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Literatura brasileira contemporânea
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Literatura brasileira contemporânea

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Eleger e estudar a literatura brasileira produzida nas últimas décadas do século XX e do início do século XXI pode permitir ao terreno da crítica literária um alargamento de perspectivas em relação à produção e à recepção de novos autores e de novas obras literárias. Um olhar mais atento para essas obras permite ao leitor e ao crítico uma compreensão mais apurada, tanto da cultura contemporânea, de um modo geral, quanto de suas influências na produção literária da atualidade.

De modo a propiciar ao leitor trilhar algumas das tendências dessa produção literária, esta coletânea reúne estudos acadêmicos sobre algumas linhas de força da Literatura Brasileira Contemporânea. A literatura publicada nas últimas décadas no Brasil apresenta uma profusão de tendências estéticas que precisam ser mais bem compreendidas pela crítica. Por mais que essa tarefa seja desafiadora, voltar o olhar para o próprio tempo impõe também algumas dificuldades. A mais premente delas é, talvez, a impossibilidade de um distanciamento temporal e de um repertório crítico que auxiliem uma leitura mais apurada do texto literário. Há, assim, que se ressaltar o caráter quase que desbravador da mirada crítica sobre essa seara, em especial a produzida no contexto brasileiro, tão numerosa quanto múltipla, para lembrar Beatriz Resende (2008).
LanguagePortuguês
Release dateJan 1, 2017
ISBN9788547304805
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    Literatura brasileira contemporânea - Flávio Pereira Camargo

    Editora Appris Ltda.

    1ª Edição - Copyright© 2017 dos autores

    Direitos de Edição Reservados à Editora Appris Ltda.

    Nenhuma parte desta obra poderá ser utilizada indevidamente, sem estar de acordo com a Lei nº 9.610/98.

    Se incorreções forem encontradas, serão de exclusiva responsabilidade de seus organizadores.

    Foi feito o Depósito Legal na Fundação Biblioteca Nacional, de acordo com as Leis nºs 10.994, de 14/12/2004 e 12.192, de 14/01/2010.

    AGRADECIMENTOS

    A publicação deste livro contou com o auxílio financeiro da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), da Fundação de Apoio à Pesquisa do Estado de Goiás (Fapeg) e do Programa de Pós-Graduação em Letras e Linguística, da Faculdade de Letras da Universidade Federal de Goiás (FL/UFG), a quem somos gratos.

    APRESENTAÇÃO

    Literatura brasileira contemporânea: leituras diversas

    Esta coletânea reúne estudos acadêmicos sobre Literatura Brasileira Contemporânea. A literatura publicada nas últimas décadas no Brasil apresenta uma profusão de tendências estéticas que precisam ser melhor compreendidas pela crítica. Por mais que essa tarefa seja desafiadora, voltar o olhar para o próprio tempo impõe também algumas dificuldades. A mais premente delas é, talvez, a impossibilidade de um distanciamento temporal e de um repertório crítico que auxiliem uma leitura mais apurada do texto literário. Há, assim, que se ressaltar o caráter quase que desbravador da mirada crítica sobre essa seara, em especial a produzida no contexto brasileiro, tão numerosa quanto múltipla, para lembrar Beatriz Resende (2008).

    Nesse sentido, a proposta de Giorgio Agamben (2009, p. 59, grifos do autor) em relação à contemporaneidade é aderir ao próprio tempo e, no mesmo instante, dele se distanciar: "essa é a relação com o tempo que a este adere através de uma dissociação e um anacronismo. Como considera Ettone Finazzi-Agró (2014, p. 07), retomando a discussão de Agamben, por mais que seja necessário lançar o olhar para a escuridão de uma época na busca de vislumbrar suas luzes, pensar o contemporâneo é lidar com a incerteza de um tempo que, sendo contemporâneo, se furta todavia a qualquer interpretação certa e a qualquer tentativa de o sintetizar ou de o ajustar dentro de um paradigma hermenêutico inabalável".

