Férias: o que é bom dura pouco? que tal comprar mais?
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O trabalho é, sem dúvida, um campo importante, inclusive pode gerar alegria e realização, entretanto veja com quantos outros campos ele divide o espaço do tempo. Repare quanto tempo ele consome e quanto sobra para todo o resto. É possível reequilibrar essa proporção, trazendo a dose certa para cada parte. A felicidade aumenta e vive-se uma vida mais plena quando o ser humano desenvolve seus diversos potenciais, o que significa ir muito além do profissional.
Este livro explora a dualidade tempo/dinheiro e as consequências de desequilíbrios entre essas variáveis, e propõe uma nova ferramenta gerencial para ajudar a rebalancear essa relação.
Quanto mais profunda a reflexão, mais tempo é necessário. Se há condições de reavaliar as macroescolhas ao longo da vida, é possível corrigir desvios e acertar mais a rota, em vez de deixar conclusões do que poderia ter sido feito para o final.
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Book preview
Férias - André Cleiman
Editora Appris Ltda.
1ª Edição – Copyright© 2016 dos autores
Direitos de Edição Reservados à Editora Appris Ltda.
Nenhuma parte desta obra poderá ser utilizada indevidamente, sem estar de acordo com a Lei nº 9.610/98.
Se incorreções forem encontradas, serão de exclusiva responsabilidade de seus organizadores.
Foi feito o Depósito Legal na Fundação Biblioteca Nacional, de acordo com as Leis nºs 10.994, de 14/12/2004 e 12.192, de 14/01/2010.
COMITÊ CIENTÍFICO DA COLEÇÃO CIÊNCIAS SOCIAIS
Agradecimento
Agradeço aos meus pais, pelo apoio incondicional e por estarem sempre presentes na minha vida; aos meus familiares e colegas de trabalho que gentilmente participaram da pesquisa desta obra; ao meu orientador do mestrado, Prof. Fernando G. Tenório, pelos direcionamentos e reflexões; ao Victor Serôa, pelo incentivo ao desengavetamento de vários projetos de vida importantes; aos profissionais médicos sensacionais que cruzaram minha vida, com quem tenho a sorte de contar e que me mantêm saudável, Drª. Vera Alonso, Drª. Josefina Krapienis e Dr. Paulo Band; à amiga Nahime Scoz, por sua sensibilidade e luz aos meus anseios; ao Senhor, por tantas oportunidades incríveis; às pessoas que são mestres no que fazem, com quem aprendi, cresci e evoluí, evoluir, Drª. Laila Wajntraub, Profª. Carla Tausz, Profª. Camila Delphim; aos meus amigos viajantes, nos albergues do mundo, pelos momentos de diversão e ricos contatos multiculturais; aos meus amigos de infância, adolescência e fase adulta que dividem e me proporcionam alegrias, apoio, conhecimento e uma sensação tão boa de estar rodeado de pessoas do bem.
PREFÁCIO
Parece que no mundo hodierno no qual vivemos a intensificação do trabalho tem submetido o trabalhador, ou seja, todo aquele assalariado, não importando o nível que ocupe na hierarquia da organização, a um ritmo de produção, de bens ou serviços, sob o qual a expressão férias é parte do léxico, porém cada vez mais afastado do cotidiano trabalhista. Quando do advento da tecnologia de base mecânica ou de automação rígida do período da II Revolução Industrial, uma das conquistas dos trabalhadores foi, justamente, férias remuneradas. O trabalhador seria remunerado não só nos descansos semanais e festivos, mas também durante um período que poderia se estender até 30 dias. Com o advento da III Revolução Industrial, cujo fundamento tecnológico é de base microeletrônica ou de automação flexível, o significado do vocábulo férias, período de descanso a que tem direito todo o trabalhador, quer funcionário de uma empresa privada, quer de uma organização pública, aparenta ser o período desejado – descanso –, mas esse período sem ocupação ou de ócio vem diminuindo. Por quê? Porque com a automação flexível ou de desenvolvimento das tecnologias da informação, o trabalhador já monitorado durante o seu período laboral, também, durante as suas merecidas férias
é da mesma forma acompanhado para, em descanso, continuar na faina. Sem considerar que a denominada flexibilização do trabalho, por meio, por exemplo, do processo de terceirização, tem transformado o trabalhador em pessoa jurídica, em PJ
no linguajar abreviado. Com a terceirização, a palavra férias perde totalmente o significado registrado pelos lexicógrafos.
