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Resenha Crítica
HUNTER, James C. O monge e o executivo: uma história sobre a essência da liderança.
Traduzido por Maria da Conceição F. de Magalhães. Rio de Janeiro: Sextante, 2007.
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Resenha: O Monge e o Executivo
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Resenha: O Monge e o Executivo
para se tornar líder, começa então a, exclusivamente, cogitar o fator mais importante
dentro da liderança: o amor ágape.
Podemos dizer que o amor ágape fica definido como “o ato de se pôr à disposição
dos outros, identificando e atendendo suas reais necessidades, sempre procurando o bem
maior”. Simplificando, com as próprias palavras do autor, “o amor é o que o amor faz”. De
fato, a liderança está estritamente ligada ao amor. Hunter cita as características que
satisfazem mutuamente à liderança e o amor, e que um líder deve ter para se encaixar ao
modelo de liderança proposto, a saber: paciência (mostrar autocontrole); bondade (dar
atenção, apreciação e incentivo); humildade (ser autêntico, sem pretensão ou arrogância);
respeito (tratar os outros como pessoas importantes); abnegação (satisfazer as
necessidades dos outros); perdão (desistir de ressentimento quando prejudicado);
honestidade (ser livre de engano); e compromisso (sustentar suas escolhas).
Em seguida, nos capítulos cinco e seis, o autor debate o quanto não é fácil para o
líder aplicar na prática todos esses conhecimentos, de modo que é necessário um
ambiente adequando e muita força de vontade; sendo que um dos responsáveis pela
construção desse ambiente é o próprio líder. Como foi dito, “comportamentos positivos
acabarão produzindo sentimentos positivos”. Imediatamente, o melhor que se pode fazer é
criar as condições adequadas para que o crescimento se dê.
Para que alguém consiga adquirir as habilidades de um líder, como já foi
mencionado, é necessária muita força de vontade, pois o caminho para a autoridade e a
liderança começa com a vontade. As vontades são as escolhas que alguém faz para aliar
as suas ações com as intenções. Assim, através da disciplina, os seres humanos
conseguem fazer com que o não-natural se torne natural, se torne um hábito.
Para finalizar sua obra, o autor cita as recompensas que o líder terá em aplicar todos
esses princípios para obter a satisfação e dedicação mutua de todos que convivem ao seu
redor. Em suma, a alegria entre todos é a maior recompensa. Lembrando que a alegria
não depende de circunstâncias externas. Como diz o livro, “alegria é satisfação interior e a
convicção de saber que você está em sintonia com os princípios profundos e permanentes
da vida”. Quando as pessoas procuram servir-se mutuamente se livram das algemas do
ego e da concentração de si mesmas.
A minha percepção, para explicação de tanto sucesso do livro O Monge e o
Executivo, é que o estresse no ambiente de trabalho chegou num limite tal que grande
parte da sociedade não está mais agüentando, o ambiente de trabalho está intolerante. A
explicação é evidente: nos últimos anos, com o aumento global da competitividade, as
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empresas vêm sendo pressionadas a fazer mais com menos. Isto sem dúvida é excelente
para o aumento de produtividade, pois a competição sempre traz benefícios,
principalmente para os consumidores, mas gera um efeito colateral forte, que é a pressão
excessiva sobre os colaboradores.
Esta pressão excessiva começa a gerar efeitos comportamentais, causando uma das
doenças do nosso século, que é o estresse, e, muitas vezes, o esquecimento dos nossos
valores mais básicos, que são: o caráter, a humildade, o respeito pelas pessoas, a
espiritualidade e tudo aquilo que cria um ambiente positivo, não só nas empresas, mas em
casa, na escola, e em qualquer outro tipo de comunidade.
Os “chefes” fazem de tudo para conseguirem os resultados, mas na maioria das
vezes deixam um séqüito de esqueletos pelo caminho. A grande verdade é que as
pessoas, de forma geral, focaram a competição e esqueceram o ser humano.
É aí que entra a essência da obra de James Hunter, pois, como foi muito frisado, o
verdadeiro líder é aquele que conquista as pessoas, é aquele que consegue com que
todos façam o que tem que ser feito, mas façam com muita vontade e dedicação. É aquele
que extrai o que cada um tem de melhor. É isto que as empresas que revolucionaram a
sua cultura empresarial estão procurando: um verdadeiro líder.
Estes “líderes” modernos têm plena consciência que nada pode ser feito sem o
comprometimento efetivo das pessoas e que pessoas felizes rendem mais. Sabem que
não adianta conseguir resultados a curtos prazos: se os relacionamentos forem destruídos,
conseqüentemente, matar-se-ão as motivações dos seus colaboradores. Sabem, também,
que o verdadeiro valor está na influência, e que o uso do poder pode gerar resultados
contrários e frustrantes.
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