Rosa da Fonsêca
By Érico Firmo
()
About this ebook
Read more from érico Firmo
Jornalismo em tempo de pós verdade Rating: 0 out of 5 stars0 ratings
Related to Rosa da Fonsêca
Titles in the series (16)
Thomaz Pompeu Rating: 0 out of 5 stars0 ratingsAldemir Martins Rating: 0 out of 5 stars0 ratingsRachel de Queiroz Rating: 0 out of 5 stars0 ratingsRosa da Fonsêca Rating: 0 out of 5 stars0 ratingsAntônio Conselheiro Rating: 0 out of 5 stars0 ratingsPetrúcio Maia Rating: 0 out of 5 stars0 ratingsMoacir Lopes Rating: 0 out of 5 stars0 ratingsNilto Maciel Rating: 0 out of 5 stars0 ratingsFausto Nilo Rating: 0 out of 5 stars0 ratingsMário Gomes Rating: 0 out of 5 stars0 ratingsEdnardo Rating: 0 out of 5 stars0 ratingsArtur Eduardo Benevides Rating: 0 out of 5 stars0 ratingsDona Mocinha Rating: 0 out of 5 stars0 ratingsBárbara de Alencar Rating: 0 out of 5 stars0 ratingsChico Anysio Rating: 5 out of 5 stars5/5Antônio Sales Rating: 0 out of 5 stars0 ratings
Related ebooks
O tempo do Poeira: História e memórias do jornal e do movimento estudantil da UEL nos anos 1970 Rating: 0 out of 5 stars0 ratingsFlavio Koutzii: Biografia de um militante revolucionário de 1943 a 1984 Rating: 0 out of 5 stars0 ratingsRevista Continente Multicultural #262: Beleza, essa ficção social Rating: 0 out of 5 stars0 ratingsAs Forças Armadas e o poder constituinte: a tutela militar no processo de transição política (1974-1988) Rating: 0 out of 5 stars0 ratingsConversas políticas: Desafios públicos Rating: 0 out of 5 stars0 ratingsContradições que movem a História do Brasil e do Continente Americano: Diálogos com Vito Letízia Rating: 0 out of 5 stars0 ratingsNossa correspondente informa: Notícias da ditadura brasileira na BBC de Londres: 1973-1985 Rating: 0 out of 5 stars0 ratingsQuero ser presidente do Brasil: Entenda o que fala cada candidato e não seja mais enganado Rating: 0 out of 5 stars0 ratingsDois Recifes: Coleção Pernambuco - Letra Pernambucana Rating: 0 out of 5 stars0 ratings"Eu Também Fui Torturado": Feridas Abertas da Ditadura Militar Brasileira Rating: 0 out of 5 stars0 ratingsMário Peixoto antes e depois de Limite Rating: 0 out of 5 stars0 ratingsSuplemento Pernambuco #200: Como autoras brasileira têm escrito a história da ditadura Rating: 0 out of 5 stars0 ratingsDeu a louca no mundo Rating: 0 out of 5 stars0 ratingsUm Herói nas Entrelinhas: Diário de Íntimo de José Vieira Couto de Magalhães (1880-1887) Rating: 0 out of 5 stars0 ratingsO melindre nos dentes da besta Rating: 0 out of 5 stars0 ratingsRessignificações da representação política: Atores e conectores da rede estadual de Direitos Humanos em Minas Gerais Rating: 0 out of 5 stars0 ratingsTransversalidade de gênero e raça: com abordagem interseccional em políticas públicas brasileiras Rating: 0 out of 5 stars0 ratingsÀ espera da verdade: empresários, juristas e elite transnacional: histórias de civis que fizeram a ditadura militar Rating: 0 out of 5 stars0 ratingsTransgeneridade e Previdência Social: seguridade social e vulnerabilidades Rating: 0 out of 5 stars0 ratingsA verdade dita é dura: jornalismo, história e ditadura militar no Brasil (do golpe de 1964 à Comissão Nacional da Verdade) Rating: 0 out of 5 stars0 ratingsA trilha percorrida: Lições de vida do meu avô, Nelson Mandela Rating: 0 out of 5 stars0 ratingsO rebelde do traço: A vida de Henfil Rating: 0 out of 5 stars0 ratingsMúsica, Juventude e a Construção da Identidade de Gênero no Espaço