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Bibliodrama pastoral na catequese: Ferramentas expressivas e experienciais para comunicar o texto sagrado às crianças
Bibliodrama pastoral na catequese: Ferramentas expressivas e experienciais para comunicar o texto sagrado às crianças
Bibliodrama pastoral na catequese: Ferramentas expressivas e experienciais para comunicar o texto sagrado às crianças
Ebook288 pages2 hours

Bibliodrama pastoral na catequese: Ferramentas expressivas e experienciais para comunicar o texto sagrado às crianças

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About this ebook

Esta obra é uma ferramenta útil e eficaz para todos os catequistas, que buscam facilitar o encontro entre os textos bíblicos e a vida de cada catequizando, concedendo a cada um a oportunidade de descobrir a preciosidade das histórias bíblicas e de se espelharem nelas. O livro traz uma nova forma de se aproximar da Palavra de Deus, tornando-a uma verdadeira fonte de vida e inspiração.
LanguagePortuguês
Release dateJul 11, 2017
ISBN9788527616201
Bibliodrama pastoral na catequese: Ferramentas expressivas e experienciais para comunicar o texto sagrado às crianças

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    Bibliodrama pastoral na catequese - Loredana Vigini

    1

    FERRAMENTAS EXPRESSIVAS

    E EXPERIENCIAIS PARA A

    CATEQUESE

    1.1

    Especificidade do Bibliodrama Pastoral

    1.1.1 Características essenciais

    OBibliodrama, como dissemos, não é um teatro bíblico. Habitualmente, faz-se atividades como essa com as crianças, ou seja, dramatiza-se uma cena, confiando a cada uma delas uma personagem. Elas têm de estudar e decorar a peça recebida, e a encenação se realiza posteriormente, após muitos ensaios.

    O Bibliodrama Pastoral distingue-se do teatro bíblico especialmente por três aspectos:

    A personagem não é designada, mas cada um escolhe aquela que, no momento, depois de uma explicação adequada, sente falar mais para si ou a que o atrai mais.

    Para dramatizar a personagem (ou dar-lhe a voz, de acordo com as várias ferramentas que explicaremos), não é preciso decorar uma parte, mas se colocar no papel dela e falar espontaneamente, como se fosse tal personagem. Nesse sentido, não são privilegiadas as capacidades intelectuais da criança, mas sua autenticidade, permitindo-lhe a expressão serena do mundo interior, no qual não há o mais inteligente e o menos capaz, mas cada um é o melhor, porque o mundo interior é parte de cada pessoa e é algo único e incomparável.

    Ele oferece uma atenção especial ao aspecto emocional/sentimental do que vai sendo representado, pois o que deve sobressair não é só o conhecimento sobre algo que aconteceu e que é contado na Bíblia, mas, sobretudo, o que as personagens podem ter experimentado naquela situação, que, desassociada dos aspectos culturais de dois mil anos atrás, apresenta aspectos relacionais ainda experimentáveis na vida normal. Isso permite, então, que a experiência de espelhamento, em que todos são chamados a comparar o que viram/experimentaram com a sua própria experiência diária, traga resultados para a vida.

    Com isso, o Bibliodrama já opera, de forma positiva, um crescimento relacional do grupo, não havendo a tensão da comparação, pois cada participante é considerado importante e único pelo que é e pelo modo como oferece aos outros o seu ponto de vista, que é diferente e, por isso, enriquecedor.

    1.1.2 O contexto da experiência

    Um encontro de catequese em que se aplica o Bibliodrama Pastoral requer uma certa configuração, isto é, um ambiente físico e relacional que faça com que seja possível a realização da experiência nas suas características peculiares.

    A seguir, os elementos básicos a serem considerados.

    1.1.2.1 LUGAR

    A experiência do Bibliodrama deve se realizar em uma sala apropriada, e se devem seguir estas características e condições:

    todos têm de estar em círculo;

    no centro, deve haver um espaço suficiente para se vivenciarem as várias dinâmicas planejadas, permitindo que todas as crianças possam se movimentar;

    cada um deve se sentir livre para se expressar em voz alta, sem medo de atrapalhar outros grupos próximos;

    se possível, é conveniente dispor um tapete no centro da sala, a fim de que as crianças se sentem ou mesmo se deitem no chão.

    No caso de uma sala muito grande, é necessário ter o cuidado de demarcar o espaço a ser utilizado com sinais no chão ou, simplesmente, colocando quatro cadeiras nos cantos. De fato, esse espaço deve ser suficiente para ser ocupado por todos juntos, e, ao mesmo tempo, deve permitir o encontro entre todos, o que poderia não acontecer se todo o espaço da sala fosse usado.

