Difusão científica: Da universidade à escola
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de um diálogo profundo entre universidade e escola, como possibilidade de comunicar e divulgar ciência, o que suscita troca de conhecimentos e fortalecimento de experiências.
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Difusão científica - Anne Karynne Almeida Castelo Branco
escola.
Prefácio
Difusão Científica: da universidade à escola resultou de uma tessitura entre Educação e Divulgação/Comunicação, cujo fio condutor foi a adjetivação do termo científico. Após detectarmos essa façanha, perguntamo-nos: O que quer com o leitor, uma autora que propõe uma obra com esse diferencial, decorrente de um processo de formação vivenciado, na condição de professora pesquisadora? Quantas coisas, a respeito dos temas abordados ficaram evidentes, para mim, quando nesse intenso mergulho feito nas águas turbulentas de um dos rios da diversidade, que tende a desembocar nos oceanos em que apenas navegam aqueles que buscam a libertação, a partir do conhecimento?
Esse é o diferencial que a Anne deixou para mim evidente quando, na condição de leitor, pousei meus olhos sob os seus escritos, contidos nas laudas desta sua obra, que considero singular, tanto porque legitima um estilo que junta espontaneidade e originalidade, tornando-se uma particularidade caracterizadora do seu perfil não somente de pesquisadora, mas também de escritora.
Três eixos estruturam o que compõe a tessitura da Difusão Científica: da universidade à escola: o chão que adubou, a semente que semeou e o fruto que colheu.
Quanto ao chão adubado,
Fertilizante não foi usado,
O que logo no primeiro olhar muito se vê
E que, de imediato, dá prazer,
Que quase não mais se sente,
Dentre muitos dos inúmeros trabalhos,
Que se tem habituado a ler.
Referente a esse nosso achado, que, audaciosamente, aqui chamamos de chão semeado
, e que corresponde ao primeiro capítulo, Anne assim o definiu: Divulgação Científica, Comunicação Científica, Difusão Científica: alguns fundamentos
. Aqui fica evidente a sua tentativa em estabelecer uma postura dialógica com os teóricos que muito anterior a ela, já haviam se debruçado para compreender os múltiplos e possíveis sentidos gerados, a partir e para legitimar aqueles. Uma façanha que adotou foi buscar sentido aos conceitos, em uma contextualização histórica feita, para efeito de sustentação, quanto ao estabelecimento do paralelo entre Comunicação Científica e Divulgação Científica. Tudo para deixar evidente tanto as contribuições da mídia para a Divulgação Científica. Foi assim que ganhou corpo, essa primeira parte da tessitura que deixa curiosidade ao leitor, ficando até mesmo a imaginar, o que, a seguir, vai encontrar.
Quanto à semente que havia sido semeada,
no decorrer do singular plantio,
e devido às múltiplas intencionalidades que emergiam,
de distintos agricultores ali envolvidos,
exigiu-se, antecipadamente, um rigoroso procedimento.
Para tanto, adotou-se o cooperativismo.
porque parcerias precisavam ser estabelecidas,
com aqueles outros agricultores; o plantio era diferenciado,
e o terreno era fértil, e já estava muito bem adubado.
Assim nos posicionamos porque o POE: um incremento de difusão científica
, correspondente ao segundo capítulo da obra em questão, foi o diferencial no percurso investigativo feito pela autora. Assim nos posicionamos devido à natureza multidisciplinar daquele projeto, POE, o qual abarcou diferentes pesquisadores, de campos do conhecimento diversificados, mas que tinham um único propósito, que era estabelecer um diálogo, na busca de uma unidade. Nesse segundo capítulo, além da descrição do projeto, encontra-se, também, o sentido dado às intencionalidades da autora, quanto ao percurso investigativo feito, especificamente quanto aos procedimentos metodológicos adotados. Mas o que foge do habitual, quanto ao descrito pela autora? Arriscamos dizer que a sua capacidade de alçar vôos rasantes e totalmente desprendidos de tratados metodológicos, quase que sempre recomendados, em trabalhos dessa natureza.
Quanto aos frutos colhidos,
orgulha-me o que reflete do vivido,
aqui muito bem redigido,
que imortaliza o dito,
ultrapassando os limites,
de um singelo manuscrito.
