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O perfil da organização produtiva dos cafeicultores das microrregiões serrana e caparaó
O perfil da organização produtiva dos cafeicultores das microrregiões serrana e caparaó
O perfil da organização produtiva dos cafeicultores das microrregiões serrana e caparaó
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O perfil da organização produtiva dos cafeicultores das microrregiões serrana e caparaó

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Entender os condicionantes socioeconômicos de regiões produtoras constitui-se em uma tarefa importante para o fomento de políticas públicas e regionais para institucionalização de nossos territórios.
O estudo das aglomerações produtivas tem sido foco de diversos debates e pesquisas na agenda do século XXI. Essa obra constitui-se em análise fundamental sobre a forma como determinados grupos de produtores de café se organizam dentro de determinado território produtivo. Abordando seus reais condicionantes e peculiaridades que fazem das microrregiões em estudo algo único.
A obra tem como objetivo proporcionar o entendimento do leitor sobre as características destes grupos de cafeicultores, levantar dados históricos sobre os atores, bem como construir um paralelo com a teoria proposta pelos neo-marshallianos. De modo que seja possível ao leitor entender as reais particularidades que norteiam a cafeicultura tanto na microrregião Sudoeste Serrana como o Caparaó Capixaba.
LanguagePortuguês
Release dateJan 1, 2015
ISBN9788581925431
O perfil da organização produtiva dos cafeicultores das microrregiões serrana e caparaó

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    O perfil da organização produtiva dos cafeicultores das microrregiões serrana e caparaó - Lucas Louzada Pereira

    Referências

    CAPITULO 1

    INTRODUÇÃO

    Viver, pensar, trabalhar, todos esses verbos me remetem ao café; qual ser humano do mundo moderno vive ou viveu sem experimentar em sua mera existência o sabor e o aroma de uma xícara de café? Quem passou pela vida sem se deliciar ou se ali­mentar através do café?

    O charme, o peso histórico, social e cultural que esta rubiácea carrega consigo a diferencia de quase todas as bebidas consumidas diariamente no mundo por crianças, jovens, adultos e idosos. Quando penso em café, me remeto ao passado, me remeto aos tempos majestosos e não tão majestosos, me remeto aos momentos indescritíveis que este setor carrega, arraigado entre os laços da produção e do consumo.

    O paladar, o aroma, a cor, a textura de sabores, os mitos e ritos que a bebida traz consigo fazem desta cultura algo único para nosso país, o Brasil! Maior produtor e exportador de café do mundo, possui em seu passado, presente e futuro a marca do ouro negro, que foi aos poucos formando fazendas, vilas, estradas, lugarejos, pontos de comércio, rotas de distribuição, como tantos e diversos outros fatores que formaram a estrutura produtiva e social do setor.

    Pensar em café é o mesmo que lembrar dos negros que de­sembarcaram em navios nos portos do Rio de Janeiro, a citar o fato de que na primeira metade do século XIX abrigava uma das maiores concentrações de escravizados urbanos das Américas em função da concentração das plantações de café do sudeste para constituírem a mão de obra de formação das lavouras².

    É lembrar de todo um aparato de história que se faz pre­sente através do próprio desenvolvimento e estruturação da cultura produtiva cafeeira do país, é remeter a este povo que mesmo explorado, teve papel central na promoção produtiva da cafeicultura. É lembrar os imigrantes italianos, alemães, japo­neses, dentre outros povos que aqui desembarcaram para ajudar na composição de mão de obra das fazendas produtoras de café, povos esses que ajudaram na formação da identidade cultural de várias zonas produtoras de café.

    No fim do século XIX, o Brasil era o café e o café era o Brasil³, cem anos de ascensão do setor, pelo auge e pela queda da po­lítica de valorização do café, o mais importante marco da política econômica continuada da história moderna do Brasil. Entre 1850 e 1950, o café quase sempre respondeu por mais de 50% das ex­portações brasileiras e o Brasil, por mais de 50% das exportações mundiais de café⁴.

    No Brasil, o café foi o carro chefe da economia durante dé­cadas, sendo substituído aos poucos da posição de principal riqueza econômica do país. Isso ocorreu após a abertura para industriali­zação através das macropolíticas de industrialização e diversificação produtiva que operaram no Brasil após a década de 60 do século XX.

    O que seria de nossa cultura sem a representação cafeeira? O que seria de nosso interior sem o café? Sem as festas típicas, sem o círculo de convivência social e produtiva que constitui o universo do café, sem as especulações de mercado dos canais de derivativos e futuros sobre o rumo dos preços da commoditie?