    Discorrer sobre a contemporaneidade implica no próprio questionamento do adjetivo contemporâneo. Leyla Perrone-Moisés (2016, p. 45), ao comentar sobre a passagem do século XX para o XXI e a literatura produzida neste interstício, por muitos rotulada como pós-moderna, afirma que chamar a literatura de virada do século de ‘contemporânea’ é tão inconveniente quanto chamá-la de pós-moderna, porque o tempo se encarregará de mudar o sentido desse adjetivo. Por outro lado, a estudiosa admite que, como ainda estamos no início do século, o termo pode ser usado para se referir à produção literária mais recente.

    Ainda de acordo com Perrone-Moisés (2016, p. 45), os escritores contemporâneos assimilaram as experiências modernas e ora lhes dão uma continuidade, ora as ignoram, praticando tranquilamente qualquer tipo de estilo do passado, sem a preocupação modernista com o novo. Dessa maneira, os escritores do presente buscam recorrentemente suas referências em fontes diversas da tradição. A narrativa brasileira produzida hoje não foge a esse panorama geral traçado por Perrone-Moisés.

    Flávio Carneiro (2005), por exemplo, vale-se da terminologia de Haroldo de Campos para mostrar que a produção literária brasileira do século XXI é pós-utópica, posto que não há paradigmas a serem depostos, tampouco um projeto estético coletivo com contornos bem delineados. Para Carneiro (2005, p. 33), algo que marca a literatura produzida no início deste milênio, num processo deflagrado [...] nos anos 80 e intensificados nos 90, é o da convivência pacífica dos mais diversos estilos. Isso não significa que haja uma homogeneidade de tendências, mas que, nos dias de hoje, de maneira diferente dos períodos históricos antecedentes, há uma ausência do embate entre forças conflitantes. Parece haver lugar para todas as experimentações, não só aquelas que marcaram os últimos vinte anos de nossa ficção como também as anteriores [...] (CARNEIRO, 2005, p. 33).

    É exatamente na convergência das considerações expostas que este volume se apresenta: objetiva-se, por meio dos capítulos aqui apresentados, demonstrar a multiplicidade não apenas da literatura contemporânea produzida no Brasil, mas também apontar para múltiplas reflexões críticas sobre ela. Os artigos publicados nesta obra são fruto de resultados de pesquisa de estudiosos de diferentes instituições brasileiras e uma estrangeira. Dentre elas, há cinco professores da Universidade Federal de Goiás, uma professora e um doutorando em Estudos Literários da Universidade Estadual Paulista (Araraquara), uma professora da Universidade Federal de São Carlos, uma professora da Universidad de Buenos Aires, três professores da Universidade Estadual de Goiás (atuantes nas unidades de Campos Belos, Itapuranga, Pires do Rio e São Luís de Montes Belos), um professor da Associação Educativa Evangélica (UniEvangélica/Anápolis), uma professora da Secretaria Estadual de Educação, Cultura e Esporte de Goiás e uma bolsista de mestrado em Estudos Literários vinculada à Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes). Por se voltar para a pesquisa científica em um campo importante dos estudos literários, este volume teve apoio financeiro da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), da Fundação de Apoio à Pesquisa do Estado de Goiás (Fapeg) e do Programa de Pós-Graduação em Letras e Linguística, da Faculdade de Letras da Universidade Federal de Goiás (FL/UFG) para sua publicação. O que há em comum nas abordagens aqui elencadas é a tentativa de compreender algumas das tendências estéticas da literatura brasileira contemporânea.

    O capítulo que abre o volume, intitulado "Dois irmãos: voz e olhar na construção de uma identidade", de Alex Bruno da Silva, trata do lugar de fala do narrador de Dois irmãos, publicado em 2000 por Milton Hatoum. Neste romance, a escrita de si, o deslocamento e a memória servem para corroborar a unidade estética do projeto literário construído pelo escritor até então. A análise empreendida discute a identidade e as rasuras no discurso narrativo na contemporaneidade. Segundo a leitura proposta, a negatividade se manifesta no relato do narrador, demonstrando os problemas sociais na formação cultural do Brasil. Nesse percurso, Silva considera que as narrativas do escritor amazonense retratam identidades e vozes que se perderam no tempo e que são desprovidas de legitimidade.

