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Pensadores sociais e história da educação - Vol. 2
Pensadores sociais e história da educação - Vol. 2
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Pensadores sociais e história da educação - Vol. 2

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Em 2005, a Autêntica Editora lançava o livro Pensadores sociais e história da educação. Em sua apresentação, prometia um próximo volume no qual seria feita uma reflexão a partir do que historiadores, filósofos e cientistas sociais contemporâneos vinham produzindo. Passados sete anos de muitos estudos e de grande renovação historiográfica, chega ao leitor este segundo volume.

Organizado por Eliane Marta Teixeira Lopes e Luciano Mendes de Faria Filho, a obra traz textos de doze autoras e cinco autores que mostram de que maneira os grandes nomes das ciências humanas e sociais têm sido apropriados pelos pesquisadores da história da educação brasileira em seus respectivos campos de estudos. Desta vez, entre os escolhidos pelos autores estão Arlette Farge, Serge Gruzinski, Carlo Ginzburg, Roger Chartier e Natalie Davis.

Os pesquisadores oferecem aqui um rigoroso estudo sobre as abordagens teórico-metodológicas de grandes pensadores sociais e historiadores contemporâneos e revelam novas interpretações, levantam novos questionamentos e propõem novos objetos de estudo para historiadores e para aqueles que se interessam por esta que é uma questão de todos nós, a educação.
LanguagePortuguês
Release dateApr 17, 2018
ISBN9788582179130
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    Pensadores sociais e história da educação - Vol. 2 - Eliane Marta Teixeira Lopes

    ORGANIZAÇÃO

    Eliane Marta Teixeira Lopes

    Luciano Mendes de Faria Filho

    Pensadores sociais

    e história da educação II

    Apresentação

    Eliane Marta Teixeira Lopes

    Luciano Mendes de Faria Filho

    Em 2005 publicamos, com o selo desta mesma Autêntica Editora, Pensadores sociais e história da educação. Em sua apresentação, seu organizador, Luciano Mendes de Faria Filho, prometia que haveria um próximo volume no qual seria feita uma reflexão a partir do que historiadores, filósofos e cientistas sociais contemporâneos aos nossos dias têm produzido. Não era uma tarefa fácil escolher esses nomes; partimos então do caminho inverso: com que pensadores nossos colegas, historiadores da educação, têm trabalhado? Ou gostariam de trabalhar, ou já trabalharam... A escolha foi, portanto, dos autores dos textos desta coletânea, mesmo que às vezes um pouco, digamos, induzida.

    No primeiro volume, entre quinze autores constava apenas uma mulher, Hannah Arendt; neste volume, apenas duas: Natalie Davis e Arlette Farge. Curiosamente, ambas comprometidas – de alguma forma – com o feminismo e a história das mulheres. Tantas outras poderiam ser escolhidas ou estão sendo escolhidas por quem pesquisa na área, mas que aqui, infelizmente, não comparecem. Entre as muito relevantes, ativas e com uma produção muito interessante, que não constam deste volume, Michelle Perrot é certamente uma ausência a se lamentar, um nome muito significativo seja por seu livro com o belo título Os excluídos da história, seja por História das Mulheres no ocidente, seja ainda Mulheres públicas. Neste volume, doze autoras, cinco autores – curiosamente, somos todos professores. Talvez isso não queira dizer absolutamente nada, mas podemos pensar sobre os dados. Por exemplo, o pensamento de uma filósofa, cientista social ou historiadora pode ter uma particularidade mais atinente ao campo da história da educação, campo sabidamente marcado pela presença feminina?

    No primeiro livro, a contribuição dos pensadores brasileiros aparece junto à de outros clássicos do pensamento social ocidental. Neste, optamos por trazer a contribuição apenas de nossos colegas estrangeiros, esperando em breve poder publicar um novo volume apenas com as contribuições dos pensadores sociais brasileiros contemporâneos para a pesquisa em história da educação.

    Novos problemas, novos objetos têm sido propostos à história da educação por outras disciplinas do campo da educação diante dos problemas que a cultura contemporânea enfrenta. Para abordá-los, enfrentá-los, a escolha de uma ou de outra teoria e metodologia, aprender com quem já fez, é fundamental.

