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Contribuições dos serviços-escola de Psicologia no Atendimento à Comunidade
Contribuições dos serviços-escola de Psicologia no Atendimento à Comunidade
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Contribuições dos serviços-escola de Psicologia no Atendimento à Comunidade

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O uso do termo Serviço-Escola para designar os espaços de formação que tem como foco o exercício do atendimento psicológico reflete grandes transformações nas concepções sobre o papel do psicólogo na sociedade brasileira. Assumimos nossa condição sócio-histórica e passamos a reconhecer a diversidade cultural e as desigualdades socioeconômicas de nosso país. Isso nos obrigou a ampliar as modalidades de atendimento e a aperfeiçoar a compreensão das demandas da população. Este livro traz grande contribuição para enfrentarmos os desafios que se apresentam nesse percurso e nos mostra como o espaço do Serviço-Escola é potente na oferta de serviços e para a transformação das práticas em Psicologia, é no contato cotidiano com os usuários que estudantes e professores produzem novos conhecimentos e novas técnicas. Além de sua importância como registro histórico da Psicologia no Brasil, ele também traz em suas páginas experiências de diversas instituições de ensino empenhadas na formação de psicólogos socialmente compromissados. Trata-se de importante leitura para estudantes, professores e outros profissionais que atuam no atendimento à população. (Erich Montanar Franco)
LanguagePortuguês
Release dateFeb 15, 2018
ISBN9788546210442
Contribuições dos serviços-escola de Psicologia no Atendimento à Comunidade

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    Contribuições dos serviços-escola de Psicologia no Atendimento à Comunidade - Sandra Ribeiro de Almeida Lopes

    aprendizados.

    Prefácio

    Este livro oferta, de maneira generosa, a descrição do trabalho que acontece no interior do Serviço-Escola, espaço integrante dos cursos de psicologia. A vida neste espaço se torna parte fundamental da formação de psicólogos e cumpre um papel imprescindível no amadurecimento teórico e técnico destes profissionais, alicerçando sua saída da Universidade de modo que estejam aptos para atuar na sociedade. Na descrição deste processo encontra-se o valor da iniciativa de publicação deste material.

    A formação de um psicólogo está longe de ser fácil porque pressupõe escolhas, autoescuta, pressupõe o exercício lindo e árduo de olhar a pessoa e a sociedade na perspectiva da identificação e da intervenção na esfera da saúde mental dos indivíduos e suas comunidades. Além disso, para se tornar psicólogo, é necessário ter muito claro qual é a escuta única e inconfundível que irá gerar o fazer em psicologia e garantir seu papel técnico e ético nas situações multidisciplinares das quais irá participar.

    O livro vai mostrando que o exercício prático de todas estas situações se inicia dentro do Serviço-Escola, portanto, o espaço e a filosofia que norteiam o andamento deste lugar devem estar bem estabelecidos no coração do curso, dos supervisores, dos estagiários e da equipe gestora que colocam o Serviço em movimento.

    O leitor encontrará a descrição das responsabilidades variadas que aí ocorrem: formação por meio de estágios, supervisões previstas nas Diretrizes curriculares para a formação do psicólogo, que supõe uma equipe composta por psicólogos responsáveis técnicos, psicólogos técnicos que responderão junto a órgãos externos à Universidade, médico psiquiatra, equipe administrativa bem afinada com a ética do sigilo e professores responsáveis pela gestão acadêmica. Todos a serviço da comunidade.

    O atendimento à comunidade, então, é o que permite a existência dos Serviços-Escola – e desta profissão.

    Esta é a interlocução que os capítulos deste livro detalham. Sua riqueza está na descrição criteriosa que os autores nos oferecem, disponibilizando experiências e preocupações, expectativas e também a história vivida no interior de Serviços-Escola.

    Esta oferta faz com que o leitor que não seja da área sinta-se introduzido neste universo tão complexo e os leitores que compartilham esta profissão e sua docência encontrarão muitos pontos nos quais poderão se apoiar para refletir, em conjunto com alunos e estagiários, o ofício do psicólogo.

