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Epistemologias da infância
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Epistemologias da infância

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A obra de Eliseu Riscaroli traz ao leitor reflexões importantes sobre infância, como as epistemologias tratam o assunto, as metodologias usuais na pesquisa e coleta de dados e o impacto desses aspectos na discussão acerca do tema, que tem sido um desafio, seja porque as regiões apresentam elementos contrastantes, seja porque há um misto confuso de práticas pedagógicas embasadas numa miscelânea de teorias distintas e com estratégias e materiais que não combinam. De todo modo, as representações sobre a infância, as teorias que sustentam as reflexões e a forma como ela é retratada nos escritos políticos e históricos, na literatura e nas artes em geral fornecem-nos pistas sobre como as sociedades têm organizado sua memória, sua história e sua perspectiva de estudo ou de efetivação das políticas, considerando essa categoria de análise, a saber: a infância.
LanguagePortuguês
Release dateJan 1, 2017
ISBN9788547306090
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    Epistemologias da infância - Eliseu Riscaroli

    Editora Appris Ltda.

    1ª Edição - Copyright© 2017 dos autores

    Direitos de Edição Reservados à Editora Appris Ltda.

    Nenhuma parte desta obra poderá ser utilizada indevidamente, sem estar de acordo com a Lei nº 9.610/98.

    Se incorreções forem encontradas, serão de exclusiva responsabilidade de seus organizadores.

    Foi feito o Depósito Legal na Fundação Biblioteca Nacional, de acordo com as Leis nºs 10.994, de 14/12/2004 e 12.192, de 14/01/2010.

    COMITÊ CIENTÍFICO DA COLEÇÃO EDUCAÇÃO, TECNOLOGIAS E TRANSDISCIPLINARIDADE

    PREFÁCIO

    Quando fui chamada a fazer este prefácio, inicialmente me senti honrada e envaidecida, uma vez que sou uma admiradora do trabalho desenvolvido pelo professor Dr. Eliseu Riscaroli. Deliciei-me em ler cada capítulo, e apesar de trabalhar com crianças e pré-adolescentes há quase 20 anos, podem ter certeza, aprendi muito em cada uma das temáticas aqui abordadas.

    Ao final da leitura dos capítulos, percebi a importância e a responsabilidade em prefaciar este livro, e verifiquei o quão complexa é essa temática, muito mais do que eu já imaginava ser.

    Verifiquei que ao se falar sobre o universo infantil, é necessário fundamentar-se, em primeiro lugar teoricamente, principalmente porque estamos lidando com um ser em desenvolvimento em áreas diversas.

    É necessário que haja clareza, pois muito mais do que alimentar, trocar e cuidar de forma assistencialista, como muito já se fez no passado, é necessário atentarmos para seu desenvolvimento físico, perceptivo, da linguagem, do pensamento, da personalidade, dos relacionamentos sociais, do autoconceito e da moral. Todos eles com abordagens, métodos e enfoques diferentes, a depender do autor, mas com um objetivo em comum: entender esse período do desenvolvimento infantil para que possamos promover lugar, tempo, espaço e cuidados diferenciados, aos quais toda criança tem direito. E em cada um dos capítulos deste livro é possível perceber essa preocupação.

    De acordo com Ariès¹ (1981), apesar de sempre existir a criança, o mesmo não podemos falar sobre o conceito de infância, que apresentou uma evolução determinada pela construção social vigente em cada período histórico pelo qual a humanidade passou.

    Até o século XVI não se pensava na existência de um universo infantil, com peculiaridades e necessidades diferentes da dos adultos, e por este motivo o atendimento disponível às crianças era precário e aquém de suas necessidades. Como consequência, havia um grande número de mortalidade infantil nos primeiros anos de vida, diante das péssimas condições de saúde e higiene da população em geral. Isso ocorria principalmente com as crianças, que eram consideradas seres inferiores, e por isto não necessitavam de atenção ou atendimento diferenciado.

    Heywood² (2004) afirma que em decorrência da situação acima citada, Os bebês abaixo de 2 anos, em particular, sofriam de descaso assustador, com os pais considerando pouco aconselhável investir muito tempo ou esforço em um ‘pobre animal suspirante, que tinha tantas probabilidades de morrer com pouca idade" (p. 87).

    Essa afirmação vai ao encontro do que Ariès (1981) havia referendado anteriormente, que em decorrência da falta de higiene e saúde, as crianças que vinham a óbito eram substituídas por outras crianças, mesmo que fossem necessários sucessivos nascimentos, até que um dos bebês conseguisse sobreviver. Isso porque ainda não existia, como hoje, um sentimento de cuidado, assim como existia o pensamento de que se a criança morresse não faria falta, pois outra poderia ser colocada em seu lugar, por meio de uma nova gestação.