    Vamos parafrasear aqui a observação que Ana Maria de Oliveira Galvão faz no início de seu artigo sobre Robert Darnton: a leitura dos artigos deste livro não deve prescindir do contato direto com a obra de cada um dos pensadores abordados por eles. Nada substitui, na formação de um pesquisador, a leitura dos grandes autores; nada substitui o prazer da descoberta de um pensamento novo; nada substitui o prazer da leitura de uma outra maneira de abordar velhos problemas. Aprendemos a fazer história, mais do que lendo tratados teóricos ou consultando manuais de metodologia de pesquisa, indo aos arquivos e lendo os mestres no ofício, como esses que trazemos neste volume.

    Os Organizadores

    Arlette Farge e os modos

    de apreensão da existência no passado

    Mônica Yumi Jinzenji

    Reinterpretar o passado à luz do presente, preservar o rigor da pesquisa histórica sem cair na armadilha (ou tendência) de tudo conciliar e tornar liso o que de fato não o é... (FARGE, 2011, p. 10). Princípios que, se não explícitos, aparecem implícitos nos escritos de Arlette Farge, demonstrando a permanente preocupação com os modos de apreensão do passado que possibilitem submergir na aparente linearidade dos indícios e fatos para alcançar a desordem, o sofrimento, a fala e outros sons, as opiniões dos excluídos da história, a presença de mulheres e crianças no cotidiano. Como se dissesse: tudo isso esteve lá; como desprezá-lo?.

    A forma ensaística de seus textos conciliada à discussão epistemológica e metodológica ao mesmo tempo leve e provocativa fornecem elementos preciosos para pesquisadores e pesquisadoras em história e história da educação. Nascida na França, a historiadora desenvolve suas pesquisas voltadas para os movimentos populares no século XVIII francês, tendo como marca a preocupação com a historiografia das relações entre homens e mulheres. É professora na École des Hautes Études en Sciences Sociales, em Paris, e diretora de pesquisa no Centre National de la Recherche Scientifique (CNRS).

    Arlette Farge tem importante participação no desenvolvimento da Histoire des femmes na França, que possui características marcadamente diferenciadas em relação aos estudos feministas norte-americanos. Segundo a própria pesquisadora, o movimento francês em muitos aspectos pode ser visto como extremamente moderado, mas se trata exatamente de perspectivas e estratégias diferenciadas, já que eleger a mulher como sujeito da história e objeto de análise nas pesquisas pode simplesmente resultar em anexos à historiografia corrente ou produzir uma história paralela, com forte marca de militantismo. O desafio proposto por ela e seu grupo se inscreve na busca pelo aprofundamento das complexas relações que se estabelecem entre homens e mulheres de diferentes grupos sociais em diferentes momentos históricos, o que leva a uma revisão da postura historiográfica. Tal característica se apresenta fortemente na obra História das mulheres no Ocidente, em cinco volumes, publicada originalmente na França em 1991 e traduzida para o português em 1993. Dividido em períodos clássicos, Arlette Farge dirige o terceiro volume com Natalie Zemon Davis, referente aos séculos XVI ao XVIII. O artigo de sua autoria, Agitadoras notórias, ilustra os temas/problemas que então marcam sua produção acadêmica mais fortemente: a participação feminina em movimentos de resistência no século XVIII francês a partir de arquivos judiciais.

    De seus escritos, encontram-se traduzidos para o português mais recentemente, O sabor do arquivo, Edusp, 2009 (Le gôut de l´archive, 1989) e Lugares para a história, Autêntica, 2011 (Des lieux pour l´histoire,1997). Entre outras obras por meio das quais ela era conhecida entre nós, estão Le désordre des familles, escrita em parceria com Michel Foucault (1982), Dire et mal dire, l’opinion publique au XVIIIe siècle (1992), Le cours ordinaire des choses dans la cité du XVIIIe siècle (1994) e, mais recentemente, Condamnés au XVIIIe siècle (2008) e Essai pour une histoire des voix au dix-huitième siècle (2009).

    Neste capítulo, que apresenta uma leitura de Arlette Farge, serão destacadas algumas de suas contribuições teórico-metodológicas para a escrita da história. Para isso, o texto dialogará mais diretamente com dois de seus livros em que a autora apresenta de forma mais ampla e abrangente seu modo de pesquisar e escrever história: O gosto do arquivo e Lugares para a história.