Escolar Rating: 0 out of 5 stars0 ratingsA Relação (in)Tensa entre Patroas e Empregadas Rating: 0 out of 5 stars0 ratingsA viagem de Alfred Russel Wallace ao Brasil: uma aplicação de história da ciência no ensino de Biologia Rating: 0 out of 5 stars0 ratingsJardim de Infância em Goiás: Nas Tramas do Processo Civilizador Rating: 0 out of 5 stars0 ratingsFilhos do Brasil: Um caminho de solidariedade na Baixada Fluminense Rating: 0 out of 5 stars0 ratingsFuturo do Pretérito: O Brasil Segundo suas Constituições Rating: 0 out of 5 stars0 ratingsMais do que Rua, Camisinha e Gel Rating: 0 out of 5 stars0 ratings
Biography & Memoir For You
Will Rating: 4 out of 5 stars4/5VIDA: Desistir não é uma opção Rating: 3 out of 5 stars3/5Marry Queen Rating: 5 out of 5 stars5/5A mulher em mim Rating: 5 out of 5 stars5/5Pele negra, máscaras brancas Rating: 5 out of 5 stars5/5NIKOLA TESLA: Minhas Invenções - Autobiografia Rating: 5 out of 5 stars5/5A Busca do Sentido Rating: 5 out of 5 stars5/5Além do Bem e do Mal Rating: 5 out of 5 stars5/5Mulheres Na Idade Média: Rainhas, Santas, Assassinas De Vikings, De Teodora A Elizabeth De Tudor Rating: 0 out of 5 stars0 ratingsComo Passar Em Concurso Público, Em 60 Dias, Sendo Um Fudido Na Vida Rating: 4 out of 5 stars4/5Pacientes que curam: O cotidiano de uma médica do SUS Rating: 5 out of 5 stars5/5LEONARDO DA VINCI - Biografia de um gênio Rating: 4 out of 5 stars4/5Os deuses e o homem: Uma nova psicologia da vida e dos amores masculinos Rating: 4 out of 5 stars4/5Mais linda em 40 dias: Dicas de beleza para o espírito, a mente e o corpo Rating: 0 out of 5 stars0 ratingsOs Maiores Generais Da História Rating: 5 out of 5 stars5/5Coleção Saberes - 100 minutos para entender Freud Rating: 0 out of 5 stars0 ratingsCartas a Theo: Edição ampliada, anotada e ilustrada Rating: 4 out of 5 stars4/5O que aprendi com o silêncio Rating: 3 out of 5 stars3/5Como vejo o mundo (Traduzido) Rating: 0 out of 5 stars0 ratingsColeção Saberes - 100 minutos para entender Jung Rating: 0 out of 5 stars0 ratingsALBERT EINSTEIN: Biografia de um Gênio Rating: 4 out of 5 stars4/5Diário Libidinoso Rating: 0 out of 5 stars0 ratingsDoces e salgados para festas Rating: 5 out of 5 stars5/5Diana: Sua verdadeira história Rating: 3 out of 5 stars3/5GANDHI: Minhas experiências com a verdade - Autobiografia Rating: 0 out of 5 stars0 ratingsAprendendo com os sonhos Rating: 0 out of 5 stars0 ratingsLiberdade financeira em 5 anos com Network Marketing Rating: 5 out of 5 stars5/5Coleção Saberes - 100 minutos para entender Nietzsche Rating: 5 out of 5 stars5/5
Reviews for Rosa da Fonsêca
0 ratings0 reviews
Book preview
Rosa da Fonsêca - Érico Firmo
Copyright© 2017 by Érico Firmo
FUNDAÇÃO DEMÒCRITO ROCHA
Presidente | João Dummar Neto
Diretor Geral | Marcos Tardin
EDIÇÕES DEMÓCRITO ROCHA (EDR)
(Marca registrada da Fundação Demócrito Rocha)
Editora Executiva | Regina Ribeiro
Editor Adjunto | Humberto Pinheiro
Editor Assistente | Jáder Santana
Editor de Design | Amaurício Cortez
Projeto Gráfico e Ilustração | Amaurício Cortez, Dhara Sena, Karlson Gracie e Welton Travassos
Ilustração | Karlson Gracie
Fotos | Disponibilizadas pelo autor e Banco de Dados do O POVO
Revisão | Joice Nunes
Catalogação na Fonte | Kelly Pereira
Produção de eBook | Amaurício Cortez
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)
F733r Firmo, Érico
Rosa da Fonsêca / Érico Firmo. - 1. ed. – Fortaleza: Edições Demócrito Rocha, 2017.