    1.1.2.2 REGRAS

    Um encontro em que se usam as ferramentas do Bibliodrama testa a espontaneidade da pessoa e a deixa vulnerável, exigindo sua autenticidade e a induzindo a remover toda máscara defensiva. Por isso, antes de fazer um encontro desse tipo, é importante que o grupo seja sensibilizado sobre algumas regras, as quais são necessárias para a realização do encontro. Na verdade, cada criança/adolescente deve se sentir em um ambiente protegido, para poder se expressar livremente e trazer para fora o melhor e o mais verdadeiro de seu mundo interior.

    São quatro as regras que devem caracterizar essa reunião:

    Todos são chamados a realizar o que o catequista pede, na liberdade. Essa regra é essencial para dar ao Bibliodrama sua especificidade: ninguém pode se expressar sendo forçado, não seria autêntico. No caso das crianças, as atividades devem ser falicitadas e adequadas, para garantir a liberdade, ressaltando, ao mesmo tempo, a importância de que todos participem – lembrando que o jogo é melhor quando todo mundo está dentro dele.

    Cada um fala em primeira pessoa, realizando as indicações do catequista, seguindo sua própria inspiração, e não seguindo o que os outros dizem ou fazem. É claro que essa regra é muito difícil para as crianças, que são naturalmente inclinadas a seguir o que o amigo faz. Assim, é necessário retomá-la várias vezes durante a reunião, especialmente no momento em que todos são chamados a expressar seu próprio ponto de vista.

    Cada um escuta a partilha do outro sem julgá-lo e sem rir daquilo que ele diz ou faz. Ressaltamos a importância dessa regra para que todos possam se expressar, sem medo de ser ridicularizados. Essa regra será retomada várias vezes durante o encontro, especialmente nas situações e ferramentas que podem favorecer o riso.

    Devido ao fato de cada um se expressar em liberdade, é importante ressaltar que tudo o que será partilhado ficará dentro do grupo: ninguém levará isso para fora do contexto dessa reunião especial.

    Essas regras se aplicam a cada experiência de Bibliodrama, e valem também para grupos de adultos. Quando o grupo é composto de crianças, tais regras ressaltam as responsabilidades desses pequenos. É, de fato, educativo e formativo conscientizar as crianças sobre a vida do grupo: isso as prepara para a vida social. Comunicar essas regras no início da reunião também ajuda a criar um clima de expectativa: vai acontecer algo especial. Sublinhar a responsabilidade pessoal e a importância do segredo (que normalmente se dá entre melhores amigos) enche as crianças de expectativa, e elas se tornam protagonistas.

    Às regras citadas, o catequista irá adicionar também aquelas referentes à disciplina, ou mesmo consideradas importantes para o grupo.

    Deve-se ter em mente que, em comparação a qualquer outro grupo cujos membros participam espontaneamente, no grupo da catequese as crianças participam por obrigação; por isso, nem sempre aceitam essas regras. Quando as crianças não respeitam o que lhes foi pedido, o catequista pode decidir interromper a experiência; continuar, nesse caso, pode ser improdutivo.

    1.1.2.3 TEMPOS

    Uma experiência de Bibliodrama na catequese deve considerar o tempo disponível para essa atividade. O tempo ideal de um Bibliodrama, para se viver a experiência em totalidade, é uma hora e meia. Mas também pode ocorrer em um tempo reduzido – meia hora ou quarenta e cinco minutos. Em todo caso, essa experiência deve começar e terminar durante a mesma reunião. Assim, na escolha das ferramentas, é preciso levar em consideração o tempo disponível. Se o tempo for limitado, podem-se programar duas reuniões diferentes sobre o mesmo trecho bíblico. Cada encontro, porém, deve ter sua conclusão normal, porque não é possível iniciar a partir de um ponto de interrupção anterior: a situação muda, o clima muda, os mesmos participantes são diferentes, pois, a cada dia, cada um é diferente, influenciado pela experiência pessoal diária.

    Em caso de tempo reduzido, é importante escolher ferramentas que caibam nele, sem ter de forçar a conclusão.

    1.1.3 Os limites do Bibliodrama na catequese

    A partir do que foi dito até agora, entendemos como o contexto da catequese é totalmente diferente de outros contextos, por limites concretos de tempo, espaço e liberdade de escolha. Por isso, queremos enfatizar que, nela, não podemos viver um Bibliodrama como tal, mas podemos usar ferramentas do Bibliodrama para enriquecer a compreensão do texto bíblico, sempre de forma participativa, experiencial e expressiva, tornando o encontro agradável.