    Nas pesquisas em arquivos, o encontro entre a emoção e a razão

    Quem tem o sabor do arquivo procura arrancar

    um sentido adicional dos fragmentos de frases

    encontradas; a emoção é um instrumento a mais

    para polir a pedra, a do passado, a do silêncio.

    (FARGE, 2009, p. 37)

    No livro O sabor do arquivo, em tom literário, Arlette Farge humaniza o ato da pesquisa em arquivos, fazendo-nos pensar aspectos do processo da pesquisa aparentemente secundários, mas que participam daquilo que resultará: a escrita da história. Um primeiro aspecto se refere ao fato de o pesquisador estar sujeito a várias determinações que estão fora de seu controle e que nem sempre lhe são favoráveis: por exemplo, a dependência do funcionamento dos arquivos e de seus funcionários, a existência ou inexistência de fontes que lhe interessem, dedicando atenção especial aos modos de preservação e disponibilização dos acervos. Aponta a influência das técnicas de preservação (microfilmagem, microfichas e, não mencionada, mas, certamente, a digitalização) nas formas de ler o documento e, portanto, de interpretá-lo. As diferentes materialidades requerem diferentes gestos (segurar uma folha na ponta dos dedos ou apertar um botão para fazê-la passar), que estão relacionados também a diferentes acessos (relacionados ao poder econômico e político). Nesse sentido, concorda com Darnton (2010, p. 14) quando afirma que uma mídia não substitui outra e reforça a ideia de que não se deve considerar apenas a economia de espaço, a suposta conservação de originais (conservar de quem, contra quê? E para quem?) no processo de microfilmagem ou digitalização, mas o próprio sentido produzido pela alteração do suporte (CHARTIER, 1998; 1999).

    Em sentido mais amplo, está-se discutindo sobre a legibilidade do documento. Além das diversas materialidades, o documento pode se apresentar em diferentes estados de conservação (se consumido parcialmente por insetos, pelo fogo ou em processo de decomposição). Em sua crítica, Farge desmistifica a crença na relação neutra e preponderante do sentido da visão no processo de pesquisa, para lembrar que a relação tátil com o material e o olfato, por exemplo, fazem parte da interação com o documento e com a produção de sentido. Não se trata, entretanto, de se defender romântica e ingenuamente a relação direta com os vestígios do passado. A caligrafia exemplar, um texto bem escrito e bem conservado não garantem, nesse sentido, a legibilidade do documento. A legibilidade está relacionada também à lógica da produção textual, que em alguns casos requer leitura em voz alta, a compreensão do vocabulário de época/de um campo de conhecimento, do lugar de quem fala, das características e usos de figuras de linguagem.

    Um segundo aspecto se refere ao fato de o pesquisador ser encarnado, ou seja, no processo de pesquisa e escrita, leva consigo mais que a técnica, a objetividade e o conhecimento. Junto com sua subjetividade, outros elementos interferem no processo de pesquisa: os ruídos e cheiros que tanto podem inspirar quanto dispersar, as especulações fantasiosas acerca dos outros pesquisadores, a disputa pelo melhor lugar para consulta, os gestos, a fadiga física e mental, os limites no ritmo das mãos (que é ao mesmo tempo limitante e criativa), da leitura e da decifração dos documentos... por fim, a solidão, tanto após um longo dia infrutífero quanto após o fascínio de uma rara descoberta.

    É no momento dessas descobertas que a razão muitas vezes é posta à prova, devido ao efeito de real que esses achados provocam (FARGE, 2010, p. 18). Como diz a autora,

    Como se um mundo perdido ou desaparecido retornasse, como se a prova do que foi o passado estivesse ali, enfim, definitiva e próxima. Como se, ao folhear o arquivo, se tivesse conquistado o privilégio de tocar o real. Então, por que discursar, fornecer novas palavras para explicar aquilo que simplesmente já repousa sobre as folhas, ou entre elas? (FARGE, 2010, p. 18).

    O excesso de encantamento pelo objeto de pesquisa ou pelos achados pitorescos são armadilhas do fazer historiográfico que podem levar a uma história puramente descritiva e demonstrativa. Resulta da incapacidade de problematizar os documentos e, em consequência, perder-se, deixar-se levar pela imensidão oceânica de possibilidades desconhecidas. A metáfora marítima, apropriadamente trazida pela autora, relaciona-se perfeitamente aos prazeres e riscos de se mergulhar nos arquivos.