204p. : il. P&B - (Coleção Terra Bárbara)
ISBN: 978-85-7529-804-6
1. Biografia. 2. Fonsêca, Rosa da I. Título. II. Título
CDU 929FONSECA
sumário
apresentacao
introdução
capítulo 1
Daratutor
A menina
Revolucionária
A prisão
O debate
capítulo 2
Rearticulação
Anistia
A eleição da Maria
Expulsão
Administrar Fortaleza
capítulo 3
A descoberta
Vereadora
Último partido, última eleição
Crítica Radical
Brota a emancipação
referências bibliográficas
o autor
a coleção terra bárbara
apresentação
A costura da narrativa sobre Rosa da Fonsêca é complexa e multifacetada como a personagem. A espinha dorsal deste livro foram as sete entrevistas ao longo de quase sete horas de conversa com ela. A maioria ocorreu na acolhedora casa nas imediações da Praça João Gentil, onde fica a sede da Crítica Radical. Porém, a mais longa entrevista foi realizada no sítio em Cascavel onde o grupo ensaia experiência de vivência compartilhada e sem a mediação do dinheiro. Por um dia, pude desfrutar do início do projeto-piloto da sociedade que julgam capaz de existir. Além das entrevistas, a produção acadêmica e bibliográfica que enfoca experiências das quais Rosa foi parte e os arquivos de jornais, principalmente O POVO, completam o tripé com base no qual a trajetória é contada.
As notícias redigidas no calor dos acontecimentos ajudam a reconstituir detalhes perdidos nas memórias dos entrevistados e resgatam a visão do momento sobre fatos de décadas atrás. Após as conversas com Rosa, personagens de diferentes etapas da caminhada – aliados, ex-aliados, adversários, amigos, familiares – também foram entrevistados, na busca de compor panorama tão amplo quanto possível dessa trajetória controversa, de enfrentamento e radicalmente coletiva. Crucial para recompor essa trama foram os registros da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), que guardam a memória de duas décadas de monitoramento intensivo de seus passos, perdurando mesmo quando a ditadura já havia terminado.
O olhar da repressão ofereceu perspectiva singular para a compreensão da personagem e a reconstituição dos enfrentamentos que marcam sua vida.
Érico Firmo
fevereiro, 2017
introdução
Glória a todas as lutas inglórias
Mestre-sala dos mares
, Aldir Blanc e João Bosco
A mulher mais polêmica do Ceará
Pode escrever: o oficial de Justiça Benício de Abreu Tranca mandou prender a Rosa da Fonsêca e a capanga dela porque estavam entravando o nosso trabalho. Se elas voltarem, vão ser presas de novo.
A frase foi ditada à reportagem do jornal O Povo e publicada em 21 de dezembro de 1996. A capanga
era Célia Zanetti, mais costumeira companhia na linha de frente dos confrontos. A Rosa dê graças a Deus que nós somos homens pacíficos, porque se não ela teria apanhado muito
, acrescentou Tranca¹.
Rosa era vereadora e estava a dez dias do fim do único mandato público que exerceu na vida. Célia e ela discutiram com policiais militares que cumpriam ordem de despejo de sem-tetos acampados em terreno em Messejana, zona sudeste de Fortaleza. Em menos de duas semanas, Rosa encerraria sua trajetória política. Não para se aposentar, mas para recomeçá-la, desta vez fora dos partidos ou instituições.
