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Relação existente entre o processo ensino-aprendizagem das Ciências Naturais e a Cultura Científica para a formação do professor
Relação existente entre o processo ensino-aprendizagem das Ciências Naturais e a Cultura Científica para a formação do professor
Relação existente entre o processo ensino-aprendizagem das Ciências Naturais e a Cultura Científica para a formação do professor
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Relação existente entre o processo ensino-aprendizagem das Ciências Naturais e a Cultura Científica para a formação do professor

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A obra Relação existente entre o processo ensino-aprendizagem das ciências naturais e a cultura científica, para a formação do professor, por Davi José Vasconcelos Fróes, aborda as questões educacionais, com enfoque no ensino-aprendizagem de professores.
Em seus três capítulos, o livro reúne pesquisas sobre o processo de ensino-aprendizagem das ciências naturais para professores, buscando entender o contexto e o processo ao longo dos anos. Compreendendo as relações entre ensino-aprendizagem, cultura e cultura científica.
LanguagePortuguês
Release dateJun 27, 2022
ISBN9786558409427
Relação existente entre o processo ensino-aprendizagem das Ciências Naturais e a Cultura Científica para a formação do professor

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    Relação existente entre o processo ensino-aprendizagem das Ciências Naturais e a Cultura Científica para a formação do professor - Davi José Vasconcelos Fróes

    INTRODUÇÃO

    Esta pesquisa se propôs compreender a relação existente entre o Processo de Ensino-Aprendizagem das Ciências Naturais e a Cultura Científica, para a formação do Professor, considerando os aspectos sócio históricos, epistemológicos e didáticos, na Escola Preciosíssimo Sangue e Universidade Nilton Lins no Amazonas, Manaus, Brasil, no período 2019-2021.

    Aprendizagem é o processo de adquirir e recordar ideias e conceitos, por isso, não deve considerar o indivíduo como desconectado de sua própria história, porque é no seu passado que se encontra a base para o conhecimento que ser quer construir (Fróes, 2018, p. 12).

    Entretanto, a cultura científica pode se dar por meio dos processos da comunicação publica da ciência, como instituições capazes de conectar os avanços e as questões relacionadas com a ciência e a tecnologia aos interesses do cidadão comum, contudo, sua principal finalidade é aumentar a consciência sobre o papel e a importância da ciência na sociedade. Neste contexto, a formação do professor assume grande importância, sobretudo, porque deve zelar pela aprendizagem dos alunos, é preciso considerar também, que para zelar pela aprendizagem dos alunos, é preciso considerar, que nenhum professor consegue criar, planejar, realizar, gerir e avaliar situações didáticas eficazes para aprendizagem e para o desenvolvimento dos alunos se ele não compreender, com razoável profundidade e com a necessária adequação a situação escolar, os conteúdos das várias áreas do conhecimento, os contextos em que se inscrevem e as temáticas sociais transversais ao currículo escolar, bem como suas especificidades (Educação, 2000). O trabalho e a pesquisa se constituem como princípio educativo e pedagógico levando a indissociabilidade entre a educação e a prática social, considerando a historicidade dos conhecimentos e dos sujeitos do processo educativo, bem como, teoria e prática no processo ensino aprendizagem, auxiliando na integração de conhecimentos gerais e, quando for o caso de conhecimentos técnicos profissionais.

    Quando concluí a dissertação de mestrado, sobre os aspectos facilitadores do Laboratório de Ciências como Instrumento de Aprendizagem no contexto Escolar, percebe-se que os resultados foram equânimes em referendar o Instrumento Laboratório de Ciências como um eficiente auxiliar na aprendizagem dos estudantes na faixa etária dos 10 aos 15 anos de idade, entretanto, notei muitas dificuldades entre professores e estudantes, apresentando as seguintes razões; falta de materiais em quantidade suficiente, deficiente formação inicial e continuada dos professores, insuficiente conhecimento e aplicação das leis e resoluções que legislam e normatizam o uso deste instrumento de aprendizagem para estudantes nesta faixa etária.