    O leitor irá conhecer também as maneiras pelas quais, dentro do Serviço-Escola, os estagiários testam e exercitam sua capacidade de ouvir, compreender, investigar e intervir nas situações mais variadas que geram dor e também crescimento aos seres humanos; e como aprendem a entrar em contato com instituições tais como escolas, departamentos jurídicos, hospitais, ONGs, empresas e também exercitando as técnicas muito particulares que permitem o atendimento clínico nas modalidades de psicoterapias e psicodiagnósticos. Igualmente importante é aprender a falar sobre suas percepções numa situação particular que são as supervisões – prática que se tornará parte permanente da rotina do psicólogo.

    O papel dos supervisores também aparece e é contemplado nesta obra, mostrando a importância de seu compromisso tanto com o ensino, desenvolvendo e atualizando as formas de escuta clínica dos estagiários, quanto em responder à sociedade pela qualidade dos atendimentos, garantindo, assim, a formação de futuras gerações de psicólogos.

    Este é o conteúdo objetivo e competente que o leitor irá descobrir e aprofundar no contato com os diferentes assuntos e estilos expressos pelos escritores de cada capítulo. Boa leitura.

    Berenice Carpigiani

    Diretora do Centro de Ciências Biológicas e da Saúde da Universidade Presbiteriana Mackenzie

    Apresentação

    Este livro é fruto da trajetória de trabalho de suas organizadoras no curso de Psicologia do Centro de Ciências Biológicas e da Saúde (Universidade Presbiteriana Mackenzie), na qualidade de professoras, supervisoras de estágio e responsáveis pela administração técnica da clínica psicológica, dos estágios básicos e específicos externos e, por fim, pela constituição de um Serviço-Escola referente ao período de 2011 a 2016.

    A composição deste material contou com a valiosa contribuição de colegas, com os quais tivemos momentos especiais de trocas e compartilhamentos de experiências, assim, certamente os leitores interessados pelo tema ou que vivem esta realidade em seu cotidiano irão se identificar. É desta maneira que esperamos, sinceramente, que o conteúdo aqui apresentado possa servir de alicerce para futuros e promissores trabalhos.

    Para efeito de contextualização, o nome, antes reconhecido como Clínica-Escola, foi modificado para Serviço-Escola em 2004, após o 12º Encontro de Clínicas-Escola do Estado de São Paulo em busca de atender os desafios e ampliar as possibilidades de acesso à população frente à crescente necessidade de novas práticas e intervenções psicológicas.

    Os Serviços-Escola passaram, então, a ser norteados pelas Diretrizes Curriculares Nacionais (Brasil, 2004), em que a ênfase para formação profissional em psicologia deve voltar-se aos: conhecimentos requeridos para o exercício de competências e habilidades quanto à atenção à saúde (prevenção, promoção, proteção e reabilitação individual e coletiva); tomada de decisão (capacidade de avaliar, sistematizar e decidir condutas mais adequadas); comunicação; educação permanente; liderança; administração e gerenciamento (no trabalho multiprofissional).

    Estabelece ainda que o projeto de curso deve prever a instalação de um Serviço de Psicologia com as funções de responder às exigências para a formação do psicólogo, congruente com as competências que o curso objetiva desenvolver no aluno e as demandas de serviço psicológico da comunidade na qual está inserido.

    Desta forma, define-se que o propósito dos Serviços-Escola de Psicologia é o de incluir uma gama maior de modos de intervenção do psicólogo para além do estritamente clínico e de ampliar suas áreas de atuação, oferecendo espaços para práticas voltadas à inserção social.

    Este livro tem como propósito ilustrar algumas práticas desenvolvidas por Serviços-Escola de diferentes instituições de ensino em psicologia do estado de São Paulo.

    Para tanto, cada capítulo deste material foi construído a partir de um breve histórico do respectivo Serviço-Escola, incluindo sua estrutura, áreas contempladas, principais demandas e inter-relações, assim como os benefícios, dificuldades e perspectivas. Por fim, cada instituição elegeu, dentre tantas experiências relevantes, uma cujo relato a representasse.