    A cafeicultura diferencia-se de todas as atividades agrí­colas. Os produtores são atores socais que possuem o grande desafio de gerar renda, emprego e riqueza através da produção. Em meio a este aparato de informações e tecnologias, a gestão destes atores fica à mercê das oscilações de mercado ou até mesmo da falta de informação.

    Mintzberg⁵ enfatiza que a gestão é a essência do sucesso de qualquer empreendimento em que se aplique a administração, pois, segundo a visão do mesmo, a administração deve ser en­carada como arte.

    E o que dizer deste paradoxo que milhares de produtores enfrentam anualmente na condução dos negócios das proprie­dades cafeeiras? Não me refiro aos grandes produtores, que muitas vezes dispõem de capital para agregar valor e gerar su­porte técnico na tomada de decisões do dia a dia da propriedade, mas aos pequenos e médios produtores, que dependem de di­versos fatores para planejar, organizar, controlar e direcionar a produção de suas lavouras.

    Quando me refiro à especulação, lembro-me das infindáveis frases que ouvi entrevistando os produtores na elaboração desta obra: produzir não é o problema, o difícil é saber vender. Neste interim, fico a pensar na forma como tais atores foram se organi­zando ao longo de mais de dois séculos de produção da rubiácea em solo brasileiro.

    Fico a pensar nas dificuldades enfrentadas para tratar de tantos processos produtivos, a até que o fruto seja colhido, pro­cessado, secado, comercializado, industrializado e consumido por você, caro leitor.

    Neste elucidar dos fatos, a cafeicultura, a exemplo das ati­vidades rurais, desenvolve-se geralmente de forma irregular du­rante seu exercício anual e a administração passa a atuar como remediadora das irregularidades naturais do curso operacional da empresa⁶. Desta forma, é necessário trazer informações e desen­volver métodos que possam melhorar o nível da administração dos gestores rurais.

    Contudo, qual é a fonte da riqueza? Ela é mensurada pela quantidade de bens e serviços produzidos, mas, de onde provém? Embora um país possa ter recursos naturais abundantes em sua economia, como reservas naturais, terras de fazendas e florestas, essas são apenas fontes de recursos potenciais. A produção, pro­priamente dita, é necessária para transformar tais recursos em produtos úteis. Para se obter a maximização de recursos, deve-se projetar processos de produção para tornar a comercialização dos produtos eficiente. Administrar as operações produtivas significa planejar e controlar os recursos utilizados no processo: trabalho, capital e material⁷.

    Um sistema agroindustrial precisa ser eficiente e eficaz para atender às necessidades mercadológicas dos consumidores. Para isso, é fundamental que todos os agentes que o compõem co­nheçam profundamente os atributos ligados a estes sistemas. Esta eficiência pode ser vista por dois conjuntos: a primeira delas está ligada à gestão interna dos agentes do sistema, a segunda está ligada a intervenções gerenciais que levam à eficiência do sistema às diversas transações que ocorrem entre os seus agentes⁸.

    O segmento do café, no contexto nacional, necessita de maior eficiência, profissionalismo, administração e comerciali­zação adequadas por parte dos cafeicultores, ações em grupo, melhoria da imagem do produtor brasileiro e das regiões para prover ganhos competitivos ao setor. Entretanto, a cafeicultura somente é uma atividade lucrativa se for administrada com com­petência. O mercado de café é bastante exigente e não fornece margem ao amadorismo; isto vale para todos os tipos de café, sejam especiais, orgânicos, arábica ou conilon⁹.

    Dessa forma, essa prerrogativa faz com que se perceba a real importância da organização produtiva em qualquer setor da economia, assim como os seus reflexos na evolução competitiva dos agentes econômicos, mediante a agregação de valor dos pro­dutos e a flexibilização da composição produtiva do sistema na perspectiva do mercado global.

    As recentes políticas públicas de desenvolvimento rural, que usam o critério territorial em sua implementação, fazem-mo a partir do incentivo da constituição de territórios (zonas/ distritos), ou seja, sua adoção em espaços geográficos contínuos. Portanto,por territórios os espaços delimitados onde se praticam diferentes tipos de intercâmbio em seu interior (inclusive de poder) e com o exterior (outros territórios, localidades, espaços regionais ou nacionais e a economia internacional), em uma pers­pectiva de competitividade territorial que combina dimensões econômica, social, ambiental e política¹⁰.