    Edilson Alves de Souza, Vanessa Gomes Franca e Flávio Pereira Camargo, em "O palimpsesto metaficcional emO personagem encalhado, de Angela Lago", partem do entendimento de que depois da segunda metade do século XX, dos novos projetos estéticos que têm permeado os procedimentos (pós-) modernos de ficcionalização, a metaficção vem se destacando, principalmente por realizar um processo inusitado de hibridização entre a criação e a crítica literárias, dentro do mesmo ambiente ficcional. Souza, Franca e Camargo consideram que recursos de autorreferencialidade também estão presentes na Literatura Infantil e que eles têm renovado as acepções sobre a atividade de representação no texto direcionado para crianças. Os autores, dessa maneira, empreendem uma análise de O personagem encalhado, narrativa publicada em 1995 por Angela Lago, que promove uma espécie de palimpsesto metaficcional e evidenciam como são mobilizados os recursos e as estratégias para a construção da metaficcionalidade na Literatura Infantil.

    O artigo O rumor geracional nas vozes narradoras de João Gilberto Noll, de Efraim Oscar Silva e Rejane Cristina Rocha, por sua vez, aborda dois romances representativos da produção ficcional de João Gilberto Noll: O quieto animal da esquina e Harmada, publicados em 1991 e 1993, respectivamente. Os autores destacam, nas referidas narrativas, uma voz autoral móvel e imóvel, ou seja, ao mesmo tempo em que essa voz se desloca erraticamente, ela também se degrada por certa estaticidade. Ademais, essa duplicidade revela a ausência de memória e de vazio existencial nos romances, bem como indica a ligação da experiência geracional do escritor com o pensamento e os valores da contracultura dos anos 1960, em especial os expressos nas teses do filósofo Herbert Marcuse.

    No capítulo subsequente, cujo título é "A força da ficção: ‘canibalização’ de discursos históricos e a ressignificação da imagem de cunhambebe em Meu querido canibal, de Antônio Torres", Giselia Rodrigues Dias investiga o modo como o romance de Torres, publicado em 2000, desestabiliza discursos oficiais ao utilizar recursos como o da metaficção historiográfica em sua constituição. A autora realiza um diálogo com as discussões críticas já consolidadas a respeito da obra em questão, bem como problematiza as contradições históricas e ideológicas que modelam a representação do indígena na ficção brasileira contemporânea.

    Por seu turno, em O sujeito sem ação: realismo e subjetividade em Daniel Galera, Juliana Santini investiga, a partir de uma reflexão sobre o lugar ocupado pelo sujeito na representação do real na prosa de ficção brasileira atual, o processo de narração do romance Até o dia em que o cão morreu, de Daniel Galera, publicado em 2003. Na leitura de Santini, o romance se constrói a partir da voz narrativa de um jovem apático, boêmio, sem vínculos. O rapaz, recém-formado em Letras, erra sem destino por um caminho definido pela boemia. A representação de sujeitos errantes configura-se como uma das tendências da atual produção narrativa.

    Larissa Warzocha Fernandes Cruvinel e Renata Rocha Ribeiro analisam, em O ex-mágico revisitado: uma leitura de ‘Circo Rubião’, de Adriana Lisboa, o conto Circo Rubião, presente na coletânea O sucesso, publicada em 2016, em diálogo com parte da obra de Murilo Rubião (1916-1991). As autoras defendem que o conto é basilar no contexto da obra de Lisboa por trazer, na tessitura literária, os preceitos artísticos caros a sua narrativa. Nessa autorrefencialidade, Lisboa ressignifica a tradição literária brasileira e mostra como sua obra responde às exigências da narrativa ficcional na contemporaneidade.

