escritório no qual os clientes normalmente ficavam. Finalmente! Tirei minha mochila do porta-malas e subi ofegando os degraus até o apartamento. Por sorte, aqui estava agradavelmente fresco. Antes de me ocupar em transformar o sofá-cama em cama, deixei-me ficar no tapete e aproveitar a temperatura agradável. Depois fui ao banheiro, tomei um banho demorado e voltei à sala para traçar minha estratégia.

    Irene disse que eu poderia tentar uma busca no Facebook ou contatar os antigos amigos do Hermes. Então peguei meu bem mais precioso, meu laptop, e me loguei no Wifi do apartamento.

    Nada.

    Havia muitos membros do Facebook que se chamavam Thorsten Hermes, mas nenhum era parecido com o da foto.

    Teria sido muito fácil − murmurei e abri o envelope que a Irene tinha me dado. Encontrei uma folha quase vazia, com quatro endereços. Esse Thorsten não tinha lá muitos amigos, mas algum deles deveria saber onde ele estava.

    Otimista, escolhi o primeiro número de telefone. Matthias Gronerat −o primeiro nome da lista. Ele atendeu logo depois do primeiro toque. Com a surpresa, quase esqueci o texto que eu tinha preparado antes.

    Sim, eh... bom dia. Meu nome é Jana Weiss − apresentei-me.

    Olá.

    Sou amiga do Thorsten Hermes e gostaria de entrar em contato com ele. Você sabe onde ele está no momento?

    O Thorsten? Ele está em Ibiza.

    Em qual hotel?

    Não sei. Suponho que ele passa cada noite com uma mulher diferente − Gronerat riu e desligou o telefone.

    Mas que idiota! Não tão mais otimista, tentei contatar os amigos restantes. Porém tudoo que descobri foi Ibiza. Thorsten Hermes estava lá há algumas semanas, mas ninguém sabia em qual hotel.

    Encolhi os ombros e disquei o número da minha irmã.

    Parece que você vai ter que ir para Ibiza – disse Irene, depois de eu ter contado o resultado da minha investigação. A senhora Meisel vai mandar amanhã um e-mail com a passagem e o voucher do hotel. Veja se encontra o Hermes logo, pois, do contrário, o meu cliente vai pensar que você está tirando férias pagas.

    Como sempre a Irene desligou sem esperar uma resposta sequer.

    Ok. Por que não? Ibiza, lá vou eu. Certamente daria para passar uma ou duas horinhas na praia. Além disso, parecia que esse Hermes era um baladeiro. Eu também teria que mergulhar na noite de Ibiza. E com tudo pago!

    3

    Era meia noite e meia quando entrei no E!, há tempos um um dos clubes noturnos mais conhecidos de Ibiza. Como sempre, a senhora Meisel foi eficiente e rápida, e eu já estava em Ibiza apenas um dia após ter chegado em Frankfurt.

    O clube estava quase vazio porque ainda era muito cedo para os amantes da noite.

    Alguns convidados ocupavam a pista de dança, outros estavam em pé no bar ou sentados nas pequenas mesas: muita coisa mais não estava rolando sob o céu aberto que se estendia pela pista de dança. A partir da uma e meia, o lugar começou a encher até que, às duas horas, estava completamente lotado e eu já tinha dito a pelo menos três dealers que não tinha interesse nas suas balinhas. Aparentemente, eu não parecia feliz ou doidona o suficiente, porque esses foram os únicos homens que procuraram conversar comigo.

    Em algum momento perto das três, me cansei e fui me acotovelando em direção à saída. Não foi nada fácil, pois nesse meio tempo os últimos baladeiros tinham chegado. Precisei impor, violentamente, minha passagem com os cotovelos, fui empurrada para o lado maldosamente e queria me virar e xingar o cara quando o vi. Um cabelo loiro e encaracolado desalinhado e um perfil marcante: Thorsten Hermes!

    Thorsten não estava longe de mim, mas chegar até ele levou uma era. Finalmente vi por completo o homem a quem eu deveria agradecer minha viagem à Ibiza. Ele estava encostado no bar e tentava xavecar uma moça bonita de cabelos escuros que bebericava seu drink com um olhar vago.

    Fui para perto dele, cutuquei-o e disse Olá.

    O cara pareceu não ter nem sentido, nem ouvido nada, porque continuou a olhar a morena.

    Gata, que tal uma taça de champanhe? − infelizmente a pergunta não era para mim, mas para a outra. Sem responder nada, a moça olhava o balcão como se ali tivesse um tesouro a ser descoberto.

    Mais uma vez eu cutuquei o braço de Thorsten. Ele se virou lentamente e me encarou. Maldição! Tinha percebido, mas tinha a esperança de ter me enganado. Quem me via ali não era Thorsten Hermes, mas meu antigo namorado, Lex, de cabelos tingidos de loiro. Incapaz de dizer algo, fiquei olhando fixamente para ele.

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