    A repetição do documento na escrita denuncia algo tão comum, que é o fato de a fonte socorrer a própria escrita; por trás da ingênua confissão de não poder se expressar melhor que o documento, está a crença no documento como prova de verdade. Em muitos casos, o modo empírico de narrar resulta da impotência verificada diante de um achado sobre o qual não se sabe o que fazer. E, no entanto, como enfatiza a autora, cada achado garimpado penosamente não é mais que mero vestígio bruto que remete apenas a ele mesmo. Sua história existe apenas no momento em que são confrontados com certo tipo de indagações, e não no momento em que são recolhidos, por mais que isso cause alegria (FARGE, 2010, p. 19). É nesse sentido que o acervo de um arquivo representa mais uma falta do que tesouros a serem descobertos e anunciados definitivamente. O documento é o suporte que permita ao historiador buscar outras formas do saber que faltam ao conhecimento; é pela falta de um sentido original que o conhecimento se transforma permanentemente (FARGE, 2010, p. 58). Eis por que na escrita da história deve-se buscar não a verdade, mas a verossimilhança. É em função disso que razão e emoção devem se equilibrar, é entre paixão e razão que se decide escrever a história a partir dele [o documento]. Ambos lado a lado, sem que um jamais supere o outro ou o sufoque, e sem jamais se confundirem ou se justaporem, mas imbricando seu caminho até que não se coloque mais a questão de ter de distingui-los (FARGE, 2010, 21).

    A opacidade na história

    O descontínuo, o vão, o vazio, o nada [...] o que excede, quebra ou desloca a normalidade (FARGE, 2011, p. 10-11). Estudar lugares que recolocam em causa a própria história já produzida e provocar uma inflexão no olhar sobre os objetos já estabelecidos fazem parte de um dos eixos do livro Lugares para a história, que percorre temática e metodologicamente situações históricas e modos de apreender as existências do passado, como a fala, as relações entre homens e mulheres, o sofrimento, a violência, a opinião, entre outros. O outro eixo que entremeia essa discussão se refere à objetividade relativa da história, já que se trata de uma ciência que, ao registrar o passado por meio da linguagem, o conduz ao lugar simbólico da morte, tornando, assim, o presente possível, um lugar a preencher. Toma emprestado de Michel de Certeau (2002, p. 107) a ideia de que, nesse movimento de utilizar a narratividade para enterrar os mortos, a história cria espaço para os vivos: o presente, os leitores e os próprios pesquisadores. Estes últimos podem ter optado por realizar as pesquisas nos mais diversos lugares históricos e geográficos, mas estão inexoravelmente ligados ao seu presente. Nesse movimento de religar os mortos aos vivos, a história constrói possibilidades para reflexões sobre o futuro.

    Para se ter como ponto de partida elementos descontínuos que não se conectam a uma linearidade preestabelecida, é necessário um deslocamento intelectual. Não significa recusar a historiografia corrente, mas buscar novas formas de abordar velhos objetos, reconfigurando-os. Tomando-se como exemplo o sofrimento, situação sobrerrepresentada em história, muito em função da maior abundância de fontes que permitem dizer sobre os conflitos e tensões, Farge critica a forma predominante como o sofrimento é analisado, geralmente a partir de uma interpretação fatalista, como consequência inevitável de certos acontecimentos e decisões políticas, por exemplo, quando relacionado às guerras. Segundo a autora, o sofrimento é parte da sociedade e fenômeno a ser compreendido no conjunto dos demais acontecimentos sociais, tomando-se o cuidado com análises que sugerem, por exemplo, menor sofrimento a determinado momento histórico em relação à morte, devido a vivências ritualizadas mais frequentes, por exemplo no século XVII. Propõe o deslocamento do olhar sobre o sofrimento a partir de algumas problematizações: que efeitos produziram as queixas relatadas pelos diversos sujeitos na justiça do século XVIII? Compaixão? Como analisar o sofrimento dos grandes deslocamentos humanos ocorridos ao longo da história, como as migrações, os êxodos? Por que o exotismo em relação ao sofrimento dos grupos sociais desfavorecidos? Tentar interpretar o sofrimento nessas dimensões requer abrir espaço para a emoção como ferramenta de análise, o que não desqualifica a objetividade na pesquisa.