    De acordo com Ariès (1981), felizmente houve uma evolução do conceito de infância, tendo como marcos três momentos importantes: num primeiro momento, houve o conceito de adultocentro, no qual a criança era considerada um adulto em miniatura, não havendo um olhar cuidadosamente direcionado para essa etapa de desenvolvimento, sendo que a criança ingressava na sociedade dos adultos e por este motivo necessitava adaptar-se a ele. Na verdade, até não se acreditava que era necessário uma observação mais detalhada do que acontecia nessa etapa. Posteriormente, o autor afirma que a sociedade passa a considerar a criança um ser inocente, e por isso necessita ser ‘apartada’ temporariamente da vida do adulto. Surgem, então, as primeiras instituições escolares, que eram vigiadas por preceptores, ou seja, os professores. E por último, o autor destaca como terceiro momento a valorização do conceito de infância, no qual a criança passa a ocupar um lugar de destaque na família.

    Atualmente, o Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil (Brasil³, 1998) afirma que as crianças sentem e pensam o mundo de forma muito peculiar e própria, e que para a construção de conhecimentos elas utilizam diferentes linguagens que proporcionam ideias e hipóteses originais para o que desejam descobrir.

    Diante do exposto, é possível verificar a importância deste livro para que provocações possam ser feitas e desta forma possamos direcionar nossos olhares para o que realmente é importante na infância: a criança!

    Maria Helena Machado Piza Figueiredo

    Fonoaudióloga, mestre em Educação Especial pela UFSCar

    Doutora em Educação pela Unesp – Marília

    Docente do Bacharelado Interdisciplinar em

    Saúde do Instituto de Humanidades,

    Artes e Ciências da UFSBA – Campus Jorge Amado

    Sumário

    PRA COMEÇO DE CONVERSA...

    capítulo 1

    INFÂNCIA E EDUCAÇÃO NA PERSPECTIVA GRAMSCIANA: UMA LEITURA DAS CARTAS DO CÁRCERE

    Eliseu Riscaroli

    capítulo 2

    EDUCAÇÃO INFANTIL – A LITERATURA COMO PRÁTICA PEDAGÓGICA

    Claudia Aparecida do Nascimento e Silva

    Silvia Pilegi Rodrigues

    capítulo 3

    INFÂNCIA, CORPO E SEXUALIDADE: ENTRE O SAGRADO E OS SINTOMAS DA MODERNIDADE

    Francisca Rodrigues Lopes

    Joedson Brito dos Santos

    capítulo 4

    A CONSTITUIÇÃO DA EDUCAÇÃO INFANTIL: HISTÓRIA, POLÍTICAS EDUCACIONAIS E FORMAÇÃO DOCENTE

    Fernanda Duarte Araújo Silva

    Vilma Aparecida de Souza

    capítulo 5

    PARTICIPAÇÃO DE JOVENS E CRIANÇAS NA GUERRA DO PARAGUAI (1864-1870)

    Marcelo Santos Rodrigues

    capítulo 6

    APRENDIZAGEM BASEADA EM JOGOS DIGITAIS NA INFÂNCIA: CONTRIBUIÇÕES DE HUIZINGA E PRENSKY

    Gabriela Dambrós

    Leonice Alves Pereira Mourad

    SOBRE OS AUTORES

    PRA COMEÇO DE CONVERSA...

    Refletir sobre a infância, como as epistemologias tratam o assunto, as metodologias usuais na pesquisa e coleta de dados e o impacto disso na discussão acerca do tema tem sido um desafio, seja porque as regiões apresentam elementos contrastantes, seja porque há um misto confuso de práticas pedagógicas embasadas numa miscelânea de teorias distintas e com estratégias e materiais que não combinam. De todo modo, as representações sobre a infância, as teorias que a sustenta, a forma como ela é retratada nos escritos históricos, na literatura e nas artes em geral, fornecem-nos pistas sobre como as sociedades têm organizado sua memória, sua história e sua perspectiva considerando essa categoria de análise, a saber: a infância.

    No primeiro capítulo, Riscaroli busca as cartas de Gramsci para refletir e socializar o pensamento do autor italiano do início do século XX e sua concepção de infância, o processo de formação omnilateral, no qual o conceito de cultura tem um significado bastante amplo, a ponto de poder justificar toda liberdade de espírito, mas também, por outro lado, carrega um conteúdo preciso, pelo qual não pode enquadrar-se nela senão uma atividade que tenha em si a capacidade de impor-se uma disciplina (MANACORDA, p. 35). Assim, a escola de Gramsci quer e precisa ser uma escola completa, que abrace todos os ramos do ser humano, e ela, a educação, é uma luta contra os instintos ligados às funções biológicas elementares, uma luta contra a natureza, a fim de dominá-la e de criar o homem atual à sua época (GRAMSCI, 1979, p. 142).

    No segundo capítulo, Silva e Rodrigues abordam que ensinar a criança a decifrar os códigos da palavra escrita, compreendendo-os em todas as suas dimensões e adquirindo gradualmente a consciência do seu poder transformador é incumbência fundamental da escola. Podemos afirmar que o ambiente em que a criança vive, independente da consciência ou das intenções dos que convivem com ela, influencia diretamente seu desenvolvimento leitor e

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