    A Educação que prioriza aspectos do desenvolvimento de habilidades cognitivas, no entenda-se, após a pesquisa realizada na época em que fiz o mestrado revela-se que os professores não levam em consideração as várias concepções pedagógicas, com contribuição variada em seus planos de ensino, não levam em consideração o meio social dos estudantes, suas características e necessidades individuais, não percebendo, por exemplo, que seu trabalho não atende ao sistema produtivo, não levam em conta a afetividade dos estudantes que muitas vezes se sentem desvinculados do processo ensino-aprendizagem resultando em alienação social e apatia cidadã.

    Na dissertação de mestrado, percebe-se que o professor neste novo contexto deve ser uma auxiliar no desenvolvimento livre e espontâneo do estudante, além disso deveria ser técnico para selecionar e aplicar os meios que garantam a eficiência da aprendizagem do estudante, o professor deveria estar atento ao nível de necessidades do estudante, procurando compensar suas aprendizagens mostrando um ao outro a construção simultânea do conhecimento neste processo contínuo.

    Ficou claro na pesquisa que os professores de ciências avaliaram positivamente o instrumento Laboratório de Ciências, entretanto, percebe-se que para utilizar com mais frequência existe uma resistência entre os professores pesquisados o que demonstra existir uma lacuna importante que deve ser estudada.

    Diante de um quadro problemático como esse, compreende-se que nada é dado, tudo é construído, verifica-se que é preciso estar atento às leis que regem nosso trabalho como professor, faz-se necessário conhecer as contribuições dadas por nossos pares sobretudo em nossa área de atuação, entretanto, nota-se também que o instrumento Laboratório de Ciências não auxilia em nada se não tiver um profissional atento ao potencial existente na ferramenta de trabalho disponível para quem dele utilizar.

    Outro problema importante é a ausência ou insuficiência na articulação entre Instituições de formação de professores e as Escolas de Educação Básica e a inexistência de parcerias e convênios com responsabilidades definidas e compartilhadas.

    Os professores devem ser auxiliares, neste novo contexto, considerando o estudante com sua liberdade e espontaneidade para compreender as necessidades que sempre são ignoradas levando a um ciclo inadequado à Educação atual.

    Assim os cursos de formação não assumem a responsabilidade de suprir as deficiências de escolarização básica que os futuros professores recebem tanto no ensino fundamental como no ensino médio, não está sendo contemplada a relação entre a aprendizagem dos conteúdos a ensinar e a aprendizagem de suas especificidades didáticas e observa-se que as pesquisas dos processos de aprendizagem dos estudantes e os procedimentos para a produção de conhecimento pedagógico são desprezados.

    Diante desses pressupostos, que relação existe entre o processo de ensino-aprendizagem das ciências naturais e a cultura cientifica, para a formação do professor?

    Pretende-se nesta pesquisa, conhecer os aspectos históricos, epistemológicos e didáticos que orientaram e ainda orientam o ensino de ciências no contexto brasileiro da década de 1950 até os dias atuais. Que relações existem entre ciência, tecnologia e a sociedade, assim como suas influências sobre o ensino e a formação de professores de ciências.

    Fundamenta-se esta pesquisa em referenciais teóricos sócio-históricos da educação, no entendimento da ciência como processo em permanente construção, na ideia de educação cientifica para todos, na cultura científica como modeladora na formação docente para o desenvolvimento do país, estudar como se dá melhorias nas condições objetivas de trabalho no exercício da profissão, e buscar uma vertente reflexiva, crítica e cidadã na formação de professores.

    1. Exposição do problema

    O problema a ser estudado é a relação existente entre o processo de ensino-aprendizagem das ciências naturais e a cultura científica para a formação de professores.