    Segundo a perspectiva de Neto¹¹, os processos de globali­zação em curso na economia vêm impondo aos agentes respon­sáveis pela formulação de políticas de desenvolvimento a busca de novos conceitos e de novas formas de pensar a organização produtiva, não somente em termos microeconômicos, mas também em perspectivas de novos tipos de estruturas organiza­cionais, mais enxutas e flexíveis, apoiando-se em novas bases tec­nológicas e outras condicionantes.

    A cafeicultura, a exemplo de outras culturas produtivas, também está inserida neste universo, pois através de tais condi­cionantes, relações socioprodutivas se formam, relações comer­ciais são estabelecidas, discussões sobre política, tecnologia e saberes são abarcadas. Portanto, cabe a estes atores o entendimento desses condicionates, cabe a apresentação aos gestores públicos e estudiosos sobre o tema, a observação desses condicionantes.

    Nesse contexto, várias formas de organização produtiva têm sido indicadas pela literatura, porém, observa-se que o modelo de organização proposto por Alfred Marshall traz uma grande con­tribuição para a economia regional, a qual se apresenta dentro da visão dos distritos industriais¹².

    Becattini¹³ parte do conceito de distritos industriais marshallianos para apresentar a possibilidade de produção em grande escala, oriunda das pequenas empresas. Tal possibilidade é re­sultado da união dessas empresas na busca da obtenção de maior ganho de mercado.

    Estas relações de produção são essenciais para a organização produtiva do território de atuação, cujos reflexos ocorrem, funda­mentalmente, no aumento da competitividade das pequenas em­presas. Desta forma, o entendimento de como estes produtores se organizam para produzir se torna uma lacuna de observação e ponto de diferenciação de outros universos produtivos, pois alguns fatores intrínsecos muitas vezes ficam à mercê das formulações de políticas públicas e produtivas que compõem a esfera produtiva.

    Ademais, a discussão apresenta um breve arcabouço sobre a organização produtiva dos cafeicultores das montanhas capixabas.

    A estrutura do livro está assim composta:

    capítulo 1 apresenta uma breve introdução que norteia o tema central desta obra, bem como alguns aspectos ligados à cafeicultura das regiões envolvidas no arcabouço do livro.

    capítulo 2 é composto por uma revisão dos principais con­ceitos relativos aos distritos industriais marshallianos, italianos, brasileiros e APL’s, (arranjos produtivos locais), tendo em vista o reforço teórico em torno do tema deste livro.

    capítulo 3 concentra-se nos aspectos históricos da cafeicultura do Brasil, Espírito Santo, não se aprofundando para esgo­tamento do tema, mas para que o leitor possa ter noção clara de eventos importantes ligados ao histórico da atividade.

    No capítulo 4, os aspectos socioeconômicos das microrregiões estudadas são apresentados e lançados em forma de indi­cadores de conjuntura econômica para dar maior robustez sobre o tema em questão.

    No capítulo 5, o caso da organização produtiva dos cafeicultores é o objeto de análise dos condicionantes ligados a esta obra, bem como os fatores de sucesso e obstáculos que os atores possuem em termos de aglomeração produtiva.

    No capítulo 6, são apresentadas as considerações e per­cepções sobre particularidades dos produtores de café em ambas microrregiões.

    No capítulo 7, são apresentadas as considerações finais sobre as microrregiões. No capítulo 8 as recomendações e propo­sições de novas pesquisas.

    A metodologia que norteia este livro está contida no ca­pitulo 9 de modo que o leitor possa ter uma noção clara e objetiva dos aspectos técnicos, metodológicos e do aparato utilizado na elaboração desta obra.

    Nas considerações finais, busca-se apontar alguns caminhos e elaborar propostas de políticas de organização produtiva que estimulem maior cooperação e aproximação dos atores que compõem a investigação central deste tema.

    1.1 A organização produtiva dos cafeicultores das microrregiões Serrana e Caparaó

    Mediante o exposto, explicitar os fatores fundamentais da organização produtiva dos cafeicultores das microrregiões Serrana e Caparaó constitui-se em uma forma de evidenciar o tema que norteia a discussão central desta obra. A temática pos­sibilita a formulação de pressupostos, indicadores e hipóteses, além da investigação sobre a natureza da estrutura produtiva dos cafeicultores, sob a ótica dos distritos industriais marshallianos¹⁴.

    Nessa perspectiva, a premissa considerada é que a organi­zação produtiva dos cafeicultores de Venda Nova do Imigrante e municípios circunvizinhos proporciona uma atmosfera produtiva mais sólida, em termos socioeconômicos, do que o Caparaó Ca­pixaba,

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