Assim, nas Fases de difusão dos conhecimentos
, que incide no terceiro capítulo, encontramos todas as cores e suportes dos fios responsáveis pela tessitura que dão o brilho para a Difusão Científica: da universidade à escola
. Ali são descritos os eventos, em que os frutos, semeados pelos agricultores, foram validados, assim como os terrenos mais consolidados em que foram saboreados, por diferentes convidados, em banquetes que dignificam as comunidades acadêmicas.
Vale a pena ler a obra da Anne,
que a dignifica como escritora,
com perfil de pesquisadora,
imbricada em um espírito,
de sempre empreendedora.
Introdução
Iniciei minha trajetória¹ no Programa de Pós-Graduação em Educação e Ensino de Ciências na Amazônia da Universidade do Estado do Amazonas - UEA, como aluna especial. Era uma forma de buscar a identificação com o Programa, pois, sou professora do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Amazonas – IFAM, atuando no Curso Superior de Tecnologia em Produção Publicitária. Como publicitária e administradora, sentia a necessidade de unir meus conhecimentos, para contribuir com a minha formação, com o programa, e com a instituição a qual estou vinculada.
Essa identificação foi acontecendo aos poucos. Comecei a atuar como voluntária do Projeto Observatório da Educação – POE/CAPES/UEA, vinculado ao Programa do Observatório da Educação/CAPES, a convite do Prof. Dr. Amarildo Menezes Gonzaga (Coordenador do Projeto). Foi quando percebi a educação como pesquisa. O POE atuava em uma escola estadual, com seus pesquisadores, objetivando melhorar o desempenho avaliativo dos estudantes do 9º ano, na Prova Brasil.
No I Fórum de Divulgação Científica promovido pela UEA, fui despertando para a associação entre a comunicação e a educação em ciências, através dos conceitos de Divulgação Científica, Comunicação Científica e Difusão Científica, pois até então tudo era muito novo para mim.
Assim, tomei a decisão de fazer o Processo Seletivo 2013, para o Mestrado Acadêmico em Educação e Ensino de Ciências na Amazônia, da UEA. Tendo sido aprovada com o projeto A Divulgação Científica e a repercussão dos processos e produtos do Projeto Observatório da Educação/Capes – POE
.
Minha primeira participação mais efetiva no POE foi o I Colóquio do Observatório da Educação na Amazônia. Recém-chegada ao grupo pude, junto com eles, dar os primeiros passos, ainda de forma intimista, mostrando para a escola e comunidade acadêmica o que vinha sendo realizado pelo grupo. Dessa experiência resultou o artigo A publicidade como recurso propagador de Divulgação Científica: I Colóquio do Observatório da Educação na Amazônia
apresentado como comunicação oral no IX Encontro Nacional de Pesquisa em Educação em Ciências – ENPEC, em Águas de Lindóia - SP.
No entanto, o POE inicia o 1º semestre de 2013, sentindo a necessidade de interagir com os demais projetos existentes na Escola, surge então a proposta de fazer a Divulgação Científica através de uma rádio escola, fruto do Programa Mais Educação², o que gerou a pesquisa intitulada A Rádio Escola como recurso pedagógico de Divulgação Científica: o caso de uma escola pública na cidade de Manaus
.
Juntamente com meu orientador, que também era coordenador do Projeto, ao elaboramos um diagnóstico, percebemos que não seria viável continuar nessa perspectiva, que precisávamos buscar algo com o qual houvesse maior identificação por parte dos estudantes. Apesar de não termos dado continuidade na proposta, estes resultados foram apresentados em forma de banner no III Simpósio de Educação em Ciências na Amazônia – SECAM 2013 e como comunicação oral na Conferência da Associação Latino Americana de Investigação em Educação em Ciências – LASERA 2013, ambos em Manaus-AM.