    O estudo das situações de violência e guerra também tendem a adotar a ideia de fatalidade e impotência. São várias as interpretações que poderiam ser revistas, tais como a tendência à progressiva pacificação das relações na longa duração histórica, defendida por Norbert Elias, e a funcionalidade da violência na ordem social. Um olhar oblíquo possibilita tomar essas situações como maleáveis e não fixas, dando conta da descontinuidade. Arlette Farge pergunta-se por que a problematização em torno da violência e da guerra não considera que os homens aspiram à paz, à harmonia mundial (FARGE, 2011, p. 42). Ou por que tão pouco sabemos sobre alguns temas, como o medo do combate, sobre a covardia ou a coragem? Outro deslocamento proposto está em desvincular guerra/violência e desrazão, como se houvesse incompatibilidade entre os atos violentos e a racionalidade. Há que se considerar que a violência não significa ausência de racionalidade, a coisa não é mais combater a razão-desrazão dos homens no momento em que se exerce a violência, mas analisar a natureza da racionalidade que produz essa violência a fim de transformar eventualmente seu curso (FARGE, 2011, p. 35). Mesmo em relação à guerra, cabe explicar seus mecanismos e nomear o conjunto dos sentimentos que a rodeiam, o que permite modificar aquilo que, à primeira vista, parece imodificável (FARGE, 2011, p. 47). Esse deslocamento reforça o compromisso do/a pesquisador/a tanto com o presente quanto com o futuro, a quem cabe pensar: como foi possível e como teriam podido escapar a essa possibilidade.

    As falas, quando englobadas pelo discurso histórico, costumam não receber um tratamento específico, sendo naturalizadas como parte do conjunto de outros indícios com os quais se produz a narrativa histórica. Nesse sentido, muitas vezes as falas são encaixadas para ilustrar, exemplificar ou elucidar um corpus previamente ordenado ou perdem sua especificidade ao serem convertidas numa linguagem homogeneizadora. A presença de vestígios orais nos documentos provoca, primeiramente, surpresa e desordem, pois não correspondem à linearidade da narrativa histórica, motivo pelo qual não devem ser utilizados como uma ilustração do discurso da história; a fala exige a reinvenção do relato dos acontecimentos, capaz de integrar o descontínuo, o singular, sem cair no outro extremo de estetização abusiva das falas, em especial quando se estudam os menos favorecidos.

    Em um livro recentemente lançado, Ensaio para uma história das vozes no século XVIII (FARGE, 2009), Arlette Farge desenvolve uma discussão ampliada a respeito do lugar da fala no conjunto das vozes que, por sua vez, estão inseridas no repertório sonoro de cada momento histórico. Denuncia a timidez da historiografia no tratamento das vozes do passado, seja pela dificuldade no seu tratamento metodológico, seja pela preponderância das fontes escritas, o que torna a história uma ciência grafocêntrica.

    Ao iniciar a discussão sobre a paisagem vocal, a autora se pergunta como imaginar o mundo sem a oralidade?, sobretudo nos séculos anteriores, em que a escrita não existia entre os grupos como forma predominante de registro e expressão? Mais que isso, a problematização pode ser ampliada para pensarmos como as pessoas se relacionavam com os eventos sonoros do cotidiano, como era a sua recepção pelos diferentes grupos sociais. Nas ruas, nos salões, nos hospitais e prisões, nas tabernas, nas festas, nas igrejas e hospitais; Mozart, o choro do recém-nascido, as disputas, as propagandas dos vendedores, o campo sonoro engloba o vocal e representa um universo e, se comparado ao escrito, este segundo teria a sua hegemonia abalada. Ler um documento é, portanto, escutá-lo naquilo que ele não apresenta explicitamente, mas que fez parte do cenário (inclusive sonoro) de sua produção.

