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Indomável Coração Irlandês: Mystic Cove, #1
Indomável Coração Irlandês: Mystic Cove, #1
Indomável Coração Irlandês: Mystic Cove, #1
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Indomável Coração Irlandês: Mystic Cove, #1

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About this ebook

A autora best-seller do New York Times e do USA Today, Tricia O'Malley, lança uma série de romances ambientada no escarpado litoral irlandês.

Está na hora...

Um livro antigo, um poder desconhecido e uma ânsia no coração, levam Keelin O’Brian da sua graduação em Boston até uma pequena vila litorânea no sul da Irlanda. Determinada a desvendar os segredos escondidos nas encantadas águas da enseada, Keelin tem pouco tempo para o irlandês intratável que a irrita durante o dia e assombra suas fantasias à noite.

Inexplicavelmente atraído pela mulher que saiu de seus sonhos para a vida real, Flynn luta contra a crescente atração que sente por Keelin. Forças desconhecidas têm um plano para os dois.

Somente os segredos da enseada podem mostrar a Keelin quem ela realmente é, a beleza do seu misterioso poder, e um amor capaz de romper os limites do que ela conhece.


A série Mystic Cove:

Livro 1: Indomável Coração Irlandês

Livro 2: Selvagens Olhos Irlandeses

Livro 3: Indomável Alma Irlandesa

Livro 4: Irlandês Rebelde

Livro 5: Indomáveis Raízes Irlandesas

Livro 6: Indomável Bruxa Irlandesa

Livro 7: Selvagem Bênção Irlandesa

LanguagePortuguês
Release dateMay 15, 2019
ISBN9781547579501
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    Book preview

    Indomável Coração Irlandês - Tricia O'Malley

    Capítulo Um

    Osom da campainha assustou Keelin O'Brien e a despertou do devaneio que estava tendo quanto a alugar um barco de mergulho para atravessar a Grande Barreira de Coral. Piscando, afastou-se da mesa bagunçada e foi, pé ante pé, até a porta usando suas meias de lã irlandesa. Olhando pelo olho mágico, ela viu que era Frank, seu carteiro extremamente amigável.

    —Oi, Frank, — Keelin disse enquanto abria a porta, tendo o cuidado de esconder a bagunça.

    —Oi, Keelin. Você tem uma encomenda especial, — Frank disse. —Internacional!

    —Sério? Eu não pedi nada. Que interessante. — Keelin assinou o comprovante e Frank ergueu as sobrancelhas para ela. Keelin sabia que ele estava esperando que ela abrisse o pacote na frente dele.

    —Obrigada, Frank. Tenho que ir! — Keelin fechou a porta com o pé e examinou o embrulho pequeno enquanto caminhava em direção à cozinha. O animado tom de azul das paredes contrastava com a pilha de pratos na pia. Uma janelinha com cortinas amarelas permitia que a luz do sol entrasse e iluminasse a camada de poeira no guarda-louça. Suspirando, Keelin adicionou limpeza à sua lista de coisas a fazer.

    Afastando uma pilha de papéis, Keelin sentou-se à mesa e olhou o pacote. Retangular e embrulhado em papel pardo, aquele não era um invólucro comum para remessas internacionais. O pacote estava amarrado com barbante e arrematado com o que parecia um genuíno lacre de cera. O nome e o endereço de Keelin estavam escritos em tinta marrom em uma caligrafia de estilo antigo. Keelin estreitou os olhos para ler o endereço do remetente e lembrou-se que seus óculos estavam enfiados na saia.

    Interessante, Keelin pensou enquanto examinava o endereço de perto. Estava borrado. Parecia quase intencional. Keelin imaginou por que suspeitou que fosse intencional. Apenas uma única palavra era legível: Irlanda.

    Keelin ergueu o pacote e rompeu o lacre cautelosamente. Uma imagem pipocou na sua mente. Chamas crepitando à noite. Vozes cantando. Uma enseada azul como a meia-noite que brilhava por dentro. E olhos. Um par de olhos azuis cristalinos e penetrantes olhavam para ela através das chamas.

