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Inflação e Desinflação na Turquia (1961-2002)
Inflação e Desinflação na Turquia (1961-2002)
Inflação e Desinflação na Turquia (1961-2002)
Ebook52 pages26 minutes

Inflação e Desinflação na Turquia (1961-2002)

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Graduado em Ciências Sociais, mestre e doutor em Ciência Política pela Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP) e com pós-doutoramento realizado na École Normale Supérieure de Lyon. É docente de Ciência Política na Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), campus Sorocaba. Seus temas de pesquisa estão nos seguintes campos: economia política internacional, política comparada, desenvolvimento, política e economia no Brasil.
LanguagePortuguês
Release dateMar 8, 2018
ISBN9788546205035
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    Inflação e Desinflação na Turquia (1961-2002) - José Marcos Nayme Novelli

    Final

    INTRODUÇÃO

    A partir de uma abordagem que é própria da Economia Política Internacional, o objetivo do livro é investigar os elementos que permitiram a manutenção de um regime de inflação na Turquia, bem como aqueles que possibilitaram a obtenção tardia da estabilidade de preços. O livro foi dividido em quatro seções: além desta breve introdução; um capítulo é dedicado a uma reconstituição analítica dos principais momentos da história política e econômica da República da Turquia, do seu nascimento na década de 1920 às crises por que passou no início do século XXI; o outro capítulo investiga a singularidade turca, qual seja, a persistência de um regime de inflação alta na década de 1990, o processo de desinflação tardia, estabilização de preços e implantação de reformas estruturais; e, finalmente, as considerações finais¹.

    CAPÍTULO I

    HISTÓRIA POLÍTICA E ECONÔMICA DA TURQUIA

    No final da década de 1920, constituiu-se na Turquia uma coalizão formada pelas elites burocráticas, capitalistas industriais, trabalhadores industriais e agricultores que iriam formar a base social que sustentou a estratégia de industrialização substitutiva de importações. Esta era baseada em um regime comercial protecionista; em empresas estatais produzindo bens intermediários e atuando na área de infraestrutura; e em um sistema financeiro – estatal ou privado (neste caso organicamente ligado ao capital industrial) – que garantia financiamento barato. A rentabilidade do capital era assegurada pelo: i) protecionismo; ii) bens intermediários baratos; e iii) crédito barato, fatores que criavam as condições para que o capital industrial pagasse salários mais elevados e aceitasse, internamente, termos de troca mais favoráveis para a agricultura (Boratav; Yeldan, 2001, p. 5)².

    Embora a industrialização da economia turca liderada pelo Estado tenha se iniciado na década de 1930 e se acelerado após o final da Segunda Guerra Mundial, a industrialização substitutiva de importações voltada para o mercado interno e baseada em medidas protecionistas caracterizou apenas o período 1961-1977. Entre 1946-1960, o desenvolvimento foi puxado pela agricultura e foi voltado para o mercado externo (Onis, 2003a, p. 70).

    A implantação de um padrão de industrialização lastreado na substituição de importações em 1961 ocorreu após o golpe militar promovido no ano anterior. O golpe, por sua vez, foi resultado de um processo, cujas origens remontam à criação do Partido Democrata (PD) em 1946. Este partido surgiu como uma dissidência do CHP, criticado como autoritário. Com o apoio da burguesia privada e com forte penetração nas áreas rurais, o PD ganhou as eleições de 1950 e começou a implantar uma política de apoio a empresas privadas e ao investimento estrangeiro³. Contudo, o PD passou a agir da maneira outrora criticada como autoritária e tentou suprimir a oposição. O aumento da violência política e a interpretação dos militares de que a vigência dos princípios kemalistas estava em risco selaram a sorte do governo do PD.

    A intervenção militar foi relativamente breve em relação ao funcionamento do Parlamento. O CHP ganhou as eleições de 1961 e fez o primeiro ministro, mesmo sem ter conquistado a maioria. O Partido Justiça (AP) foi formado a partir de grande parte dos quadros do PD e também se considerava herdeiro dos princípios kemalistas, mas concedia um papel mais relevante ao capital privado e estrangeiro. Essa

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