    Nos estudos em história da educação no século XIX brasileiro, há muito ainda a ser feito; como ler nos documentos o repertório sonoro ligado a um estabelecimento de ensino em processo de implementação do método mútuo?¹ Haveria espaço para o silêncio em meio a centenas de alunos de diversas idades, agrupados num mesmo espaço? Em outro cenário, como reagiriam os pais e as mães de bebês amamentados por amas de leite negras ao escutarem-nas niná-los com cantigas em língua dos pretos,² frases tais como quecé caxerenguengue muxinga e histórias de lobisomem e almas de outro mundo? Fato é que tais barbarismos [...] dificultosamente se largam,³ indicando que sua repetição se mostra efetiva na memorização dos pequenos.

    Fazer falar a oralidade como elemento constituinte dos documentos escritos seria um primeiro passo para o reconhecimento de que a fala é um acontecimento ou que falas produzem acontecimentos. E como lidar com os acontecimentos? Entendidos como pedaços de tempo e de ação, fragmentos de realidade, heterogêneos em sua natureza, precisam ser colocados em relação com outros, produzindo-se coerência. Repertoriados, declinados, os acontecimentos formam uma cronologia (FARGE, 2011, p. 74). Ao serem diluídos numa série de outros acontecimentos, são absorvidos pelo discurso histórico e têm apagada a sua singularidade.

    Em sua longa sucessão de fatos recontados, a história sonha pouco, pois quase não se admirou, diante da heterogeneidade dos sujeitos e temas postos em cena, a vida excessiva e reparou apenas nas grandes regularidades de fenômenos coletivos, anotando para melhor integrá-las às falas de uns e de outros que diziam outra coisa que não essa regularidade (FARGE, 2011, p. 83).

    Um reconhecimento especial deve ser dado à micro-história de tradição italiana, pelo desenvolvimento de uma forma elaborada e fértil para a análise de acontecimentos, sem cair no anedótico nem considerá-lo contraditório ou excepcional. Trata-se de analisar o singular inserido na complexidade do social, como elemento que auxilia na compreensão dessa complexidade do grupo social com o qual se relaciona, como é o caso dos trabalhos de Carlo Ginzburg e Giovanni Levi.

    Estudiosa da opinião pública popular no século XVIII, Arlette Farge se refere à opinião como um emaranhado opaco, que requer cuidados, pois, assim como outros lugares e situações anteriormente discutidos por ela, a opinião pública não se conecta necessariamente a uma linearidade contínua, nem pode ser explicada no interior de relações de causalidades evidentes. Sendo assim, devem-se desconstruir ou relativizar algumas interpretações, tais como as de que o consenso significa adesão, ficar em cima do muro é sinal de ser indiferente, ou o silêncio representa cumplicidade. As opiniões são formas de expressão de uma sociedade, resultado da articulação entre a voz do singular e a expressão coletiva da opinião.

    As palavras ditas e registradas não são as únicas formas de expressão da opinião. Ela pode ser apreendida também por meio dos gestos, de comportamentos e outras práticas observáveis, de modo que os grupos sociais possuem uma linguagem implícita para simbolizar o(s) modo(s) como apreendem e se posicionam em relação a uma realidade. Ao buscar ilustrar essas ideias situando a opinião pública no século XVIII, Farge (2011, p. 91) assinala a importância de componentes emocionais na constituição da opinião pública. A emoção sentida por um grupo social ou sexual pode propiciar ações e acontecimentos, por meio do contágio emocional.

    Farge questiona o posicionamento das ciências sociais em considerar as emoções elemento de deterioração das opiniões, associadas à irracionalidade. Assim como anteriormente assinalado pela autora, as emoções são tanto parte constituinte do processo de interpretação e escrita por parte do/a pesquisador/a quanto devem ser consideradas parte da vivência humana e fundamento natural das opiniões.

    Intimamente relacionada às vivências emocionais é a percepção estética na constituição das opiniões. No século XVIII, na relação dos reis com seus súditos, a beleza é utilizada para a solidificação do poder, havendo, no entanto, múltiplas percepções do belo que podem ou não produzir o efeito desejado de magnificência e superioridade. A beleza e a pompa podem causar repulsa por parte do povo, devido à incongruência com as necessidades da população. Em síntese, são vários lugares e situações que, analisados em seu poder de inflexão sobre a linearidade e harmonia, contribuem para a percepção do passado marcado por contradições, lacunas, deslocamentos, rupturas, intercalado com momentos de opacidade e outros de maior transparência. Produzir uma narrativa a partir do rigor da objetividade científica não é incompatível com fazer uso das emoções como ferramenta de análise e também como elemento constitutivo das vivências do passado.