    A razão de eleger este problema é o fato de os professores de ciências avaliaram positivamente o instrumento Laboratório de Ciências, entretanto, percebe-se que para utilizar com mais frequência existe uma resistência entre os professores pesquisados o que demonstra existir uma lacuna importante que deve ser estudada, entretanto, como assevera Fróes (2018, p. 30):

    […] A aprendizagem precisa ser significativa promova relações que formule problemas que entre em confronto, que permita participar, que ajude a transferir, que suscite modificações, que seja pessoal, que vise objetivos realísticos, que traga resultados, que promova bons relacionamentos interpessoais.

    A presente pesquisa tem como linha de investigação: Formação Docente: Cultura e Desenvolvimento Pessoal.

    O principal desafio foi encontrar respostas ou soluções para o seguinte questionamento:

    2. Pergunta central

    Qual a relação existente entre o Processo de Ensino-Aprendizagem das Ciências Naturais e a Cultura Científica, para a formação do Professor, considerando os aspectos sócio-históricos, epistemológicos e didáticos, na Escola Preciosíssimo Sangue e na Universidade Nilton Lins no Amazonas Manaus, Brasil, no período 2019-2021?

    3. Perguntas específicas

    Quais são os aspectos que caracterizam o Processo Ensino-Aprendizagem e a Cultura Científica na Tradição Brasileira, especificamente na Escola Preciosíssimo Sangue e Universidade Nilton Lins no Amazonas, Manaus, Brasil, no período 2019-2021?

    Em que consiste a Fundamentação Teórica relacionada ao processo Ensino-Aprendizagem e a Cultura Científica das Ciências Naturais nos estudantes universitários e estudantes do ensino básico, da Escola Preciosíssimo Sangue e Universidade Nilton Lins no Amazonas, Manaus, Brasil, no período 2019-2021?

    Quais são os aspectos Essenciais da Cultura Científica no Processo Ensino Aprendizagem com estudantes universitários e estudantes do ensino básico, da Escola Preciosíssimo Sangue e Universidade Nilton Lins no Amazonas, Manaus, Brasil, no período 2019-2021?

    Qual a interpretação do Conceito de Cultura Científica para professores universitários e professores do ensino básico e estudantes universitários e estudantes do ensino básico, Escola Preciosíssimo Sangue e Universidade Nilton Lins no Amazonas, Manaus, Brasil, no período 2019-2021.

    4. Objetivo geral

    Compreender a relação existente entre o Processo de Ensino-Aprendizagem das Ciências Naturais e a Cultura Científica, para a formação do professor, considerando os aspectos sócio históricos, epistemológicos e didáticos, na Escola Preciosíssimo Sangue e Universidade Nilton Lins no Amazonas, Manaus, Brasil no período 2019-2021.

    Segundo Alvarenga (2014), os objetivos definem as etapas que abrangerá o estudo, determina os limites e a amplitude da investigação, então os objetivos específicos foram, os abaixo relacionados.

    5. Objetivos específicos

    Descrever a interpretação do Conceito de Cultura Científica existente entre professores universitários e professores do ensino básico e estudantes universitários e estudantes do ensino básico.

    Identificar os aspectos que caracterizam o Processo Ensino-Aprendizagem e a Cultura Científica na Tradição Brasileira, especificamente na Escola Preciosíssimo Sangue e Universidade Nilton Lins no Amazonas, Manaus, Brasil, no período 2019-2021.

    Apresentar a Fundamentação Teórica relacionada ao processo Ensino-Aprendizagem e a Cultura Científica das Ciências Naturais nos estudantes universitários e estudantes do ensino básico, da Escola Preciosíssimo Sangue e Universidade Nilton Lins no Amazonas, Manaus, Brasil, no período 2019-2021.

    Detalhar os aspectos Essenciais da Cultura Científica no Processo Ensino Aprendizagem com estudantes universitários e estudantes do ensino básico, da Escola Preciosíssimo Sangue e Universidade Nilton Lins no Amazonas, Manaus, Brasil, no período 2019-2021.

