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Novas comunidades: Primavera Da Igreja
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Novas comunidades: Primavera Da Igreja

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Fundadores e co-fundadores das diversas comunidades que constituem a "Frater", Fraternidade das Novas Comunidades do Brasil, apresentam o que são as Novas Comunidades e como elas são constituídas. Com base nas características peculiares desses movimentos, uma nova realidade na Igreja é apresentada, mostrando a riqueza dos diversos estados de vida reunidos e vivendo uma consagração. Realidade que vem para atender as necessidades urgentes da Igreja e da sociedade atual.
LanguagePortuguês
Release dateMar 24, 2016
ISBN9788576776611
Novas comunidades: Primavera Da Igreja

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    Book preview

    Novas comunidades - Fraternidade Das Novas Comunidades do Brasil

    Apresentação

    Numa época ao mesmo tempo maravilhosa e cheia de desafios, Deus oferece uma nova primavera do Espírito para enfrentar as exigências da nova evangelização. Suas manifestações são múltiplas e encontram no Concílio Vaticano II, com a riqueza de doutrina e impostação pastoral, as principais referências. Trata-se de uma incrível onda de criatividade pastoral; caminhos novos para que a Boa-nova do Reino de Deus seja proclamada.

    Neste quadro, encontra-se as Novas Comunidades, tema da presente obra. Sua história é recente, mas dão provas de grande vitalidade, com frutos que se multiplicam em todas as partes e respondem a muitas das exigências atuais da evangelização.

    As Comunidades nasceram da descoberta de Jesus Cristo. E nós vivemos num mundo mais secularizado, no qual, para muitas pessoas, Deus não existe. Como fazê-las encontrar Deus? Levá-las à Igreja e fazê-las assistir a uma bonita celebração da missa? Isto, para muitos, é algo impossível, pois correm o risco de parar nos ritos e pensar que Jesus é uma realidade de outros tempos. Nesta situação, a realidade das comunidades revela toda a sua urgência e atualidade, levando-nos a experimentar Jesus como personagem vivo no hoje da história, que caminha no meio dos seres humanos e está presente e age de maneira especial na Comunidade de Igreja.

    As Comunidades são chamadas a experimentar a presença salvadora de Jesus mediante a caridade, a vivência do mandamento novo de Jesus – amai-vos uns aos outros como eu vos amei – para atrair as pessoas. É o método de evangelização do nosso tempo! Sua força de atração está no contato que as pessoas estabelecem com seu modo novo e radical de viver o Evangelho. Aqui se fala em partilha de bens, enriquecimento recíproco entre os diversos estados de vida, experiência da providência de Deus. Trata-se de uma vida que chama muito antes das palavras. As pessoas participantes delas experimentam a graça.

    A vida de comunidade é a ponte que une a dimensão visível e invisível da Igreja. Muitas vezes se põe em relevo a distância entre o que é a Igreja visível e o que ela é no desígnio de Deus, entre a Igreja como realidade concreta e sociológica e o que ela é em seu ser mais profundo. Como superar este impasse? O caminho é buscar, antes de tudo, a vida na caridade.

    Por isso o Espírito suscitou novas formas de vida comunitária em nosso tempo, para a Igreja, para a santificação do mundo e para a evangelização. Se os membros das comunidades levarem a sério a própria vocação, vivendo-a em plena comunhão com os bispos de suas dioceses, poderão oferecer ao mundo uma imagem belíssima da Igreja, que é una, santa católica e apostólica.

    Com a formação de comunidades autênticas e vivas, o mundo verá uma nova face da Igreja. Uma nova vida de comunhão pode ser carregada de um novo dinamismo, no qual a Igreja se torna fermento e alma, ao espalhar a fraternidade e a vida trinitária em todos os campos da vida da humanidade, tornando-se, assim, o lugar em que se realiza a aspiração profunda de toda pessoa humana a uma realização na liberdade e na comunhão. Daí se explica o desdobramento dos Carismas das Comunidades, no campo da evangelização, da formação, no ecumenismo, nas obras sociais e na educação.

    A maioria das Novas Comunidades vem da Renovação Carismática Católica. Abrindo-se ao Espírito e redescobrindo no Pentecostes suas origens, elas são capazes de experimentar, como as primeiras comunidades, uma verdadeira vida de comunhão e relacionamento fraterno profundo. Amem profundamente a Igreja, insiram-se com fidelidade na vida das Igrejas locais e sejam, como base de todo o resto, capazes do amor recíproco, que faz os homens e as mulheres de nosso tempo nos reconhecer como verdadeiros discípulos de Cristo. Como não temos, por nós mesmos, tal força, que nos seja concedido o Espírito Santo, que é por si comunhão e unidade.

    Conhecê-las é uma das riquezas da Igreja em nosso tempo. Meu convite é que os diversos aspectos de sua presença e testemunho na Igreja suscitem maior amor à Igreja e compromisso real com a nova evangelização.

