Suicídio: Prevenção pela educação
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Para dar um aspecto prático, a autora inclui relatos de fatos nos quais ocorrem situações reais de perdas, agressão ou vivências infantis prejudiciais; e a atuação do educador diante dessas situações no sentido de prevenir, nos educandos, o desenvolvimento de personalidades com tendência à autodestruição e, consequentemente, ao suicídio.
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Book preview
Suicídio - Valy Giordano
Aos meus filhos:
Cantídio
Cláudia
Caio
Marcelo e
Daniela,
meus mestres e
meus discípulos
O que é feito às crianças, elas farão à sociedade.
Karl Menninger
Copyright© Valy Giordano 2018
Proibida a reprodução no todo ou em parte,
por qualquer meio, sem autorização do editor.
Direitos exclusivos da edição em língua portuguesa no Brasil para:
Silvia Cesar Ribeiro Editora e Importadora ME.
AV. Nações Unidas, 12901, torre norte — Brooklin
04578–910 — São Paulo — SP | tel. 11 3052 1812
dasheditora@gmail.com
www.editoradash.com.br
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação — CIP
G497 Giordano, Valy
Suicídio: prevenção pela educação / Valy Giordano. – São Paulo: Dash, 2018. 96 p.; Il.
ISBN 978-85-9484-020-2
1. Mediação. 2. Mediação de Conflito. 3. Mediação Transformativa. 4. Formação de Mediadores. 5. Metodologia de Mediação. 6. Ferramentas de Mediação. 7. Administração. 8. Administração de Conflitos. 9. Direito. 10. Psicologia. 11. Sociologia. 12. Comunicação. I. Título. II. Instituto THEM. III. Alves, Lourdes Farias. IV. Markovitz, Joyce R., V. Marioni, Marta. VI. Aires, Rita de Jesus Leria. VII. Perez, Valéria. VIII. Daou, Violeta. IX. Alves, Airton Buzzo. X, Yazbek, Vania Curi.
Catalogação elaborada por Regina Simão Paulino – CRB 6/1154
Editores: Alice Penna e Costa, Ayrton Luiz Bicudo
Revisão: Érica Borges Correa e Renato Potenza Rodrigues
Projeto gráfico e diagramação: Schäffer Editorial
Capa: Silvia Ribeiro
1ª edição: novembro de 2018
SUMÁRIO
Prefácio
Apresentação
I. O suicídio: visão histórica
II. Abordagem de garma sobre o suicídio
Os suicídios
1. Fator: perda
O luto e suas vicissitudes – normal e patológico
Culpa – persecutória e depressiva
Culpa persecutória
Reação maníaca
Culpa depressiva
Identificação
2. Fator: agressão
Teoria dos instintos de vida e instintos de morte
Volta da agressividade contra o ego
3. Fator: vivências infantis e constituição
Deformação masoquista da personalidade
O estado primário
Masoquismo feminino
Masoquismo moral
III. Psicanálise e educação
Educação profilática
Ação do educador
IV. Relatos
Relato 01 – Mas isto não quero falar
Relato 02 – A professora de matemática
Relato 03 – O menino que perdeu a infância
Relato 04 – O papagaio dentro da gaiola
Relato 05 – O medo
Relato 06 – Antes da perda
Relato 07 – A boneca de pano
Relato 08 – Mas eu não sei escrever alemão
Relato 09 – Identidade perdida
V. Método: procedimento e resultados
VI. Considerações finais
Bibliografia
PREFÁCIO
Este livro consiste numa tentativa de fornecer alguns subsídios para a profilaxia do suicídio através da educação.
Vários objetivos foram surgindo durante sua realização.
No início do trabalho, fui me envolvendo com a psicanálise por ser ela quem fornecia o enfoque do ser humano que mais respondia às minhas indagações.
O primeiro objetivo, então, foi encontrar entre os autores que estão ligados à psicanálise, algum que desenvolvesse o tema no qual estava interessada: o suicídio.
Como educadora e psicanalista, o segundo objetivo foi tentar estabelecer algumas relações entre psicanálise e educação, dando ênfase, principalmente, aos aspectos ligados à tendência à autodestruição. Procurou-se verificar as possibilidades de a psicanálise fornecer subsídios que favoreçam a atuação profilática do educador, no sentido de procurar evitar em seus educandos, o desenvolvimento de personalidades com tendência ao suicídio.