    Keelin sobressaltou-se e deixou cair o pacote. Seu coração batia com força e ela tentou algumas das técnicas de respiração profunda que tinha aprendido na yoga. Mesmo com as mãos tremendo, Keelin sacudiu a cabeça e riu consigo mesma. Sua mãe sempre suspirava com o que ela chamava de A Imaginaçãozinha de Keelin e cacarejava dizendo que Keelin nunca encontraria um homem se ficasse sempre sonhando acordada. Keelin desejava que aquelas imagens fossem apenas devaneios, ou o resultado de um cérebro mega criativo. Infelizmente, os talentos de Keelin eram mais voltados para o lado científico do que para o lado criativo e sonhador. Ainda assim, Keelin nunca soube como explicar as imagens que veria quando tocasse certos objetos.

    Objetos? A quem ela estava enganando? Keelin pensou. Não acontecia somente com objetos. Acontecia com pessoas, animais, e até mesmo com lugares. Ultimamente começou a pensar se precisaria aceitar o conselho não-muito-gentil da mãe de procurar um terapeuta. Mas o instinto de Keelin lhe dizia que um terapeuta não ajudaria muito com os seus problemas. Aprendeu há muito tempo a se proteger e a manter as imagens que invadiam o seu cérebro para si. Morar em Massachusetts tinha incutido nela um medo saudável das repercussões que poderia sofrer por ser diferente, isso se a história dos julgamento das bruxas de Salem indicasse alguma coisa.

    Ela segurou o pacote e respirou fundo antes de mergulhar de volta na visão. Dessa vez, ela se concentrou nos sentimentos que vinham com ela.

    Tudo estava envolvido na escuridão. Uma aldeia de pescadores à noite. Um cachorro solitário vagando por uma colina. Um homem amarrando uma linha de pesca. Enquanto Keelin avançava pela visão, ela decidiu que havia algo naquelas imagens. Um sentimento de agouro, mas também uma sensação de volta ao lar. Não era ruim, mas ainda assim teve a sensação de estar ultrapassando um limiar.

    Era quase como se ela estivesse sendo empurrada e puxada. Seus dedos tremeram quando tirou o papel. Por um certo lado, ela estava esperando por isso. Sempre houve algo não dito em sua vida – algo oculto. Keelin imaginava se isso, finalmente, seria a sua resposta.

    Um livrinho estava ali no papel. A capa era de couro em um rico tom de marrom estava vincada por causa da idade e as páginas amareladas tinham sido encadernadas à mão. Keelin maravilhou-se com a beleza simples do trabalho artesanal. Não havia palavras ou símbolos estragando o couro macio, mas os anos de arranhões causados pelo uso tinham desgastado o couro transformando-o em uma pátina perfeita.

    O livro parecia falar bem alto sem ter uma única palavra em sua capa.

    O livro era antigo. Muito antigo. Keelin imaginou se precisaria calçar luvas para poder tocá-lo. Um livro assim tinha que estar em um museu, pensou. Abriu a capa com cuidado e arfou quando viu as páginas. Eram folhas de velino. Suas mãos tremeram quando entendeu a profundidade da delicadeza e da força desse livro. Keelin soube que o livro era antigo, mas a escrita em velino o situava na época do Livro de Kells. Este era o tipo de livro que não devia ser encarado levianamente. Quem tinha lhe mandado tal presente?

    Keelin suspeitava saber a fonte desse presente. Mas a pergunta certa aqui era: por que agora?

    Um papel dobrado que estava amarrado com o mesmo barbante e o mesmo selo do invólucro estava enfiado na frente da capa. Keelin o pegou com cuidado e o desdobrou.

    As palavras lhe atingiram como um soco no estômago.

    Está na hora.

    Keelin olhou para a carta em choque. Em reconhecimento. Enfiou o cabelo ruivo atrás da orelha. A mãe socialite cobria o vermelho do cabelo com tinta e bufava, Irlandês demais. Mas Keelin amava a cor do seu cabelo e sempre se recusava a pintá-lo quando o segundo cabeleireiro favorito da mãe sugeria discretamente para ela trocar a cor. Todo mês.

    Está na hora.

    As palavras se afundaram em seu cérebro. Ela sabia que isto estava por acontecer. Ela segurou a carta na frente do rosto. Cheirava um pouco a lavanda e a algo mais profundo. Quase que defumado. Visões de uma enseada iluminada pela lua, um barco e a promessa de amor e luxúria surgiram em sua mente.

