Professores principiantes da educação infantil
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Professores principiantes da educação infantil - Rebeca Ramos Campos
COMITÊ CIENTÍFICO DA COLEÇÃO EDUCAÇÃO, TECNOLOGIAS E TRANSDISCIPLINARIDADE
João Helvécio, Lucas, esposo e filho, família,
amor eterno, laço, benção, presente de Deus.
Nilson, Silvana, Raquel, Mathews, Biro-Biro, pais e irmãos,
amor, segurança, conforto, paz, união.
Cibele, Danielle, Dominique, Milene e Sandro, amigos do peito, carinho, amizade, força, solidariedade, abraços.
Maria Estela Campelo, professora,
admiração, ajuda, afeto, sonho, gratidão.
AGRADECIMENTOS
A Deus, pela esperança, amor e proteção com que me ilumina todos os dias de minha vida.
Ao meu esposo, João Helvécio de Oliveira Júnior, pelo amor e companheirismo que me fortalece, me encoraja e me faz sentir amada.
Ao meu filho, Lucas, pelos sorrisos encantadores que enchem meu coração de alegria.
Aos meus pais, Nilson e Silvana Campos, e aos meus irmãos Raquel e Mathews, pela fé em mim, pelos ensinamentos de vida, pela estrutura familiar de amor que me conforta e faz bem.
À professora orientadora Maria Estela Campelo, pela maneira humana com que sempre me ensinou. Serei sempre grata às oportunidades de aprendizagem que me proporcionou na universidade, na pesquisa e na vida.
Ao professor João Maria Valença, por despertar e encorajar meus primeiros passos na escrita e na leitura acadêmica.
Ao professor Antônio Nóvoa, pela humildade, atenção e gentileza ao aceitar o convite para escrita prefacial deste livro. Minha sincera gratidão.
Aos amigos do NEI Cibele, Danielle, Dominique, Kívia, Milene e Sandro pelo carinho, solidariedade, amizade e força.
À equipe do Núcleo de Educação da Infância – NEI, pelos conhecimentos construídos na prática educativa.
Às professoras que participaram da pesquisa deste livro, pela imensa colaboração.
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO
1
REFLEXÕES SOBRE A EDUCAÇÃO INFANTIL:
UMA NECESSIDADE DO PROFESSOR PRINCIPIANTE
1.1 Um breve diálogo entre a história e a política da Educação Infantil
1.2 Especificidades da Educação Infantil/Pré-Escola
2
NECESSIDADES DE FORMAÇÃO DE PROFESSORES PRINCIPIANTES: DISCUTINDO TEORIAS
2.1 Formação de professores
2.2 Necessidades de formação de professores
2.3 E o professor principiante?
3
PROFESSORAS PRINCIPIANTES NA EDUCAÇÃO INFANTIL/PRÉ-ESCOLA: NECESSIDADES DE FORMAÇÃO
3.1 Docência de professor principiante na Educação Infantil/Pré-Escola 3.2 Razões explicativas das dificuldades docentes/necessidades formativas
3.3 Formação para a docência na Educação Infantil / Pré-Escola,
a partir da análise de necessidades de formação
REFERÊNCIAS
PREFÁCIO
Tornar-se professora
À memória de Michael Huberman,
25 anos depois da publicação de A vida dos professores
A formação de professores é um elemento central da valorização do magistério. E vice-versa. Sem a valorização do magistério é impossível concretizar processos de formação que reforcem a profissão docente.
Essa dupla consciência tem alimentado a literatura pedagógica na área da educação. O conceito de desenvolvimento profissional docente, que procura dar conta da ligação entre as dimensões da formação e da profissão, organiza-se em torno de um continuum entre a formação inicial, a indução profissional e a formação contínua.
Sabemos, pelo menos desde 1989, quando Michael Huberman publicou A vida dos professores, que os primeiros anos de exercício docente – os anos de indução profissional – marcam o resto das nossas vidas pessoais e profissionais. Estranhamente, pouco temos feito em relação a esse período decisivo da formação e da integração na profissão.
E, no entanto, não nos cansamos de repetir que é preciso:
• preparar os alunos das licenciaturas para a realidade que vão encontrar nas escolas;
• criar uma fase de transição e de apoio à inserção dos professores principiantes, com a ajuda de um mentor;
• construir um ambiente estimulante para acolher nas escolas os professores principiantes;
• assumir uma responsabilidade coletiva dos professores pela integração dos colegas mais jovens.
Ninguém põe em causa a importância da formação inicial e da formação contínua, mas o ciclo do desenvolvimento profissional docente fica interrompido se continuarmos a descurar a indução profissional, isto é, os anos em que nos tornamos professores.
