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Trabalhando com jogos cooperativos: Em busca de novos paradigmas na educação física
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Trabalhando com jogos cooperativos: Em busca de novos paradigmas na educação física
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Trabalhando com jogos cooperativos: Em busca de novos paradigmas na educação física

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Esse livro resultou da inquietação do autor em relação à dicotomia existente no ensino de educação física: se a cooperação é um comportamento tão valorizado nos discursos dos educadores, por que, muitas vezes, não é privilegiado nas práticas escolares?
O autor discute as possibilidades e os limites dessa proposta pedagógica no contexto escolar da educação física, mostrando como a adoção de jogos cooperativos pode contribuir para o pleno desenvolvimento das habilidades sociais dos alunos. Fundamentado na literatura da área, demonstra a importância de que se cultive a cooperação, com a consequente modificação de práticas, conceitos e valores competitivos comumente encontrados na escola.
O livro oferece ainda um conjunto de atividades, como sugestão para os professores, que pode servir para iniciar um trabalho que valorize a cooperação. As atividades apresentadas são abertas e podem ser modificadas de acordo com o contexto e as vivências de professores e alunos, caracterizando assim um processo de aprendizagem ativa. - Papirus Editora
LanguagePortuguês
Release dateMar 23, 2016
ISBN9788544901830
Trabalhando com jogos cooperativos: Em busca de novos paradigmas na educação física

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    Trabalhando com jogos cooperativos - Marcos Miranda Correia

    cooperativa.

    1

    UM CHAMADO À COOPERAÇÃO

    No contexto mundial, há atualmente uma grande preocupação, em diversos setores da sociedade, com as relações sociais, políticas, econômicas, ecológicas e educacionais, seus reflexos no futuro da humanidade e do planeta. Isso porque, até aqui, essas relações não ocorreram em situações de igualdade, de respeito mútuo, de solidariedade e de cooperação entre a maioria dos povos e países. Ao contrário, na história da civilização, prevaleceram a dominação, a exploração e a competição.

    Capra (1982 e 2001), Boff (2000), Santos (2001) e Russel (1992) identificam crises e problemas que justificam a preocupação com o futuro. Esses autores mostram que, se mantidas as concepções vigentes de civilização e de globalização, bem como os paradigmas éticos e científicos que as sustentam, crises e problemas dificilmente serão resolvidos. Com isso, correremos o risco de conduzir o planeta e a dignidade humana a condições próximas aos tempos de barbárie ou, até mesmo, de não termos futuro.

    Santos retoma dos cientistas sociais de meados do século XIX problemas fundamentais, que, apesar de antigos, ainda estão evidentes e carentes de uma nova discussão e de soluções diferentes. O autor entende esses problemas fundamentais como

    problemas que estão na raiz das nossas instituições e das nossas práticas, modos profundamente arraigados de estruturação e de ação sociais considerados por alguns como fontes de contradições, antinomias, incoerências, injustiças que se repercutem com intensidade variável nos mais diversos setores da vida social. (2001, p. 282)

    O autor ressalta que essa discussão deve superar a centralidade, a superficialidade e o imediatismo das soluções dadas pela ciência moderna. Ele reconhece as dificuldades presentes nessa tarefa e ressalta a importância e a urgência de sairmos dessa visão simplista. Propõe soluções de longo prazo, de forma profunda, ampla, coletiva e global. Em sua análise prospectiva, identifica problemas nas relações sociais que vão desde o espaço doméstico/familiar ao mundial/global, além de serem extremamente complexos.

    Embora Santos admita a possibilidade de surgirem outros espaços e relações, ele define quatro espaços de relações sociais, designados como espaços-tempos estruturais: o espaço-tempo doméstico, o espaço-tempo da produção, o espaço-tempo da cidadania e o espaço-tempo mundial (p. 286). Em cada espaço-tempo, identifica problemas fundamentais que não foram originados e nem devem ser problematizados separadamente; ao contrário, precisam ser entendidos e solucionados conjuntamente. Daí a complexidade desses problemas. Com a ressalva dessa complexidade, o Quadro 1 destaca, em cada espaço-tempo, alguns dos principais problemas.

    É importante ressaltar as cisões nesses espaços-tempos, características das relações estabelecidas na sociedade dita civilizada:

    • no mundial: norte x sul e centro x periferia;

    • no doméstico: homem x mulher;

    •  no da produção: capital x trabalho e trabalho-capital x natureza;

    • no da cidadania: Estado x cidadão.

    QUADRO 1 – Descrição dos problemas fundamentais

    em cada espaço-tempo, de acordo com Santos (2001)

    Essas divisões dificultam e retardam o surgimento de uma visão solidária, coletiva e global para os problemas fundamentais. Segundo Santos (2001, p. 299),

    os problemas mais sérios com que se confronta o sistema mundial são globais e como tal exigem soluções globais, marcadas não só pela solidariedade dos ricos com os pobres do sistema mundial, como também pela solidariedade das gerações futuras.

    Logo, torna-se necessário transpor essa divisão e, para isso, é preciso encontrar referência em outros olhares, em novos horizontes, diferentes da objetividade e do tecnicismo dominantes na nossa civilização. Essa referência deve ser a utopia... a exploração de novas possibilidades e vontades humanas (idem, p. 323). Esse olhar utópico não significa negar o passado, porém, significa buscar alternativas naquilo que a civilização, o progresso desmedido, o cientificismo e a racionalidade deixaram de lado e que os colonizadores do norte fizeram de tudo para suprimir; ou seja, fazer

    uma arqueologia virtual porque só interessa escavar sobre o que não foi feito, e por que não foi feito, ou seja, por que é que as alternativas deixaram de o ser. Neste sentido a escavação é orientada para os silêncios e para os silenciamentos, para as tradições suprimidas. (Idem, p. 324)

    Todavia, não é necessário inventar um mundo novo, idealizado e distante da realidade, das subjetividades e das condições atuais. O que o autor propõe não é a invenção de uma nova sociedade perfeita. Sua proposta é um efetivo processo de transição da realidade objetiva em que vivemos para uma realidade ainda não realizada, porém, discutível, aberta e possivelmente realizável. Fazer essa arqueologia é ouvir o sul, os excluídos, marginalizados e/ou esquecidos – a natureza, a mulher, o trabalhador, o sujeito-cidadão – na divisão global que estabelecemos para o mundo de hoje, fazendo, ao mesmo tempo, que o norte olhe para si mesmo: É crucial conhecer o Sul para conhecer o Sul nos seus próprios termos, mas também para conhecer o Norte (Santos 2001, p.

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