    No capítulo que segue, Desde y hacia la periferia. El proyecto literario de Sérgio Vaz, Lucía Tennina trata da inclusão de escritores oriundos de regiões periféricas das grandes cidades por parte da crítica. Tennina afirma que as trajetórias, os estilos e os hábitos desses produtores literários periféricos se diferem daquilo que os escritores de formação letrada realizam. Junto a fenômenos como o de Ferréz, outros escritores se agrupam e ganham, pouco a pouco, espaço na crítica especializada, como é o caso de Rodrigo Ciríaco, Sacolinha, Allan da Rosa e Alessandro Buzo. A autora considera que uma das figuras de maior destaque deste grupo, Sérgio Vaz, ainda não recebeu a devida atenção analítica sobre sua obra. A partir dessas considerações e dessa preocupação, Tennina focaliza, em sua análise, a produção poética de Vaz. A estudiosa, a partir da hipótese de que os textos de Vaz se constroem sobre um complexo projeto literário que se estrutura, além da própria escrita, também em saraus (Sarau da Cooperifa), com a intenção de divulgar a ideia de periferia e de ser periférico antes mesmo da construção de um perfil de escritor, julga que a proposta literária de Vaz se direciona exclusivamente ao morador da periferia urbana. Logo, segundo a leitura de Tennina, Vaz parte da acepção de que a literatura pode ser entendida como um território de cultivo à autoestima dos habitantes da periferia.

    Em "Ficção em trânsito: configurações do espaço urbano em O livro das impossibilidades, de Luiz Ruffato", Marcela Ferreira da Silva também trata da relação entre homem e espaço urbano como uma das tendências da literatura brasileira contemporânea, mas não em contexto de produção periférico. Silva assente que a literatura, diante da impossibilidade de promover um encontro totalizante entre homem e cidade, encontrou na temática do trânsito uma via para ressignificar o espaço urbano na contemporaneidade. Logo, ora as personagens são lançadas no ritmo frenético das metrópoles, ora são levadas pela viagem. Além disso, o efeito de instabilidade também se manifesta na estrutura narrativa, a exemplo da estética do fragmentário, do apagamento da personagem central e do esmaecimento das fronteiras dos gêneros. A autora, de posse desse percurso, analisa O livro das impossibilidades, obra que veio a público em 2008, escrita por Luiz Ruffato. Nesta leitura, entende-se que a narrativa do autor incorpora a realidade brasileira das últimas décadas, recusando a estrutura do romance tradicional como forma de representação e promovendo um engajamento de ordens ideológica e estética.

    Em seguida, no capítulo As escritas de si no hibridismo ficcional de Haroldo Maranhão, Paulo Alberto da Silva Sales e Zênia de Faria examinam a narrativa Memorial do fim, de Haroldo Maranhão, publicada em 1991, a partir da presença de gêneros intimistas que entrecortam o enredo, que por sua vez retoma os últimos dias de vida de Machado de Assis. Há, assim, no interior do romance, cartas, diários e descrições biográficas fornecidas por personagens históricas contemporâneas a Machado, tais como José Veríssimo, Graça Aranha, José Medeiros, Euclides da Cunha, entre outros. Na visão de Faria e Sales, esses gêneros intimistas são problematizados na ficção de Maranhão ao criar um pastiche da obra de Machado, ao passo que a narrativa mescla dados ficcionais e reais do autor de Dom Casmurro. O resultado, segundo os autores, é uma reorganização textual hermética que possibilita uma nova roupagem à obra machadiana.