    Ao longo deste tempo, trocamos muitas experiências e ideias com nossos pares, alunos, pessoas da comunidade, parceiros de estágios e colegas de outras instituições de ensino, o que nos possibilitou aprender que tudo e a todo tempo nesta atividade é dinâmico, ágil, rico e envolvente. Descobrimos que não há certezas, mas que há sempre um forte desejo de fazer o melhor, o melhor pela profissão, pelo profissional em formação e pelo outro ser humano que nos pede ajuda independente do contexto ou situação em que esteja.

    Descobrimos que ética, sensibilidade, atenção, disciplina e cuidado, aliados a uma presença ativa e contínua, são ingredientes imprescindíveis para a realização de um trabalho sério e de qualidade.

    Foi nesta jornada que tivemos o enorme privilégio de conhecer colegas de outras instituições de ensino que, assim como nós, também viviam dilemas e questionamentos, avanços e retrocessos no processo de construção de um Serviço-Escola integrado, sólido e representativo na prestação de serviço à comunidade. E foi no intuito de compartilhar experiências com um número maior de pessoas interessadas no tema que surgiu a proposta de reuni-las e divulgá-las.

    Sandra R. de Almeida Lopes

    Susete Figueiredo Bacchereti

    (organizadoras)

    Capítulo 1

    Práticas de Estágio: Repercussões no cotidiano das instituições e dos usuários

    Sandra R. de Almeida Lopes

    Susete Figueiredo Bacchereti

    A prestação de assistência psicológica à comunidade é um papel social extremamente relevante nestes centros de serviços. Para tal, entende-se que as atividades desenvolvidas não devam estar restritas a um espaço físico específico (em um consultório, por exemplo), mas sim, sempre que possível, inseridas no campo de vivência daqueles que são alvo das intervenções. (Melo-Silva; Santos; Simon, 2005a)

    Na atualidade brasileira, a profissão de psicólogo está consolidada, especialmente por três conquistas: o reconhecimento adquirido através da atuação técnica em suas diferentes áreas de atenção e interesse; o aprofundamento teórico; e os avanços da pesquisa sobre o funcionamento do psiquismo humano, quer enfocado de forma individual, quer em diferentes configurações grupais. Nesse sentido, as contribuições do curso de Psicologia da Universidade Presbiteriana Mackenzie para o desenvolvimento humano e social da população da região metropolitana de São Paulo se concretizam a partir das atividades de ensino, pesquisa e extensão realizadas por meio do Serviço-Escola e dos programas de fomento à pesquisa na graduação e na pós-graduação. Além disso, os profissionais formados pelo curso apresentam nitidamente um perfil de compromisso com as demandas próprias à realidade brasileira.

    Para falarmos das atividades do Serviço-Escola do curso de Psicologia da Universidade Presbiteriana Mackenzie, faremos inicialmente uma breve retrospectiva histórica de sua trajetória.

    No ano de 1994, tiveram início os primeiros estágios curriculares obrigatórios realizados pelos alunos da primeira turma do curso de Psicologia, conforme previsto na regulamentação da profissão de psicólogo no Brasil de 1962, atendendo a recomendação de que os cursos de formação organizassem serviços de atendimento para que os alunos pudessem praticar seus ensinamentos de sala de aula sob a supervisão de um docente.

    Os alunos do 5º ano iniciaram seus atendimentos clínicos com as modalidades de Psicoterapia Breve (Adulto e Infantil), e com os estágios em Psicologia Escolar e Psicologia Organizacional. Estes processos de formação ocorriam durante um ano letivo, no qual o aluno comprometia-se a prestar serviços psicológicos à comunidade nestas três grandes áreas de atuação profissional. Os estagiários eram responsáveis por fazer a prospecção das instituições para realização dos estágios externos e os atendimentos clínicos, que, por sua vez, ocorriam nas dependências da Clínica-Escola.

