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Araguaína, 13 de maio de 2009.

Curso Administração de Empresas.

Resenha Crítica
HUNTER, James C. O monge e o executivo: uma história sobre a essência da liderança.
Traduzido por Maria da Conceição F. de Magalhães. Rio de Janeiro: Sextante, 2007. 

O Monge e o Executivo: uma história sobre a essência da liderança é um livro


que conquistou muitos leitores no Brasil e no mundo. O autor utilizou-se de uma ficção
que, além de muito fascinante e envolvente, possibilita aos ledores a terem uma visão
humanista de como verdadeiramente deve ser o relacionamento pessoal e grupal nas
organizações, sejam elas familiares, empresariais, governamentais etc.
O livro se inicia relatando a história de John Daily. Casado, pai de um casal de filhos,
executivo de uma empresa renomada, John passa por enormes dificuldades, tanto em sua
vida familiar como em suas atividades profissionais. Com indicação de sua esposa, acaba
indo passar alguns dias em um mosteiro cristão para tentar refletir e colocar ordem nas
coisas.
Podemos notar, nós leitores, que o autor se utilizou propositalmente de um ambiente
muito interessante para passar-nos lições de liderança. Um mosteiro onde todos os frades
possuem o mesmo status: ninguém é melhor ou pior que ninguém. Há, porém, um reitor, o
líder que eles escolhem, o qual é responsável por dar a palavra final em todos os assuntos.
Isto faz da pequena comunidade um local onde os hábitos e relacionamentos sejam
respeitosos e saudáveis. Outro fator interessante é que há uma preocupação constante em
cumprir as ordens, tais como horários e o dever que os frades têm em fazerem as
refeições juntos. Dessa forma, é fácil perceber que no mosteiro, além de um local
extremamente calmo, todos trabalham e vivem entusiasticamente em equipe.
No capítulo um, intitulado As Definições, o autor, tendo como principal enfoco,
descreve o que muitos não sabem: o verdadeiro significado de liderança. Deixa bem claro
que liderança não pode ser confundida com poder; ao passo que poder “é a faculdade de
forçar ou coagir alguém a fazer sua vontade, por causa de sua posição ou força, mesmo
que a pessoa preferisse não o fazer”, e liderança, em palavras simples, “é a habilidade de
influenciar pessoas para trabalharem entusiasticamente visando atingir objetivos comuns,
inspirando confiança por meio da força do caráter”.

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Resenha: O Monge e o Executivo

Enfatizou que o líder se utiliza da autoridade para que as pessoas, independente de


estarem ou não sobre sua subordinação, dêem o melhor de si no que estão fazendo.
Quando alguém se utiliza do poder para tirar proveito de uma situação, pode até
obter resultados, mas com o passar do tempo ele se torna muito danoso, o que acaba
corroendo e prejudicando os relacionamentos. Contudo, o líder não deve apenas se
preocupar com os relacionamentos, mas preocupar-se também com a execução das
tarefas. Logo, a chave para a liderança é “executar as tarefas enquanto se constrói os
relacionamentos”.
No capítulo dois o autor mostra a necessidade e flexibilidade que um líder tem de ter
em saber identificar os velhos paradigmas e se adaptar aos novos. De forma simples ele
explica que “paradigmas são padrões psicológicos, modelos ou mapas que usamos para
navegar na vida”. Portanto, os paradigmas podem tanto ajudar como dificultar a vida das
pessoas. Seguindo, explica como eram as empresas de antigamente comparando-as com
as de atualmente.
Em tempos passados, mas precisamente no período da burocratização, as estruturas
internas das empresas eram exigentes, de modo a determinarem a seus empregados toda
a atenção voltada para o nível hierárquico mais alto, fazendo com que todos ficassem
preocupados em atender as vontades do presidente, e somente dele, visando assim
apenas o lucro. Voltando para as empresas de atualmente, os novos paradigmas, como
afirma o livro, arranjam uma nova estrutura, esta baseada na liderança servidora, pois
todos tendem a satisfação dos seus clientes, sendo o lucro uma conseqüência deste
empenho.
Deste modo, no capítulo três, é formulado um modelo de liderança, onde, de forma
resumida, se baseia na liderança; autoridade; serviço e sacrifício; amor; e vontade.
Quando o autor se refere a serviço e sacrifício, está se fundamentado num dos
papéis da liderança, o de servir, isto é, identificar e satisfazer as necessidades legítimas.
Nesse processo de satisfazer necessidades será preciso freqüentemente fazer sacrifício
por aqueles que são servidos. Logo, deve-se estar sempre atento ao cuidado de não
satisfazer as vontades das pessoas, mas sim as necessidades. E isso exige muito
emprenho, pois as intenções pouco significam se não forem acompanhadas das ações. E,
de acordo com o autor, “intenções mais ações é igual a vontade”.
Mais adiante, no capítulo quatro, intitulado O Verbo, Hunter, após já ter trabalhado os
princípios da liderança e especificado o comportamento que uma pessoa deve adquirir

