Contos do divã
By Sylvia Loeb
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Reviews for Contos do divã
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- Rating: 5 out of 5 stars5/5Uma delícia de leitura! Sylvia Loeb é uma grata descoberta.
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Contos do divã - Sylvia Loeb
Sumário
Pulsão de morte
A encantadora de mentes
Ménage à quatre
Testemunha
Falar ou dizer
A pedra ou o medo de Ana
Atrás daquela porta
Apolo ou para que serve uma análise?
Maria, Ana e a questão judaica
Efebo
O que deseja Maria?
Tudo bem
Aprendizado de línguas
Diálogos
Acorrentados
O lugar das mulheres
Alívios
A menina do lado de lá
Bela Adormecida
… e outras histórias
A noivinha
Aflição na boca do estômago
Enjoo
O andarilho
Desde pequena
Era uma noite de luar e eu estava só,
Captura
Encontro marcado
Luzia de noite e de dia
Morto
Máquina de filmar
O banho
Paixão
Uma foto
Family life
Pós-escrito
Um texto, quatro olhares
Algumas palavras
Flashes sobre a vida
Histórias mínimas da vida cotidiana
Seria esse o pathos da psicanálise?
Sobre a autora
Créditos
Para
Patricia
Carla
Andre
e também
Helena
Rachel
Luiza
Pulsão de morte
A encantadora de mentes
Maria fala bem, muito articulada e fluente, esse o seu problema. Sente-se tomada pelas palavras, começa e não para mais. Elas formam-se abundantes, pérolas em colar.
Ana vê o prazer que Maria tem na boca. Ela saboreia as palavras, passa-lhes a língua, a garganta harmoniza-se com a respiração. Não sobra nada, não falta nada. Poesia pura na forma, no som. Fascinada, Ana deixa-se levar pela cadência das frases. Difícil interrompê-la, seria uma violência para ambas.
Aos poucos, contudo, percebe estar vivendo não um sonho, e sim pedido de ajuda.
Procura entender o que se passa, mas perde-se novamente naquele devaneio. Imagina-se diante de uma feiticeira que usa as palavras como um faquir usa a flauta para encantar as serpentes.
Consegue ouvir que Maria se separou do terceiro marido, que perdeu um segundo emprego importante, que não tem amigos.
– Por que tantas perdas? O que pensa que aconteceu? pergunta Ana na sua linguagem prosaica, equilibrando-se num mar que sabe perigoso. Ulisses e o canto das sereias.
Maria conta um sonho.
– Dos bolsos de minha capa azul saem torrentes de palavras que dançam no ar antes de caírem no chão e escorrerem como água de chuva. Quero segurar, quero prendê-las, mas são vivas, não consigo.
– Percebe que as palavras falam por você? Que são autônomas? Que precisa aprender a domá-las?
Maria levanta-se e, num gesto amplo, fecha-se na imensa capa azul. Corpo bem protegido, vai embora.
Sem uma palavra.
Ménage à quatre
Veio procurar ajuda para o marido. Era ciumento, ciumentíssimo, controlava os passos, os telefonemas, as saídas dela.
– Não posso ajudar seu marido por seu intermédio. Só posso ajudá-lo se ele quiser, se vier me procurar.
Maria, decepcionada, vai embora.
Uma semana depois volta dizendo que precisa de ajuda – para entender o marido.
São casados há sete anos, ele bem-sucedido, trabalha no mercado de capitais. Ficaram ricos em pouquíssimo tempo, já têm casa de campo, casa de praia, barco, dois carros. Ele ajuda a família dela, estão construindo uma casa imensa.
O casamento vinha mais ou menos mal, ele chegava tarde, ela fazia compras, muitas compras, cuidando dos filhos pequenos – colégio, aula de dança, de judô, escolinha de arte, aulinha de inglês, escolinha de arte, compras, muitas compras.
Um dia, numa conversa, ele pergunta de um antigo namorado. Ela conta os detalhes que ele quer ouvir. Tudo nunca passou de um beijo. Casou virgem, sexo antes do casamento, só pensar! A partir desse dia, acontecem cenas de ciúmes, verdadeiras sessões de tortura. Ele agitado, acusador, quer detalhes que não existiram.
Diz que ela mente, que esconde coisas, pergunta se teve prazer no beijo, se foi beijo de língua, se ainda se sente excitada ao falar disso. Acuada, não consegue pensar, não sabe o que responder.