A universidade tem de prolongar a sua ação para lá dos seus muros e acompanhar os professores que formou nos primeiros anos da sua vida docente. As políticas públicas têm de compreender a importância desses anos e definir formas de mentorado e de apoio à entrada na profissão. Nas escolas, o coletivo dos professores tem de inscrever essa missão como uma das suas principais responsabilidades. Uma profissão que não cuida dos seus colegas mais jovens não tem futuro.
Nesse sentido, o reforço da colegialidade docente implica, necessariamente, uma atenção aos processos de socialização e ao modo como os professores principiantes constroem a sua autonomia como profissionais. Cada caso é um caso. É preciso respeitar as trajetórias de cada um, as diferentes maneiras de ser e de estar, a vontade de experimentar novas ideias, de encontrar um estilo próprio de relação com os alunos, de descobrir modelos pedagógicos adequados. Somos aquilo que ensinamos, e ensinamos aquilo que somos.
A construção de uma identidade profissional faz-se, sobretudo, durante os primeiros anos de docência e, por isso, é tão importante estudar as questões que se prendem com os professores principiantes, como faz Rebeca Ramos Campos nesta sua obra intitulada Professores principiantes da Educação Infantil.
É um trabalho com muito mérito e interesse, tendo em conta o conhecimento que produz sobre o início da vida profissional docente. É fundamental que esse conhecimento inspire mudanças nos cursos universitários de formação de professores, nas políticas públicas e nas formas de organização dos professores nas escolas. Não está apenas em causa o futuro individual de cada professor principiante, está também em causa o futuro coletivo da profissão docente.
António Nóvoa
Reitor honorário da Universidade de Lisboa
Professor catedrático do Instituto de Educação da Universidade de Lisboa
Lisboa, 25 de agosto de 2014
INTRODUÇÃO
A cada ano, pesquisadores e estudiosos da Educação Infantil conquistam mais espaço nas discussões que versam sobre Educação. Muitas lutas já foram travadas no perfil histórico da Educação Infantil, muitas batalhas já foram conquistadas como a Constituição Federal de 1988 e o Estatuto da Criança e do Adolescente – ECA, em 1990, que enxergaram a criança como um sujeito de direitos.
A Lei de Diretrizes e Bases – LDB de nº 9394/1996, também, quando concebeu a Educação Infantil, como a primeira etapa da Educação Básica no Brasil, abrangendo as crianças de 0 a 6 anos, dando perfil pedagógico ao atendimento que antes assumia caráter assistencialista.
Outro documento, resultante desse cenário de conquistas, foi o Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil – RCNEI, composto por três volumes, parte integrante dos Parâmetros Curriculares Nacionais – PCNs, publicado pelo Ministério da Educação e Desportos, em 1998, que apresentam orientações ao trabalho docente com crianças no exercício de sua cidadania.
E atualmente, a Base Nacional Comum Curricular¹ (BNCC), documento ainda em versão preliminar, resultante das discussões e exigências sobre qualidade na Educação, implementadas na LDB (Brasil, 1996, 2003), nas Diretrizes Curriculares Nacionais Gerais da Educação Básica (Brasil, 2009) e no Plano Nacional de Educação (Brasil, 2014). Tem por objetivo ser uma referência nacional para a construção e implementação dos currículos de Educação Básica no país.
A criança, a infância e a constituição da família foram compreendidas, ao longo dos anos, de maneiras diferentes, em consonância com as mudanças que ocorriam na sociedade. Bujes reforça essa ideia quando comenta que
[...] as creches e pré-escolas surgiram a partir de mudanças econômicas, políticas e sociais que ocorreram na sociedade: pela incorporação das mulheres à força de trabalho assalariado, na organização das famílias, num novo papel da mulher, numa nova relação entre os sexos. Mas, também por razões que se identificam com um conjunto de ideias novas sobre a infância, sobre o papel da criança na sociedade e de como torná-la, através da educação, um indivíduo produtivo e ajustado às exigências desse conjunto social.²
A educação, por sua vez, também como parte dessa sociedade, acompanhou suas modificações e se refaz a cada dia, de diversas maneiras.
Acompanhando essas transformações, as suas funções também sofreram modificações ao longo dos anos. A Educação Infantil já apresentou caráter assistencialista e sanitarista, quando se ocupava exclusivamente com a dimensão de cuidados, valorizando os aspectos da higiene das crianças. Já se apresentou e ainda se apresenta, em algumas instituições, como educação compensatória, com a função de treinar as crianças para o Ensino Fundamental. E ainda como espontaneístas, que acreditam no desenvolvimento natural da criança, em que a pré-escola assume função de substituir o espaço para brincadeira e criatividade, já que as crianças são privadas de brincar na rua e com a vizinhança nas cidades grandes, sem a interferência do adulto, já