    Em 2001, com o início de uma nova gestão do curso, ocorreu uma primeira revisão do Projeto Político Pedagógico.

    Em 2003, novas opções de estágio em diferentes perspectivas teóricas começaram a ser oferecidas, que foram: Psicoterapia Fenomenológica-Existencial, Psicoterapia Junguiana, Psicoterapia Comportamental e Cognitiva e Psicologia Hospitalar, na área clínica e Psicologia Comunitária e Jurídica, na área institucional.

    Ainda neste momento foi criado um novo espaço designado ao atendimento clínico de adolescentes na Clínica-Escola, fruto de várias discussões a respeito da necessidade de atenção e cuidados que considerassem as particularidades desta população por meio de uma área específica de estágio. Assim iniciou-se a modalidade de Psicoterapia Breve de Adolescente, que contemplava em seus pressupostos a inclusão dos pais ou responsáveis no processo.

    Com a ampliação dos campos de estágios, o processo de formação profissional consolidou-se de forma mais efetiva, principalmente com a publicação das Diretrizes Curriculares Nacionais para os cursos de graduação em Psicologia em 2004.

    Para Ancona Lopez (2005), as Diretrizes Curriculares Nacionais para os cursos de graduação em Psicologia trazem com clareza a proposição de uma formação que comprometa o psicólogo a atuar em diferentes contextos, considerando as necessidades sociais e os direitos humanos a partir das características socioculturais do local em que o curso se desenvolve.

    O artigo 4° das Diretrizes (Brasil, 2004) propõe dotar o profissional formado em Psicologia dos conhecimentos requeridos para o exercício de competências e habilidades quanto à: atenção à saúde (prevenção, promoção, proteção e reabilitação individual e coletiva); tomada de decisão (capacidade de avaliar, sistematizar e decidir condutas mais adequadas); comunicação; educação permanente; liderança; administração e gerenciamento (no trabalho multiprofissional).

    O Artigo 25 das DCN define dois grandes eixos norteadores para o exercício das atividades nos Centros de Serviços em Psicologia: 1) auxiliar no desenvolvimento das competências do corpo discente que o curso objetiva e 2) prestar serviços às demandas da comunidade em que está inserido (Boeckel; et al., 2010).

    Em consonância com as Diretrizes Curriculares Nacionais para os cursos de graduação em Psicologia, o curso de Psicologia do Centro de Ciências Biológicas e da Saúde da Universidade Presbiteriana Mackenzie tem como meta central a formação teórica, técnica e científica do psicólogo voltada para a realidade brasileira, respeitando a diversidade teórica e metodológica de forma que o profissional tenha como característica fundamental a busca pelo diálogo interdisciplinar na tarefa de compreender o fenômeno psicológico humano. Sua atuação, portanto, deve ser pautada pelo respeito às pessoas e baseada nos seguintes princípios e compromissos dispostos na Resolução supramencionada:

    I) Construção e desenvolvimento do conhecimento científico em Psicologia.

    II) Compreensão dos múltiplos referenciais que buscam apreender a amplitude do fenômeno psicológico em suas interfaces com os fenômenos biológicos e sociais.

    III) Reconhecimento da diversidade de perspectivas necessárias para compreensão do ser humano e incentivo à interlocução com campos de conhecimento que permitam a apreensão da complexidade e multideterminação do fenômeno psicológico.

    IV) Compreensão crítica dos fenômenos sociais, econômicos, culturais e políticos do país, fundamentais ao exercício da cidadania e da profissão.

    V) Atuação em diferentes contextos considerando as necessidades sociais, os direitos humanos, tendo em vista a promoção da qualidade de vida dos indivíduos, grupos, organizações e comunidades.

    VI) Respeito à ética nas relações com clientes e usuários, com colegas, com o público e na produção e divulgação de pesquisas, trabalhos e informações da área da Psicologia.

    VII) Aprimoramento e capacitação contínuos.

     Formar psicólogos e professores

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