    Está na hora.

    Keelin segurou o livro e ficou maravilhada com a beleza dos detalhes. Fechou os olhos e sentiu o cheiro do couro usado. O livro parecia aquecer sob o seu toque e um sentimento de amor se espalhou pelos seus braços e viajaram até o seu âmago. Teve um vislumbre de uma velhinha colhendo ervas no declive de uma colina perto da água. Essa súbita percepção confirmou as suas suspeitas. Este era o livro da sua avó materna. A avó vivia nas colinas da Irlanda, ao norte de uma pequena aldeia de pescadores na península mais meridional do país. Descrita como louca e reservada, Keelin teve pouco contato com ela. A mãe tinha insistido em se mudar para os Estados Unidos antes de Keelin nascer e estava muito orgulhosa por ter criado a filha em Boston, na respeitável Beacon Hill. Elas nunca tinham voltado para a Irlanda.

    Frequentemente imaginava por que a mãe se recusava a falar sobre a sua infância. Na época, atribuíra o fato à obsessão que a mãe tinha com pedigree e com as festas da sociedade. Não havia muito espaço para uma irlandesa que nasceu pobre entre a riqueza dos amigos da mãe. Agora Keelin imaginava quais detalhes vitais ela pode ter perdido sobre a vida da mãe antes de Boston.

    O livro parecia chamá-la. Keelin passou os dedos sobre a capa de couro macio. Ela o pegou e a imagem dos olhos azuis voltou a aparecer em sua mente. Dessa vez uma leve corrente de calor atravessou o seu corpo.

    —Ôpa, isso é meio ridículo.— Keelin riu e voltou a si. Precisava andar. Dois pensamentos passavam por sua cabeça. O primeiro foi que sua avó estava morta. O segundo foi que este era um livro de magia.

    Keelin precisava de respostas e só havia uma socialite loura que poderia dá-las.

    Calçou as botas marrons que iam até os joelhos por cima da legging que abraçava seus quadris generosos, vestiu o longo cardigã de trama fair-isle, e pegou o livro. Keelin procurou um cachecol de lã no armário e envolveu o livro cuidadosamente no objeto antes de enfiá-lo em sua bolsa de couro. Era hora de caçar a mãe. E só então lidaria com as implicações deste livro.

    Capítulo Dois

    Margaret Grainne O'Brien morava em um prédio de arenito de dois andares na cobiçada vizinhança de Beacon Hill, no centro de Boston. Keelin gostava das ruas de paralelepípedo e as cerejeiras em flor na primavera. Odiava a falta de estacionamento e os minúsculos espaços que o bairro caro oferecia. Imaginou, mais uma vez, por que alguém pagaria uma quantia obscena para morar em um espaço de duzentos metros quadrados com apenas uma vaga de garagem. Keelin tocou a campainha da mãe.

    —Keelin, querida! O que você está fazendo aqui? — Margaret perguntou. Vestida para o chá, a bela, e indiferente, loura de quarenta e tantos anos usava um terninho cinza e uma blusa rosa-escuro. Pérolas cintilavam em suas orelhas e a correia de couro do relógio espiava discretamente por sob a manga.

    Margaret fez um gesto para Keelin entrar e começou a emitir ruídos de estresse.

    —Keelin Grainne. Você voltou a sair de casa usando legging? — Margaret perguntou.

    —Mãe. Dá um tempo. Todo mundo usa legging. E minha blusa é comprida. Elas são como se fossem meias, mas com ainda mais cobertura. — Keelin revirou os olhos e foi pisando duro em direção à sala da frente. As graciosas janelas arqueadas ostentavam a vista das lojas elegantes. Keelin acomodou-se no sofá e começou a odiar o cômodo. Tudo era branco e dourado. Opulência demais, pensou.

    —Mãe. Precisamos conversar. — Keelin enfiou a mão na bolsa e pegou o livro.

    —Você está grávida! Eu sabia. Eu sabia que aquele Todd não era boa coisa. O que você estava pensando?

