O Vegetarismo e a Moralidade das raças
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About this ebook
Uma leitura indispensável.
SOBRE O AUTOR:
Jaime de Magalhães Lima (15 de Outubro de 1859 - 26 de Fevereiro de 1936).
Frequentou a Universidade de Coimbra e se licenciou em Direito no ano de 1880.
Era um defensor dos animais e amante da natureza , tendo dedicado um bom tempo de sua vida na plantação de eucaliptos em sua propriedade. Via nas árvores um símbolo da grandeza de Deus .
Viajou por vários países e ao visitar a Rússia conheceu Tolstói por quem tinha grande admiração. Mesmo conhecendo tantos países ,nunca deixou Portugal, seu berço natal, onde viveu a maior parte da sua vida. Ali encontrou a calma e paz que precisava, rodeado pela natureza que amava para criar as suas mais belas obras como: Rogações de Eremita e O Vegetarismo e a Moralidade das raças, entre outras de igual importância.
É autor de 30 livros e contribuiu com dezenas de outras obras durante sua vida.
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O Vegetarismo e a Moralidade das raças - Jaime de Magalhães Lima
vida.
Capítulo 1
Tem os seus pergaminhos o vegetarismo. Não é uma doutrinanascida ontem. Tem títulos autênticos de nobreza prolongadadurante gerações sem número, respeitada nas mais altas civilizaçõesem cujas superiores aspirações colaborou, definindo-as eloquentemente pela voz das suas mais belas e autorizadas individualidadese corroborando-as ardentemente pelo exemplo dos seus maisdevotados apóstolos.
Sem nos afastarmos da nossa própria civilização, sem sairmosdeste foco de cultura chamado o ocidente da Europa onde noscriamos e onde os nossos mais remotos ancestrais se criaram e educaram, legando-nos um espólio de sentimentos e ideias que constituem toda a nossa alma e que nos cumpre cultivar e aperfeiçoarpara os transmitirmos aos nossos filhos acrescentados em formosurae benefícios, emendado, corrigido e depurado em seus vícios einsuficiências; dentro deste círculo deveras estreito relativamenteaos largos espaços em que fora dele outras raças e outras condiçõesnaturais formaram sociedades que igualmente engrandeceram ehonram a humanidade pelas concepções da vida que realizaram ede que foram veículo e sublime instrumento no mundo; limitando-nos à exígua mancha do globo que é o nosso berço e o nosso lare fazendo-o, não porque além dele não conheçamos coraçõesiguais aos nossos, vivendo do mesmo alento, crentes na mesmafé e enamorados da mesma elevação, mas somente porque para ofim muito restrito que neste instante temos em vista convêm nãodistrair a atenção do que de mais nos toca e, por isso, será maisclaramente demonstrativo: neste cantinho que acendeu seus fachosde luz em volta do Mediterrâneo e de lá a fez irradiar através dasmontanhas até aos mares do norte, o vegetarismo foi e é uma dascaracterísticas do zênite moral das civilizações, e como tal o aceitaram, proclamaram e praticaram os gênios que mais fundamenteas compreenderam e mais brilhantemente as serviram.
O reconhecimento deste fato é hoje uma verdade corrente. Omais rudimentar estudo do vegetarismo não deixará de o apontar.Por certo somarão milhões as folhas impressas em que se encontramos nomes de vegetarianos que foram, na história dos povos daEuropa, como sinais da sua grandeza e juízes e faróis do seu tempoe dos tempos futuros. Mas nem é justo que se invoque o seu valormoral sem lembrar os que por uma sublimada inspiração no-lomostraram, nem tão pouco seria prudente que, somente porqueuma verdade se tornou indiscutível e porventura banal entrehomens cultos, deixássemos de repeti-la tão inumeráveis vezesquantas necessárias fossem para que ela se propague e produzatodos os bens que só pela sua larga disseminação poderá produzir.
E o vegetarismo, tendo já os seus altares e o seu heróico punhadode fiéis em todos os países que atingiram a sensibilidade moral ereligiosa, está infelizmente longe de ter penetrado na concepçãovulgar das obrigações humanas, como é mister para a redençãode tantos e tão dolorosos males que nos afligem e perseguem porculpa da nossa cegueira e obscuridade.
Recordemos, pois, muito de passagem, as lições dos profetase mestres. É dever e é utilidade. E pena é que não possamos agorafazê-lo com a pausa que o encanto das suas palavras nos pede eque o proveito da própria educação imperiosamente nos aconselha.
De Pitágoras a Shelley ou a Wagner ou a E. Reclus ou aTolstoi que arautos não teve o vegetarismo, que divinos clamoresnão fez ouvir às multidões ignorantes da própria fortuna, escravasda primitiva animalidade ou ensandecidas e aviltadas em sórdidosprazeres! Desde que a nossa civilização pôde gravar seu