    Qual a interpretação do Conceito de Cultura Científica para professores universitários e professores do ensino básico e estudantes universitários e estudantes do ensino básico, Escola Preciosíssimo Sangue e Universidade Nilton Lins no Amazonas, Manaus, Brasil no período 2019-2021.

    6. Justificativa

    Como professor do ensino superior, leciono na Universidade Nilton Lins no período noturno. Na derradeira produção científica, observa-se que os professores de Ciências Naturais, embora tenham boas condições de trabalho, refiro-me ao um bom Laboratório de Ciências ou Laboratório de práticas do Ensino Superior, demonstram apatia ou insegurança ou até mesmo desprezo pelo instrumento trabalho no caso o Laboratório de Ensino.

    O exercício do magistério básico ou superior, é de grande relevância sobretudo porque prepara os jovens e adultos para a sociedade sendo como profissionais ou pessoas cidadãs.

    Entretanto, observa-se deficiências na escolarização básica considerando o ensino superior.

    Outro aspecto importante é o descompromisso do Ministério da Educação e Secretarias de Educação do Estado em viabilizar as condições de formação adequada aos docentes que estão em pleno exercício desta profissão indispensável à formação de estudantes tanto do ensino básico como no universitário.

    A cultura científica muitas vezes está a serviço da sociedade, promovendo o esclarecimento por meio de processos inclusivos onde as pessoas fossem contempladas com maior entendimento crítico e reflexivo e cidadão.

    Esta pesquisa procura compreender como o processo ensino aprendizagem está relacionado com a cultura científica apontando para a formação de professores do ensino básico e universitário.

    A revisão da literatura mostrou que fundamentos filosóficos, epistemológicos e pedagógicos são imprescindíveis para a formação do indivíduo, além disso, ainda na condição de quem se limita a explorar os aspectos cognitivos, é comum observamos que apesar de apresentar domínio dos mais variados conteúdos da respectiva área, o docente, em vez de criar situação de aprendizagem capaz de facilitar e aproximar o discente a fim de que aprenda ou pelo menos chegue a reproduzir o conhecimento apresentado acaba fazendo o oposto. A intenção da prática da referida ação, apresenta-se como uma incógnita. O que nos aguça ainda mais para investigar esta problemática.

    Outro fator que considerei relevante para levar adiante, a investigação foi a possibilidade de a partir do desenvolvimento da pesquisa, compreender os fatores que interferem no desenvolvimento das habilidades dos alunos através de uma compreensão maior na relação que existe entre a cultura científica e a concepção pedagógica.

    Além do exposto, considerei o fato de que esta temática possa trazer maior entendimento e com isso contribuir na facilidade de aprender e desenvolver concepção pedagógica segura e favorecer o desenvolvimento de habilidades de pensamento. Decorrente, disso, os resultados desta pesquisa podem extrapolar as barreiras das instituições envolvidas e desta maneira, será possível ser socializada em outras instituições de ensino, o que poderá contribuir para melhoria de processos educacionais em diferentes contextos de Manaus, do Amazonas e, por que não, além das fronteiras do Brasil.

    Pretende-se nesta pesquisa estudar as relações entre o processo Ensino-Aprendizagem das Ciências Naturais e a Cultura Científica, para formação do professor, na cidade de Manaus-Amazonas, Brasil, na Escola Preciosíssimo Sangue e na Universidade Nilton Lins, no período 2019-2020.