    Homens e mulheres na história

    Homens e mulheres juntos e separadamente

    tocam partituras cerradas; experimentam situações

    que têm uma história atribulada. Essa história

    atribulada permite ao presente não ser certo: a

    diferença dos sexos é uma experimentação, não

    uma fatalidade. Ainda mais que com ela sobrevêm

    o desejo e o amor, duas realidades históricas

    também, infelizmente, bastante recalcadas

    na história das mulheres (FARGE, 2011, p. 116).

    Pensar as diferenças dos papéis sexuais não como uma fatalidade e não com naturalidade, mas como configurações que são variáveis ao longo do tempo e em espaços diversos ao longo de um mesmo momento histórico. Trabalhar, sobretudo, sobre essa relação, e não com a mulher isoladamente, como se fosse uma descoberta recente, ou o reparo de uma injustiça colocada no passado da produção historiográfica. Sua presença quase que obrigatória nas pesquisas, enquanto objeto de pesquisa ou como categoria de análise, representa mais um dado adicional do que uma forma de compreender suas formas de agir, pensar, interagir com o mundo à sua volta. Disso resulta uma história descritiva, com pormenores acerca das atividades femininas, mas sem densidade, sem estarem devidamente inseridas no processo de desenvolvimento dos acontecimentos, na formação de opiniões, na história em movimento.

    Quanto às formas de se apreender a participação das mulheres na história, Farge enfatiza a diferença entre os discursos sustentados sobre elas pelos homens e as formas próprias como elas se expressam, utilizando estruturas de pensamento que lhes são próprias (FARGE, 2009, p. 39). Um grande desafio seria apreender essa especificidade do pensamento das mulheres.⁴ Em O sabor do arquivo, a autora aponta momentos da história em que representações sobre a mulher e ódio/misoginia se confundiam, à semelhança dos escritos de viajantes e cronistas europeus em passagem pelo Brasil dos séculos XVI e XVII. Nesses textos, que acabam sendo utilizados como fontes para as pesquisas, os grupos indígenas são caracterizados principalmente pelos comportamentos exóticos em relação ao olhar colonizador e cristão, relacionados ao canibalismo, à feitiçaria e à lascívia: [...] representar os índios como bárbaros (seres inferiores, quase animais) ou demoníacos (súditos oprimidos do príncipe das trevas) era uma forma de legitimar a conquista da América (RAMINELLI, 2007, p. 12). Nessas descrições e em algumas imagens pictóricas, é comum a hipervalorização da participação das mulheres nos rituais antropofágicos, indicando a misoginia que predominava na Europa, segundo a qual as mulheres, tanto europeias como índias, eram filhas de Eva e reuniam os piores predicados.

    Desse modo, romper com modelos e estereótipos que engessam as interpretações sobre as relações entre homens e mulheres possibilita o aparecimento de condutas diversas, imprevistas, desviantes e desafiadoras para os modelos interpretativos que muitas vezes se habituam à lógica da dominação e da opressão de um sexo sobre outro. Isso não significa desprezar as tensões e as disputas, mas de complexificar as relações, inclusive abrindo espaço para a afluência do desejo e do amor, dos discursos sobre a paternidade, entre outros.

    A produção de determinados papéis para a mulher, como no século XVIII, em que ela passa a ser associada à esfera privada, sendo muitas vezes representada como a guardiã e gestora da intimidade familiar, conjugal e educadora das novas gerações, em contraste com o universo da atuação política e dos meios de produção, entendido como de domínio masculino, pode ser vista como um modelo simplificador das relações sociais. Assim como para Rosaldo (1980), esse dualismo não permite enxergar que, ao invés de universos separados, existem interpenetrações.

    Podemos enumerar vários outros estudos que, em consonância com essa visão, questionam a pertinência na divisão entre público e privado para a época moderna. Nicole Castan (2001) dá exemplos de como, nos séculos XVII e XVIII europeus, a interpenetração dos espaços separados e a ambivalência dos papéis não correspondiam a essa divisão. A releitura do cotidiano de famílias burguesas indica práticas em que as mulheres detinham a liberdade de dispor dos próprios bens de acordo com suas preferências, realizar empréstimos, escolher e fiscalizar os lacaios, realizar partos clandestinos e exercer controle social, formando opinião através de rumores, funções consideradas exemplos de uma circulação subterrânea de dinheiro, objetos e serviços realizada sem o conhecimento ou a interferência dos homens.