Finalmente, o terceiro objetivo consistiu numa tentativa de dar ao livro, também, um aspecto prático. Procurou-se então, através da apresentação de fatos ocorridos num ambiente educacional, principalmente escolar, mostrar as possibilidades do educador:
Reconhecer situações que pudessem se tornar propícias ao surgimento na personalidade de núcleos com tendências autodestrutivas;
Atuar no sentido de diminuir ou prevenir os efeitos nocivos dessas situações.
Para melhor ilustrar a importância da atuação do educador, julgou-se conveniente incluir, também, alguns fatos nos quais o educador não atuou de forma profilática.
Ao propor este objetivo, não houve a intenção de fazer uma pesquisa com avaliações objetivas e estatísticas. Não se pretendeu, também, fazer uma interpretação psicanalítica das situações apresentadas, pois o educador não é um psicanalista. Como educadora, tive apenas o intuito de ilustrar, com apresentação de situações reais, possibilidades de uma abordagem psicanalítica sobre o suicídio, fornecer subsídios para a atuação profilática do educador.
APRESENTAÇÃO
Sendo professora de psicologia do desenvolvimento e psicologia da educação, ensino rapazes e moças que, por sua vez, já têm alunos. Parar nos corredores, ouvir histórias nas escadas da faculdade e ser procurada na sala dos professores, há muitos anos, não era novidade.
Daquela vez, porém, foi diferente.
Acabara de dar aula em uma classe do curso de pedagogia, em que havia focalizado a importância do adulto, pai ou educador, tolerar a agressividade da criança, quando uma aluna me abordou, trazendo o aflitivo pedaço da biografia de seu sobrinho, menino que vamos chamar de João. Foi o primeiro encontro com a morte infantil suicida, e o início de uma longa e árdua caminhada, cujo resultado é este livro.
João, aos seis anos de idade, fora testemunha da morte de sua mãe, morte por suicídio, com um tiro na boca. O fato ocorrera no quarto de dormir do casal, onde ela se refugiara, após uma das frequentes brigas com o marido.
Por volta de um ano após a morte da mãe de João, o pai casou-se novamente e teve mais dois filhos, e todos continuaram morando na mesma casa. Segundo a aluna, João e o pai brigavam bastante e sempre que isso ocorria, o pai ameaçava o filho com colégio interno. O menino reagia chorando muito.
O pai costumava caçar nos fins de semana. Enquanto preparava as munições, João ficava por perto observando e às vezes ajudando. Num domingo, porém, quando o pai já estava colocando no carro suas sacolas, João saiu à janela com uma espingarda e atirou nele, atingindo-o no braço. Foi quando ele achou ter chegado o momento de cumprir o prometido: agora te tranco no colégio, te tranco de verdade, senão te mato
.
A angústia da aluna era saber se a solução era a mais adequada.
Tendo pedido tempo para pensar, conversei com uma amiga psicóloga e psicanalista. Dois dias depois, colocamos para a aluna a necessidade de o menino ser visto por alguém que pudesse ajudá-lo. Ela nos disse que só poderia fazer a tentativa junto ao pai do menino, na época de finados, quando viajaria até a sua cidade, onde se desenrolava a história. Estávamos no começo de outubro.
Realmente, em novembro, depois dos feriados, ela me procurou para dizer que, no dia de finados, o menino trancara-se no quarto que fora da mãe e, com um revólver ao qual aplicara silenciador, se suicidara, da mesma forma, com um tiro na boca. Este foi o primeiro encontro com a morte suicida infantil. Crianças se matam!
Fui depois procurada por outra aluna, mãe de um adolescente de dezoito anos. Preocupava-se porque o rapaz não queria estudar, não se vestia como os da sua idade, era rebelde em relação à dinâmica familiar, — "um alienado". Desconfiava do uso de drogas, já que ele vive sofrendo acidentes de moto, de todo tipo
. Ele já havia sido preso uma vez porque se recusava a carregar documentos e a tirar carteira de habilitação. Quando saía de moto era incapaz de andar devagar como ela observava