    1. MARCO TEÓRICO

    1. O processo ensino-aprendizagem e teorias desenvolvimentistas

    Sabe-se que a Educação hoje prioriza o desenvolvimento de habilidades para que os alunos sejam competentes no sentido de saber fazer, saber ser e saber aprender (Cruz, 2002), pretende-se nesta pesquisa entender como este processo é influenciado pela cultura científica derivada dos processos de produção do conhecimento bem como as teorias desenvolvimentistas e explorar os paradigmas culturais pedagógicos que são muitas vezes as diretrizes que governam os procedimentos educacionais. Assim, entendem Westbrook e Teixeira (2010, p. 56):

    O que aprendemos tem, assim, uma força propulsiva, pela qual, além de podermos fazer a coisa pelo novo modo aprendido, temos de fazê-la por esse novo modo. A aprendizagem se fixa intrinsecamente no organismo, dele passando a fazer parte como nova forma de comportamento. Só deste modo teremos realmente aprendido para vida.

    A escola atual apresenta um processo de planejamento de ensino que suscita muitas indagações, como um efetivo instrumento de melhoria qualitativa do trabalho do professor. As razões são múltiplas com níveis diferentes na prática docente, portanto, Hameline (2010, p. 90) entende:

    O indivíduo toma consciência de um processo, de uma relação ou de um objeto tanto mais tarde quanto mais cedo e por mais tempo sua conduta envolveu o uso automático e inconsciente, desse processo, dessa relação ou desse objeto.

    É notório que os objetivos educacionais são confusos e desvinculados da realidade social, definidos de forma autoritária muitas vezes numa direção oposta às diretrizes curriculares do MEC, nessas condições, tendem a mostrarem-se sem elos significativos com as experiências de vida dos alunos, seus interesses e necessidades, então:

    […] deve-se evitar toda prolixidade e todo entrelaçamento de observações que não valem o esforço da leitura. É preciso ser econômico com o tempo, a dedicação e a paciência do leitor, de modo a receber dele o crédito de considerar o que foi escrito digno de uma leitura atenta e capaz de recompensar o esforço empregado nela. (Sussekind, 2005, p. 15)

    Percebe-se também que os recursos disponíveis para o desenvolvimento do trabalho didático reduzem-se a procedimentos produtivistas de natureza instrucionista, entretanto, Monasta (2010, p. 28) assegura:

    […] as ideologias não possuem existência autônoma, mas são deformações de teorias decorrentes da transformação das mesmas em doutrinas, isto é, não são um instrumento para entender a realidade, mas são uma série de princípios morais para orientar as ações práticas e o comportamento humano.

    A atual situação da escola tem suas origens, naturalmente, na história da didática que no Brasil tem seu início com a chegada dos jesuítas em 1549. Os jesuítas foram os principais educadores de quase todo o período colonial, atuando aqui no Brasil até 1759, duzentos e dez anos, assim, a pedagogia é a ciência que o educador precisa para si mesmo. No entanto, ele também tem de possuir conhecimentos que lhe permitam comunicar (Hilgenheger, 2010).

    No contexto de uma sociedade de economia agrário-exportadora-dependente, explorada pela metrópole, a educação não era considerada um valor social importante. A tarefa educativa estava voltada para a catequese e instrução dos indígenas, mas para a elite colonial, outro tipo de educação era oferecido, então:

    O espirito positivo que constitui o torneio especial do espirito moderno difere do racionalismo, no ato de negar aquela ordem ideal, enquanto este se contentava em negar a ordem revelada. Ele tem o culto da ciência experimental. Seu verdadeiro nome é empirismo; seu resultado é o ceticismo tácito ou confessado. (Azevedo, 1932, p. 13)

    O plano de instrução era consubstanciado no Ratio Studiorum, cujo ideal era a formação do homem universal, humanista e cristão. A educação se preocupava com o ensino humanista de cultura geral, enciclopédico e alheio a realidade da vida da colônia. Esses eram os alicerces da Pedagogia Tradicional. Essa pedagogia é marcada pelo dogmatismo, essencialmente mnemônica, acrítica, entretanto, Kant (2005 apud Rodrigo, 2014, p. 19) assevera que menoridade do Homem […] é a incapacidade de fazer uso de seu entendimento sem a direção de outro indivíduo.