    Dom Alberto Taveira Corrêa

    Arcebispo Metropolitano de Palmas

    Assistente Espiritual da Fraternidade Internacional das Novas Comunidades

    Introdução

    Novas Comunidades: Quem Somos Nós?

    Monsenhor Jonas Abib

    A primeira vez que a Igreja falou oficialmente de Novas Comunidades ou Novas Fundações foi na Exortação Apostólica Vita Consecrata do papa João Paulo II.

    Este documento, publicado pelo Santo Padre em 25 de março de 1996, é resultado do sínodo sobre a Vida Consagrada que aconteceu em outubro de 1994. Portanto, todo ele trata da Vida Consagrada, termo usado exclusivamente pelos Institutos de Vida Religiosa e as Sociedades de Vida Apostólica.

    O número 62 da Exortação Apostólica tem por título Novas formas de vida evangélica e diz:

    O Espírito que, ao longo dos tempos, suscitou numerosas formas de Vida Consagrada não cessa de assistir a Igreja, quer alimentando nos Institutos já existentes o esforço de renovação na fidelidade ao carisma original, quer distribuindo novos carismas a homens e mulheres do nosso tempo, para que dêem vida a instituições adequadas aos desafios de hoje. Sinal desta intervenção divina são as chamadas novas Fundações, com características de algum modo originais relativamente às tradicionais.

    O título designado indica que o papa João Paulo II fala de uma realidade nova, e não simplesmente da Vida Consagrada tradicional.

    O trecho acima evidencia que o Papa chama esta realidade, denominada hoje pela Igreja de Novas Fundações, e as diferencia das formas tradicionais da Vida Consagrada.

    A seguir, o Santo Padre mostra a originalidade (termo forte por significar algo novo) das Novas Comunidades:

    A originalidade destas novas comunidades consiste freqüentemente no fato de se tratar de grupos compostos de homens e mulheres, de clérigos e leigos, de casados e solteiros, que seguem um estilo particular de vida, inspirado às vezes numa ou noutra forma tradicional ou adaptado às exigências da sociedade atual. Também o seu compromisso de vida evangélica se exprime em formas diversas, manifestando-se, como tendência geral, uma intensa aspiração à vida comunitária, à pobreza e à oração. No governo, participam clérigos e leigos, segundo as respectivas competências, e o fim apostólico vai ao encontro das solicitações da nova evangelização.

    Não é verdade que este é um retrato das nossas comunidades de Vida e Aliança? O papa João Paulo II, como vimos antes, chama-as de um sinal da intervenção divina para responder às necessidades urgentes da Igreja e da sociedade nos nossos tempos.

    Cada uma das Novas Comunidades é uma obra de Deus. Posso dizer ainda: é uma obra-prima de Deus; muito mais que as obras dos grandes artistas. E cada uma teve seu lugar na mente criadora do nosso Pai. Um lugar somente seu na vontade ativa do Pai, que vai realizando continuamente o seu projeto até terminá-lo. Principalmente, cada uma das nossas Novas Comunidades tem um lugar só seu no coração do Pai, que contempla a sua obra se fazendo no tempo, e se alegra com a sua realização.

    O texto que se segue ainda no número 62 é intrigante: parece que ele é um balde de água fria, sobretudo para as palavras de João Paulo II, que vinha nos entusiasmando a respeito das Novas Comunidades. Mas, se debruçarmos sobre o texto, perceberemos que ele é positivo e alentador. Acompanhe atentamente:

    Se, por um lado, há que alegrar-se perante a ação do Espírito, por outro, é necessário proceder ao discernimento dos carismas. Princípio fundamental para se poder falar de Vida Consagrada é que os traços específicos das novas comunidades e formas de vida se apresentem fundados sobre elementos essenciais, teológicos e canônicos, que são próprios da Vida Consagrada.

    Aqui, o Santo Padre está dizendo que, entre as Novas Comunidades e todas as realidades novas que têm surgido na Igreja, há algumas que se sentem chamadas à Vida Consagrada propriamente dita, mas, para que isso seja comprovado, é necessário proceder ao discernimento dos carismas, e acrescenta que

    o princípio fundamental para se poder falar de Vida Consagrada é que os traços específicos das Novas Comunidades e formas de Vida (dessas, portanto, que se sentem chamadas a ser uma comunidade de Vida Religiosa) se apresentem fundadas nos elementos essenciais, teológicos e canônicos, que são próprios da Vida Consagrada.

    Apenas dessa forma as Comunidades poderão se enquadrar na Vida Consagrada e se assumir como uma Comunidade de Vida Religiosa.

    Temos um exemplo muito próximo, a Toca de Assis, conhecida por todos nós.