    —Pera lá. O quê? Não! Mãe, afff, Deus, para. Que nojo. Eu nunca dormi com o Todd, para início de conversa. Você que me arranjou ele, o que já devia te dizer que ele não éramos uma boa combinação. Você poderia, por favor, parar de tentar arranjar pessoas para mim? — Keelin disse. Isso era um aborrecimento constante em sua vida. Margaret gostava de arranjar encontros às cegas para ela com os filhos da elite da cidade. Keelin a amava demais para envergonhá-la dando um bolo em seus encontros. Inevitavelmente, cada Todd, Chad e Spence com quem saiu não conseguiram molhar a sua calcinha. Por algum motivo, imaginou se ainda tinha esse tipo de fluido corporal. Já fazia tempo que não se apaixonava verdadeiramente por alguma coisa que não fosse o seu trabalho.

    —Obrigada, Senhor. Odiaria dizer à Shirley que o filho dela é um idiota. Agora, por que você veio aqui no meio do dia? Você não deveria estar trabalhando em alguma candidatura? — Margaret disse. Ela estava se referindo à candidatura de Keelin para vagas de estágio. Keelin vinha trabalhando para o Aquário de Boston há alguns anos e já fazia algum tempo que queria fazer algo diferente. Seu sonho era terminar o mestrado em biologia marinha e trabalhar em uma equipe de pesquisadores-mergulhadores. Tinha a esperança de conseguir uma vaga de estágio em um veleiro de pesquisa para trabalhar durante o verão.

    Keelin decidiu impactá-la. Levou a mão à bolsa e retirou o objeto embrulhado em seu cachecol.

    —Keelin, quando você vai se livrar desse cachecol horroroso? Ele é tão irlandês, — Margaret disse, seu desdém era mais que óbvio.

    Silenciosamente, Keelin desfez o embrulho e colocou o livro sobre a mesa, observando a mãe com atenção. Os olhos de Margaret se arregalaram um pouco e então voltaram ao normal.

    —Por que, o que é esse livro velho? É para a faculdade? — Margaret perguntou. Keelin notou que as bochechas normalmente pálidas da mãe estavam coradas e ela batucava um pa-pa-pa sobre a mesa de canto de estilo vitoriano.

    —Mãe. Você sabe o que é isso. Eu preciso de respostas, — Keelin disse.

    —Eu não faço ideia do que você quer dizer. É um livro velho. Bem bonito, na verdade. Eu vi livros assim nos antiquários. Você deveria colocá-lo em exposição, — Margaret disse. Ela se recusava a encarar Keelin e olhou rapidamente para o relógio.

    —Querida, eu sinto muito, mas tenho que encontrar a Sra. Thatcher para o chá. Estamos planejando um evento de caridade para o clube do livro. Eu não posso me atrasar, — Margaret disse enquanto se levantava.

    —Eu acho que não. Sente-se, — Keelin disse.

    —Keelin. Qual é o seu problema? Não fale comigo assim.— Margaret fincou terreno. Você podia tirar o irlandês da Irlanda, Keelin pensou divertida.

    —Este é o livro da sua mãe. Minha avó. Eu posso sentir. Chegou hoje. Isso quer dizer que ela está morta? Você ainda fala com ela pelo menos? — As perguntas saíam em uma torrente. Keelin não queria soar como se estivesse fazendo acusações, mas a velha mágoa subiu por sua garganta. Ela sempre odiou a forma como Margaret a impediu de saber sobre suas raízes irlandesas.

    Suspirando, Margaret foi até o bar e serviu uma dose de whisky, puro. Chocada, Keelin observou enquanto sua mãe muito contida virava a bebida em um único gole.

    —Eu sabia que essa hora ia chegar, — Margaret disse. Seus ombros estavam tensos e ela ficou olhando concentrada para o bar.

    —Hum, sim. Sem sacanagem. A carta dizia, Está na hora, — Keelin disse. —Importa-se em explicar?

    —Foi por isso que eu abandonei o seu pai, a cidade, e nunca mais voltei para a Irlanda. — Margaret ainda estava de costas para ela. —Esperava que esse dia nunca chegasse.

    Capítulo Três

    —O kay , rainha do drama, — Keelin disse. —Vamos devagar. Isso é um pouco demais para mim.

    Um sorriso cruzou rapidamente o rosto de Margaret enquanto ela se virava para Keelin. —Você sempre foi tão irreverente. Parte de mim sempre desejou poder ser assim também.