    Os pressupostos didáticos diluídos no Ratio enfocavam instrumentos e regras metodológicas compreendendo o estudo privado, em que o mestre prescrevia o método de estudo, a matéria e o horário; ás aulas, ministradas de forma expositiva; a repetição, visando repetir, decorar e expor a aula; o desafio, estimulando a competição; a disputa, outro recurso metodológico era visto como uma defesa de tese. Os exames eram orais e escritos, visando avaliar o aproveitamento do aluno, diga-se passagem significa sem luz, entretanto,

    Hoje as posições teóricas que negligenciam a interação, os elementos de ligação entre os sistemas sociais e as relações entre as partes e o todo revelam-se insustentáveis. (Bridi; Araùjo; Motim, 2012, p. 53)

    Após os jesuítas, não ocorreram no país grandes movimentos pedagógicos, com a reforma do Marques de Pombal, pedagogicamente representou um retrocesso, porque professores leigos começaram a ser admitidos para as aulas régias¹ criação da reforma pombalina, entretanto, Aranha (2006, p. 191) considera que

    As vantagens proclamadas pelo ensino reformado decorriam da intenção de oferecer aulas de línguas modernas, como o francês, além de desenho, aritmética, geometria, ciências naturais, no espírito dos novos tempos e contra o dogmatismo da tradição jesuítica.

    Por volta de 1870, época de expansão cafeeira e da passagem de um modelo agrário-exportador para um urbano-comercial-exportador, o Brasil vive seu período de iluminismo, é quando tomam corpo movimentos cada vez mais independentes da influência religiosa, como assevera Soetard (2010, p. 67):

    […] dizia a mim mesmo: cada linha, cada medida, cada palavra é um resultado do intelecto que vem produzido pela intuição junto com o amadurecimento e que deve ser concebido como meio a uma clarificação sucessiva dos nossos conceitos.

    No campo educacional, suprime-se o ensino religioso nas escolas públicas, passando o Estado a assumir a laicidade. É aprovada a reforma de Benjamim Constant (1890) sob a influência do positivismo. A escola busca disseminar uma visão burguesa de mundo e sociedade, a fim de garantir a consolidação da burguesia industrial como classe dominante. A esse respeito, Aranha (2006, p. 205) reforça:

    O positivismo exprime a exaltação provocada no século XIX pelo avanço da ciência moderna, capaz de revolucionar o mundo com uma tecnologia cada vez mais eficaz: Saber é poder.

    Neste contexto, a Pedagogia Tradicional assume as seguintes características: ênfase ao Ensino Humanístico de Cultura Geral, centrada no professor, que transmite a todos os alunos indistintamente a verdade universal e enciclopédica; a Relação Pedagógica que se desenvolve de forma hierarquizada e verticalista, onde o aluno é educado para seguir atentamente a exposição do professor; o Método de Ensino calcado nos cinco passos de Herbart (preparação, apresentação, comparação, assimilação, generalização e aplicação). Entretanto, Plantamura e Ghedin (2012, p. 29) consideram […] A cultura é um espaço de desenvolvimento da consciência crítica do ser humano, capaz de intervir na realidade. Cultura é, enfim, um posicionar-se ante a história.

    É assim que a Didática, no interior da Pedagogia Tradicional leiga, está centrada no intelecto, na essência, atribuindo um caráter dogmático aos conteúdos; os Métodos são princípios universais e lógicos; o professor se torna o centro do processo de aprendizagem, concebendo o aluno como um ser receptivo e passivo. A disciplina é a forma de garantir a atenção, o silêncio e ordem, entretanto, Becker (2010, p. 17) assevera:

    […] o conhecimento não será mais concebido como o resultado daquilo que os objetos (estímulos) informam à mente (concebida como tabula rasa) por meio dos sentidos, mas como a transformação do sujeito em função

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