    A historiografia brasileira, igualmente, apresenta uma série de análises que complexifica a separação entre homens e mulheres de acordo com a dualidade público/privado. Em especial ao se tratar da capitania e província de Minas Gerais, onde o modo de ocupação fortemente voltado para a mineração contribuiu para a caracterização de uma população predominantemente urbana. Isso levou ao desenvolvimento de uma economia diversificada e de funções terciárias, com forte participação das mulheres, que exerciam as atividades de parteira, doceira, lavadeira, costureira, vendedoras ambulantes e prostitutas (FIGUEIREDO, 1999; FURTADO; VENÂNCIO, 2000). Além da participação das mulheres no mundo do trabalho, em Vila Rica, no início do século XIX, elas chefiavam 45% dos domicílios (SAMARA, 1997).

    Podemos dizer que a participação das mulheres na sociedade como professoras e escritoras (redatoras de jornais, por exemplo) também ajuda a desconstruir o binário que identifica as mulheres exclusivamente à família, colocando em questão a relação simbólica entre esse espaço institucional e discursivo e a condição masculina (KELLEY, 2006).

    Além da participação efetiva no universo público, outras possibilidades interpretativas auxiliam a compreender a dinâmica das relações, enfatizando o significado social dos papéis de esposa e mãe como indissociáveis da dimensão política. O fato de a família ser tratada como célula da sociedade e o casamento estar envolto a significados econômicos e políticos (dote) – ao menos no Brasil até meados do século XIX – faz com que as mulheres inevitavelmente assumam papel político (LEWIS, 1987); reconhecer a dimensão pública da família é compreender que se trata de um espaço onde cidadãos e a cidadania são produzidos (BAYM, 1995). Além disso, a representação da boa esposa também era importante para a construção das noções de dignidade e honra masculinas. Do homem também era exigido um bom casamento. Envelhecer solteiro poderia significar pobreza, infertilidade, devassidão ou homossexualismo (CARVALHO, 2006). A função social e política da paternidade, apesar de poucas vezes referida, no século XIX brasileiro é igualmente carregada pelos valores morais relacionados ao homem que assume a chefia de um núcleo familiar (JINZENJI, 2010).

    Ele deve homens à sua espécie, à sociedade homens sociais, ele deve Cidadãos ao Estado. Todo o homem, que pode pagar essa dívida triplicada, e o não faz, é culpado e talvez ainda mais culpado quando paga só pela metade. Aquele que não pode cumprir os deveres de pai, não tem direito de o vir a ser. Nem a pobreza, nem os trabalhos, nem respeitos humanos o dispensam de nutrir seus filhos, e de os educar por si mesmos (O Mentor das Brasileiras, n. 48, 29/10/1830, p. 380).

    É possível, finalmente, falar em amor conjugal – ou nos casamentos românticos – nas primeiras décadas do século XIX brasileiro. Fenômeno presente na Europa desde o século XVIII, no Brasil, parece extemporâneo afirmar que os valores patrimoniais eram secundarizados nos casamentos de princípios dos oitocentos. Entretanto, podemos ver o gérmen dessa transição em indícios, traços, frases escritas despropositadamente, como a da escritora britânica Maria Graham, que, presenciando em 1821, no Brasil, um matrimônio em que o Cupido teve maior papel do que geralmente se lhe permite, reflete sobre a predominância do dote como fundamento dos matrimônios (LEITE, 1984, p. 36). Em crítica aos casamentos baseados nos dotes, em uma matéria de jornal pode-se ler que Uma inclinação recíproca veria a ser o nó da união, e esta não seria mais um vil tráfico do interesse, mas sim uma doce troca de prazeres, e socorros mútuos (O Mentor das Brasileiras, n. 60, 28/01/1831, p. 479).

    Fontes

    Jornal O Mentor das Brasileiras. São João del Rey-MG: Typographia do Astro, 1829-1832.

    Jornal O Popular. Pernambuco: Typographia do Diário, 1830-1831.

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