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chinesa do norte-produções
natureza
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Calçada da Tapada
Faço uma pausa na descrição do que vejo nesta bela zona dos
jardins de Belém para reflectir sobre o que me diz só por si o
nome.
Admito que, para qualquer português, o nome lhe sugira “a
Torre” e que, para os lisboetas, seja também, de imediato, um
painel mais alargado: Torre de Belém, a esplanada da Vela
Latina, Padrão dos Descobrimentos, o Centro Cultural, os
Jerónimos e, para remate, a
pastelaria. Também se pode
considerar património um “Pastel
de Belém”, tradicionalmente
polvilhado com fino açúcar e
canela.
Recomendo vivamente a quem
não conheça a zona, ou a conheça de raspão, que tire um ou dois
dias para a sua fruição plena, em pura atitude de turista.
Obrigatória é a visita ao Jardim-Museu Agrícola Tropical.
Lembro ainda que, colados ao Mosteiro dos Jerónimos, estão
os Museus Etnológico e o da Marinha. E mais há nas redondezas.
Nesta crónica só há espaço para
umas notas sobre o mais
importante monumento de
Portugal - o Mosteiro dos
Jerónimos.
D. Manuel fez construir este
Mosteiro, no local onde existiu
uma ermida. Esta terá sido fundada pelo Infante D. Henrique,
junto à antiga praia do Restelo, e em Setembro de 1460 doou-a à
Ordem de Cristo.
Termino, indicando que não foi este Mosteiro construído para
comemorar qualquer descoberta marítima – foi uma inicial
intenção piedosa de um religioso.
A Índia, essa sim, contribuiu, depois, com a riqueza que
brotou da sua exploração, para que seja o mais elevado marco na
glória manuelina.
Jardim – Museu Agrícola Tropical
Já referi
alguns palácios
nestas
redondezas, mas
este é, para
mim, O Palácio.
Duas razões
fortes, ser um
belo edifício - a
que os arquitectos Fabri e Costa e Silva, sobre um projecto de
Caetano de Sousa, introduziram uma estética neoclássica – e
considerar que, a par com muitos outros monumentos, este,
Nacional - encerrado com a implantação da República, e nos
inícios da 2ª metade do século
XX, com uma parte
transformada em Museu - tem
sido sempre maltratado.
Justifico esta minha opinião
afirmando que devia este
Palácio:
- ser recuperado nas zonas que
ainda mostram os efeitos de um antigo
incêndio;
- ter em seu redor uma envolvência
mais digna e sem circulação automóvel.
Depois do terramoto de 1755, foi
neste local construída, em madeira e à
pressa, a provisória “Real Barraca”.
Lembro que a anterior residência
Régia, o Paço da Ribeira, na zona do Cais das Colunas, ruiu nesse
cataclismo.
Neste Paço Velho da Ajuda, que vem a arder em 1794, morre o
Rei D. José.
Apesar do magnífico plano inicial e dos grandes recursos
financeiros, o Palácio só a espaços foi habitado, até que D. Luís aí
se instalou e sua mulher, D. Maria Pia de Sabóia, empreendeu
novas obras, criando
espaços, exóticos e
funcionais.
A descrição das estátuas
alegóricas que adornam o
pátio, a decoração interior e
o recheio contêm matéria
para várias crónicas, pormenores não adequados ao estilo leve
destes apontamentos, mas fica-me a vontade de voltar ao tema.
Não se pode no entanto contornar o recheio da Biblioteca,
inserida neste Palácio, das mais notáveis pelas preciosidades que
encerra.
Criada pelo Marquês de Pombal teve a função de substituir a
que ardeu no Paço da Ribeira. Posteriormente enriquecida por
nela terem sido incorporadas as livrarias da Mesa da Consciência
e Ordens, dos Padres do Oratório das Necessidades e do Colégio
dos Nobres.
Foram seus bibliotecários o historiador Alexandre Herculano
e o prosador Ramalho Ortigão.
Não nos podemos despedir destes livros – e desta deambulação
– com referência a personagens mais ilustres.
(Não duvido que os responsáveis pela Cultura, que até lá têm
escritórios, ao lerem esta crónica, mandam iniciar as obras para a
semana!)
Janelas Verdes - O Museu
Em Belém, mais
concretamente no Cais de Belém,
começado a construir no reinado
de D. João V, terminado já no de
D. José, embarcaram em 1759 os
Jesuítas expulsos do reino. Daí
saiu a família real, no ano de 1807,
em fuga para o Brasil. Em 1828 aí
desembarcou D. Miguel.
Além da estação fluvial, com o
seu imponente farol, é importante na paisagem o edifício da
Central Tejo, o primeiro grande complexo fabril que
transformava carvão em electricidade e iluminava os lisboetas a
partir de 1909. Funcionou até 1975 e é hoje o Museu da
Electricidade, através dos muitos edifícios que foram sendo
acrescentados.
E foi neste Museu que recentemente ocorreu o lançamento
de Farândola do Solstício, livro de memórias de infância por terras
de Miranda do amigo e
companheiro de letras
Jorge Castro – o
exemplo de um
equipamento que há uns
anos já deixou de gerar
electricidade aos
lisboetas, mas que
continua a iluminar-nos o espírito com a beleza das suas
instalações e com todos os eventos culturais que por lá ocorrem.
Nesta zona, não passa despercebido o Monumento aos
Descobrimentos, ex-libris da Exposição do Mundo Português, de
1940. Simbolicamente em forma de caravela, tem, na proa, o
infante da casa real D. Henrique, e, nas rampas laterais,
personagens marcantes ligadas aos descobrimentos. Todos olham
o rio e o mar com a vontade de partir que os deve ter animado há
500 anos.
O popularmente
chamado Padrão dos
Descobrimentos,
reerguido em 1960,
lembra esses tempos de
descobertas, que, por
vezes, atrapalham os
nossos dias com uma
excessiva carga que nos amortece a força para as realizações tão
necessárias neste princípio de século.
A pouca distância temos a Torre de Belém, ícone da cidade, e
monumento que não mais abandona as mentes dos turistas que
nos visitam. É na realidade um monumento nacional ímpar, que,
enquanto edifício, nasceu com a missão de defender o rio e em
homenagem ao patrono da
cidade, São Vicente.
Chamado de “mestre do
baluarte do Restelo”, o
Arquitecto Francisco de
Arruda foi quem a construiu
por volta de 1516.
Classificada pela UNESCO como Património Cultural de
Toda a Humanidade e eleita como uma das sete maravilhas de
Portugal, pode dizer-se que é um dos mais elevados expoentes da
arte Manuelina, com raiz na tradição romano-gótica, embelezada
com a decoração de origem muçulmana.
Uma peça que bem simboliza um povo nas suas características
inconfundíveis a par com as tradições onde durante séculos
bebemos a nossa europeia cultura.
Que eu tenha, com estas linhas, conseguido o feito de pensarem
nos próximos dias de lazer visitar ou revisitar estes monumentos
que tanto contribuem para que Lisboa seja a bela capital que é!
A continuar.
Em breve. Talvez.
Quem sabe….
em
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