Aquela foi a segunda vez em que foi levada pela polícia só durante o mandato. A primeira, durante protesto na solenidade na qual Tasso Jereissati deu posse aos primeiros diretores de escola eleitos. Em ambas as ocasiões, passou algumas horas detida. Duas décadas e meia antes, entretanto, a situação foi bem mais dramática.
Passou dois anos e dois meses encarcerada, período no qual enfrentou torturas psicológicas e físicas. Três meses antes de ser presa, em 1971, havia desafiado o ministro da Educação da ditadura militar, Jarbas Passarinho, em debate ao vivo na televisão.
Voltou a ser detida na década seguinte, ao tentar impedir o despejo de comunidade que ocupava terreno no Quintino Cunha, quando Maria Luiza Fontenele era prefeita. E, novamente, em 1989, durante greve dos metalúrgicos na Tecnorte Esmaltec, acusada de incitar a invasão da fábrica.
Duas décadas mais tarde, em 19 de novembro de 2009, a foto principal da Folha de S.Paulo mostrou Rosa caída na entrada do Supremo Tribunal Federal (STF). Estava em julgamento o pedido de extradição do italiano Cesare Battisti. Ao protestar pela libertação do ativista, foi arrastada do local pelos seguranças.
Difícil encontrar outra pessoa na história do Ceará que tenha feito tanto barulho com tão escassa atuação institucional. Não ocupou nenhum cargo público, mesmo quando a prefeita era a amiga e companheira de militância Maria Luiza. Afora os quatro anos como vereadora, toda sua hitória foi no meio sindical e em movimentos sociais.
Mesmo o mandato legislativo não foi convencional. E não só por causa das detenções. Abandonou a própria cerimônia de posse quando tomou conhecimento de ameaça de despejo de comunidade no bairro Pirambu, zona oeste de Fortaleza. Por ter ido ao local do conflito, não aparece na foto oficial da Câmara que registrou o início da legislatura.
Contar a história de Rosa é percorrer a trajetória da esquerda no Ceará e no Brasil nas últimas cinco décadas. Participou da primeira greve quando tinha entre 17 e 18 anos, como professora em Quixadá. Envolveu-se em movimentos clandestinos contra a ditadura e recusou a indenização oferecida décadas depois pelo Estado. Teve papel destacado na campanha pela anistia e participou da reorganização dos partidos durante a reabertura. Exerceu papel de protagonismo na fundação da Central Única dos Trabalhadores (CUT), da qual foi a segunda presidente no Ceará. Atuou na linha de frente nos movimentos de mulheres, na luta por moradia, terra, direitos humanos, contra a fome e a carestia.
Foi personagem-chave, mesmo sem cargo, na primeira experiência de governo da esquerda pós-ditadura. Coordenou o primeiro grande ato fora Collor
realizado no Brasil. O protesto fez o então presidente dizer, em Juazeiro do Norte, que tinha aquilo roxo
.
Irritou os homens mais poderosos do estado nas respectivas épocas: Tasso Jereissati, Ciro Gomes e Juraci Magalhães. Foi descrita como a mulher mais polêmica do Ceará
.² Ela é o calo do governador do Estado
, segundo o jornal O POVO em 10 de janeiro de 1988. A simples alusão ao seu nome é capaz de desconcertar o governador Tasso Jereissati
.
O tom usado pelo oficial de Justiça que mandou prender Rosa, citado no início, é sintomático dos ódios que ela despertava nos responsáveis pela ordem pública. O que fizemos foi tirar um entulho do caminho. Prender Rosa da Fonsêca é questão de limpeza pública. Não a prendi antes porque não queria sujar minhas mãos
, disse o oficial Benício Tranca.³
Rosa subverte padrões em todos os campos da vida. Largou o noivo quando viu que não se enquadraria numa pacata vida interiorana. Decidiu se mudar para a capital, fez faculdade, engajou-se no movimento estudantil. Fez da mobilização social a sua vida.