Apesar de o parágrafo anterior não ser capaz de contextualizar a complexidade da pergunta-título formulada pelo presente livro – Férias : o que é bom dura pouco? – devemos considerar, para melhor compreender essa complexidade, as quatro hipóteses formuladas pelo autor, assim como a alternativa para o equilíbrio vida pessoal/trabalho
por ele proposta: a compra de férias
. O leitor vai perceber, logo na introdução ao texto e por meio das hipóteses formuladas, que André Cleiman sabe onde está pisando
. Isto é, Cleiman não é ingênuo. Embora a compra de férias possa parecer a essência, substância, dos seus argumentos, não o é. Cleiman consegue sistematizar um assunto pouco explorado na literatura gerencial brasileira, mesmo aquela dedicada ao estudo dos denominados recursos humanos nas empresas. Se folhearmos as teorias organizacionais disponíveis, observaremos também essa lacuna. Aqui, como alhures, férias é uma exigência legal, uma atenção contratual, não uma justificação que contribua para o bem estar do trabalhador, pois muitos consideram, e assim aparece expressado na redação do livro: minhas férias passaram voando
, férias, até quando é ruim, é bom
ou quando comecei a sentir o gostinho das férias, elas acabaram
. Tais sentimentos parecem ir ao encontro do domínio da racionalidade que privilegia os meios em detrimento do fim, exalta o mercado, e não a sociedade. Não esqueçamos que o trabalhador é visto como uma coisa, como um recurso, um capital humano e outras expressões que sinalizam a sua reificação. Daí que as férias não são vistas como um processo de equilíbrio vida pessoal/trabalho
. As férias são percebidas como a oportunidade de recarregar as baterias
. Recarregar para quê? Para melhorar a eficiência, a produtividade; enfim, a racionalidade instrumental.
Portanto, em boa hora surge este livro, que, originado em uma dissertação – Mestrado Executivo em Gestão Empresarial da Escola Brasileira de Administração Pública e de Empresas (EBAPE) da Fundação Getúlio Vargas (FGV) –, demonstra que o mundo acadêmico questiona aquilo que ele mesmo propõe. Uma instituição de ensino superior, como é o caso da EBAPE/FGV, além de privilegiar o gerenciamento de racionalidades, também potencializa o seu estudante a praticar a primeira lei da dialética – a unidade dos contrários. Potencializa porque mostra as contradições, a cara de Janus da Administração. Uma cara bifronte. E foi entendendo essa dialética que André Cleiman se propôs a estudar o momento de descanso
e, ao mesmo tempo, propor outra maneira de abordar este momento: a compra de férias. Apesar de utópica, a compra de férias, como toda quimera, deve ser observada como uma referência. Que no caso é uma referência que aponta as contradições do costumeiro entendimento do significado das nossas contratuais férias. Finalizaria este prefácio agradecendo a oportunidade que me foi concedida pelo André na orientação do seu trabalho final de curso – dissertação –, bem como o ensejo de preambular este seu livro. Que os leitores tenham a ocasião de fazer uma boa leitura como tive a oportunidade de, por duas vezes, quer como orientador, quer como prefaciador, ler o texto com um olhar de aprendiz.
Fernando Guilherme Tenório
Professor Titular na EBAPE/FGV
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO
CAPÍTULO 1
PROBLEMÁTICA
1.1 Formulação do problema
1.2 Objetivo geral
1.3 Objetivos específicos
1.4 Definição dos limites do problema
1.5 Hipóteses
CAPÍTULO 2
REFERENCIAL TEÓRICO
2.1 Qualidade de vida
2.2 Qualidade de vida no trabalho
2.3 Modelo de Walton
2.4 Deterioração da qualidade de vida no trabalho
2.5 Equilíbrio vida pessoal/trabalho
2.6 Formas de flexibilização do tempo de trabalho
2.7 Modelo de suprimento de trabalho
2.8 Práticas empresariais de fomento ao equilíbrio
2.9 Férias
2.10 Racionalidade instrumental
2.11 Modelo de propensão a comprar férias
CAPÍTULO 3
MÉTODO