    Padre Roberto Letieri, a quem tive a oportunidade de acompanhar desde o início, foi sentindo que a sua Comunidade era chamada à Vida Consagrada. Ajudado pelo arcebispo de Campinas, Dom Gilberto Pereira Lopes, padre Roberto trabalhou para que esta nova fundação se enquadrasse nos elementos essenciais, teológicos e canônicos próprios da Vida Consagrada. Foi assim que ele conseguiu a aprovação diocesana como Filhos da Pobreza do Santíssimo Sacramento e Filhas da Pobreza do Santíssimo Sacramento – duas fundações distintas com o mesmo fundador, com estrutura de vida própria, com governo próprio, como é exigido canonicamente.

    Dom Gilberto, hoje emérito, teve como sucessor Dom Bruno Gamberini, que igualmente os acompanha com muita solicitude, encaminhando-os diante da Sagrada Congregação para Vida Religiosa, a fim de que tanto os Filhos como as Filhas da Pobreza do Santíssimo Sacramento sejam reconhecidos como Congregação Religiosa.

    Certamente você conhece aqui no Brasil, ou em outros países, outras Comunidades que se encaminharam para a vida religiosa. São destas que o texto está falando e não das muitas Comunidades Novas que surgiram e são compostas de homens e mulheres, de clérigos e leigos, de casados e solteiros, que seguem um estilo particular de vida, como foi apresentado no mesmo número 62 do documento citado. Portanto, as nossas Comunidades não podem ser enquadradas naquilo que a Igreja chama de Vida Consagrada. Em outras palavras: não somos religiosos. E realmente não somos mesmo. Somos algo novo que o Espírito Santo suscitou e que a Igreja acolhe com alegria e como sinal de uma intervenção divina, e, por isso, é necessário que permaneçamos assim.

    Por ser inédita, essa novidade trazida pelo Espírito ainda não é contemplada no Código de Direito Canônico. Publicado em 25 de janeiro de 1983, o atual código levou um longo tempo para ser elaborado na fase pós-conciliar. Naquela época, a realidade das Novas Comunidades estava ainda no seu início.

    A Canção Nova, que é a primeira Comunidade de Vida do Brasil, foi fundada em 2 de fevereiro de 1978. As outras Comunidades de Vida e Aliança dos Estados Unidos e da Europa não são muito mais antigas. Naquele tempo não havia elementos suficientes para o Código de Direito Canônico contemplá-las. Todas as Comunidades que recebem seu reconhecimento e aprovação diante da autoridade diocesana e do Pontifício Conselho para os Leigos têm sido incluídas como Associação de Fiéis.

    Os nossos pastores, que conhecem e se interessam pelas Novas Comunidades, e muitos deles são muito próximos a nós, têm nos repetido: é necessário paciência histórica. É preciso passar pela prova do tempo.

    Nossas comunidades não podem ser incluídas na categoria específica da Vida Consagrada, pois possuem em sua formação diversos estados de vida. Sendo assim, o celibato consagrado não é vivido por todos igualmente. Existem, sim, nas nossas comunidades, pessoas que assumem o celibato consagrado, mas nelas existem também casais e solteiros que aguardam a definição do seu estado de vida.

    A esse respeito fala claramente o número 62 da Exortação Apostólica Vita Consecrata:

    Não podem ser incluídas na categoria específica da Vida Consagrada aquelas formas de compromisso, se bem que louváveis, que alguns esposos cristãos assumem em associações ou movimentos eclesiais, quando com a intenção de levarem à perfeição da caridade o seu amor, como que consagrado já no sacramento do matrimônio, confirmam com um voto o dever de castidade próprio da vida conjugal e, sem transcurar os seus deveres para com os filhos, professam a pobreza e a obediência. A necessária especificação acerca da natureza desta experiência não quer subestimar este particular caminho de santificação, ao qual não é certamente alheia a ação do Espírito Santo, infinitamente rico nos seus dons e inspirações.

    A novidade e a criatividade do Espírito, que foram reservadas às nossas comunidade, são justamente a diversidade de estados de vida, vivendo conjuntamente, dentro das mesmas estruturas, sendo um só e mesmo carisma. Veja que riqueza possuímos e como podemos com ela levar uma valiosíssima contribuição à Igreja e a toda sociedade. Logo, não é verdade que devemos acolher e assumir esse modo de vida que nos foi reservado? Recebendo tão grande presente, só podemos fazer dele um dom para a Igreja e para a sociedade de hoje, tão necessitada deste testemunho concreto e vital.

    Diante de tudo isso, o papa João Paulo II nos diz:

    Face a tanta riqueza de dons e impulsos inovadores, parece oportuno criar uma Comissão para as questões referentes às novas formas de Vida Consagrada, com o objetivo de estabelecer critérios de autenticidade, que sirvam de ajuda no discernimento e nas decisões. Entre outras tarefas, deverá essa Comissão avaliar, à luz da experiência destes últimos decênios, as novas formas de consagração que a autoridade eclesiástica pode, com prudência pastoral e proveito comum, reconhecer oficialmente e propor aos fiéis desejosos de uma vida cristã mais perfeita.

    Embora não façamos parte da tradicional Vida Consagrada, vivemos uma consagração de vida, como se costuma dizer hoje. A Igreja a constata, acolhe e nos

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