    O capítulo sob autoria de Pilar Lago e Lousa, intitulado "Memória, afetividades e violências: a condição feminina em Sinfonia em branco, de Adriana Lisboa", também realiza uma leitura da narrativa da escritora carioca Adriana Lisboa; mas, aqui, o realce é dado ao romance da autora, com destaque para Sinfonia em branco, publicado em 2001. Para Lousa, a memória, na narrativa citada, é trabalhada como resgate da experiência brutal do trauma. A autora considera que a narrativa revela mulheres fraturadas que vivem em uma sinfonia pautada por silêncios e lacunas. Ao problematizar, sob a perspectiva da mulher, temas como incesto, pedofilia, estupro, misoginia e as mais diversas formas de violência, Lousa considera que Lisboa traz, para o debate literário, questões até então negligenciadas pelo cânone. Destarte, o alvo desse capítulo é a análise da condição feminina no romance citado, resgatando aspectos da contemporaneidade, como a memória afetiva e a violência de gênero, a fim de observar como as ferramentas literárias dão conta das tensões que permeiam a representação feminina, como a perda da infância, o silêncio e a disciplinarização.

    Por fim, no último capítulo, intitulado O lugar de Ronaldo Correia de Brito na literatura brasileira, Rogério Santana dos Santos analisa o neo-regionalismo na obra do autor cearense Ronaldo Correia de Brito. Segundo Santos, essa designação é produto de uma crítica arraigada apenas a uma ideia de cultura nacional. O estudioso mostra que, no início do século XX, a produção que não se passava nos grandes centros era denominada de regionalista, a partir de critérios de classificação duvidosos. Além do mais, Santos entende que a mesma chave de compreensão está sendo aplicada nos dias atuais, principalmente em críticas de intervenção publicadas em mídias de influência e alcance nacional. O autor, então, discute, a partir de três contos doLivro dos homens, de 2005, o valor estético que se pode identificar em obras que têm o espaço rural e as pequenas cidades como região central de narrativas. Para atingir este intuito, Santos julga ser necessário desmobilizar os pressupostos de uma crítica simplista para elucidar uma literatura de valor que abarca outras regiões do país, admitindo as diferenças culturais como elementos legítimos da nação.

    Dessa forma, este volume apresenta leituras com vieses críticos e teóricos variados sobre a obra de importantes escritores brasileiros contemporâneos. Espera-se que o leitor encontre, nas páginas que seguem, material de pesquisa para auxiliar as suas próprias reflexões sobre as tendências estéticas das obras brasileiras contemporâneas estudadas.

    Flávio Pereira Camargo

    Larissa Warzocha Fernandes Cruvinel

    Renata Rocha Ribeiro

    Referências

    AGAMBEN, Giorgio. O que é o contemporâneo? e outros ensaios. Tradução de Vinícius Nicastro Honesko. Chapecó: Argos, 2009.

    CARNEIRO, Flávio. No país do presente: ficção brasileira do século XXI. Rio de Janeiro: Rocco, 2005.

    FINAZZI-AGRÓ, Ettore. Apresentação. In: RESENDE, Beatriz; FINAZZI-AGRÓ, Ettore (Orgs.). Possibilidades da nova escrita literária no Brasil. Rio de Janeiro: Renan, 2014. p. 7.

    PERRONE-MOISÉS, Leyla. Mutações da literatura no século XXI. São Paulo: Companhia das Letras, 2016.

    RESENDE, Beatriz. Contemporâneos: expressões da literatura brasileira no século XXI. Rio de Janeiro: Casa da Palavra, 2008.

    SUMÁRIO

    CAPÍTULO 1

    DOIS IRMÃOS: VOZ E OLHAR NA CONSTRUÇÃO DE UMA IDENTIDADE

    Alex Bruno da Silva

    CAPÍTULO 2

    O PALIMPSESTO METAFICCCIONAL EM O PERSONAGEM ENCALHADO, DE ANGELA LAGO

    Edilson Alves de Souza

    Vanessa Gomes Franca

    Flávio Pereira Camargo

    CAPÍTULO 3

    O RUMOR GERACIONAL NAS VOZES NARRADORAS DE JOÃO GILBERTO NOLL

    Efraim Oscar Silva

    Rejane Cristina Rocha

    CAPÍTULO 4

    A FORÇA DA FICÇÃO: CANIBALIZAÇÃO DE DISCURSOS HISTÓRICOS E A RESSIGNIFICAÇÃO DA IMAGEM DE CUNHAMBEBE EM MEU QUERIDO CANIBAL, DE ANTÔNIO TORRES

