A priso temporria, desde a sua instituio, atravs de medida provisria, vem gerando debates a respeito de sua constitucionalidade formal

e material, cujo questionamento objeto da ADIN 162/DF no Supremo Tribunal Federal. A discusso est centrada, basicamente, no questionamento da possibilidade de, em um Estado Democrtico de Direito, a exemplo do Brasil, prender um mero suspeito ou indiciado para, em seguida, investig-lo. Para uma parte significativa da doutrina, a priso temporria nada mais do que o ressurgimento da famigerada priso para averiguao, muito utilizada em regimes totalitrios, agora recriada com um verniz de legalidade e juridicizada. O objetivo do presente artigo analisar a constitucionalidade da priso temporria, em face dos valores emanados da ordem constitucional de 1988, especialmente o princpio da dignidade da pessoa humana, referencial valorativo para criao, interpretao e aplicao do Direito Ptrio. A priso temporria fortemente criticada pela doutrina ptria, em razo da ntida inteno do legislador de, atravs dela, legalizar a famigerada priso para averiguao, cuja natureza diversa da priso cautelar, por no ser condio para a sua utilizao a existncia do periculum in mora e do fumus boni iuris, no existindo, assim, nenhuma vinculao, do seu emprego, com a necessidade instrumentria do processo principal. No se pode admitir a privao do direito de ir e vir do cidado com base no argumento na necessidade de investig-lo, pois tal medida inteiramente incompatvel com os ditames do Estado Democrtico de Direito. A priso para averiguao , infelizmente, freqentemente utilizada em regimes totalitrios. A priso temporria, para continuar constitucionalmente vlida, apesar dos robustos argumentos a favor de sua inconstitucionalidade, ter de ser interpretada em conformidade com a Constituio Federal de 1988. Sua utilizao ter, obrigatoriamente, que observar a presena do periculum in mora e do fumus boni iuris, aliada juno do inciso III e pelo menos presena de um dos requisitos prescritos nos incisos I e II, todos inscritos no artigo primeiro da Lei n 7.960 de 21 de dezembro de 1989. Esse entendimento decorre do fato de ser a priso temporria espcie de priso cautelar e, portanto, necessria a presena da prova da existncia de um crime e de indcios suficientes de sua autoria, para a sua decretao estar em conformidade com a ordem jurdica ptria, centrada na dignidade da pessoa humana.