A pesquisa que norteou a dissertação foi tomando novos rumos recebendo o título O Projeto Observatório da Educação/CAPES/UEA: fases de Difusão do Conhecimento
, tendo como objetivo geral compreender como se deu a difusão dos conhecimentos decorrentes da execução do Projeto Observatório da Educação/CAPES/UEA, tomando-se como referência os processos de Comunicação e Divulgação Científica. Bem como, discorrer a respeito do que dizem os teóricos sobre a importância da Comunicação, Divulgação e Difusão Científica. Descrever os posicionamentos dos sujeitos envolvidos no POE, no que se refere às possibilidades e limitações da comunicação de suas produções. Analisar as evidências identificadas a partir das diferentes fases de divulgação dos conhecimentos produzidos durante a execução do POE.
Assim, este trabalho foi sendo construído e hoje se apresenta organizado da seguinte forma: iniciamos com os conceitos de Divulgação, Comunicação e Difusão Científica –nos quais apresentamos teóricos que os fundamentam, bem como sua contextualização histórica, as contribuições da mídia para a Divulgação Científica e esta como articuladora da Difusão Científica. Partimos então para o POE como um incremento de Difusão Científica, onde descrevemos o Projeto Observatório da Educação – POE/CAPES/UEA e a trajetória metodológica percorrida nesta pesquisa. Finalizamos apresentando as fases de difusão do conhecimento, as quais foram divididas em cinco categorias: eventos científicos (locais, nacionais e internacionais), periódicos científicos (Qualis A e B), livros, dissertações, a virtualização do POE e as mídias sociais, com uma análise sobre um blog (Portal POE), uma conta no Twitter (@POE_AM) e uma fan page nas suas possibilidades como um espaço para se falar de Ciência para os pares e para a sociedade.
Capítulo 1: Divulgação Científica, Comunicação Científica, Difusão Científica: alguns fundamentos
Compreender os conceitos de Comunicação Científica (CC), Divulgação Científica (DC), Difusão Científica foram de extrema importância para que pudéssemos vislumbrar o seu papel mediante o que seria proposto neste estudo.
Iniciamos com o conceito de Comunicação Científica, pensada e repassada para um público de especialistas. Ela se caracteriza pela veiculação de informações científicas aos grupos de iguais – intrapares e grupos de afins – extrapares. Sempre mantendo a linguagem científica como característica principal. Também chamado por Bueno (2008) e Pasquali (1979) como Disseminação Científica.
O público pensado na CC é caracterizado pela formação técnico-científica. Primando pela validação de suas pesquisas através do método científico, entende que a ciência é construída por um processo cumulativo, gerado pelo método rigoroso e/ou pela comprovação empírica. O discurso utilizado não requer uma decodificação, pois aqueles que dela fazem uso possuem compreensão e autonomia para buscar compreender novos conceitos e termos. Simpósios, congressos, revistas científicas, livros são comumente utilizados por esse público, inclusive para a fundamentação e compreensão de suas próprias pesquisas, fortalecendo o ciclo da construção da ciência através do diálogo com os autores (Bueno, 2010).
Segundo Mendes (2006), já em meados do século XIX, percebe-se um movimento de diferenciação entre os cientistas e os não cientistas, caracterizando a ciência como algo hermético. Somente aqueles que detinham o conhecimento através de suas práticas, poderiam então repassá-la, se pronunciando sobre ciência em busca de reconhecimento e valorização social. Tomando para si a responsabilidade de fazer e popularizar
a ciência.
O processo de institucionalizar a ciência fez surgir e desenvolver um novo padrão em comunicá-la, de modo a utilizar a imprensa em geral e também revistas científicas. A divulgação científica do século XIX encontrava ampla ressonância nos veículos e fazia chegar à população trechos de obras científicas ou a obra inteira.
, afirma Ferreira (2007). Esses veículos auxiliavam na divulgação, ampliando o alcance do que por hora vinha sendo produzido em termos científicos, legitimando para a sociedade suas pesquisas e obtendo reconhecimento social pelo que realizavam.
No entanto, esta ciência era pensada apenas do ponto de vista do darwinismo – postulando o modelo biológico de evolução das espécies e o positivismo de Auguste Comte - departamentalizada e voltada para as Ciências Biológicas e Exatas, tida como única fonte de conhecimento. O que vem sendo retratada até os dias de hoje, na forma como os jornalistas têm divulgado a ciência (Ferreira,