    Também ressaltamos que essa é uma possibilidade, um método; não é o mais apropriado ou o mais perfeito, tampouco o único. Há muitas outras experiências, úteis neste contexto, igualmente ricas e envolventes. O Bibliodrama pode ser usado pelos catequistas que o sentem em consonância com sua própria maneira de sentir e abordar não só o texto bíblico, mas a própria experiência de vida e de fé. Ele vai tocar o coração da pessoa, e, por isso, requer, por parte daqueles que o utilizam, consciência e capacidade suficiente de gerir as emoções, suas e das crianças. Essa experiência, de fato, pode ajudar a exteriorizar elementos importantes da vida interior das crianças.

    Nesse sentido, lembramos os limites de qualquer experiência de Bibliodrama na catequese: não é uma experiência terapêutica ou de cura, e não podemos ultrapassar os limites do contrato formativo entre o catequista e o grupo. É preciso sempre permanecer no conhecimento da Palavra e não se deve invadir o nível pessoal, especialmente se a experiência mexer com traumas da criança, passados ou atuais. Como cristãos, sabemos que a Palavra é o próprio Jesus e que, portanto, o encontro com o texto bíblico é o encontro com Jesus-Palavra: Ele é o terapeuta verdadeiro, que pode conceder paz e harmonia aos corações daqueles que, feridos, aproximam-se d’Ele.

    1.2

    Colocar a Pessoa no Centro

    1.2.1 Um encontro integral com a pessoa

    Acriança, com relação ao catequista, não é um recipiente a ser preenchido com informações, mas uma pessoa com necessidades educacionais diferentes, que se referem a todas as suas dimensões.

    Já ressaltamos como as técnicas de Bibliodrama, aplicadas à interpretação das personagens dos trechos bíblicos, ajudam a pessoa a entrar em contato com seu mundo interior, tomando consciência de seus sentimentos e emoções. Dessa forma, o Bibliodrama pode ser uma ferramenta valiosa para educar a criança a reconhecer esse mundo interior e a geri-lo, impedindo que ele se torne o mestre de sua vida, ou que ela mesma se torne escrava de suas próprias emoções.

    A oportunidade de vivenciar – embora na meia realidade – emoções e sentimentos, e de ter o direito de expressá-los, sem receber julgamentos por isso, ensina as crianças a olharem para si mesmas de uma forma objetiva e pessoal: isso ajuda para um crescimento mais maduro. Além de oferecer conhecimento bíblico e histórico, portanto, o Bibliodrama na catequese pode ter a grande função educativa. Ademais, na fé, acreditamos que o encontro com a Palavra não nos deixa como antes: o contato com a verdade de si mesmo se torna o cenário perfeito para um verdadeiro encontro com Deus e sua ação transformadora.

    Mente, emoções, instintos, valores recebidos e aprendidos, busca de sentido... a criança é tudo isso. O Bibliodrama ajuda a garantir que todas as partes da pessoa sejam colocadas em uma relação harmoniosa entre elas, e que sejam alimentadas pela escuta interior e pela conscientização. Tudo isso ajuda as crianças a encontrarem maior estabilidade e serenidade, para se tornarem pessoas equilibradas e comprometidas.

    Cada catequista, ciente de todas essas dimensões, deve permanecer em escuta às crianças e às suas perguntas.

    Para conduzir um encontro de forma expressiva e experiencial, que ajude a criança a se expressar na autenticidade, é preciso ter o cuidado de preparar um ambiente em que ela fique à vontade e que a auxilie a olhar para dentro de si e a decifrar pacificamente as perguntas internas. Ressaltamos, então, a importância desses aspectos, especialmente na experiência introdutória (parte 1), que prepara para o encontro com o texto bíblico e com as respostas existenciais que este oferece. Essa fase é parte integrante e essencial do encontro com o Bibliodrama.

    Nas próximas duas partes, olharemos, em especial, para essas dimensões, dando algumas dicas sobre como promover um encontro autêntico no grupo, para que a criança possa ficar à vontade (parte 2); e sobre a forma de sensibilizar os participantes sobre o tema, a fim de ajudá-los a exteriorizar suas questões interiores (parte 3).

    1.2.2 Promover um encontro autêntico

    Na reunião em que se emprega o Bibliodrama, é necessário que cada criança encontre o seu espaço dentro do grupo. Além das regras que apresentamos, que ajudam a criar um clima de confiança mútua, é importante que, no início do encontro, haja um tempo em que todos se acolham, tal como cada um é no aqui e agora da reunião.

    No grupo, todas as crianças se conhecem entre si; mas, na verdade, todos os dias somos chamados a lidar com a tensão e com o risco da relação, que, às vezes, trazem consigo um pouco de medo. Será tarefa primária do catequista fazer com que todos se sintam parte do grupo, que se sintam importantes, desejados e queridos nele. Sem essa consciência e clara percepção, será difícil que a criança se exponha em sua autenticidade e que se expresse.

    Concretamente, há diferentes dinâmicas que podem ajudar nisso, chamadas no Bibliodrama de dinâmicas de apresentação. Eis algumas delas:

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