    Giselia Rodrigues Dias

    CAPÍTULO 5

    O SUJEITO SEM AÇÃO: REALISMO E SUBJETIVIDADE EM DANIEL GALERA

    Juliana Santini

    CAPÍTULO 6

    O EX-MÁGICO REVISITADO: UMA LEITURA DE CIRCO RUBIÃO, DE ADRIANA LISBOA

    Larissa Warzocha Fernandes Cruvinel

    Renata Rocha Ribeiro

    CAPÍTULO 7

    DESDE Y HACIA LA PERIFERIA. EL PROYECTO LITERARIO DE SÉRGIO VAZ

    Lucía Tennina

    CAPÍTULO 8

    FICÇÃO EM TRÂNSITO: CONFIGURAÇÕES DO ESPAÇO URBANO EM O LIVRO DAS IMPOSSIBILIDADES, DE LUIZ RUFFATO

    Marcela Ferreira da Silva

    CAPÍTULO 9

    AS ESCRITAS DE SI NO HIBRIDISMO FICCIONAL DE HAROLDO MARANHÃO

    Paulo Alberto da Silva Sales

    Zênia de Faria

    CAPÍTULO 10

    MEMÓRIA, AFETIVIDADES E VIOLÊNCIAS: A CONDIÇÃO FEMININA EM SINFONIA EM BRANCO, DE ADRIANA LISBOA

    Pilar Lago e Lousa

    CAPÍTULO 11

    O LUGAR DE RONALDO CORREIA DE BRITO NA LITERATURA BRASILEIRA

    Rogério Santana

    SOBRE OS AUTORES

    CAPÍTULO 1

    DOIS IRMÃOS: VOZ E OLHAR NA CONSTRUÇÃO DE UMA IDENTIDADE

    Alex Bruno da Silva

    O que tentei fazer foi dar voz a narradores-personagens

    que se situam numa fronteira social.

    Milton Hatoum

    1. Considerações iniciais

    Pensar as narrativas da contemporaneidade é deslocar-se de um imaginário utópico com projeto estético definido para um espaço aberto à diversidade de estilos. O filósofo italiano Giorgio Agamben (2009, p. 59) aponta a contemporaneidade como uma singular relação com o próprio tempo, que adere a este e, ao mesmo tempo, dele toma distâncias. Segundo o filósofo, o contemporâneo é aquele que olha para o seu tempo conseguindo interpretar o escuro, as sombras e as fraturas presentes nessa experiência temporal.

    A definição de Agamben é interessante, pois ajuda a entender as disputas e os caminhos que perpassam os estudos sobre a literatura brasileira contemporânea. Na concepção de Karl Erik Schøllhammer (2011, p. 10), a literatura contemporânea não é só a representação da atualidade, uma vez que o escritor contemporâneo precisa ser capaz de se orientar no escuro e, a partir daí, ter coragem de reconhecer e de se comprometer com um presente com o qual não é possível coincidir.

    Para Regina Dalcastagnè (2012, p. 07), pensar a literatura brasileira contemporânea é entendê-la como um território contestado, no qual diferentes vozes, estilos e linguagens disputam um espaço para falar com legitimidade. Há, então, um conjunto de critérios e problemas que determina a visibilidade de um escritor ou de uma obra na academia, nas editoras ou entre os leitores e críticos literários.

    Logo, a produção literária contemporânea tem apresentado variados temas e múltiplos procedimentos narrativos, que se justificam pela ausência de um projeto estético e político único, no qual possa se nomear produções e escritores, por exemplo, como a historiografia literária canônica apresenta: Romantismo, Realismo, Parnasianismo, Simbolismo e Modernismo.

    Ítalo Moriconi analisa a produção contemporânea e argumenta que o escritor "se vê

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