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Resenha: O Monge e o Executivo

para se tornar líder, começa então a, exclusivamente, cogitar o fator mais importante
dentro da liderança: o amor ágape.
Podemos dizer que o amor ágape fica definido como “o ato de se pôr à disposição
dos outros, identificando e atendendo suas reais necessidades, sempre procurando o bem
maior”. Simplificando, com as próprias palavras do autor, “o amor é o que o amor faz”. De
fato, a liderança está estritamente ligada ao amor. Hunter cita as características que
satisfazem mutuamente à liderança e o amor, e que um líder deve ter para se encaixar ao
modelo de liderança proposto, a saber: paciência (mostrar autocontrole); bondade (dar
atenção, apreciação e incentivo); humildade (ser autêntico, sem pretensão ou arrogância);
respeito (tratar os outros como pessoas importantes); abnegação (satisfazer as
necessidades dos outros); perdão (desistir de ressentimento quando prejudicado);
honestidade (ser livre de engano); e compromisso (sustentar suas escolhas).
Em seguida, nos capítulos cinco e seis, o autor debate o quanto não é fácil para o
líder aplicar na prática todos esses conhecimentos, de modo que é necessário um
ambiente adequando e muita força de vontade; sendo que um dos responsáveis pela
construção desse ambiente é o próprio líder. Como foi dito, “comportamentos positivos
acabarão produzindo sentimentos positivos”. Imediatamente, o melhor que se pode fazer é
criar as condições adequadas para que o crescimento se dê.
Para que alguém consiga adquirir as habilidades de um líder, como já foi
mencionado, é necessária muita força de vontade, pois o caminho para a autoridade e a
liderança começa com a vontade. As vontades são as escolhas que alguém faz para aliar
as suas ações com as intenções. Assim, através da disciplina, os seres humanos
conseguem fazer com que o não-natural se torne natural, se torne um hábito.
Para finalizar sua obra, o autor cita as recompensas que o líder terá em aplicar todos
esses princípios para obter a satisfação e dedicação mutua de todos que convivem ao seu
redor. Em suma, a alegria entre todos é a maior recompensa. Lembrando que a alegria
não depende de circunstâncias externas. Como diz o livro, “alegria é satisfação interior e a
convicção de saber que você está em sintonia com os princípios profundos e permanentes
da vida”. Quando as pessoas procuram servir-se mutuamente se livram das algemas do
ego e da concentração de si mesmas.
A minha percepção, para explicação de tanto sucesso do livro O Monge e o
Executivo, é que o estresse no ambiente de trabalho chegou num limite tal que grande
parte da sociedade não está mais agüentando, o ambiente de trabalho está intolerante. A
explicação é evidente: nos últimos anos, com o aumento global da competitividade, as

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empresas vêm sendo pressionadas a fazer mais com menos. Isto sem dúvida é excelente
para o aumento de produtividade, pois a competição sempre traz benefícios,
principalmente para os consumidores, mas gera um efeito colateral forte, que é a pressão
excessiva sobre os colaboradores.
Esta pressão excessiva começa a gerar efeitos comportamentais, causando uma das
doenças do nosso século, que é o estresse, e, muitas vezes, o esquecimento dos nossos
valores mais básicos, que são: o caráter, a humildade, o respeito pelas pessoas, a
espiritualidade e tudo aquilo que cria um ambiente positivo, não só nas empresas, mas em
casa, na escola, e em qualquer outro tipo de comunidade.
Os “chefes” fazem de tudo para conseguirem os resultados, mas na maioria das
vezes deixam um séqüito de esqueletos pelo caminho. A grande verdade é que as
pessoas, de forma geral, focaram a competição e esqueceram o ser humano.
É aí que entra a essência da obra de James Hunter, pois, como foi muito frisado, o
verdadeiro líder é aquele que conquista as pessoas, é aquele que consegue com que
todos façam o que tem que ser feito, mas façam com muita vontade e dedicação. É aquele
que extrai o que cada um tem de melhor. É isto que as empresas que revolucionaram a
sua cultura empresarial estão procurando: um verdadeiro líder.
Estes “líderes” modernos têm plena consciência que nada pode ser feito sem o
comprometimento efetivo das pessoas e que pessoas felizes rendem mais. Sabem que
não adianta conseguir resultados a curtos prazos: se os relacionamentos forem destruídos,
conseqüentemente, matar-se-ão as motivações dos seus colaboradores. Sabem, também,
que o verdadeiro valor está na influência, e que o uso do poder pode gerar resultados
contrários e frustrantes.

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