You are on page 1of 1

AH O VENTO!

O vento j no alcana a sala de jantar nem o escritrio, por isso, tenho que esfriar a comida com meu prprio flego e aguento como posso o abafado do trabalho. Lembro-me do tempo que a brisa compartilhava do vinho conosco, em finais de tarde agora distantes, e sentava-se em bancos de praa que j no existem mais. Noutros tempos, a mesma brisa envolvia os amantes que observavam encantados as estrelas. Mais tarde, foi o vento noturno quem quase congelou os corpos deitados em redes, nas madrugadas frias da casa antiga na serra. At o ventilador j causou briga, alm de resfriado, ou do aconchego e frescor nas noites quentes de vero... Certa vez li que os ventos do Texas levaram Dorothy para o OZ, e, alm disso, ouvi que os ventos do norte no movem moinhos. Ora, o mais longe que qualquer vento me levou foi em viagens imaginrias a bordo de aviezinhos de papel, quando criana. Ele tambm suspendeu a pipa no ar por algum tempo... Hoje em dia a brisa ajuda a relaxar quando adentra a janela e alcana o corpo, solitrio e sonolento, estendido no sof. O toque leve da brisa noturna causa certo calafrio prazeroso no dorso nu e, de sbito, os olhos quase cerrados tornam a abrir-se.

Emilson Lopez

You might also like