    Keelin estava chocada. A mãe admirava o que sempre reprimiu? Interessante, pensou.

    —Se me der licença, preciso de um minuto para poder cancelar a minha reunião. Então eu falarei desse... desse livro com você, — Margaret disse enquanto saía da sala. Suas costas, extremamente retas, irradiavam a determinação e a força de sempre. Keelin ergueu os ombros automaticamente. Só olhar para a mãe a fazia sentir-se desajeitada.

    Passou as mãos pelo livro distraidamente. Mais uma vez o couro flexível pareceu aquecer ao seu toque.

    —Vamos, — Margaret disse. Keelin deu um salto e arfou.

    —Mãe! Eu não sabia que você tinha calça jeans!

    —Bem, sim, se algum dia eu fosse caminhar pela floresta precisaria de uma, não? — O jeans apertado de Margaret estava enfiado em suas botas Hunter e o cardigã pesado estava perfeitamente abotoado. Um cachecol xadrez complementava o modelito que gritava Ralph Lauren casual-chique.

    —Floresta? Em que floresta você tem caminhado, mãe? — Keelin perguntou.

    —Bem, no Common, é claro. Lá tem belas árvores.

    Keelin riu. Só a mãe para se referir aos jardins bem cuidados do Boston Common como floresta.

    —Okay, mãe. Vamos dar uma caminhada. — Keelin enfiou o livro na bolsa e pegou o cardigã. Observou enquanto a mãe pegava as chaves em um prato Hermès dourado perto da porta e se certificava de que o capacho estivesse alinhado.

    Como pode ter nascido dessa mulher? Esse pensamento não era inédito. Bagunceira, desobediente e teimosa, Keelin se sentia como se fosse uma constante decepção para a mãe educada e discreta. Frequentemente se sentia como se estivesse interpretando um papel quando a mãe a convidava para as festas mais exclusivas da sociedade. Vestidos de seda e ser vista importavam muito pouco para Keelin quando ela podia enterrar a cabeça em um livro ou ouvir um pouco da excelente música local. A mãe sabia para que servia cada colher e cada garfo que havia sobre a mesa, enquanto Keelin preferia beber suco de maçã e comer um hambúrguer bem gorduroso no bar local. Apesar de todas as diferenças, havia um amor puro e forte ente elas. Foram só as duas por muito tempo. Não podia culpar a mãe por querer o melhor para ela.

    Como em todas as tardes de sexta, o Common estava em plena atividade. O coração da cidade parecia ser ali, enquanto pessoas de todos os tipos vinham das escadarias do metrô, o famoso T, espalhando-se pelos gramados do Common e caminhando entre os lagos e as árvores. Isso sempre a interessou, as pessoas que encontrava ali, Keelin pensou. Keelin tinha passado muitas tardes pensando sobre as vidas das pessoas que passavam pelo seu cobertor de piquenique. Sempre jogava um jogo sem saber bem o porquê. Keelin adivinhava a doença dos estranhos. Não tinha como saber como ou por que fazia isso, mas era algo inconsciente. Câncer, resfriado, gripe, diabete, punho torcido… as imagens surgiam em sua mente junto com as emoções. Era como um programa de televisão em que ela não tinha como saber se era a vencedora.

    Keelin caminhou em silêncio ao lado da mãe enquanto a ouvia tagarelar sobre o preço dos apartamentos que delineavam o Common. Ela já sabia, mas permitiu que a mãe falasse. Margaret tinha a tendência de falar sobre imóveis quando estava nervosa. Eventualmente, foram em direção a um banco de pedra que ficava de frente para o pequeno lago. Keelin observou distraidamente uma mãe ajudando o filho a alimentar os patos.

    —O que você sabe sobre Grace’s Cove? — Margaret perguntou.

    —Bem, eu sei que é uma cidadezinha litorânea no sul da Irlanda. Eu sei que você cresceu lá e que não gostava da vida no interior. Eu pesquisei a cidade no Google e as fotos eram incríveis. Parecia um lugar muito bonito para se viver. E eu amaria entrar na água lá. Aqueles penhascos são incríveis! Imagino que tenha um monte de coisa para estudar, — Keelin disse.

    —Sim, bem, eu

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