Acredita que os amores que passaram dificilmente entenderiam que ela não caberia em estruturas fechadas como o matrimônio. Antes de chegar nessa hora, eu voava. Fugia (risos)
, conta. Desenvolvi quase uma defesa a qualquer coisa que queira me prender, me dominar, me submeter.
⁴
Ela buscou ir ao extremo em praticamente tudo o que fez. Em permanente transformação — não revolução —, pois, na astronomia, revolução significa dar uma grande volta para, no fim, retornar ao mesmo lugar.
Uma vida intensamente política e que teve nos sindicatos o palco preferido como forma de construção da revolução. Ao final, Rosa rompeu com os sindicatos, com a política e com a ideia de revolução. Hoje, aposta numa experiência nova, talvez sem paralelo no mundo e, certamente, pouco compreendida.
Esta é a história de muitas vidas entrelaçadas. De muitas pessoas, muitas parcerias e confrontos. De grandes amizades e inimigos viscerais. Trajetória vivida
sempre no coletivo. Radical talvez seja a melhor maneira de defini-la, pois levou a luta por seus ideais às mais extremas consequências.
capítulo|1
1. Daratutor
Rosa da Fonsêca foi presa pela primeira vez em 30 de setembro de 1971, enquadrada na Lei de Segurança Nacional.⁵ Em princípio, a estudante de 22 anos foi mantida na sede da Polícia Federal, local que atualmente abriga a Secretaria de Cultura de Fortaleza (Secultfor), no Centro. Demorariam dois anos e dois meses até a libertarem.
Rara distração permitida no cárcere eram as palavras cruzadas levadas pelas irmãs. Rosa as devolvia quando preenchidas. Desde criança, havia brincadeira em família de falar as palavras ao contrário, com sílabas de trás para frente. Em uma das palavras cruzadas, escreveu: DARATUTOR
. Em ordem inversa: torturada.⁶
As irmãs entenderam a mensagem. Levaram o recado à mãe. Maria Rocilda Ferreira da Fonsêca exigiu ver a filha. Confrontou o diretor da Polícia Federal, o temido delegado Laudelino Coelho.
Havia um policial federal conhecido da família. Pinheirão, como o chamavam, era amigo de José Nery Farias Grangeiro — casado com Lúcia Helena, irmã de Rosa. O cunhado pediu a ele que arranjasse um jeito de vê-la, mesmo que só a distância. Contrariando ordens, Pinheirão levou Rosa até uma antesala e abriu uma janelinha por onde Rocilda pôde ver a filha. Aliviou-se ao confirmar que estava viva. Mas também percebeu os hematomas, as marcas da tortura. Pôs a boca no mundo.⁷
Foi à Igreja de Fátima, na avenida 13 de Maio, e pediu espaço ao padre para denunciar a situação durante a missa. Escreveu cartas diversas. Para a escritora Rachel de Queiroz, para conhecidos no Judiciário. Ao próprio presidente Emílio Garrastazu Médici.⁸ Até para o papa Paulo VI.⁹ Pádua Barroso, notável advogado que atuou na defesa dos perseguidos políticos, dizia que Rocilda era a mais braba
entre os familiares dos presos.
Mesmo sem permissão para falar com a filha, ia diariamente à sede da Polícia Federal. Em certa ocasião, o delegado perguntou sobre outro filho dela. Antes de Rosa, Manoel Fonsêca já integrava organizações de esquerda contra a ditadura. Quando a irmã foi presa, ele estava na clandestinidade, com a polícia em seu encalço. O diretor supunha que a mãe soubesse o paradeiro e tentou convencê-la a delatá-lo. Porque aí a gente mandava buscar com toda segurança, era muito mais tranquilo
, argumentou.
Rosa da Fonsêca na prisão, em 1971, durante a ditadura militar
Rocilda respondeu: "Doutor Laudelino, eu não sei onde o Fonsêca está, não. Mas, se eu soubesse, eu não lhe diria. Para o senhor fazer com ele o que está fazendo com a